As Ciências Naturais e as Copas do Mundo de Futebol A Copa do Mundo de futebol, ao longo dos tempos, se tornou um dos maiores eventos esportivos do nosso planeta, sendo rivalizada apenas pelas Olimpíadas. A edição que será realizada no Brasil em 2014, a vigésima da história, poderá ser a maior de todos os tempos se levarmos em consideração o número de espectadores que deverão acompanhar o evento, seja assistindo as partidas ao vivo nos estádios, ou assistindo aos jogos transmitidos pelas redes de televisão do mundo todo. Além disso, muitas pessoas estarão acompanhando as partidas e os resultados por meio de outros canais de comunicação como a internet, as rádios e os jornais impressos. No decorrer das edições tivemos grande evolução em quesitos como a organização, a divulgação, a infraestrutura, o acesso as informações etc. É inegável também que a preparação das equipes que participam de uma Copa do Mundo evoluiu muito nas últimas décadas. A preparação física dos jogadores, a alimentação adequada, os treinamentos, os esquemas táticos das equipes, além de outros fatores menos relevantes, evoluíram a partir de novas tecnologias desenvolvidas pelas mais diversas áreas da biologia, da medicina, da nutrição, da química e também da física. Na primeira edição da Copa do Mundo, realizada no Uruguai em 1930, vencida pelos donos da casa, tivemos a participação de apenas 13 países, sendo 9 países das Américas e 4 países da Europa. A dificuldade de deslocamento e o momento financeiro dos países foram os grandes obstáculos na época. Após a primeira edição do torneio, as equipes começaram a se preparar melhor para a disputa do evento e a preparação física dos atletas começou a se desenvolver com o objetivo de melhorar o desempenho nas partidas. A evolução da preparação física dos atletas, não só no futebol, mas em todas as modalidades esportivas é um fato constatado à partir da continua quebra de “records”. Os atletas continuam evoluindo quanto a resistência, a velocidade, a impulsão, a força, etc. Inegavelmente esta evolução deve-se muito à contribuição das ciências na preparação física. No futebol, a preparação física evoluiu nas últimas décadas e continua evoluindo. O conhecimento científico do condicionamento físico específico para o futebol é de vital importância para o sucesso de uma equipe dentro de uma competição. Os primeiros indícios de treinamento físico no Brasil datam por volta de 1904. O emprego de exercícios de condicionamento físico, como corridas de 100, 200, 400 e 800 metros, além de ginástica e halteres, passou a ser rotina entre as equipes. A preocupação era apenas com a força e não com a velocidade dos atletas. Em Copas do Mundo, a primeira atuação de um preparador físico específico ocorreu na edição de 1954, realizada na Suíça, com a presença em algumas seleções de um elemento junto ao técnico, responsável pelas as atividades físicas da equipe. Com o Brasil, apenas na edição seguinte, realizada em 1958 na Suécia, tivemos o primeiro preparador físico, um professor, ex-jogador de futebol, que exercia a função de treinador em um clube do Rio de Janeiro foi convidado para ser auxiliar o técnico da Seleção. Nessa época, havia o conceito de que o preparador físico deveria exigir o máximo dos jogadores em atividades estafantes, nas Jogadores da Seleção Brasileira comemoram o primeiro título de quais não se verificavam os aspectos campeão mundial na Suécia, em 1958. científicos do treinamento físico. A Copa da Inglaterra, realizada em 1966, foi um marco para a preparação física. Com a criação do sistema de marcação homem a homem pela equipe inglesa, o condicionamento físico passou a ser fator preponderante. A Inglaterra demonstrou que o seu sistema era efetivo, com isso a preparação física a partir daquele momento tornou-se um aspecto importante e indispensável no planejamento e treinamento do futebol. Em 1968 começou-se a ter uma evolução maior no aspecto científico dos treinamentos pela atualização e estudos realizados por nossos profissionais na Europa. Isso contribuiu muito para a seleção brasileira conquistar o terceiro título mundial em 1970, iniciando a fase científica do treinamento do futebol no Brasil. Durante as décadas de 1970 e 1980, houve uma grande preocupação e o interesse na investigação científica voltado ao futebol com o intuito de auxiliar a preparação física dos atletas, determinando os sistemas energéticos que predominavam no esporte, através de uma análise de movimentos realizada durante as partidas de futebol. A partir da década de 1990, o desenvolvimento científico transformou o mundo futebolístico com a criação de atletas com rendimento elevado e deixou o futebol no mundo muito competitivo. Foi a partir dessa década que Jogadores da Seleção Brasileira antes do jogo contra houve o crescimento das equipes africanas, o Peru, em 1970. Os mesmos jogadores enfrentariam a Itália na decisão do título. sobretudo pela grande capacidade física de seus jogadores. Em qualquer modalidade esportiva, incluindo o futebol, os atletas de alto rendimento devem ter dedicação total e completa nos treinamentos. Muitas vezes são necessários treinos de seis a sete horas por dia e alimentação regrada e balanceada. Além da nutrição correta e recomendada, o uso de suplementos alimentares, dosagens certas de proteínas e carboidratos e isotônicos durante os treinos podem contribuir no desenvolvimento dos atletas. A preocupação com a desidratação e hipertermia é outro fator extremamente importante, pois a deficiência do mecanismo de termorregulação corporal pode comprometer o desempenho e a saúde do atleta, por aumento em demasia da temperatura do corpo. Com a grande competitividade do futebol atual, observado nas últimas edições da Copa do Mundo, o desgaste dos atletas se torna excessivo e com isso o descanso passa a ser essencial, não apenas o sono da noite, mas uma série de atividades especiais para recuperar o corpo deste tipo de atividade. Dessa forma, a medicina e a Biologia com seus estudos, principalmente na área da fisiologia do corpo humano, contribuem muito com a recuperação dos atletas. No futebol profissional, dos tempos atuais, os conceitos e a fisiologia dos exercícios, aplicadas à preparação física estão cada vez mais presentes e ocuparam definitivamente um espaço na rotina de trabalho de todas as equipes. As características do futebol moderno exigem dos atletas um aprimoramento de suas qualidades físicas como agilidade, força, potência e velocidade que são fatores determinantes de seu desempenho. O grande desafio da preparação física moderna será, portanto a pesquisa científica e aplicação de métodos capazes de desenvolver estas qualidades físicas sem comprometer a técnica e, sobretudo o talento individual que deverá ser o fator de desequilíbrio no futebol.