INSTITUTO BRASILIENSE DE PÓS GRADUAÇÃO FUNORTE/SOEBRÁS TRATAMENTO ORTODÔNTICO DAS FISSURAS LABIOPALATINAS JOELISA HELENA BRASILEIRO AYER PEREIRA Monografia apresentada ao programa de Especialização em Ortodontia do IBPG FUNORTE/SOEBRÁS Núcleo Brasília, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista. BRASÍLIA, 2011 INSTITUTO BRASILIENSE DE PÓS GRADUAÇÃO FUNORTE/SOEBRÁS TRATAMENTO ORTODÔNTICO DAS FISSURAS LABIOPALATINAS JOELISA HELENA BRASILEIRO AYER PEREIRA Monografia apresentada ao programa de Especialização em Ortodontia do IBPG FUNORTE/SOEBRÁS Núcleo Brasília, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista. ORIENTADOR: Prof. Cláudio Macio Ramos BRASÍLIA, 2011 JOELISA HELENA BRASILEIRO AYER PEREIRA TRATAMENTO ORTODÔNTICO DAS FISSURAS LABIOPALATINAS Monografia apresentada ao programa de Especialização em Ortodontia do IBPG FUNORTE/SOEBRÁS Núcleo Brasília, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista. Orientador: Prof. Cláudio Macio Ramos Aprovada em: _______/_____________________/2011 COMISSÃO EXAMINADORA ____________________________________________________________ Orientador: Prof. Cláudio Macio Ramos ____________________________________________________________ Prof. ____________________________________________________________ Prof. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pelo dom da vida. A minha mãe, pelo carinho dedicado, por estar sempre ao meu lado, me apoiar e incentivar mais esta conquista. Ao meu marido, Eduardo, pelo companheirismo, amor e por ser uma pessoa que me faz tão feliz. Aos professores e funcionários do IBPG, em especial ao professor Cláudio, por compartilhar seu conhecimento, pela orientação e atenção, me ajudando na constituição deste trabalho. Ao professor Amilton, a minha admiração pela sua sabedoria e por me acompanhar nos meus procedimentos clínicos. Agradeço também ao professor Marden, nome este do qual tive ótimas referências e cheguei ao IBPG, por ensinar a ortodontia de uma maneira tão incentivadora. Ao Centro Pró-Sorriso (Unifenas-Alfenas-MG), que foi a base de motivação deste trabalho, local onde aprendemos a teoria aliada a nossa sensibilidade humana. Aos colegas de turma, por tornar mais descontraídas as horas que passamos juntos. Luz e energia a todos vocês! Dedico este trabalho, ao meu pai, que tenho certeza, onde estiver, ficará muito feliz com esta minha conquista. RESUMO Considerando-se que as fissuras labiopalatais trazem diversas conseqüências aos seus portadores, objetivou-se com este trabalho apresentar o papel da ortodontia e toda uma equipe multidisciplinar na reabilitação dos indivíduos portadores desta má-formação. Primeiramente, viu-se definições, classificação e tipos de fissuras; a seguir, analisou-se os fatores etiológicos, incidência, diagnóstico, as conseqüências a que o indivíduo está sujeito; adentrando-se, então, no campo do tratamento odontológico, com enfoque na ortodontia, principalmente, na expansão rápida de maxila. Salientando-se que os portadores de fissura lábio-palatina são pacientes em potencial para esta abordagem, pois a maioria apresenta mordida cruzada posterior e palato atrésico, com um estreitamento ainda mais expressivo na região anterior da maxila. Palavras-chave: Fissuras labiopalatinas. Tratamento. Ortodontia. Expansão Rápida de Maxila. ABSTRACT Considering that the cleft lip and palate bring many consequences to holders, aimed to make this work the role of orthodontics and a full multidisciplinary team in the rehabilitation of individuals with this malformation. First, he found himself definitions, classification and types of cracks, then we examined the etiologies, incidence, diagnosis, consequences that the individual is subject, is entering, then, in the field of dental treatment, focusing in orthodontics, particularly in the rapid maxillary expansion. Stressing that those with cleft lip and palate patients is potential for this approach because it presents the most posterior crossbite atretic and palate, with an even more significant narrowing in the anterior maxilla. Keywords: Cleft lip and palate. Treatment. Orthodontics. Rapid Maxillary Expansion LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Esquema da classificação de Spina, modificada por Silva Filho et al. (1992). ................................................................................................................. 12 Figura 2 – Fissura facial rara ............................................................................... 13 Figura 3 – Fissura bilateral completa de lábio e palato ........................................ 14 Figura 4 – Índice Oclusal de Goslon .................................................................... 23 Quadro 1 – Protocolo de intenções cirúrgicas para reconstrução das fissuras labiopalatais. .............................................................................................. 24 Figura 5 – Fissura labial bilateral fechada (queiloplastia) em tempo único ............ 25 Quadro 2 – Protocolo terapêutico seguido pelo HRAC-USP para reabilitação de pacientes portadores de fissura bilateral completa de lábio e palato (FBCLP). ...... 26 Figura 6 – Fissura unilateral completa de lábio (A) e de palato (B) ...................... 28 Figura 7 – Dentadura decídua - Expansão rápida da maxila ................................ 35 Figura 8– Dentadura mista pós expansão rápida da maxila ................................. 35 Figura 9 – Aparelho Borboleta ............................................................................. 42 Figura 10 – Aparelho expansor “mini invertido” .................................................... 42 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 8 2 PROPOSIÇÃO .......................................................................................... 10 3 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................... 11 3.1 FISSURA LABIOPALATAL: CONSIDERAÇÕES GERAIS ....................... 11 3.2 ETIOLOGIA ................................................................................................ 15 3.3 CONSEQUENCIAS .................................................................................... 16 3.4 DIAGNÓSTICO .......................................................................................... 20 3.5 TRATAMENTO DA FISSURA: CIRURGIA E ENXERTOS ........................ 23 3.5.1 Tratamento ortopédico-ortodôntico....................................................... 27 3.5.2 Expansão rápida da maxila em pacientes com fissuras labiopalatais 32 4 DISCUSSÃO ............................................................................................. 44 5 CONCLUSÕES ......................................................................................... 47 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 48 8 1 INTRODUÇÃO As fissuras são aberturas na região do lábio e/ou palato, ocasionadas pelo não fechamento destas estruturas, que normalmente se formam entre a 4ª e 12ª semana de gestação (ORSI JR., 2006), que estendem-se desde o lábio até a úvula, rompendo completamente a maxila, e são as fissuras mais comumente encontradas no ser humano (SPINA et al., 1972), podendo ocasionar distúrbios estéticos e funcionais que podem ser agravados segundo a extensão da lesão ou pela ausência de tratamento adequado (CARVALHO et al., 2004). Sabe-se que as fissuras labiopalatinas são as deformidades faciais mais comuns em todas as raças e grupos étnicos. Nem sempre se manifestam isoladamente, podendo estar associadas a síndromes ou outras anomalias. Estimase que, na população de raça branca, haja uma freqüência de fenda labial, associada ou não à fenda palatal, na proporção de 1/1000 nascidos vivos (com variações de 0,7 a 1,3), Entretanto são os asiáticos que possuem a maior incidência de malformações labiopalatais. No Brasil, apesar de ser escasso o investimento em pesquisas para atualização dos dados, pode-se afirmar que para cada 1.000 nascimentos, duas crianças apresentam fissura lábio-palatal, sendo a mortalidade no primeiro ano de vida em torno de 30%. (VASCONCELOS et al., 2002). Tais fatos permitiram à Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002) reconhecer esta patologia como um relevante problema de saúde pública, salientando-se que o tratamento dos pacientes portadores de fissura lábio-palatal deve ser instituído logo após o nascimento e exige uma equipe de especialistas que visem uma abordagem multidisciplinar (FRANCO et al., 2000; MELGAÇO et al., 2002; GALLACH, 2004; VIEIRA, 2006). Para a eficácia da reabilitação, é necessário que as primeiras cirurgias sejam feitas quando a criança ainda tenha poucos meses de vida, de acordo com a sequencia das etapas terapêuticas (ORSI JÚNIOR, 2006). E, para corrigir as discrepâncias transversais e sagitais impostas sobre a maxila de pacientes fissurados decorrentes das cirurgias primárias, o ortodontista pode empregar a expansão rápida (ERM) (VIEIRA, 2006), cujos efeitos biomecânicos em pacientes com fissura labiopalatal são diferentes daqueles observados em pacientes sem tal deformidade. Esse fenômeno ocorre especialmente por esses pacientes 9 apresentarem questões estruturais específicas e diferenciadas (WANG et al., 2009). Considerando-se tais afirmativas, este trabalho vem apresentar o papel da ortodontia no tratamento do portador de fissura labiopalatal, salientando-se que o conhecimento das principais etapas do desenvolvimento normal da face é um auxílio essencial para a compreensão das anormalidades que constituem as deformidades de fissura labial e fenda palatina. O tratamento racional baseia-se nesse conhecimento e a pesquisa das causas dessas malformações dá esperança para sua prevenção (WATSON, 2005). 10 2 PROPOSIÇÃO O presente trabalho procura apresentar questões relativas ao tratamento ortodôntico do portador de fissura labiopalatal, enfocando o papel da expansão rápida de maxila, neste contexto. 11 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 FISSURA LÁBIO-PALATAL: CONSIDERAÇÕES GERAIS As fissuras labiopalatais são definidas como anomalias faciais congênitas, resultantes de qualquer alteração no decorrer do desenvolvimento embrionário humano, que podem variar desde pequenas assimetrias nas relações maxilares até defeitos faciais com maiores comprometimentos estéticos e funcionais (ABDO, 2005) Elas são decorrentes da falta de união dos processos faciais embrionários, devido a uma alteração da velocidade migratória das células da crista neural, encarregadas de comandar a fusão das proeminências faciais entre a 6ª e a 9ª semana de vida intra-uterina. As fissuras labiais resultam da falta de fusão dos processos frontonasal e maxilar que ocorre por volta da 6ª semana. Já as fissuras palatinas são decorrentes da falta de fusão das placas palatinas do processo maxilar, fusão esta que ocorre por volta da 9ª semana (ORSI JR., 2006). Devido às variações de sua apresentação elas foram classificadas em dois grandes grupos: 1) Classificações baseadas em aspectos morfológicos – em que o único fator considerado como requisito era o aspecto, ou seja, a aparência do defeito observado; 2) classificações baseadas em aspectos embriológicos que passaram a ser considerados no processo de classificação das fissuras labiopalatais. Atualmente, a classificação mais utilizada no Brasil é a formulada por Spina et al., (1972) que utiliza-se de dois princípios: a morfologia e a origem embriológica da fissura. Usa como referência anatômica o forame incisivo para classificar as fissuras em três grupos principais: a. Fissuras pré-forame incisivo (fissuras de palato primário) = estão localizadas atrás do forame incisivo, comprometendo o lábio, rebordo alveolar e assoalho nasal, e podem ser: Unilateral (direita ou esquerda): completa, que compromete tecidos moles, rebordo alveolar e assoalho nasal; incompleta, que compromete apenas os tecidos moles. Bilateral, completa ou incompleta e mediana completa ou incompleta. 12 b. Fissuras transforame incisivo (fissuras de palato primário e secundário, simultaneamente) = são aquelas que passam pelo forame incisivo, atingindo estruturas anteriores e posteriores a ele, comprometendo lábio, assoalho nasal, rebordo alveolar, palatos duro e mole, e podem ser: unilaterais e bilaterais. Embriologicamente, este tipo de anomalia ocorre por deficiência na fusão dos processos maxilares entre si e com o processo nasal médio. c. Fissuras pós-forame incisivo (fissuras de palato secundário) = são aquelas que se localizam atrás do forame incisivo e podem ser: Completa (quando comprometem toda a extensão dos palatos duro e mole); e, incompleta, quando podem comprometer apenas o palato mole, o palato mole e parte do palato duro ou só a úvula (úvula bífida). Baseados nesta classificação, Silva Filho et al. (1992) propuseram uma nova classificação para as fissuras labiopalatinas (FIG. 1): Grupo 1 – pré-forame incisivo; Grupo 2 – trans-forame incisivo; Grupo 3 – Pós-forame incisivo; e, Grupo 4 – fissuras raras da face (FIG. 2): Figura 1 – Esquema da classificação de Spina, modificada por Silva Filho et al. (1992). 13 Figura 2 – Fissura facial rara Fonte: Silva Filho et al. (1992). Segundo Capelozza Filho e Silva Filho (1992), até os 3 anos de idade, a maxila dos pacientes fissurados crescerá muito, podendo chegar a 4/5 do seu crescimento pós-natal. Nesta fase, já deverão ter sido realizadas as cirurgias reparadoras (inicialmente a dos lábios e posteriormente a do palato), com o intuito estético e de evitar o crescimento desarmônico e desproporcional da face. Como resultado dessas cirurgias, o lábio operado (mais fino que o normal) pode mostrarse deficiente e reduzir drasticamente as dimensões da face, tendo como consequencia possível uma mordida cruzada, além de agravar a retrusão maxilar quando presente. No processo de crescimento facial dos fissurados após a cirurgia, a maxila tenderá a apresentar deficiências tanto no sentido vertical quanto anteroposterior (maxila menor e retroposta em relação à base do crânio). Sendo assim, a margem orbital do processo zigomático acompanha a retroposição maxilar, contribuindo para a desarmonia da face. Os autores relataram, também, que a mandíbula mostra-se nos fissurados com o corpo mais curto que o normal e ângulo goníaco mais aberto (rotação no sentido horário, mento mais posterior e terço inferior da face aumentado). Embora tenha uma retrusão maxilar e mandibular em relação à base do crânio, a maxila mostra-se mais retruída. A fissura transforame unilateral completa, sem correção cirúrgica, apresenta ausência de osso alveolar, maxilar e palatino na região de alteração, além da deficiência dos tecidos moles. A maxila apresenta-se com todas as dimensões maiores que o normal ao nascimento. Com o crescimento, pode-se observar um desvio do complexo maxilar para o lado normal, além de um alargamento da maxila no sentido transversal e projeção anterior. A cirurgia numa fase precoce tenderia a 14 restringir este crescimento, o que poderia deixar como seqüela uma retrusão maxilar e uma mordida cruzada (CAPELOZZA FILHO e SILVA FILHO, 1998). Já nas fissuras transforame bilaterais, ao nascimento, a maxila apresenta-se dividida em 3 segmentos e com falta tecidual. Isto a torna maior tanto nas dimensões laterais como anteroposteriores. Como a pré-maxila mostra-se projetada já na vida intra-uterina (desde a 10ª semana), tem-se um perfil convexo devido à deposição óssea na junção vômer/pré-maxila. Tal convexidade exagerada tende a diminuir após a correção cirúrgica do lábio. Até a puberdade, podemos observar uma face convexa que, a partir desta fase, tende a apresentar um maior desenvolvimento mandibular e uma queda no crescimento maxilar maior que o normal. Nos pacientes com fissuras pós-forame e deficiência de tecido ósseo, podem-se observar alterações no crescimento transversal da maxila, que se mostra pequena e retrusiva (CAPELOZZA FILHO e SILVA FILHO, 1998). Oliveira et al. (1996) descreveram que pacientes portadores de fissura de lábio e palato apresentam uma maior freqüência de anomalias dentárias como supranumerários, extranumerários e agenesias - quando comparados a indivíduos que não possuem essa anomalia congênita. A ausência congênita de dentes é mais comum do que a presença de extranumerários, ocorrendo no lado da fissura e o dente mais acometido é o incisivo lateral superior, em cerca de 48,3% dos casos. Quanto às alterações de desenvolvimento no tamanho do elemento dentário, os pacientes com fissura bilateral completa de lábio e palato (Figura 3) apresentam 5,6% de ocorrência, sendo o incisivo lateral superior o dente mais afetado em todos os tipos de fissuras. Figura 3 – Fissura bilateral completa de lábio e palato Fonte: Oliveira et al. (1996). 15 Em relação à classificação, Abdo e Abdo Filho (2005) descreveram as estruturas básicas envolvidas na fissura labiopalatal: lábio, processo alveolar, palato duro e palato mole, que podem estar envolvidas de forma completa ou incompleta, nas mais variadas combinações, desde mínimos defeitos envolvendo apenas o vermelhão do lábio (uni ou bilateral), como também defeitos maiores que se estendem para a base do nariz, rompendo o processo alveolar e atingindo a úvula, criando, assim, uma comunicação direta entre a cavidade nasal e a bucal. No estudo de Miranda et al. (2004), o tipo de fissura mais freqüentemente encontrado foi o transforame (tipo II), sendo a maioria do subtipo unilateral esquerdo. Observando-se que 51% dos pacientes eram do sexo feminino e 49%, do sexo masculino. A média de idade foi de 12,5 anos, sendo a variação de 4 a 52 anos. Mastrantonio et al., (2009), observaram que em indivíduos com fissura de lábio e palato, as anomalias dentárias são frequentes, sendo sua maior incidência na maxila, podendo ser alterações de desenvolvimento que podem atingir dentes decíduos e permanentes, manifestando-se por alterações de tamanho, forma, número, estrutura e cronologia de erupção. A anomalia de número pode se manifestar pelo aumento no número de dentes (extranumerários ou supranumerários) ou diminuição (agenesias). Também a anodontia é observada em pacientes com fissura de lábio e palato, afetando, principalmente, o incisivo lateral do lado da fissura. 3.2 ETIOLOGIA De acordo com Souza Freitas et al. (2004) a fissura labiopalatal tem etiologia hereditária isto porque concluíram em seu estudo que uma porcentagem significante da amostra apresentou um ou mais parentes com anomalias (32,3%). Foi encontrada uma correlação positiva para a recorrência de fissuras em irmãos, assim atenção especial deve ser dada a casais com um filho portador de fissura. Machado (2005) descreveu uma teoria para o aparecimento de fissuras orofaciais. A rede arterial primitiva é o sistema que primeiro e de modo eletivo seria influenciado por estímulos nocivos, na determinação de um tipo particular de 16 fissura. A nutrição dos botões faciais primitivos é feita pela artéria carótida interna através de um pequeno ramo, a artéria estapédia, na qual emite muitos vasos. Desde o fim do segundo mês de gestação, a estapédia é reabsorvida, mas o transporte sanguíneo de seus ramos terminais é assegurado por uma anastomose com a carótida externa e que irá se tornar eventualmente a artéria facial externa. Assim sendo, caso não se estabeleça tal modificação circulatória em um período crítico da fusão dos botões faciais, pode ocorrer a formação de fissuras labiopalatais, devido à falta de nutrição vascular e conseqüente necrose da região. Para Orsi Jr, (2006), a etiologia da fissura envolve fatores genéticos e ambientais. Os primeiros envolvem a interrelação de várias informações genéticas herdadas dos pais. Como fatores ambientais citam-se o uso de álcool ou cigarros, a realização de raio X na região abdominal, a ingestão de medicamentos, como anticonvulsivantes ou corticóides durante o primeiro trimestre gestacional. Goiato et al. (2006) descrevem alguns fatores comumente responsabilizados como causas associadas à ocorrência desta deformidade: fatores genéticos, mesológicos (nutricionais, químicos, endócrinos, actínicos, infecciosos, anoxiantes, mecânicos, ambientais, stress, alcoolismo, mistos), drogas (antiepléticas, antagonistas do ácido fólico e uso de ácido retinóico) e toxinas na gravidez. Segundo Garib et al. (2010b), as fissuras labiopalatinas isoladas apresentam causalidade multifatorial, onde tanto os fatores genéticos como os fatores ambientais, desempenham um papel de relevância na determinação da malformação que apresenta-se apenas quando a suscetibilidade excede um limiar crítico. E quanto maior a suscetibilidade, mais extensa é a fissura. Já os fatores etiológicos ambientais das fissuras são tabagismo, a ingestão de bebidas alcoólicas, deficiências vitamínicas, drogas anticonvulsivantes, estresse, devido à liberação de corticosterona, os benzodiazepínicos, doenças virais agudas (vírus influenza da gripe e vírus do sarampo) ou a febre relacionada a elas, radiação ionizante e certos químicos (pesticidas) também possam elevar o risco de fissura. 3.3 CONSEQUENCIAS DAS FISSURAS LABIOPALATAIS Capelloza Filho e Silva Filho, em 1992, relataram que há uma resistência 17 respiratória nasal aumentada na população com fissura, sendo significativamente maior no lado da fissura, independente do tipo de fissura. Esta redução da ventilação nasal guarda uma relação causa-efeito com a redução no tamanho da cavidade nasal, a qual encontra argumentações na configuração anatômica assimétrica do nariz, mucosa nasal edemaciada e atresia maxilar acentuada pelas cirurgias de lábio e de palato. A presença da fissura de palato acarreta comprometimentos otológicos que podem causar perdas auditivas permanentes devido a vários fatores como o mecanismo de aeração velotubal deficiente, infecção e irritação da tuba auditiva por refluxo de leite e alimentos, posição horizontal da tuba na infância e presença de amídalas e adenóides hipertrofiadas. As anormalidades estruturais do lábio, do processo alveolar e do palato constituem obstáculos palpáveis para a correta articulação dos sons, bem como para a qualidade nasal da voz. As falhas articulatórias variam em função da amplitude da fissura e da atresia transversal e antero-posterior do arco dentário superior. Segundo Freitas (1998), os problemas dentários presentes em portadores de fissura labiopalatina são: ausência de dentes adjacentes à fissura, mais freqüentemente os incisivos laterais permanentes; alta incidência de ausência de dentes em outras regiões, especialmente pré-molares; dentes mal formados, posicionados ectopicamente; dentes supranumerários; falta de suporte ósseo para alguns dentes comprometendo a possibilidade de movimentá-los para posições desejáveis; curva de Spee acentuada na maxila, na mandíbula ou em ambos os arcos; arco atrésico; higiene bucal deficiente; doença cárie e doença periodontal. Figueira (2004) lembra que o portador de fissura labiopalatal sempre foi repelido e ridicularizado pela sociedade. São estes preconceitos que se tenta evitar por meio do tratamento desde o nascimento e/ou até a fase adulta, independente da idade do paciente. Em bebês, começam a partir dos três meses as diversas intervenções cirúrgicas de fechamento do lábio e recomposição do palato. Ao longo do tratamento, à luz da análise genética da família, a odontologia recupera a arcada dentária, a otorrinolaringologia e a fonoaudiologia corrigem as distorções auditivas e fonovocais, enquanto se intensificam os cuidados para prevenir e curar infecções respiratórias às quais a criança fissuradas é mais suscetível. Enfim, é um tratamento lento e intenso de reconstrução orgânica e psíquica para remover as barreiras físicas e sociais que entravam o desenvolvimento do paciente. É de fundamental importância, ainda, a realização de uma série de atividades esportivas, recreativas 18 que estimulam a socialização e a desinibição, fazendo emergir as potencialidades de cada um, anuladas ou camufladas pelo complexo. De acordo com Graciano et al. (2007), os prejuízos para auto-imagem e autoestima com reflexos no processo de integração/inclusão social decorrentes dos comprometimentos da comunicação, desfiguramento facial e outros também devem ser usados como critério para enquadramento da pessoa com fissura labiopalatina como deficiente físico. Estes autores relataram que a deformidade provocada pela fissura labiopalatal poderá provocar dificuldades para o desempenho de funções em decorrência da anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica e anatômica, que gere incapacidade para o desempenho de uma atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano, conforme previsto no artigo 3º do decreto 3298/99. A fissura bilateral apresenta problemas severos de má oclusão alterando assim as funções de respiração, fonação, deglutição e nutrição As fissuras lábiopalatais são malformações congênitas que trazem, como conseqüências, uma série de alterações que comprometem a estética, a fala e o posicionamento dentário dos indivíduos acometidos (FIGUEIREDO et al., 2008). De acordo com Freitas et al., (2009), o crescimento e o desenvolvimento anormal das estruturas craniofaciais em pacientes com fissura lábio-palatina tratados é um achado frequente. As cirurgias primárias do lábio e do palato parecem exercer um efeito restritivo ao crescimento da maxila, já segmentado pela deformidade e com potencial alterado de crescimento, de tal modo que os cuidados na realização da cirurgia inicial são essenciais para o sucesso final do tratamento. Os autores ressaltaram que um dos fatores que compromete o crescimento facial no fissurado pode ser inibição do crescimento, resultante da correção cirúrgica da fissura de lábio e palato em idade precoce. Neste mesmo sentido, Gomes et al. (2009), tendo em vista que a fissura labiopalatal determina limitações funcionais e estéticas, determinando dificuldades de interação e integração no âmbito familiar e social, elaboraram um estudo observacional retrospectivo com 50 participantes recrutados dentre os pacientes submetidos ao procedimento de reposicionamento de pré-maxila, no período de janeiro de 2003 a julho de 2005, no Centro de Atendimento Integral ao Fissurado Lábio-Palatal em Curitiba (CAIF), com o intuito de avaliar as motivações e expectativas em relação ao tratamento e a inclusão e integração social obtida pelo 19 procedimento. Os resultados mostraram 90% de sucesso das cirurgias em relação ao protocolo de atendimento. Quanto às expectativas cirúrgicas e de integração social, estas mostraram que 76% procuraram tratamento em busca de satisfação pessoal e, 86% relataram maior autoconfiança após a cirurgia. Os autores concluíram que a maioria dos pacientes submetidos ao reposicionamento de maxila percebeu a avaliação pós-cirúrgica como continuidade dos cuidados dispensados previamente, com expectativa da aparência e melhora da autoconfiança e, 96% deles manifestaram satisfação com os resultados obtidos, o que facilitou sua inclusão e reintegração social. Segundo Lazzari, Soares e Mezzomo (2009), os indivíduos com Fissura Labiopalatina (FLP) são acometidos por distúrbios da comunicação, que afetam amplamente seu convívio social e são causados basicamente por alteração na função velofaríngea e deformidade de palato e arcada dentária devido à sequela cirúrgica. As alterações de comunicação mais prevalentes são de ressonância e articulação. A hipernasalidade caracteriza-se por ressonância nasal de fones orais, causada pelo fechamento incompleto do esfíncter velofaríngeo. Fonemas que necessitam de pressão intraoral para serem produzidos, como plosivos e fricativos, ocorrem com emissão nasal, também denominada escape aéreo nasal. Na tentativa de impedir que a corrente aérea seja direcionada para o nariz pela falta de pressão intra-oral, ocorrem movimentos compensatórios, que acabam aumentando justamente o que tentam impedir. Figueiredo et al. (2010) relataram casos clínicos de pacientes com fissura labiopalatina, com o intuito de mostrar o processo de reabilitação e as consequências psicológicas advindas e puderam observar que a fissura de lábiopalato é uma anomalia que causa grande impacto na vida do indivíduo portador, provocando problemas funcionais, estéticos e psíquicos. As disfunções mais comuns são relacionadas à deglutição, à mastigação, à audição, à respiração, à arcada dentária e à voz nasalizada. Por isso, indivíduos com tal patologia precisam receber cuidados multidisciplinares, e o tratamento deve começar com a maior antecedência possível. Ou seja, é necessária a atuação de uma equipe interdisciplinar, especializada, para iniciar o processo de reabilitação, após o nascimento da criança, e mantê-lo durante seu crescimento, promovendo cuidado biopsicossocial completo a fim de resolver os problemas e atender às necessidades dela e de sua família, contribuindo para sua melhora física e emocional. Assim, os pacientes acometidos 20 podem viver sem traumas e complexos, ou seja, com melhor qualidade de vida. Os autores sugeriram que o paciente fissurado pode ter um fator genético predisponente a essa doença, podendo apresentar um menor desenvolvimento físico e até mental. Ele pode sofrer preconceito e abandono ou ser negligenciado pela sociedade que não sabe lidar com essa situação, nem que um tratamento correto, na época adequada, pode proporcionar ao doente melhores chances de reabilitação. 3.4 DIAGNÓSTICO Zane et al. (2002), relataram a importância da avaliação do estado psicológico do paciente ressaltando que esta deve estar relacionada com com a avaliação física e nutricional, uma vez que o bom estado nutricional do paciente promove respostas imunológicas contra infecções, ajuda no processo de cicatrização, além de prevenir complicações futuras. Portanto, para que estas intercorrências sejam diminuídas ou amenizadas são necessárias avaliações, intervenções e acompanhamentos junto ao paciente, a fim de identificar no pré-operatório como o mesmo conduz suas respostas emocionais e os seus mecanismos de defesa, caso haja intercorrências no pós-operatório, pois se o paciente encontra-se confuso e mal informado a respeito dos procedimentos da cirurgia, ou se seus medos, fantasias, angústias e ansiedades não foram discutidos e desmistificados, seu processo de recuperação e reabilitação poderá se complicar. Garib et al., (2010a), salientaram que na análise facial, com o paciente posicionado na posição natural da cabeça e com lábios relaxados, o ortodontista procura por características morfológicas faciais que denunciem discrepâncias esqueléticas anteroposteriores e verticais, assim como a estética dos lábios e do nariz operado. Na fotografia frontal sorrindo, observa-se a quantidade de exposição dos dentes anteriores e da gengiva ao sorrir, além da coincidência ou não das linhas médias. Nessa tomada, também é avaliado o corredor bucal, importante indicador de atresias maxilares. Na fissura bilateral de lábio e de palato, a análise facial mostra um perfil convexo na infância, porém, nos adolescentes e nos adultos, o perfil tem contornos predominantemente côncavos e expressa a deficiência sagital da maxila. Os pacientes com fissuras completas bilaterais apresentam uma mandíbula 21 semelhante à do paciente com fissura completa unilateral, com predomínio de crescimento vertical. As características descritas faciais representam o comportamento médio da face nas fissuras completas de lábio e de palato, unilateral e bilateral. No entanto, é importante salientar que a variação individual no padrão facial é frequente, na dependência principalmente da amplitude da fissura e da agressividade das cirurgias plásticas primárias. Pacientes com fissuras parciais, como as fissuras de palato primário e as fissuras de palato secundário, não apresentam a deficiência sagital do terço médio da face; pacientes com fissura envolvendo apenas lábio e rebordo alveolar assemelham-se à face do paciente não fissurado; pacientes com fissuras envolvendo somente o palato exibem uma birretrusão maxilar, com a mandíbula exibindo características verticais. A morfologia mandibular do paciente com fissura bilateral assemelha-se ao paciente com fissura unilateral. Os autores salientaram que o padrão cefalométrico do paciente com fissura de palato secundário (isolada no palato) aponta base do crânio, maxila e mandíbula curtos, com padrão facial vertical. O paciente com fissura de palato primário (lábio e rebordo alveolar) apresenta características cefalométricas semelhantes ao paciente não fissurado. A radiografia panorâmica é utilizada para uma visão global da dentição, para diagnóstico de anomalias dentárias e para visualizaçao da amplitude e da extensão do defeito ósseo alveolar (GARIB et al., 2010a). Para a execução da análise oclusal fora da boca, os autores apontam o uso dos modelos de gesso, pois estes retratam a relação interarcos no sentido sagital, transversal e vertical e mostram todas as irregularidades intra-arco, como: más posições dentárias individuais; apinhamento; torques. Nas fissuras de lábio e de palato (fissuras de palato primário e secundário), a interpretação dos modelos também é importante para definir a gravidade da deficiência maxilar imposta na relação interarcos e, consequentemente, para definir condutas exclusivamente ortodônticas-ortopédicas ou com associação de cirurgia ortognática A interpretação da gravidade da maloclusão, mediante análise dos modelos de gesso, recebe o nome de Goslon, para as fissuras de lábio e de palato unilaterais. Em 2005, no HRAC-USP, Ozawa et al. publicaram o Índice Bauru, com os mesmos propósitos do índice Goslon, porém voltado para pacientes com fissuras completas bilaterais. As características oclusais que definem o Goslon são as mesmas que definem o índice Bauru. Esses índices são numerados de 1 a 5, 22 definindo a ordem crescente da maloclusão, e representam ótimos indicadores sobre o prognóstico do tratamento ortodôntico. O índice é utilizado para avaliação da reabilitação em estudos multicentros, avaliando-se a influência que as técnicas cirúrgicas, a época de realização dessas cirurgias, assim como a habilidade do cirurgião, exercem sobre o protocolo de tratamento. O relacionamento entre os arcos dentários constitui em um valioso termômetro da repercussão das cirurgias plásticas primárias a longo prazo no crescimento da face. A descrição das características que definem os índices Goslon de 1 a 5 são, segundo Garib et al., (2010a): O portador do índice oclusal 1 apresenta ausência de mordida cruzada anterior, posterior ou mordida aberta anterior na região da fissura. Esse escore refere-se à boa relação interarcos nos três planos do espaço. De acordo com o Índice oclusal 2, o paciente apresenta ausência de mordida cruzada anterior, pode mostrar o canino do segmento menor em relação de topo ou cruzado e uma suave mordida aberta na região da fissura. Denota bom prognóstico para tratamento ortodôntico, sem envolvimento de cirurgia ortognática. Pelo Índice oclusal 3 o indivíduo apresenta incisivos de topo ou cruzados, pode ocorrer mordida aberta na região da fissura devido à deficiência vertical do segmento menor. O tratamento ortodôntico é regular, com possível necessidade de cirurgia ortognática. Na fase de dentadura mista, essa é a relação interarcos que pode ser tratada com expansão rápida da maxila, associada à tração reversa da maxila com máscara facial No Indice oclusal 4 o paciente apresenta mordida cruzada anterior associada à mordida cruzada posterior. A superfície vestibular do rebordo alveolar dos incisivos superiores está retroposicionada em relação à superfície vestibular do rebordo alveolar dos incisivos inferiores. O prognóstico é ruim, uma vez que o paciente necessitará de tratamento ortodôntico com vistas à cirurgia ortognática.No Índice oclusal 5 há mordida cruzada anterior, com trespasse horizontal negativo e mordida cruzada posterior. O prognóstico é ruim e necessita de complementação cirúrgica ortognática ao término do crescimento. Resumindo temos: Índice 1 - Prognostico Excelente (oclusão e crescimento maxilofacial muito bom); Índice 2 - Prognostico Bom (oclusão e crescimento maxilofacial bom); Índice 3 - Prognostico Regular (oclusão e crescimento maxilofacial deficientes); Índice 4 - Prognostico Pobre; Índice 5 - Prognostico Muito Pobre. Os pacientes com os índices oclusais de grau 3, 4 e 5 apresentam problemas 23 morfológicos e funcionais mais severos e portanto o grau de complexidade e o tempo de tratamento aumentam. A figura 4 abaixo apresenta os 5 índices oclusais de Goslon: Figura 4 – Índice Oclusal de Goslon Fonte: Silva Filho, Ozawa e Borges (2007) 3.5 TRATAMENTO DAS FISSURAS LABIOPALATAIS: cirurgias e enxertos O tratamento de fissurados tem sido um constante desafio, que deve ser iniciado ao nascimento, com as cirurgias plásticas reparadoras, denominadas de queiloplastia e palatoplastia (AIELLO et al., 2000) A queilopastia consiste na correção da fissura labial e deve ser realizada no 3º mês de vida. Já a palatoplastia, 24 consiste na reconstrução do palato e deve ser realizada a partir do 12º mês, segundo o quadro 1 abaixo: Quadro 1 – Protocolo de intenções cirúrgicas para reconstrução das fissuras labiopalatais. Fonte: Aiello, Silva Filho e Freitas (2000). Capelozza Filho et al. (1995) afirmaram que a palatoplastia deve ser feita dos 12 aos 18 meses de vida e de preferência em um único tempo cirúrgico, tendo como proposição à reparação estrutural antes do desenvolvimento da fala. Tanto a queiloplastia quanto a palatoplastia reparam o defeito no tecido mole, mas deixam uma fissura alveolar residual. A permanência do defeito no osso alveolar constitui um limite para a futura terapia ortodôntica, já que, por princípio, os dentes só podem ser movimentados dentro do osso. Porém, com a adoção do enxerto ósseo no protocolo de tratamento, é possível o preenchimento completo do defeito ósseo, vencendo o limite anatômico imposto pela descontinuidade do tecido alveolar (SILVA FILHO et al., 1999). Silva Filho et al. (2007) realizaram um estudo com o propósito de analisar a influência da queiloplastia realizada em tempo único e em dois tempos cirúrgicos no padrão oclusal de crianças com fissura bilateral completa de lábio e palato. A relação oclusal, de acordo com o índice Bauru, para a fissura bilateral completa de lábio e palato, foi estudada em uma amostra de 91 crianças nos estágios de dentadura decídua e mista. As crianças apresentavam fissura bilateral completa de lábio e palato e encontravam-se distribuídas na faixa etária compreendida entre 4 anos e 3 meses e 11 anos no momento do exame oclusal. Todas as crianças foram operadas na infância, no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC-USP), obedecendo dois protocolos de queiloplastia primária. A estratégia terapêutica imposta no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC-USP) para o 25 tratamento da fissura bilateral consiste em restaurar a anatomia com as cirurgias plásticas primária, queiloplastia e palatoplastia, sem enxerto ósseo primário e sem manipulação da pré-maxila, seguida pelas cirurgias plásticas secundárias na idade escolar e, finalmente, o enxerto ósseo secundário, no final da dentadura mista, imediatamente antes da erupção dos caninos permanentes (Quadro 2). Neste sentido, 53 crianças foram submetidas à queiloplastia em tempo único (G1) (FIG. 5) e 38 crianças foram submetidas à queiloplastia em dois tempos cirúrgicos (G2). Os resultados mostraram que o padrão oclusal, mensurado com base numa escala de 1 a 5, de acordo com o índice Bauru para fissura bilateral completa de lábio e palato, obteve média de 2,28 e 2,51 para a queiloplastia realizada em tempo único e em dois tempos cirúrgicos, respectivamente. Tais fatos permitiram aos autores concluírem que as cirurgias plásticas primárias comprometem a oclusão na dentadura decídua e mista, independentemente do número de etapas para a realização da queiloplastia. Figura 5 – Fissura labial bilateral fechada (queiloplastia) em tempo único Fonte: Silva Filho et al. (2007). 26 Quadro 2 – Protocolo terapêutico seguido pelo HRAC-USP para reabilitação de pacientes portadores de fissura bilateral completa de lábio e palato (FBCLP). Fonte: Silva Filho, Ozawa e Borges (2007). No tocante ao enxerto, Silva Filho et al. (1999), assim como Aiello et al. (2000), relataram que, de acordo com a época em que é realizado, ele pode ser considerado primário, secundário ou terciário O enxerto ósseo é dito primário quando realizado na primeira infância, na mesma época das cirurgias plásticas primárias; secundário quando realizado ao final da dentadura mista, devendo ser realizado preferencialmente antes da irrupção dos caninos permanentes superiores, quando estes apresentam metade de sua rizogênese completa, a fim de erupcionarem espontaneamente através do enxerto (AIELLO et al. 2000). Já o enxerto terciário é aquele realizado na dentadura permanente, após o término do tratamento ortodôntico corretivo. Está indicado 27 principalmente para facilitar a reabilitação protética e periodontal, além de favorecer o fechamento de fístulas oronasais persistentes (SILVA FILHO et al., 1999). Segundo Silva Filho et al. (1999), a principal vantagem do enxerto secundário em relação ao enxerto ósseo primário é o fato de transformar o alvéolo fissurado num alvéolo íntegro, sem potencializar o efeito iatrogênico das cirurgias primárias sobre o crescimento maxilar. O enxerto ósseo secundário, segundo Ibrahim et al. (2004), promove a estabilidade dos segmentos maxilares, possibilitando a movimentação ortodôntica e a seqüência do tratamento reabilitador; contribui sobremaneira no processo de reabilitação dos pacientes, pois permite o preenchimento do defeito ósseo residual causado pela fissura, favorecendo a erupção dentária nessa região. A crista do osso ilíaco é a área doadora mais comumente empregada devido à facilidade de acesso para obtenção do enxerto, quantidade de osso até mesmo para fissuras amplas e, quando integrado à região da fissura, permitir a movimentação ortodôntica e irrupção dentária. 3.5.1 Tratamento ortopédico ortodôntico Proffit e Fields (1995) enfatizaram a utilização da ortopedia pré-operatoria, que irá orientar o melhor crescimento e desenvolvimento maxilomandibular. Alguns casos requerem o uso de esparadrapo sobre a pré-maxila, retendo seu crescimento anterior, a fim de alinhá-la ao arco maxilar e favorecer a cirurgia reparadora. A colocação de uma placa palatina, de início, foi preconizada sem qualquer finalidade ortopédica, além de apenas auxiliar na amamentação (sucção) e corrigir possíveis aproximações dos rebordos maxilares. Esta placa manteria os rebordos em posição anatômica, complementando, assim, as palatoplastias e orientando o desenvolvimento da maxila. Denominada de obturador alimentar, seu único objetivo era o de favorecer uma obturação mecânica da abertura oronasal patológica. Devido a isto, o tratamento precoce evitaria o risco de vida com relação à dificuldade de alimentação. No período pós-operatório, pode-se promover a contenção dos segmentos maxilares por meio de placas ortopédicas estáticas. Estes mesmos autores salientaram que o tratamento ortodôntico corretivo pode ser 28 iniciado por volta dos 11 aos 14 anos, ou no inicio da dentadura permanente, dependendo do desenvolvimento individual. O mesmo tem o objetivo de complementar o tratamento ortopédico (quando realizado), corrigindo as más posições dentárias que persistirem. O tempo do tratamento pode variar de 18 a 24 meses, ou mais. Chen e So (1996) investigaram as mudanças esqueléticas e dentárias durante o tratamento com a máscara facial num grupo de meninos chineses nascidos com fissura unilateral completa de lábio e palato (FIG. 6). Os resultados revelaram que após 7,8 meses de uso de máscara facial, foi conseguida a normalização da relação sagital maxilomandibular (ângulo ANB). Mudanças esqueléticas significativas incluíam posição anterior da maxila e posição posterior da mandíbula. Mudanças dentárias dentro das respectivas unidades esqueléticas não foram significantes, exceto quanto ao molar inferior. Os autores preconizaram que o tratamento de protração maxilar durante a primeira infância ajuda a alcançar uma oclusão mais favorável com sobressaliência e sobremordida positivas, permitindo a ocorrência de um padrão de crescimento mais normal. Figura 6 – Fissura unilateral completa de lábio (A) e de palato (B) Fonte: Chen e So (1996). O tratamento ortopédico maxilar precoce é denominado Ortopedia neonatal ou tratamento ortopédico préoperatório. Tem indicação ao nascimento, antes da cirurgia do lábio, após a cirurgia do lábio até a palatoplastia e, se necessário, após a mesma. A filosofia de uso do capacete extra-oral não visa empregar força ortopédica para a retroposição da pré-maxila. O objetivo é usá-lo para corrigir e orientar o crescimento alterado e auxiliar a cirurgia no restabelecimento do equilíbrio muscular (LUZ LÓPEZ et al., 2000). Segundo Montoyama et al., (2000), o tratamento ortodôntico do paciente portador de fissura labiopalatal deve ser iniciado ao nascimento, utilizando-se 29 placas ortopédicas de acrílico na maxila, com o objetivo de melhorar a forma da mesma, que está alterada, e prevenir as mordidas cruzadas anteriores e/ou posteriores. Franco et al. (2000) ressaltaram a importância do atendimento multidisciplinar salientando que este visa a proporcionar condições para que o paciente tenha acesso às especialidades necessárias à sua melhor evolução e os familiares recebam orientação para participar deste tratamento de forma favorável. A base deste atendimento é formada pela cirurgia plástica, a odontologia e a fonoaudiologia. Devem participar deste grupo, tornando-o mais abrangente, a pediatria, a cirurgia maxilofacial, a psicologia, a genética, a otorrinolaringologia, o serviço social e a enfermagem. Também Melgaço et al. (2002) enfatizaram a importância da equipe multidisciplinar nos casos de fissuras labiopalatinas: o ortodontista atua na correção dos desvios do crescimento facial e dos distúrbios oclusais e o fonoaudiólogo restabelece as funções estomatognáticas e atua nas áreas de linguagem, voz e audição, quando alteradas. Os profissionais devem buscar um atendimento globalizado e eficiente, com o intuito de proporcionar uma melhor qualidade de vida ao paciente. Paiva et al. (2002) apresentaram uma revisão de literatura sobre a utilização do aparelho quadri-hélice em pacientes portadores de fissuras labiopalatais, descrevendo o aparelho como um aparelho fixo que possui ancoragem unicamente dentária e recíproca, constituído por um arco palatino confeccionado com fio de ago inoxidável, de o,8 mm para dentadura decídua e mista e 0,9 mm para dentadura permanente associado a bandas nos molares superiores A escolha do dente de ancoragem depende do estágio do desenvolvimento oclusal. Quando utilizado em dentadura decídua, o dente de escolha 6 o segundo molar decíduo. Nas dentaduras mista e permanente geralmente, se utiliza o primeiro molar permanente. O arco palatino é composto de quatro helicóides, dois anteriores e dois posteriores e deve ser contornado aproximando ao máximo as hastes externas da mucosa palatina e tangenciando a face palatina dos molares e caninos decíduos. A aproximação do arco palatino a mucosa é essencial para que dificulte a flexão do arco durante a fala e deglutição, reduzindo o traumatismo provocado pelos helicóides na mucosa da língua. Os autores concluíram que o quadri-hélice se torna particularmente útil em pacientes fissurados. em virtude da força continua liberada e da capacidade de 30 utilizar mais força anteriormente do que posteriormente quando necessário. A ação de curvatura em leque permite o ajuste para a expansão dos caninos e pré-molares. Em casos de mordida cruzada posterior esquelética o uso deste aparelho é contraindicado, pois o seu efeito ortopédico e sutil mesmo nas dentições decidua e mista. Um aparelho quadri-helice expande a maxila de forma mais lenta que um aparelho expansor tipo Haas e tem mostrado uma capacidade de produzir forças entre 0,5 a 1,5 libras (200 a 600 gramas), portanto o primeiro exerce forças bem abaixo do nível dos parafusos expansores. Segundo Gallbach (2004), os procedimentos odontológicos preventivos e restauradores nos indivíduos com fissura de lábio e/ou palato são similares aos realizados em indivíduos que não apresentam tal malformação. Medidas preventivas devem ser instituídas desde a primeira infância. O dentista deve orientar os pacientes a respeito de uma correta escovação, o uso de fio dental e a necessidade de uso de fluoreto de sódio na forma de bochecho ou gel. Cuidados são essenciais para prevenir a doença cárie e para manter a saúde bucal destes pacientes, pois os mesmos freqüentemente apresentam mal posicionamento dos dentes, principalmente os próximos à fissura. Di Biase (apud HATHORN, 2005) desenhou um aparelho ortopédico que combina a facilidade de manipulação dos segmentos em base continua e a capacidade de desgaste, para permitir o crescimento favorável da prateleira lateral. Esse aparelho é usado do nascimento até o fechamento primário do lábio, aproximadamente aos três meses. A seguir, ele é usado por mais três meses, até o fechamento final do palato. Segundo Orsi Jr (2006), os implantes ósseo-integrados intra-orais (dentários) são utilizados com bastante êxito nos pacientes portadores de fissura labiopalatal. Devido às particularidades intra-orais, já que há ausência de dentes na região da fenda, o paciente não tem condições de sustentar próteses comuns, o que justifica a necessidade deste tipo de implante que, além de favorecer melhor resultado estético, mantém a prótese firme. No tocante às próteses de palato, temse dois tipos: as elevadoras e as obturadoras. As obturadoras servem para obturar o palato, ou seja, vedar o palato e bloquear o escape de ar, quando há fístulas ou ausência de palato (insuficiência velofaríngea). Elas têm como função substituir o palato ou parte dele. A prótese elevadora tem como função elevar o palato mole em direção à parede posterior da faringe para auxiliar o fechamento velofaríngeo e 31 é indicada nos casos de paralisia do palato. Quando, por algum motivo, a cirurgia não é capaz de proporcionar o reparo físico e funcional necessários para o fechamento velofaríngeo, a prótese de palato é indicada. A prótese buco-maxilofacial é a especialidade que tem como objetivo a realização anatômica, funcional e estética, por meio de substitutos aloplásticos, de regiões da maxila, da mandíbula ou em razão de malformações congênitas ou de distúrbios do desenvolvimento. Segundo Goiato et al. (2006) a Prótese Bucomaxilofacial é a especialidade odontológica que visa ao estudo clínico e à reabilitação de pacientes portadores de malformações congênitas, mutilações traumáticas ou patológicas e distúrbios de desenvolvimento maxilofaciais. As malformações congênitas envolvendo fissuras labiopalatais, de acordo com estes autores, levam à reabilitação do paciente com uma prótese obturadora palatina. A reabilitação protética desses pacientes devolve o bem-estar físico e mental a esses indivíduos, restaurando a estética, a fala e principalmente a função, pela retomada da mastigação e deglutição. Segundo Figueiredo et al., (2008), a intenção do tratamento ortopédico é conter o crescimento inadequado da pré-maxila, direcioná-la para uma posição vertical, corrigir giro versões, quando houver, centralizá-la entre os segmentos maxilares e, a seguir, mantê-la em posição anatômica adequada. Mantendo-se a pré-maxila com o capacete, aguarda-se que o crescimento facial, que se realiza de trás para frente e de cima para baixo, e os segmentos maxilares sejam projetados para a frente, compensando a discrepância anteroposterior existente, refazendo a anatomia do arco maxilar. Já as placas palatinas têm por finalidades: proporcionar nutrição adequada; manter ou levar os segmentos maxilares à posição anatômica correta; diminuir os problemas respiratórios e auditivos; prevenir a irritação do septo nasal; orientar a posição anatômica da língua; estimular o crescimento ósseo nas bordas da fissura; servir de apoio psicológico à família (FIGUEIREDO et al., 2008). O sucesso do tratamento ortopédico precoce depende muito da retenção e estabilidade da placa ortopédica e, naturalmente, a confecção da mesma depende da qualidade da moldagem maxilar. O molde inicial é obtido com moldeiras de estoque e, a partir do primeiro modelo, confeccionam-se moldeiras individuais de resina acrílica e perfurada. A melhor posição da criança é o decúbito ventral, de preferência no colo da mãe que lhe passará maior apoio psicológico e proporcionará mais conforto (FIGUEIREDO et al., 2008). 32 3.5.2 Expansão rápida da maxila em pacientes com fissura labiopalatal A expansão rápida da maxila (ERM) é um conjunto de procedimentos que vem sendo descrito desde 1960, com base nos estudos realizados por Angell, que, com um aparelho, expandiu a maxila em um indivíduo de 14 anos, conseguindo espaço para o canino permanente. Contudo, o fato gerou grande polêmica e aversão entre médicos rinologistas e a terapia caiu em desuso, sendo esquecida por quase um século e retornando ao alvo dos estudos em meados de 1950 (CAPELOZZA; GABRIEL, 1997). Enquanto nos Estados Unidos a expansão maxilar estava relegada ao esquecimento, na Europa, a expansão ortopédica da maxila encontrou um pólo de pesquisas favorável nas mãos de Derichsweller e Korkhaus (1960) (citados por CAPELOZZA; GABRIEL, 1997). Seus resultados incentivaram o departamento de Ortodontia da Universidade de Illinois a trabalhar experimentalmente com a expansão ortopédica da maxila, inaugurando uma nova era na ortodontia americana. O reconhecimento garantido deste procedimento na América, com apoio declarado de todas as correntes ortodônticas, deve ser atribuído principalmente aos clássicos trabalhos publicados por Haas, a partir da década de 60. A partir de 1961, Haas, seguindo a direção Derichsweller, adicionou massas de acrílico bilateralmente às estruturas dos fios metálicos, tornando o expansor ao mesmo tempo dento e mucossuportado, distribuindo uma força horizontal às paredes inclinadas do palato. Desde então, corrigir mordida cruzada posterior, unilateral ou bilateral, nas deficiências sagitais maxilares com mordidas cruzadas anteriores e Classe III moderadas, têm sido um sucesso em crianças, jovens e adolescentes, quando usadas em combinação com mentoneira de protrusão maxilar. Os portadores de fissura lábio-palatina são pacientes em potencial para esta abordagem, pois a maioria apresenta mordida cruzada posterior e palato atrésico, com um estreitamento ainda mais expressivo na região anterior da maxila (SILVA, 2010). Para Capelozza Filho e Silva Filho (1992), o tratamento nas dentições decídua e mista se baseia na correção apenas de anomalias que interfiram com a função e que não seja necessária longa contenção. No caso de mordidas cruzadas 33 que impossibilitem a mastigação ou causem danos funcionais maiores, os autores ressaltaram que pode-se optar pelo tratamento com o uso de aparelhos fixos (como quadrihélice, disjuntores de Haas e Hyrax). Numa mordida cruzada com deficiência vertical, a terapia deve ser bem estudada, pois o movimento seria instável devido ao não-travamento oclusal. Isso demandaria um grande tempo de contenção, além de uma chance de recidiva. Nas fissuras transforame, nas quais não há sutura intermaxilar, a expansão é somente uma mudança na posição espacial dos segmentos maxilares, sem ganho de área óssea. Assim, a placa de contenção seria usada por longos períodos, prejudicando a higienização e desmotivando o paciente ao tratamento (devido à duração do mesmo). Nestes casos, torna-se indispensável a análise estética e psicossocial do paciente, o que, então, justificaria este tipo de intervenção (CAPELOZZA FILHO e SILVA FILHO, 1992). A maloclusão de classe II, quando expressa por protrusão maxilar, é potencialmente favorável ao tratamento, não sendo rotineiramente interceptada (a tendência a protrusão da maxila tenderia a diminuir o déficit de seu retrognatismo , principal característica introduzida pela cirurgia da fissura). Entretanto, na maloclusão de classe III por retrusão maxilar, o tratamento é complexo e constitui, neste caso, expansão precoce da maxila com tração reversa extrabucal (CAPELOZZA FILHO e SILVA FILHO, 1992). O prognóstico é sombrio, com melhores resultados nos meso ou braquicéfalos, e o tratamento demandaria tempo e colaboração do paciente. Os autores salientam ainda que o nivelamento e o alinhamento dos dentes são realizados em cada um dos segmentos criados pela fissura, respeitando as limitações impostas por ela. Posteriormente, realiza-se a expansão da maxila com adaptações (seguindo os princípios preconizados por Haas) (CAPELOZZA FILHO e SILVA FILHO, 1992). Após a contenção, preconiza-se novo alinhamento e nivelamento da arcada como um todo. A contenção é realizada por placas de Hawley modificadas, com reposição dos dentes ausentes no arco superior. No arco inferior, usa-se contenção lingual três por três, por tempo igual ao de um paciente normal (CAPELOZZA FILHO e SILVA FILHO, 1992). De acordo com Capelozza Filho et al. (1994), a expansão rápida da maxila 34 em pacientes com fissura lábio-palatal produz um reposicionamento anterior favorável da maxila em relação à mandíbula e demais estruturas craniofaciais. Este posicionamento mais anterior ajuda a compensar a deficiência do terço médio da face que esses pacientes geralmente apresentam, corrigindo a discrepância transversal maxilo-mandibular. Segundo Silva Filho et al., (1998), o disjuntor maxilar preconizado por Haas e modificado por Silva Filho é o principal dispositivo utilizado para o reposicionamento lateral dos processos maxilares colapsados. A tração reversa da maxila pode ser indicada, simultaneamente ao período de contenção pósexpansão, para reverter casos de discrepância sagital negativa, constatada pela mordida cruzada anterior. O efeito ortopédico da ERM em pacientes portadores de fissura labiopalatal se dá pelo reposicionamento lateral dos segmentos palatinos, não havendo o rompimento sutural e ganho real de tecido ósseo, já que a sutura palatina mediana está ausente. Como conseqüência, não se abre o diastema entre os incisivos centrais superiores, sinal patognomônico da disjunção em pacientes sem fissura. Para Abdo e Machado (2005), a fase do tratamento odontológico pósqueiloplastia e palatoplastia inicia-se por volta dos 2 anos e termina aos 12 anos de idade. Este é o período de intenso crescimento e desenvolvimento do paciente e, por isso, constitui-se na base para o sucesso do tratamento do paciente portador de fissura, no que se refere à prevenção de seqüelas, constituindo-se no principal objetivo desta fase do tratamento. Além da manutenção do tratamento odontológico cirúrgico-restaurador e preventivo de cárie, o odontopediatra intervém prevenindo e interceptando os problemas ortodônticos, procurando manter uma relação maxilomandibular com a base do crânio o mais próximo do normal, facilitando o trabalho do ortodontista posteriormente. Deve-se manter ao máximo os dentes decíduos, inclusive na área da fissura, acompanhando sua esfoliação natural. Devido aos diversos tipos de fissuras, pode-se lançar mão de inúmeros recursos terapêuticos, para que os objetivos citados sejam atingidos, tais como: expansão da maxila nas dentaduras decídua e mista (FIG. 7 e 8), descruzamento de mordida, com molas digitais, placas de contenção, realização de enxertos ósseos na área da fissura antes da erupção dos caninos permanentes, permitindo que estes dentes irrompam no osso enxertado, o que dá estabilidade aos segmentos, além de mantenedores, próteses removíveis e recuperadores de 35 espaço. Figura 7 – Dentadura decídua - Expansão rápida da maxila Fonte: Silva Filho et al. (1998) Figura 8– Dentadura mista pós expansão rápida da maxila Fonte: Silva Filho et al. (1998) Liou e Tsai (2005) propuseram o protocolo semanal com expansões e constrições alternadas da maxila, com ativações do parafuso de uma volta completa por dia. Este protocolo consiste em 7 a 9 semanas para desarticular as suturas circunmaxilares sem sobre-expandir a maxila, assim, na primeira semana o parafuso é expandido, na segunda semana contraído, na terceira expandido e assim sucessivamente até a 7ª ou 9ª semana. A última semana pode ser de contração ou expansão, porém Liou e Tsai (2005) relatam que deixar a maxila expandida permite uma maior protração maxilar. Os autores submeteram 10 pacientes portadores de fissura lábio-palatal a este protocolo por 9 semanas e verificaram maior deslocamento anterior da maxila, favorecendo a protração maxilar, quando 36 comparado com o protocolo de ERM convencional instituído em 16 pacientes com fissura de lábio e palato por 1 semana, com ativações de uma volta completa do parafuso expansor. De acordo com Semb et al, (2005), a expansão rápida da maxila deve ser iniciada quando os caninos superiores permanentes apresentarem de metade a dois terços da raiz formada. Em crianças com fendas/fissuras deve atingir a oclusão e a estética dentofacial ideais dentro das restrições impostas pelo padrão esquelético subjacente; manter a duração do tratamento no mínimo; alcançar o máximo possível durante os períodos de tratamento ativo; ser compreensivo no que diz respeito às necessidades e circunstâncias do indivíduo. No entanto, há exceções que justificam a intervenção ortodôntica precoce tais como quando se pretende posicionar o dente pré-canino no lugar do incisivo lateral superior ausente; pacientes com problemas funcionais, como mordida cruzada posterior unilateral funcional ou mordida de topo anterior, com índice Goslon no máximo 3; pacientes com problemas psicossociais atribuídos à maloclusão constituem outra exceção. Se a origem do mau relacionamento incisal for esquelético, utiliza-se a máscara para tração reversa da maxila (TRM). Se o problema for dentário, como acontece nos pacientes com fissura bilateral, utilizam-se aparelhos ortodônticos para corrigir a mordida cruzada anterior, indicando-se as molas digitais fixas, o arco em W modificado com extensão anterior, ou mesmo a utilização de arcos de nivelamento com alças ou ômega maior associados a aparelhos fixos parciais (nivelamento 4x2). Nos pacientes transforame bilaterais, tratados com TRM, indica-se soldar uma extensão anterior no Haas, de modo que repouse sobre a face palatina dos incisivos superiores e leve também a pré-maxila para a frente, durante a tração reversa. Quando o paciente tem uma mordida cruzada posterior associada a uma mordida cruzada anterior, como os pacientes com índice oclusal 3, o planejamento envolve primeiramente a expansão e depois a normalização do trespasse horizontal com TRM ou com molas digitais. Nos pacientes com fissura completa bilateral, o colapso dos segmentos posteriores pode sobrepor o incisivo lateral sobre os caninos. Nesse caso, primeiro deve-se projetar a pré-maxila para depois realizar a expansão (SEMB et al., 2005). Rosa et al. (2006), avaliaram o posicionamento mandibular antes e imediatamente após a expansão rápida da maxila em 20 pacientes, 10 portadores 37 de fissura transforame incisivo e 10 indivíduos não-fissurados. Foram avaliadas 40 radiografias cefalométricas em norma lateral, sendo 20 tomadas previamente à terapia ortodôntica e 20 imediatamente após a fase ativa da expansão maxilar. Com base nas medidas cefalométricas realizadas e, após análise estatítica (teste "t" de Student), verificou-se que: nos pacientes não-fissurados ocorreu um giro da mandíbula no sentido horário, determinando alterações cefalométricas significativas, como aumento do ângulo do plano mandibular (GoGn-SN), do eixo Y de crescimento, do FMA, bem como da altura facial antero-inferior (AFAI). Já nos pacientes fissurados, a mandíbula não sofreu alteração significativa em seu posicionamento, ou seja, o procedimento de expansão não provocou efeitos imediatos sobre o posicionamento mandibular. Vieira (2006) avaliou e comparou os efeitos da protração maxilar com máscara facial em pacientes portadores de fissura lábio-palatal submetidos a dois protocolos distintos de expansão rápida da maxila (ERM). A amostra foi constituída de 20 indivíduos portadores de fissura transforame incisivo unilateral com atresia maxilar (transversal e ântero-posterior), com média de idade de 10,4 anos ±2,62, sendo 9 do gênero masculino e 11 do gênero feminino. Destes, 10 foram submetidos a uma semana de ERM com ativação de 1 volta completa do parafuso expansor por dia, seguido de 23 semanas de protração maxilar (Grupo 1). Os outros 10 individuos foram submetidos a sete semanas alternadas de expansões e constrições rápidas da maxila, com ativações de 1 volta completa por dia, seguido de 17 semanas de protração maxilar (Grupo 2), perfazendo assim um total de 6 meses de tratamento em ambos os grupos. A avaliação foi realizada por meio de telerradiografias laterais de face, em diferentes tempos: ao início do tratamento (T1), após uma semana de ERM para o Grupo 1 e após as sete semanas alternadas de expansões e constrições rápidas da maxila para o Grupo 2 (T2) e após 24 semanas de tratamento (T3). Os resultados demonstraram um deslocamento da maxila para frente e para baixo, com rotação anti-horária do plano palatal, rotação horária da mandíbula, aumento da altura facial ântero-inferior e melhora da relação maxilo-mandibular. Observou-se também extrusão e deslocamento anterior dos molares e incisivos superiores, retroinclinação dos incisivos inferiores, melhora do perfil mole e da relação sagital dos lábios, com aumento da convexidade facial em ambos os grupos. A única diferença estatisticamente significativa identificada entre os grupos após o período de avaliação foi o maior avanço do ponto subnasal no Grupo 1 (p=0,05). 38 Kusakabe et al. (2007) avaliaram os efeitos biomecânicos da ERMCA em um modelo fotoelástico de um paciente portador de fissura lábio palatina. Estes autores observaram que com os pilares pterigóideos intactos, as maiores concentrações de forças estavam localizadas nas suturas zigomaticomaxilar e zigomaticofrontal, com maiores intensidades no lado sem fissura. A concentração de forças nos pilares pterigóideos evidencia a resistência desta estrutura à expansão cirúrgica. Após separar ambos os processos pterigóideos, houve uma diminuição na concentração de forças nas suturas zigomaticomaxilar e zigomaticofrontal. Estes autores concluíram que os processos pterigóideos atuaram como as principais zonas de resistência à expansão, sugerindo a disjunção pterigomaxilar durante os procedimentos cirúrgicos para facilitar a expansão. Segundo Consolaro e Consolaro (2008), o protocolo semanal repetitivo de Expansão rápida da Maxila e Constrição Alternadas ou “ERMC-Alt” ou Alternate Rapid Maxillary Expansions and Constrictions (Alt-RAMEC), foi proposto para pacientes com fissura bilateral completa, com o objetivo de corrigir deslocamentos assimétricos do segmento anterior da maxila e a posterior protração deste; promovendo melhores condições para a realização de enxertos ósseos na área da fissura e corrigindo a retrusão maxilar, característica da face destes pacientes. Além de corrigir discrepâncias transversais maxilares como mordidas cruzadas, muitas vezes presentes nos pacientes Classe III em crescimento, o procedimento de ERM tem como objetivo “desarticular” a maxila e desorganizar as suturas circunmaxilares, permitindo o deslocamento anterior da maxila por meio de protração com máscara facial. O protocolo ERMC-Alt sugere expandir e constritar a sutura por diversas vezes, objetivando a desorganizar de forma mais ampla, permitindo uma protração mais eficiente e exuberante. O procedimento promove uma distração osteogênica sutural e não cirúrgica, tanto na sutura palatina mediana no sentido transversal, quanto nas demais, também nos sentidos ânteroposterior e vertical. Nestes protocolos, depois de 7 dias de Expansão rápida da Maxila, providencia-se uma constrição da sutura, justamente no período em que o tecido conjuntivo denso e ósseo da margens estão se reorganizando. Novamente haverá acúmulo de mediadores, o pH voltará a ficar ácido e os processos reabsortivos da matriz extracelular e óssea predominarão na região, que 7 dias depois voltará a ser expandida. A técnica de Protração Maxilar Ortopédica Efetiva, segundo os autores, consiste na aplicação do protocolo ERMC-Alt com um 39 parafuso expansor específico e patenteado que promove um deslocamento anterior mais eficiente que os convencionais. A posterior protração maxilar é realizada com uma mola intrabucal também específica e patenteada, que dispensa a colaboração do paciente. A máscara facial também pode ser utilizada quando o quesito cooperação do paciente não for um problema; porém demanda mais tempo de uso para a obtenção dos mesmos resultados promovidos pela mola intrabucal. A quantidade de protração maxilar obtida em um único processo de ERM seguida pela utilização de máscara facial é de 1,5 a 3mm por ano, sendo que a técnica de Protração Maxilar Ortopédica Efetiva promove um avanço maxilar médio de 5,8mm. Segundo Liou (2009), o protocolo alternado de expansões e contrações rápidas da maxila (Alt-ARMEC) é efetivo em pacientes com ou sem fissuras labiopalatinas. Os aparelhos usados e os protocolos aplicados são exatamente os mesmos para ambos os grupos de pacientes. Comparando-se pacientes em crescimento com e sem fissuras labiopalatinas, esse protocolo mostrou resultados similares em termos de eficácia, não havendo diferença estatisticamente significativa entre eles. Quanto ao tempo é necessário para corrigir a deficiência sagital da maxila nos protocolos Alt-RAMEC, o autor salienta que para pacientes em crescimento, sejam fissurados ou Classe III regulares, leva-se de um a dois meses para se corrigir a deficiência sagital da maxila utilizando as molas de protração maxilar de beta-titânio. O período total de tratamento é de seis meses, incluindo a sequência das três etapas, a saber: 1) sete semanas de Alt-RAMEC para soltar a maxila; 2) um a dois meses de protração ativa da maxila usando as molas intrabucais de protração maxilar; 3) dois a três meses de manutenção, conservando-se as molas intrabucais de protração maxilar, sem adicionar forças extras. Souza et al. (2009), se propuseram a analisar, por meio de modelos de gesso, as dimensões do arco superior de 15 portadores de fissura transforame incisivo unilateral, com deficiências transversal e anteroposterior da maxila, submetidos à expansão com dois diferentes protocolos de ativação.. Para tanto, um grupo foi submetido à Expansão Rápida da Maxila (ERM) com protocolo de ativação convencional (Grupo 1), enquanto no outro grupo(grupo 2) foi utilizado o protocolo de ativação preconizado por Liou e Tsai em 2005, com expansões e contrações alternadas, sendo ambos submetidos posteriormente à protração maxilar com 40 máscara de tração reversa. A ERM foi realizada com o aparelho disjuntor tipo Haas modificado – composto por anéis nos primeiros molares permanentes e primeiros molares decíduos (ou primeiros pré-molares) – confeccionado com fio de aço inoxidável de 1,0mm de diâmetro e soldado aos anéis por vestibular e palatino. Na mesial dos anéis dos primeiros prémolares foram confeccionados ganchos para protração maxilar. O parafuso expansor utilizado possuía passe de 0,8mm e abertura de 11mm. Os modelos foram obtidos em dois momentos: antes da cimentação do disjuntor do tipo Haas modificado (T1) e após 24 semanas de tratamento (T2). Os autores salientaram que houve diferença significativa tanto na distância inter-prémolares como na distância intermolares para os valores encontrados nos tempos T1 e T2, Ou seja, houve um ganho transversal no arco superior relacionado às regiões anterior e posterior do mesmo, atingindo, portanto, os objetivos do tratamento estabelecido. Lazzari et al. (2009) verificaram os efeitos da Expansão Rápida da Maxila (ERM), com aparelho Haas, na fala do paciente com fissura labiopalatina (FLP) Transforame. Para tanto, contaram com a presença de 12 indivíduos entre sete e 14 anos, sendo seis meninos e seis meninas, divididos em dois grupos. O Grupo 1 (G1), submetido à ERM com protocolo de ativação convencional e, o Grupo 2 (G2), submetido à ERM com protocolo de ativação preconizado por Liou e Tsai (2005) com expansões e constrições alternadas. Realizou-se avaliação da fala, análise acústica com programa Praat e avaliação perceptivo-auditiva por julgadores fonoaudiólogos e leigos. Os resultados mostraram que a medição dos tempos de emissão das vogais por análise acústica mostrou diferença estatisticamente significante na avaliação pós-ERM da vogal /i/ no G1 e da vogal /a/ no G2. Na avaliação perceptivo-auditiva, não houve diferenças estatisticamente significantes entre os grupos nas avaliações de Nasalidade e Clareza na Articulação, porém, na medida em que os julgadores atribuíram melhora à Nasalidade, também atribuíram melhora à Articulação e, assim também em relação as variáveis “Melhor”, “Igual” e “Pior”. Tais resultados permitiram aos autores concluírem que a diminuição dos tempos de emissão pós-ERM, indica que o aumento no escape aéreo nasal ocasiona menores tempos de emissão. A análise perceptivo-auditiva mostrou-se um instrumento eficaz de avaliação, havendo concordância entre julgadores leigos e fonoaudiólogos. Essa avaliação indicou também, que na medida em que a nasalidade diminui ocorre maior clareza na articulação. 41 Segundo Garib et al., (2010ª) o parâmetro da idade dentária é mais importante do que o parâmetro cronológico, devido ao atraso no desenvolvimento dentário, geralmente observado em pacientes com fissura. A atresia do arco superior nem sempre se associa à mordida cruzada, principalmente na presença da atresia associada do arco inferior. Mesmo nesses casos, existe a necessidade da expansão ortopédica maxilar com o objetivo de preparar a maxila para receber o enxerto alveolar secundário. Após a expansão maxilar, indica-se uma contenção fixa, tipo arco palatino, que deve ser mantida até a fase pós-enxerto ósseo e, de preferência, ser utilizada concomitantemente com o aparelho fixo na fase de ortodontia corretiva. Já a projeção ortodôntica da pré-maxila com molas digitais é vantajosa porque ela aumenta a amplitude do defeito ósseo que, futuramente, receberá o enxerto; também costuma expor fístulas buconasais na região alveolar que podem ser oportunamente fechadas na cirurgia de enxerto, reduzindo a necessidade de uma cirurgia plástica extra. O movimento de protrusão da prémaxila apresenta uma desvantagem. Pode ocasionar deiscências ósseas nos dentes adjacentes à fissura e ocasionar reabsorções radiculares após o procedimento de enxerto em tais regiões. Gastaldo et al. (2010), verificaram o desempenho de 2 tipos de aparelhos para expansão maxilar (com parafuso convencional e com limitador posterior) utilizados em pacientes com fissura transforame incisivo unilateral. A amostra foi composta por 30 indivíduos, com idades entre 8 e 13 anos, distribuídos em dois grupos (n=15) de acordo com o tipo de parafuso empregado na ERM. As distâncias intercaninos, inter pré-molares e intermolares, medidas com paquímetro digital, foram realizadas em dois modelos superiores dos pacientes, obtidos antes e imediatamente após a ERM. Os resultados foram submetidos ao teste t-Student para amostras pareadas, teste t-Student para amostras independentes e teste nãoparamétrico de Friedman. Observou-se que para as distâncias intercaninos e inter pré-molares o aparelho com parafuso limitador teve valores significativamente superiores ao convencional. Já para a distância intermolares o parafuso convencional apresentou valores significativamente superiores. Pôde-se concluir que os dois aparelhos ortodônticos mostraram-se efetivos na expansão maxilar, porém houve diferença nas regiões da arcada em que os dois parafusos atuam, sendo importante a avaliação inicial da forma da arcada e a quantidade de expansão necessária na região anterior e posterior do arco para a decisão do tipo de parafuso 42 a ser utilizado na ERM. Silva (2010) procurou investigar as alterações dentárias e esqueléticas da mandíbula frente a expansão rápida da maxila (ERM) realizada por dois tipos aparelhos. A amostra se compôs de 19 pacientes portadores de fissura unilateral de lábio e palato (FLP), com idades entre 8 e 14 anos, que apresentavam atresia maxilar anterior e que foram divididos em dois grupos, G1 (n=9) e G2 (n=10). O G1 foi tratado com aparelho expansor “Borboleta” (FIG. 9) e o G2 com aparelho expansor “Mini-invertido” (FIG. 10). Figura 9 – Aparelho Borboleta Fonte: Silva (2010) Figura 10 – Aparelho expansor “mini invertido” Fonte: Silva (2010). Ambos os aparelhos foram ativados duas vezes ao dia até que a atresia maxilar fosse corrigida. As medidas foram realizadas em Tomografias 43 Computadorizadas de Feixes Cônicos obtidas em dois tempos, antes do tratamento e após 3 meses de contenção. As variáveis analisadas foram as inclinações dentárias na mandíbula, as distâncias inter-canino e inter-molar inferior e o posicionamento ântero-posterior e vertical da mandíbula. A análise estatística das alterações dentárias mostrou significância (p<0,05) para a inclinação vestibular dos primeiros molares, em G1 e G2, e para o aumento das distâncias inter-canino e inter-molares apenas em G2. As variáveis esqueléticas foram estatisticamente significativas e denotaram um recuo e giro mandibular no sentido horário em ambos os grupos. Não houve diferença entre G1 e G2. A ERM em pacientes com FLP, utilizando estes expansores, conduzem à mordida aberta esquelética e recuo mandibular num período de 3 meses. O aumento transversal do arco mandibular foi verificado apenas em G2. Lima Júnior (2010) avaliou por meio de modelos fotoelásticos de um crânio humano a expansão da maxila cirurgicamente assistida, comparando diferentes aparelhos e ancoragens ortodônticas para expansão e sua distribuição de forças, com e sem disjunção ptérigomaxilar. Foram utilizados nos testes seis aparelhos diferentes. Três Hyrax, um com ancoragem em primeiros pré-molares e primeiros molares (H1), um com ancoragem em caninos e primeiros molares (H2) e um com ancoragem em caninos e segundos molares (H3) e três aparelhos Haas (A1, A2, A3) com as três ancoragens citadas acima. Estes aparelhos foram submetidos a um teste de carga previamente a análise fotoelástica. Os testes de carga mostraram que todos os aparelhos avaliados produziram forças ortopédicas (> 500 gramas). A análise fotoelástica revelou que os aparelhos Haas apresentam distribuição de tensões mais homogêneas pela maxila; Os aparelhos com ancoragem em primeiros pré-molares e primeiros molares geram maior concentração de tensões na região posterior de maxila; A separação dos processos pterigóideos, em todos os seis crânios avaliados, mostrou diminuição das tensões por todo o esqueleto facial. Em conclusão, os aparelhos Haas apresentaram melhor distribuição das tensões com menor concentração das mesmas nos dentes e adjacências do que o aparelho Hyrax; as variações de ancoragem ortodôntica não apresentaram diferenças significativas; e todos os pilares de resistência, inclusive os processos pterigóideos, devem ser separados da maxila para evitar efeitos indesejáveis de acúmulo de tensões no restante das estruturas do crânio. 44 4 DISCUSSÃO A fissura lábio-palatina é uma malformação congênita (SOUZA FREITAS et al., 2004; GARIB et al., 2010b) causada por uma combinação de diversos fatores: genéticos, pré-natais, nutricionais e ambientais (ORSI JR., 2006; SOUZA FREITAS et al., 2004; ABDO, 2005; GARIB et al., 2010b), dentre os quais pode-se citar o tabagismo, a ingestão de bebidas alcoólicas, deficiências vitamínicas, drogas anticonvulsivantes (OMS, 2002; ABDO, 2005; GARIB et al., 2010b), radiações, fatores hormonais (ABDO, 2005). A fissura traz conseqüências ao seu portador, sejam elas psicológicas, físicas ou sociais. Ela acarreta comprometimentos otológicos que podem causar perdas auditivas permanentes (CAPELLOZZA FILHO e SILVA FILHO, 1992); ausência de dentes adjacentes à fissura, mais freqüentemente os incisivos laterais permanentes; alta incidência de ausência de dentes em outras regiões, especialmente prémolares; dentes mal formados, posicionados ectopicamente; dentes supranumerários (FREITAS, 1998); acarreta prejuizos para a auto-imagem e autoestima (GRACIANO et al., 2007); alterações que comprometem a estética, a fala e o posicionamento dentário (FIGUEIREDO et al., 2008; GOMES et al., 2009); seus portadores são repelidos e ridicularizados pela sociedade (FIGUEIRA, 2004); inibição do crescimento, resultante da correção cirúrgica da fissura de lábio e palato em idade precoce (FREITAS et al., 2009); ocorre distúrbios da comunicação, que afetam amplamente seu convívio social e são causados basicamente por alteração na função velofaríngea e deformidade de palato e arcada dentária devido à sequela cirúrgica (LAZZARI et al. 2009). Pode-se dizer que os pacientes portadores de fissura apresentam não só prejuízos estéticos, mas principalmente funcionais. As alterações morfológicas das estruturas anatômicas diretamente atingidas provocam modificações na fala, alimentação e respiração, refletindo sobre o aspecto psicológico e dificultando a inserção desses indivíduos na sociedade (FIGUEIRA, 2004; GRACIANO et al., 2007; SOUZA et al., 2009; GOMES et al., 2009; FIGUEIREDO et al., 2009). Por isso, indivíduos com tal patologia precisam receber cuidados multidisciplinares, e o tratamento deve começar com a maior antecedência possível 45 (FIGUEIREDO et al., 2010; CAPELOZZA FILHO e SILVA FILHO, 1992; PROFFIT e FIELDS, 1995; MELGAÇO et al., 2002; CARVALHO et al., 2004); com o intuito de evitar danos estéticos, anatômicos, funcionais e psicológicos na idade adulta (MELGAÇO et al., 2002; SOUZA et al., 2009). A queiloplastia deve ser realizada por volta dos 3 meses de idade e a palatoplastia quando a criança começar a falar (entre 12 e 18 meses de idade) (MELGAÇO et al., 2002; CARVALHO et al., 2004; ABDO e MACHADO, 2005; FIGUEIREDO et al., 2008; GARIB et al., 2010a). Já a primeira intervenção ortodôntica deve ser postergada para a dentadura mista (SEMB et al., 2005; GARIB et al., 2010a). Ou seja, para uma reabilitação integral a este grupo de indivíduos, são imprescindíveis as participações de profissionais das áreas de fonoaudiologia, psicologia, assistência social, enfermagem, pedagogia, além da odontologia e medicina, durante todo o processo de tratamento (GALLACH, 2004; FRANCO et al., 2000; MELGAÇO et al., 2002; FIGUEIRA, 2004; FIGUEIREDO et al., 2010; GARIB et al., 2010a; ORSI JR., 2006; MONTOYAMA et al., 2000; IBRAHIM et al., 2004; FIGUEIREDO et al., 2008; FREITAS et al., 2009). O cirurgião dentista e o fonoaudiólogo têm uma parcela importante na reabilitação do portador da fissura labiopalatal.. Ao ortodontista cabe papel especial neste contexto, visto ser ele o responsável pelo monitoramento do crescimento facial e o desenvolvimento da oclusão, assim como corrige as maloclusões (GARIB et al., 2010a); ele é importante também no período pós-operatório, pois elásticos ou mesmo o capacete de protração podem ser necessários para manter a posição do maxilar e estabelecer a oclusão (SEMB et al., 2005). O aparelho quadri-hélice apresentou-se como um forte aliado no tratamento dos pacientes fissurados (PAIVA et al., 2002). A ausência de osso na área do palato torna esse dispositivo ortodôntico um forte aliado no tratamento dos pacientes fissurados (PAIVA et al., 2002). A expansão rápida da maxila (ERM) é utilizada como um dos procedimentos no tratamento de indivíduos com fissura labiopalatal (LIOU e TSAI, 2005; VIEIRA, 2006; ROSA et al., 2006; GASTALDO et al. 2010; LIMA JR., 2010). Capelozza Filho, et al. (1994) relataram que a opção de utilizar o disjuntor de Haas associado à máscara de protração com a intenção de deslocar a face média para anterior se justifica pelas alterações celulares induzidas nas suturas circunmaxilares por este 46 disjuntor, liberando-as e facilitando assim a protração maxilar. A técnica de ERM com expansões e constrições alternadas pode ser usada em pacientes classe III e com fissuras lábio-palatais. O maior benefício desta técnica é a desarticulação das suturas maxilares, o que permite que a maxila seja protraída ortopedicamente sem grandes efeitos dentários (LIOU; TSAI, 2005). Este procedimento de ERM traz mudanças à fala dos indivíduos com fissura labiopalatal (LAZZARI et al., 2009). 47 5 CONCLUSÃO Observou-se que as fissuras labiopalatinas possuem etiologia multifatorial e que seu tratamento exige o acompanhamento de diversas especialidades clínicas, tais como médicos, cirurgiões dentistas, fonoaudiólogos, nutricionistas e psicólogos que atuarão em conjunto. As fissuras trazem grandes conseqüências aos seus portadores, dentre os quais problemas relacionados à estética, ao organismo como um todo e psicossociais. E, o tratamento ortopédico/ortodôntico visa dar aos portadores de fissuras labiopalatinas uma qualidade de vida melhor. O maior benefício da ERM para os portadores de fissuras labiopalatais é a desarticulação das suturas maxilares, o que permite que a maxila seja protraída ortopedicamente sem grandes efeitos dentários, trazendo mudanças à fala destes indivíduos. Este tratamento deve, portanto, ser realizado precocemente para obtenção de melhores resultados e deve continuar até que haja o desenvolvimento completo e o estabelecimento de uma boa relação intermaxilar. 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDO, R.C.C. Etiologia. In: ABDO, R.C.C.; MACHADO, M.A.A.M. Odontopediatria nas fissuras labiopalatais. São Paulo: Santos, 2005. Cap. 4. ABDO, R.C.C.; ABDO FILHO, R.C.C. Embriologia da face. In: ABDO, R.C.C.; MACHADO, M.A.A.M. Odontopediatria nas fissuras labiopalatais. São Paulo: Santos, 2005. Cap. 2. ABDO, R.C.C.; MACHADO, M.A.A.M. Tratamento. In: ABDO, R.C.C.; MACHADO, M.A.A.M. Odontopediatria nas fissuras labiopalatais. São Paulo: Santos, 2005. Cap. 11. AIELLO CA, SILVA FILHO OG, FREITAS JAS. Fissuras labiopalatais: uma visão contemporânea do processo reabilitador. In: Pacientes portadores de necessidades especiais. Manual de odontologia e saúde oral. São Paulo: Pancast; 2000. p. 111-135. CAPELOZZA FILHO L, ALMEIDA AM, URSI WJS. 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