RESULTADOS DE PROVAS DE CARGA EM ESTACAS
ESCAVADAS INJETADAS, COM BULBOS
Juliane A. F. Marques, M.Sc.
Doutoranda, Escola Politécnica - USP
Abel Galindo Marques, M.Sc.
Professor Adjunto, Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Diretor da AGM Geotécnica Ltda
SINOPSE
Apresentam-se as estacas escavadas injetadas, com alargamento de fuste (bulbos) em pontos específicos, bem
como vários resultados de provas de carga à compressão sobre essas estacas, executadas em terrenos
sedimentares do Quaternário (nas cidades de Aracaju, Maceió e João Pessoa). Comenta-se também sobre o
comportamento dessas estacas quando submetidas a esforços de tração, ao serem utilizadas no sistema de reação
das citadas provas de carga à compressão.
Palavras-chave: Estaca escavada injetada, prova de carga, bulbos.
1. INTRODUÇÃO
As estacas ensaiadas foram executadas em terrenos sedimentares das cidades de Maceió, Aracaju e João
Pessoa. Os subsolos desses terrenos são predominantemente arenosos (Maceió) de compacidades variáveis, por
vezes argilosos e orgânicos (Aracaju e João Pessoa).
Esse tipo de estaca tem sido projetada e executada em várias cidades do nordeste brasileiro. Ao longo dos
últimos anos, após muitas pesquisas e desenvolvimento de novas técnicas executivas, foi possível projetar estacas
com diâmetro máximo de 45 cm para cargas de até 950 kN. O alargamento proposital do fuste (bulbos) em
pontos específicos (na transição entre uma camada ruim e uma boa), tem demonstrado um grande aumento da
capacidade de carga desse tipo de estaca, pois os bulbos trabalham como múltiplas bases.
São apresentadas 15 provas de carga (pdc) à compressão e 12 provas de carga à tração. Todas as estacas
foram executadas com bulbos, e estes foram posicionados ao longo do fuste em função do tipo de esforço
solicitante (compressão ou tração) e do perfil do subsolo do terreno.
2. ESTACAS ESCAVADAS INJETADAS
As estacas escavadas injetadas são estacas de pequeno diâmetro (máximo de 45 cm) executadas com
perfuratrizes comuns. A perfuração é feita com circulação de lama estabilizadora. São estacas armadas em todo
seu comprimento e o fuste é preenchido pelo processo submerso com argamassa por meio de bombeamento. Esta
argamassa tem fator água/cimento em torno de 1,0, traço de 1:2 (cimento: areia grossa) e apresenta um fck médio
de 18 MPa.
No início, em 1986, essas estacas tinham diâmetro máximo de 30 cm e carga de trabalho média de 350 kN.
Com a evolução do processo executivo, passou-se a executar estacas com diâmetros maiores e “bulbos” ao longo
do fuste. Com isto obteve-se consideráveis ganhos de cargas admissíveis. Atualmente, essas estacas são
projetadas para cargas de trabalho de até 950 kN (diâmetro de 45 cm).
Há anos que a capacidade de carga dessas estacas é estudada. Em Marques (1997), mostrou-se que elas
quando passam de uma camada de areia de baixa compacidade (fofa) para uma de compacidade superior a
medianamente compacta, apresentam uma capacidade de carga maior que as estacas correntes. No citado
trabalho, fotografias de estacas extraídas mostram que o diâmetro do fuste das estacas escavadas injetadas nas
areias de baixa compacidade aumenta consideravelmente e nas areias de boa compacidade (ou argilas) o
diâmetro do fuste é aproximadamente igual ao da peça cortante. Em conseqüência desse fato, tem-se o efeito do
afunilamento de fuste que é o responsável pelo aumento da capacidade de carga.
A necessidade de se ter uma melhor capacidade de carga, independente da ocorrência ou não do efeito de
afunilamento, fez surgir a estaca escavada injetada com múltiplas bases (ou bulbos). As Figuras 1 e 2,
apresentam estacas injetadas escavadas com uma e duas bases; evidentemente esses bulbos são apoiados em
camadas de bom suporte de carga. Os bulbos ou alargamentos de fuste, são executados logo após a etapa de
perfuração da estaca. Substituindo-se a peça cortante por um “bico”, inclinado e com a haste em movimento
rotativo, faz-se incidir sobre as paredes do furo jatos do fluído perfurante. Dessa forma provoca-se rupturas
hidráulicas localizadas com o conseqüente alargamento do fuste. A estaca da Figura 2 tem fuste de 32 cm e
bulbos com diâmetro de 66 cm (aproximadamente.). A da Figura 1, o diâmetro do fuste é 40 cm e o da base 90
cm.
Figura 1 – Estaca extraída com um bulbo
próximo à ponta.
Figura 2 – Estaca extraída com dois bulbos.
3. PROVAS DE CARGA
3.1. GENERALIDADES
Os resultados das provas de carga (pdc) aqui apresentados, são frutos do controle tecnológico das estacas
escavadas injetadas, quanto à capacidade de carga e desempenho. Como se trata de um tipo de estaca escavada
com execução de alargamentos de fuste (Figuras 1 e 2) pouco conhecida no meio técnico das fundações, a
realização de provas de carga para aferição do seu desempenho, é o único meio que se tem de garantia do sucesso
dos projetos de fundações com esse tipo de estaca. Marques (1997) estabeleceu uma metodologia de previsão de
capacidade de carga para essas estacas quando ainda não se tinha um método eficiente de execução dos bulbos
descrito no item 2 desse trabalho. Nas situações em que ocorre variação natural do diâmetro do fuste, Marques
(1997) apresentou um método de cálculo estimado da contribuição desse fato na capacidade de carga final da
estaca. A aplicação dessas considerações no cálculo de previsão da estaca escavada injetada com bulbos, em
geral tem apresentado resultados aceitáveis.
3.2. CARACTERÍSTICAS DOS TERRENOS
As regiões apresentadas nesse trabalho são geologicamente sedimentares do Quaternário, compostas por solos
arenosos, argilosos com ou sem matéria orgânica. O lençol freático sempre ocorre próximo à superfície (0,5 m a
3,0 m).
Um perfil característico da região praieira de Maceió, onde foram executadas a grande maioria das provas de
carga (10 à compressão e 7 à tração), pode ser representado pelo perfil mostrado na Figura 3. A primeira camada
é composta por areia fina à média, fofa à medianamente compacta, espessura média de 3 m, seguida de outra
camada de areia pouco siltosa de média compacidade a muito compacta e espessura média de 4 m. Na camada
seguinte ocorre areia fina siltosa com fragmentos de conchas, fofa. A última camada é constituída de areia fina à
grossa de média compacidade a muito compacta ou arenito.
10 20 30
40
Classificação do Material
Prof
1
10 20 30 40
5
Areia fina (siltosa), fofa a
medianamate compacta
SPT: 2 a 10
NA
2
8
Areia fina a média, pouco siltosa
(com ou sem calcário arenítico),
5 medianamente compacta a muito
6
compacta
SPT: 14 a 30
7
8
11
9
7
11
12
3
35
19
21
3
15
16
9
5
4
6
5
6
6
20
20
27
24
30
35
Areia fina pouco compacta a
medianamente, cinza claro
3
4
5
Areia fina com arenito em
decomposição, compacta a muito
compacta, marrom escuro
6
7
8
9
10
8
11
8
21
38
15
40
16 Areia fina a grossa (ou arenito),
45
17 medianamente compacta a muito
45
compacta
SPT: 20 a 40
12
13
14
Areia fina siltosa, pouco compacta
a medianamente compacta, cinza
escuro
Silte arenoso, pouco compacto, cor
variegada
Argila siltosa, dura, cor variegada
15
Silte argiloso com decomposição de
rocha calcária, amarelo claro
17
Rocha calcária, muito
18
compacta, amarelo claro
16
19
Impenetrável à Percussão
20
SPT Prof
2
35
13
Figura 3 - Perfil típico do subsolo dos terrenos
das pdc de Maceió.
2
45
14
19
2
40
22
18
6
40
Areia fina siltosa, com fragmentos
de conchas, fofa
SPT:1 a 5
10
NA
2
17
4
10 20 30 40
1
5
3
Classificação do Material
SPT Prof
Classificação do Material
NA
1
2
3
4
Aterro de areia fina c/ detritos de
construção, pouco compacta,cor
cinza escuro
Argila orgânica, muito mole a mole,
cor cinza escuro
5
6
7
Areia fina, compacta a medianamente
compacta, cinza escuro
11
12
Argila siltosa c/ areia fina,
consistência mole, cinza escuro
Areia fina siltosa, medianamente
compacta, cor cinza escuro
13
14
15
16
17
20
1
20
18
10
6
4
1
1
1
1
1
Silte argiloso, consistência mole,
cinza escuro
9
Silte arenoso pouco compacto,
cinza escuro
7
4
8
11
Areia fina pouco argilosa, pouco
compacta a compacta
21
22
Classificação do Material
SPT Prof
3
18
19
10 20 30 40
2
8
9
10
Figura 4 - Perfil do subsolo do terreno das pdc A1
e AT1 (Aracaju).
12
20
18
22
NA
1
2
3
4
5
6
Silte com areia e marisco, fofo, cinza
7
8
9
10
Argila orgânica com turfa, muito
mole, cor preta
11
12
13
14 Areia argilosa, marrom escuro, fofa a
15
medianamente compacidade
16
17
18
Areia argilosa com silte,
medianamente compacta, marrom
escuro
19
20
21
23
22
24
23
Figura 5 - Perfil do subsolo do terreno das
pdc A2, AT2, A3 e AT3 (Aracaju).
Areia pouco siltosa, fofa, marrom
Areia média a grossa pouco siltosa
com pedregulho, medianamente
compacta a pouco compacta, cor
cinza
Rocha calcária
Figura 6 – Perfil do subsolo do terreno das pdc
J1, JT1, J2 e JT2 (João Pessoa).
As Figuras 4 e 5 mostram os perfis dos subsolos de dois terrenos situados na cidade de Aracaju. No primeiro
terreno (Figura 4) foram realizadas as provas de carga A1 e AT1 e no segundo terreno (Figura 5) as provas de
carga A2, AT2, A3 e AT3.
As provas de carga J1, JT1, J2 e JT2 foram executadas num terreno localizado no bairro de Tambau, João
Pessoa, cujo perfil representativo do subsolo é o mostrado na Figura 6.
3.3 RESULTADOS DAS PROVAS DE CARGA
As provas de carga apresentadas neste trabalho, foram realizadas em estacas que fariam parte das fundações
de obras reais. No sistema de montagem desses ensaios utilizou-se as próprias estacas das fundações como
reação. As armações dessas estacas foram projetadas dentro dos critérios de fissuração do concreto, preconizado
pela norma NBR-6118/78. Também foi estabelecido um recalque limite de 10 mm e redução da carga de
trabalho, para o reaproveitamento dessas estacas submetidas a tração que iriam trabalhar à compressão. Quando
esse limite foi ultrapassado, fez-se o reforço do bloco projetando-se uma ou duas estacas extras. Até pouco tempo
para aplicação de cargas de 1600 kN, por exemplo, projetava-se sistema de reação constituído de 4 estacas de
300 mm ou 400 mm. Diante da eficiência dos bulbos, comprovada nas primeiras provas de carga, passou-se a
projetar carga de tração, por estaca, de até 800 kN.
As provas de carga à compressão e à tração foram executadas simultaneamente, ou seja, ao tempo que
aplicava-se carga na estaca de compressão monitorava-se também as estacas de tração do sistema reativo. Para
aplicação das cargas de teste (compressão) utilizou-se um macaco hidráulico com capacidade de carga nominal
de 2000 kN, devidamente aferido. Nesses ensaios, não foram utilizadas células de carga. A distância entre as
estacas obedeceu as recomendações normativas. Os recalques nas estacas de tração (duas ou quatro estacas) de
um mesmo ensaio, em vias de regra, sempre foram parecidos. Nos poucos casos em que isto não ocorreu,
considerou-se o resultado mais representativo, comparado com outros de condições idênticas. Normalmente,
quando as diferenças de recalques entre as estacas de tração eram discrepantes, observava-se a descentralização
da carga aplicada ao sistema, em relação a essas estacas de tração. Consequentemente tinham-se deformações
diferentes para cargas diferentes.
Na execução das provas de carga, procurou-se seguir as recomendações da NBR-3472/91 para ensaios de
carregamento lento. Entretanto, nos terrenos em que o perfil do subsolo era essencialmente arenoso, o tempo dos
estágios de carga foi de 15 minutos e as leituras das deformações nos tempos de 0, 1, 2, 4, 8 e 15 minutos,
observando-se com rigor a estabilização dos recalques, segundo a norma. Nos terrenos em que se teve a
ocorrência de argila ou silte orgânico, a execução dos ensaios seguiu rigorosamente a metodologia normatizada.
Foram os casos das provas de carga A2, AT2, A3 e AT3 (Aracaju), J1, JT1, J2 e JT2 (João Pessoa).
As Tabelas 1 e 2 apresentam resumidamente informações sobre as provas de carga (pdc) `a compressão e `a
tração, respectivamente. Nelas constata-se que, na quase totalidade das estacas, o diâmetro é de 0,40 m e a carga
aplicada (na compressão) é igual ou próxima de 1500 kN. Isto porque a carga de projeto dessas estacas variou
entre 700 kN e 800 kN. Observa-se também que a maior carga aplicada foi na estaca M4 (1817 kN) e a menor na
estaca A3 (474 kN). Na primeira, apesar da carga de projeto ser de 750 kN, aplicou-se 1817 kN para fins de
estudos. No caso da segunda, o projeto de fundação exigia estacas com diâmetro de 0,30 m, comprimento médio
de 21 metros e carga de trabalho de 250 kN.
A estaca M4 foi executada e ensaiada no terreno em que a estaca da Figura 2 foi extraída. A estaca M9 é a da
Figura 1.
Para as fundações da obra da estaca M6, foram projetadas estacas com diâmetro de 0,40 m, para carga de
trabalho de 750 kN. Entretanto para fins de constatação da eficiência dos bulbos, executou-se a estaca de teste
(M6) com diâmetro de 0,25 m. A estaca representativa de tração desse teste, MT6, submetida a carga de 753 kN
teve deformação de 20,95 mm (a deformação da outra estaca de tração desse teste foi de 23 mm). Em
conseqüência dessas deformações, foram executadas mais duas estacas para reforçar as fundações do pilar dessas
estacas.
A estaca M10 foi apoiada dentro do arenito calcário; daí seu comprimento de 4,50 metros e o pequeno
recalque de 2,15 mm para uma carga aplicada de 1506 kN. As 4 estacas de tração desse teste penetraram 50 cm
(aproximadamente) dentro do arenito e tiveram excelente desempenho com deformações médias de 2,5 mm, para
cargas de 380 kN. A deformação de 5,32 mm para uma carga de tração de 753 kN, aplicada à estaca AT1,
representa um ótimo resultado para uma estaca escavada com 9,50 m de comprimento e diâmetro 0,40 m,
instalada num terreno cujo perfil do subsolo é o mostrado na Figura 4.
Aplicou-se a todos esses resultados, as recomendações da NBR-6122 para determinação da carga admissível
quanto à ruptura e aos recalques, e obteve-se a carga de trabalho projetada. Os recalques de 10 a 20 mm para
cargas iguais ou pouco maiores que 1000 kN, constatados na quase totalidade das pdc (Figuras 7a e 7b), são
muito positivos nos projetos de fundações em que se considera a participação do bloco de coroamento na
transferência de carga às camadas próximas à superfície. Simons (1981) e outros já mostraram que a curva de
carga x recalque de estacas que trabalham só por atrito lateral é semelhante à curva de ruptura generalizada
(ruptura brusca). Ao contrário, a forma das curvas das Figuras 7a e 7b, com algumas exceções, indica que os
bulbos e os afunilamentos transferem a maior fatia de carga.
Tabela 1 – Provas de carga à compressão.
ESTACA
D
La
P
r
Nº de
Local
M1
(m)
0,40
(m)
13,50
(kN)
1501
(mm) bulbos
23,72
2
Maceió
M2
0,40
13,50
1580
40,64
2
Maceió
M3
0,40
10,00
1501
29,36
2
Maceió
M4
0,40
9,40
1817
12,69
2
Maceió
M5
0,40
13,50
1501
35,68
2
Maceió
M6
0,25
20,50
1506
26,44
2
Maceió
M7*
M8
0,40
16,00
1698,5
84,87
1
Maceió
0,45
12,60
1422
38,88
2
Maceió
M9
0,40
5,50
1342
25,19
1
Maceió
M10
0,40
4,50
1506
2,15
1
Maceió
A1
0,40
4,30
1506
13,14
1
Aracaju
A2
0,30
21,40
632
4,07
2
Aracaju
A3
0,30
21,40
474
1,82
2
Aracaju
J1
0,40
21,50
1580
12,81
2
João Pessoa
J2
0,40
17,50
1501
48,51
2
João Pessoa
* Estaca espacial: Estapata ou estaca-T
ESTACA
Tabela 2 – Provas de carga à tração.
D
La
P
r
Nº de
(mm)
(m)
(kN)
(mm)
bulbos
Local
MT1
0,40
13,00
395
8,03
2
Maceió
MT3
0,40
11,50
375
4,30
2
Maceió
MT5
0,40
13,50
375
7,20
2
Maceió
MT6
0,40
21,00
753
20,95
2
Maceió
MT7
0,40
15,50
424,6
6,06
1
Maceió
MT9
0,40
5,50
335,5
1,60
1
Maceió
MT10
0,40
3,50
378
1,34
1
Maceió
AT1
0,40
9,50
753
5,32
1
Aracaju
AT2
0,30
21,40
316
1,96
2
Aracaju
AT3
0,30
21,40
237
0,96
2
Aracaju
JT1
0,40
21,50
395
3,58
2
João Pessoa
JT2
0,40
17,50
375
3,58
2
João Pessoa
CARGA (kN)
0
200
400
600
800
CARGA (kN)
1000
1200
1400
1600
0
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0
5
10
RECALQUE (m m )
RECALQ UE (m m )
5
10
15
15
20
25
30
35
20
40
45
25
pdc M2
pdc M1
CARGA (kN)
CARGA (kN)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
0
1600
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
0
0
2
5
REC A L QUE (m m )
RECALQ UE (m m )
4
10
15
6
8
20
10
25
12
30
14
pdc M4
pdc M3
CARGA (kN)
CARGA (kN)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
0
1600
200
400
600
800
1000
0
0
5
5
R EC A L Q U E (m m )
RECAL Q UE (m m )
10
15
20
25
10
15
20
30
25
35
30
40
pdc M5
Figura 7a – Curvas carga x recalque de compressão.
pdc M6
1200
1400
1600
CARGA (kN)
CARGA (kN)
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
0
5
5
RECALQUE (mm)
RECALQUE (mm )
10
15
20
25
10
15
20
30
25
35
40
30
pdc M8
pdc M9
CARGA (kN)
0
200
400
600
800
1000
CARGA (kN)
1200
1400
1600
0
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0
2
RECALQ UE (m m )
R E C AL Q U E (m m )
0.5
1
1.5
2
4
6
8
10
12
14
2.5
pdc M10
pdc A1
CARGA (kN)
0
100
200
300
400
CARGA (kN)
500
600
700
0
0
50
100
150
200
250
300
0
0.5
0.5
1.5
REC A L QUE (m m )
REC A L QUE (m m )
1
2
2.5
3
1
1.5
3.5
4
2
4.5
pdc A2
pdc A3
Figura 7a – Curvas carga x recalque de compressão (continuação).
350
400
450
500
CARGA (kN)
CARGA (kN)
0
200
400
600
800 1000 1200 1400 1600
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
300
350
400
0
0
5
10
4
RECALQUE (mm)
RECALQUE (mm)
2
6
8
10
15
20
25
30
35
40
12
45
14
50
pdc J1 (compressão)
pdc J2 (compressão)
CARGA (kN)
CARGA (kN)
50
100
150
200
250
300
350
0
400
0
1
0.5
2
1
RECALQ UE (m m )
RECAL Q UE (m m )
0
0
3
4
5
6
50
100
150
200
250
1.5
2
2.5
3
7
3.5
8
4
4.5
9
pdc MT1
pdc MT3
CARGA (kN)
CARGA (kN)
0
50
100
150
200
250
300
350
0
400
0
100
200
300
400
0
1
5
R ECA L Q U E (m m )
RECALQUE (mm)
2
3
4
5
6
10
15
20
7
8
pdc MT5
25
pdc MT6
Figura 7b – Curvas carga x recalque de compressão e tração.
500
600
700
800
CARGA (kN)
CARGA (kN)
0
50
100
150
200
250
300
350
0
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0
0.2
1
REC A L QUE (m m )
RECALQUE (mm)
0.4
0.6
0.8
1
1.2
2
3
4
1.4
5
1.6
1.8
6
pdc MT9
pdc AT1
CARGA (kN)
CARGA (kN)
50
100
150
200
250
300
350
0
0
0
0.4
0.2
RECALQUE (m m)
RECA L QUE (m m )
0
0.8
1.2
1.6
50
100
200
250
0.4
0.6
0.8
2
1
pdc AT2
pdc AT3
CARGA (kN)
0
50
100
150
200
CARGA (kN)
250
300
350
400
0
0
0
0.5
0.5
1
1
REC A L QUE (m m )
RECAL QUE (m m )
150
1.5
2
2.5
100
150
200
250
1.5
2
2.5
3
3
3.5
3.5
4
50
4
pdc JT1
pdc JT2
Figura 7b – Curvas carga x recalque de compressão e tração (continuação).
300
350
400
3.4 CASO ESPECIAL
A estaca M7 é tratada como especial, porque além de ter sido considerada como estaca-T, o bloco-sapata com
dimensões da base de 1,50 m x 1,50 m, propositadamente, apoia-se na profundidade de 2,50 m, onde se tem
transição de argila arenosa muito mole para areia fina siltosa fofa com SPT de 1 e 2 golpes (Figura 8).
Com objetivo de se obter a carga absorvida pela estaca nos primeiros 50 mm de recalque, apoiou-se o blocosapata sobre um isopor de 5 cm de espessura. A Figura 9 apresenta a curva carga x recalque do conjunto blocosapata/estaca (estaca T). No trecho de A a B dessa curva, teve-se tão somente a participação da estaca
isoladamente. A partir de B o bloco-sapata apoiou-se no solo e o conjunto passou a absorver a carga
conjuntamente. Aplicando-se Van Der Veen às duas situações, encontra-se carga de ruptura para a estaca
trabalhando isoladamente de 2060 kN e para o conjunto 2730 kN.
Este resultado mostra que mesmo nos terrenos de baixíssima capacidade de carga a contribuição do bloco
sapata de coroamento é considerável. Neste caso, teve-se um ganho de mais de 30% na carga de ruptura da
estaca. Este fato é relevante nos projetos de fundações de estruturas que admitem recalques maiores. Além disto,
tem-se uma segurança maior, quanto a não ocorrência da ruptura brusca, ou física, segundo Décourt (1994).
10 20 30 40
SPT Prof
6
6
1
2
4
4
12
13
12
11
10
2/32
2/31
8
12
21
25
27
29/28
30/27
Classificação do Material
1
2
NA
3
4
5
Areia com nódulo de argila, fofa
a pouco compacta, marrom
Argila areno-siltosa, média a muito
mole, marrom
Areia fina com silte, fofa a
pouco compacta, cinza escuro
6
7
8
Silte arenoso, medianamente
compacto, cinza claro
9
10
11
Areia fina, siltosa, com fragmentos
de crustáceos, fofa a medianamente
13
compacta, cinza claro
12
14
Areia fina a média, siltosa,
medianamente compacta, cinza
escuro
16
17 Areia fina a média, siltosa, com
nódulo de argila medianamente
18 compacta a compacta, cinza claro
15
19
20
Areia fina a média, siltosa,
compacta, cinza claro
Figura 8 – Perfil do subsolo do terreno da estaca M7.
CARGA(kN)
(t)
CARGA
0
0
A
200
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
D = 400 mm
La = 16,0 m
P = 1698,5 kN
r = 84,87 mm
10
20
REC ALQUE (m m )
400
30
40
50
B
60
70
80
D
C
90
Figura 9 – Curva carga x recalque do bloco sapata/estaca (M7).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluindo a apresentação desse trabalho observa-se e acrescenta-se o seguinte:
- Os resultados apresentados na Tabela 1, comparados com os de prova de carga publicados por Marques
(1997) para essas estacas sem bulbos e de características semelhantes (diâmetro do fuste, comprimento e
perfil do subsolo), observa-se que os bulbos aumentam de 1,5 a 2,0 vezes a capacidade de carga das estacas
escavadas injetadas.
- Essas estacas apoiadas dentro da rocha, têm excelente capacidade de carga, a compressão e a tração, e
podem (nessas condições) ser curtíssimas.
- A utilização dessas estacas em sistema de reação de prova de carga é uma boa opção econômica e eficiente.
- O processo de execução, os afunilamentos de fuste e os formatos dos bulbos (principalmente o da base em
forma de pião) são responsáveis pelo tipo de deformação sempre contínua (ou ruptura por deformação
excessiva), que se observa nas curvas carga x recalque (Figuras 7a e 7b). Esse fato é muito importante nos
projetos de fundação em que o bloco de coroamento participa na transferência de carga ao terreno.
- O resultado da pdc da estaca M7 (estaca T) demostra que o recalque excessivo torna-se positivo nos
projetos em que se pretende, também, transferir carga através do bloco de coroamento a solos considerados
muito compressíveis.
5. BIBLIOGRAFIA
ABNT/NBR 3472 (1991) – Estacas – Prova de Carga Estática.
ABNT/NBR 6118 (1978) – Projeto e Execução de Obras de Concreto Armado.
ABNT/NBR 6122 (1996) – Projeto e Execução de Fundações.
CAMPOS, G. C.; SOBRINHO, R. R. (1996) – Comportamento de Fundação Mista em Prova de Carga Estática
Instrumentada. III Seminário de Engenharia de Fundações Especiais e Geotecnia. Vol. 1, pg. 193, São
Paulo , SP.
CASTELLO, R. R.; POLIDO, U. F.; LIMA, G. P. (1996) – Provas de Carga à Tração em Estaca Raiz Engastada
em Rocha. III Seminário de Engenharia de Fundações Especiais e Geotecnia. Vol. 1, pg. 237, São Paulo ,
SP.
DÉCOURT, L. (1994) – Uma Aplicação Prática da Teoria dos Radiers Estaqueados. A Estaca T. X
COBRAMSEF. Vol. 1, pg. 311, Foz do Iguaçu, PR.
DÉCOURT, L. (1996) – Comportamento de uma Estaca-T Submetida a Carregamentos Elevados. III Seminário
de Engenharia de Fundações Especiais e Geotecnia. Vol. 1, pg. 205, São Paulo , SP.
MARQUES, J. A. F. (1997) – Execução e Previsão de Capacidade de Carga de Estacas Rotativas Injetadas,
Dissertação de Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos – USP, São Carlos , SP.
SIMONS, N. E. (1981) – Introdução à Engenharia de Fundações. Editora Interciência, Rio de Janeiro, RJ.
VAL, E.C.; MELLO, L. G. F. S (1986) – Estimativa da Contribuição do Bloco na Capacidade de Carga de
Grupos de Estacas. VIII Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações. Vol.
VI, pg. 297, Porto Alegre, RS.
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RESULTADOS DE PROVAS DE CARGA EM ESTACAS