ARTE, MITO, RITO E EXPRESSÕES SIMBÓLICAS NA PRÉHISTÓRIA: UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE A FURNA DO
ESTRAGO A PARTIR DO PENSAMENTO OTTO-ELIADEANO
José Roberto Feitosa de Sena1
“A religião é a ousada tentativa de conceber
o universo inteiro como humanamente
significado”
(BERGER,1985)
RESUMO
A pré-história do Nordeste brasileiro esconde enigmas que pelo visto não encantaram apenas os
homens primitivos que os produziram por meio de sua arte, mas também, os homens contemporâneos,
que, inquietos observam a dimensão material e “transcendental” dos seus objetos de investigação. A
relação entre a religião e a vida humana na pré-história pode ser especulada através dos vestígios
arqueológicos, tais materiais podem indicar a presença de elementos não-concretos, que fogem à
metodologia empírica. São as instâncias do sagrado, que são manifestadas por meio da arte, das
narrativas míticas, das construções simbólicas, das re-atualizações dos eventos míticos (ritos) e de
outras tantas formas de linguagem do homo religiosus. Partindo desse pressuposto, este breve ensaio
se arrisca a interpretar a presença do sagrado no sítio arqueológico da Furna do Estrago à luz da
fenomenologia de dois nomes clássicos das ciências das religiões Rudolf Otto e Mircea Eliade,
ABSTRACT
The prehistory of the Brazilian Northeast hidden puzzles that charmed not only seen by primitive men
who had produced through his art, but also contemporary men, who, anxious to observe the material
dimension and "transcendental" objects of their research . The relationship between religion and
human life in prehistory can be speculated through archeological remains, such materials may indicate
the presence of non-specific, fleeing the empirical methodology. Are instances of the sacred, which
are expressed through art, mythical narratives, symbolic constructions, the re-updates the mythical
events (rites) and many other forms of language religiosus homo. Based on this assumption, this short
essay dares to interpret the presence of the sacred archaeological site of the Cavern of the Damage in
the light of the phenomenology of two classic names of the sciences of religion Rudolf Otto and
Mircea Eliade.
Keywords: Pre-history, sacred, symbolic expressions.
DESCOBRINDO O UNIVERSO DO SAGRADO NA PRÉ-HISTÓRIA
1
Licenciado em História pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) e Mestrado em Ciências das
Religiões pela Universidade Federal da Paraíba (PPG-CR/UFPB). Mestrado Sanduíche na Universidade
Metodista de São Paulo (UMESP) E-mail: [email protected]
495
O homem arcaico, bem como o das sociedades posteriores, não deve ser interpretado
pela leitura reducionista do materialismo que o observa rasteiramente como o homo faber, que
mais tarde constituirá o proletariado (teoria da dialética marxiana), mas sim como uma
totalidade social que agrega comportamentos culturais de abrangência material e, sobretudo
imaterial. Não devemos “re-inventar” a história dos nossos antepassados sem levar em
consideração as mundivisões, as ideologias e suas crenças religiosas. A riqueza de seus
símbolos, de suas leituras cósmicas, de seus ritos e produções mágico-artísticas.
No Nordeste brasileiro os inúmeros sítios arqueológicos nos dão uma breve dimensão
da produção cultural dos homens primitivos, incluindo os elementos que nos possibilitam
refletir sobre o comportamento religioso e as possíveis múltiplas revelações no sagrado na
pré-história. Um dos sítios de destaque e prestígio acadêmico, por ser bastante estudado é a
Furna do Estrago, localizado no município do Brejo da Madre de Deus, no Agreste
pernambucano. Lá foi encontrado um cemitério indígena de mais de 2.000 anos onde foram
resgatados 83 esqueletos humanos em bom estado de conservação, vestígios de fogueira,
adornos e inscrições rupestres. As condições ambientais favoreceram a rápida desidratação da
matéria orgânica e a preservação da pele, dos cabelos e do cérebro em alguns indivíduos, bem
como, do artesanato em palha utilizado no ritual funerário. Observou-se a persistência de um
padrão de sepultamento em que os corpos eram colocados na posição fetal amarrados com
cipós e embrulhados em esteiras de folhas de palmeira, compondo verdadeiros fardos
funerários. Em muitos casos as fossas funerárias estavam também forradas com folhas de
palmeira. Os recém-nascidos eram depositados em pequenos cestos ou em espatas de
palmeiras. Os adultos estavam acompanhados de colares e alguns levavam flautas ósseas e
tacapes.
Neste embrionário ensaio, digo isto por ser a primeira vez que me atrevo a escrever a
cerca do universo religioso na pré-história, pretendo realizar uma breve reflexão sobre o
campo do sagrado na vida social do homem pré-histórico, utilizando como objeto de estudo o
sítio arqueológico da Furna do Estrago, que tive contato ainda nos meu primeiro semestre da
graduação em História pela Universidade Católica de Pernambuco.
Como metodologia de trabalho, tive a precaução de delimitar minhas intenções tendo
em vista os limites de meu entendimento sobre a temática, já que não sou um arqueólogo,
nem tão pouco me dedico com afinco às leituras clássicas da área. Ainda sim, com a
orientação do professor Dr. Carlos Xavier Azevedo Netto, arqueólogo e docente do Programa
496
em Pós-Graduação em Ciências das Religiões da Universidade Federal da Paraíba – UFPB me
debrucei sobre a obra de autores importantes como Leroi-Gourhan (1990), Mithem (2003),
Lima (1997), Queiroz (1994), Martim (1995), Prous (1982), Ribeiro (2007) e outros.
Realizei uma visita ao sítio da Furna do Estrago na companhia de colegas do
Laboratório
de
Arqueologia
da
Universidade
Católica
de
Pernambuco
-
LABMUARq/UNICAP, visitei ainda o Museu Histórico de Brejo da Madre de Deus, e o
Museu de Pré-história, também na UNICAP. Nestes locais tive o contato com o ambiente
natural e com o material encontrado no sítio, tal vivência, me provocou à investigar possíveis
instâncias do sagrado ali presentes em restos mortais e outros objetos.
O ensaio "É uma exposição metodológica dos assuntos realizados e das conclusões
originais a que se chegou após apurado o exame de um assunto. O ensaio é problematizador,
antidogmático e nele deve se sobressair o espírito crítico do autor e a originalidade"
(Medeiros, 2000, p. 112), por isso, pretendo ser sucinto e despojado, procurarei não me
estender demasiadamente em elucubrações teóricas, muito menos em dados técnicos, pois
aqui cabe a reflexão sobre as multidimensões das hierofanias na pré-história, ancorado não –
ortodoxamente, num aporte teórico-filosófico fundamental às ciências das religiões.
Para embasar minhas impressões me utilizei de dois autores clássicos nos estudos das
religiões: Rudolf Otto (1869-1937) e Mircea Eliade (1907-1986) embora não tenham sido
autores contemporâneos, há um diálogo entre eles e essa complementaridade teórica é
fundamental para se pensar o fenômeno do sagrado: o primeiro, procura interpretar a
experiência do numem (luminoso), partindo do princípio que as religiões são portadoras de
um caráter não apenas racional, mais na maior parte das circunstâncias, possuem elementos
não-racionais. A concepção deste filósofo é que o estudo do sagrado deve se concentrar na
interpretação da consciência do numinous, na análise do comportamento subjetivo, o que ele
chama de sentimento numinoso, dito de outra forma é o sentimento incomensurável e
inenarrável do ser diante do sagrado; o segundo buscará interpretar a totalidade do fenômeno
sagrado. Estabelecendo uma concepção criteriosa de hermenêutica. Da consciência, do objeto
(ser) e da imagem (dimensão simbólica). Para isso entenderá que existe uma
intercomunicação entre a consciência individual e o ser ôntico, esse processo será configurado
pela intermediação simbólica, pelo imago. Para Eliade, o sagrado exerce grande fascínio sobre
o ser humano, por isto mesmo um dos conceitos que marcam sua investigação é o de
497
hierofanias, a saber, a manifestação do sagrado no mundo mental de quem nele crê, segundo
o autor toda hierofania é real e verdadeira.
Objetivamos aqui contrastar a nossa breve experiência no campo da arqueologia préhistórica aos pressupostos teóricos destes autores, empregando terminologias (sagrado,
profano, hierofania, transcendência, sentimento numinoso, etc) que nos ajudam a perceber e
entender parte da riqueza simbólica presente na Furna do Estrago.
Seguindo Eliade (1978), reafirmo minha preocupação e assumo os riscos da análise,
visando não esgotar, pelo contrário, instigar provocações e reavaliações sobre a temática.
“Como já se repetiu muitas vezes: as crenças e as idéias não fossilizáveis.
Alguns cientistas têm, portanto preferido nada dizer sobre as idéias e as
crenças dos Paleantrópídeos , em vez de reconstituí-las com o auxílio de
comparações com as civilizações dos caçadores. Essa posição metodológica
radical não está isenta de perigo. deixar em branco uma enorme parte da
história do espírito humano acarreta o risco de encorajar a idéia de que
durante todo esse tempo a atividade espiritual se limitava à conservação e à
transmissão da tecnologia. Ora, uma opinião como essa não é só errônea,
mas nefasta para o conhecimento do homem. O Homo faber era igualmente
homo ludens , sapiens e religiosus. Já que não podemos reconstituir as suas
crenças e práticas religiosas, devemos pelo menos indicar certas analogias
suscetíveis de esclarecê-las de maneira indireta” (ELIADE, 1978 p. 25)
O campo de atuação desse ensaio não é a arqueologia, apesar de aqui serem utilizadas
informações fornecidas por essa ciência. Estamos aqui diante de uma reflexão livre, que se
esforça por utilizar da interdisciplinaridade de maneira didática, pois não constitui um texto
rigoroso no sentido científico do termo, mas sim, um estudo em processo, que flutua
epistemologicamente pelo campo “minado” da especulação e hermenêutica do simbólico
DESCRIÇÃO GERAL DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO FURNA DO ESTRAGO
A Furna do Estrago é um abrigo sob rocha localizado no município do Brejo da Madre
de Deus2, Pernambuco, O clima da cidade é do tipo tropical semi-árido, mas que devido ao
2
Brejo da Madre de Deus é um município brasileiro do estado de Pernambuco. Sua área total é de 782,69 km².
Administrativamente, o município é formado pelos distritos sede e Fazenda Nova e pelos povoados de Tambor
de Cima, Tambor de Baixo, Caldeirões, Fazenda Velha, Cavalo Russo, Cacimba de Pedra e Estrago.O seu
distrito mais conhecido é Fazenda Nova, lugar do teatro de Nova Jerusalém, onde se realiza anualmente uma
popular encenação da Paixão de Cristo.
498
relevo acidentado do município apresenta inúmeras áreas de brejos 3 de altitude, o que dá ao
município um micro-clima único na região.4 No mapa (Fig. 1) abaixo podemos ver sua
localização geográfica.
Por volta de 1983 o sítio começou a ser escavado pela equipe de Arqueologia da
Universidade Católica de Pernambuco-UNICAP, sob a coordenação da arqueóloga e
antropóloga Jeannette Maria Dias de Lima. É um dos mais importantes sítios arqueológicos
brasileiros. Formado pelo desabamento de um grande bloco de rocha granítica, no sopé da
Serra da Boa Vista durante a glaciação de Riss, o abrigo foi preenchido por blocos de rocha e
sedimentos soltos pelo intemperismo físico, transportados em violentas precipitações
torrenciais, provavelmente durante a glaciação de Würm. Constituído por um único salão de
125m² de área coberta, com abertura voltada para nordeste, o abrigo é bastante arejado, seco e
iluminado. Diante dele estende-se um patamar delimitado por grandes blocos de rocha
granítica, alguns contendo arte rupestre, de onde se pode observar o vale a 27m abaixo e o
relevo aplanado na direção da calha do Rio Capibaribe, dentro de uma vegetação de Caatinga,
característica do semi-árido nordestino. (LIMA,1986)
Segundo pesquisadores, com a sucessiva utilização do sítio como habitação por grupos
caçadores coletores numa seqüência temporal de aproximadamente dez mil anos, foi criada
uma estratigrafia em que predominam as lentes de fogueiras superpostas, formando pacotes de
cinzas, e sedimentos finos, soltos, secos, de cor parda, fáceis de escavar, contendo restos
alimentares e artefatos de pedra e osso. (LIMA,1986)
3
Está localizado no Planalto da Borborema. O relevo da região é bastante acidentado apresentado regiões com
altitudes que variam de 600 m a quase 1200 m
4
Localiza-se a uma latitude 08º08'45" sul e a uma longitude 36º22'16" oeste. A Cidade de Brejo da Madre de
Deus está a cerca de 190 km da capital do estado de Pernambuco, Recife.
499
Fig. 2 – Vista da entrada do sítio Furna do Estrago (foto do acervo do laboratório e museu de arqueologia da
Universidade Católica de Pernambuco-LABMUARq/UNICAP).
Há cerca de dois mil anos, este sítio passou a ser utilizado como cemitério. A
estratigrafia construída pelo homem, desde o início do Holoceno, foi intensamente perturbada
com a abertura de dezenas de fossas funerárias. Apenas uma área próxima do fundo do abrigo
permaneceu intacta e foi tomada para estudos estratigráficos e de distribuição dos restos
alimentares possibilitando interpretações paleoclimáticas. (LIMA,1986) Constatou-se que os
recursos alimentares animais e vegetais disponíveis na região, e utilizados pelo homem préhistórico, permaneceram os mesmos ao longo dos últimos onze milênios, indicando que não
houve alterações ambientais significativas durante o Holoceno. (LIMA,1988)
Foram resgatados 83 esqueletos humanos encontrados em bom estado de conservação.
As condições ambientais favoreceram a rápida desidratação da matéria orgânica e a
preservação da pele, dos cabelos e do cérebro em alguns indivíduos, bem como, do artesanato
em palha utilizado no ritual funerário. Observou-se a persistência de um padrão de
sepultamento em que os corpos eram colocados na posição fetal amarrados com cipós e
embrulhados em esteiras de folhas de palmeira, compondo verdadeiros fardos funerários. Em
muitos casos as fossas funerárias estavam também forradas com folhas de palmeira. Os
recém-nascidos eram depositados em pequenos cestos ou em espatas de palmeiras. Os adultos
estavam acompanhados de colares e alguns levavam flautas ósseas e tacapes. (ALVIM, 1991)
Fig – 3. Adornos encontrados da Furna do Estrago. (foto do acervo do laboratório e museu de arqueologia da
Universidade Católica de Pernambuco-LABMUARq/UNICAP).
Os recém-nascidos não levavam adornos, com exceção de um que estava
acompanhado de duas pequenas contas discoidais de amazonita. Em todos, adultos ou
crianças havia matéria corante (ocre), triturado. Estudos de antropologia biológica realizados
500
sobre esses esqueletos revelaram tratar-se de uma população homogeneamente braquicéfala,
de estatura média-baixa, robusta, com estado de nutrição satisfatória. (QUEIROZ, 1994) O
grupo nômade que habitou o local era muito avançado culturalmente. Uma prova disto é a
possível crença em outra vida, assinalado pelo respeito aos sepultados, pois eram amarrados
de cordinhas (adornos) enrolados em esteiras com folhas. Foi possível observar também, que
próximo às escavações, o teto encontra-se queimado, vestígio das fogueiras que eram acesas
naquela época, para fins de utilidade cotidiana ou até mesmo religiosa.
Na escavação, foram encontrados vestígios de ossos, fogueiras, colares, cropólitos, o
que comprova que o local era utilizado como cemitério. Nos esqueletos foram encontrados
homens (um deles considerado idoso), mulheres e algumas crianças. Vejamos abaixo o crânio
de um dos indivíduos sepultados.
Fig – 4 (Crânio de um esqueleto encontrado na Furna - foto do acervo do laboratório e museu de arqueologia da
Universidade Católica de Pernambuco-LABMUARq/UNICAP).
A questão colocada neste ensaio é sobre a existência de comportamento religioso entre
esses indivíduos. Suas práticas artísticas e rituais nos indicam que é possível falar em
espiritualidade, os funerais e seus acompanhamentos mortuários são o maior indício disso. Os
homens da Furna do Estrago já desenvolviam a mística da morte, atribuindo a ela significados
de ordem sobrenatural. A forma de organização cultural do grupo, os registros rupestres, a
maneira mítico-ritualística com que cuidavam dos seus mortos, assinalam a polissemia dessa
sociedade e indicam as revelações do sagrado, como problematizaremos a seguir.
REFLETINDO
SOBRE
O
SAGRADO
NA
PRÉ-HISTÓRIA
À
LUZ
DO
PENSAMENTO OTTO-ELIADEANO
501
O homem pré-histórico aceitava que tudo que o cercava tinha uma mobilidade própria
e uma vontade intrínseca, ou seja, o cosmo fazia o que queria/precisava, de forma semelhante
à que ele fazia. Sendo assim, o cosmo tinha uma alma. Essa visão de mundo era decorrente de
uma compreensão simbólica dos fenômenos naturais. Este é o fundamento do mundo
extranatural em que ele vivia. De acordo com Mithem (2002), o homem pré-histórico
desenvolveu inicialmente a linguagem, como forma de representação e comunicação, e
posteriormente a pintura, gravura e a para a fixação dessas representações. Nesse processo, o
homem em sua relação com o meio, desenvolve mitos e os rituais que norteiam a sua ação
dentro de seu grupo e em grupos distintos, como por exemplo, os ritos de passagem. Cassier
(1977) nos remete a uma análise entre mito e religião e como esses elementos interferem na
vida do homem e no desenvolvimento de suas atividades cotidianas. Meslin (1992) nos
apresenta a religião como elemento imprescindível na vida dos indivíduos e que ela está
presente em quase ou por que não dizer em toda sociedade. Lerói-Gourhan (1990) mostra por
meio de análises de pinturas parietais do paleolítico superior, que, as evidencias mostram que
nossos antepassados tinham comportamentos que excediam o beber e o alimentar-se, como,
por exemplo, o hábito de enterrar seus mortos com objetos, como flores, placas de pedra, ocre
vermelho e construir um aparelho simbólico constituído de diversos signos binários em suas
pinturas parietais e objetos móveis. Morin (1988) também parte da existência de uma
concepção religiosa nos primeiros homens para compreender a formação disto que chamamos
de cultura. Seu ponto de partida são as sepulturas do paleolítico superior. Para ele, o processo
de hominização inicia-se com a morte. Muito mais do que conceitos de homo faber, sapiens e
laquax fazem supor, é a morte, que introduz entre o homem o animal uma solução de
continuidade mais profunda.
Para pensarmos o comportamento religioso do homem pré-histórico do sertão
pernambucano, refletiremo-los à luz do marco teórico-filósofico Otto-eliadeano, abordando
brevemente aspectos deste pensamento, que acredito ser, fundamental ao nosso objeto de
análise.
Mircea Eliade foi um dos maiores historiadores e filósofos das religiões, nasceu na
cidade de Bucareste, Romênia em 13 de março de 1917 e morreu em Chicago, Estados
Unidos em 22 de abril de 1986. Foi um jovem de família cristã ortodoxa, no entanto não se
sabe ao certo qual era a sua religião. Pesquisou inúmeras religiões e formas de religiosidade,
sua vasta obra compreende desde as religiões paleolíticas às teologias ateístas e os novos
502
movimentos religiosos contemporâneos. (ELIADE, 1978) Em termos espaço-geográfico
analisou as expressões simbólicas do sagrado nas mais diversas regiões do planeta. É esse seu
trabalho que faz dele um grande pesquisador, bastante preocupado com a questão da
alteridade e engajado na valorização e respeito da diversidade religiosa, pois, postulou que
todas as expressões religiosas devem ser objetos de estudo, por mais simples que pareçam ser
devido a sua forte carga de mensagem e significações de ordem simbólica.
Para Eliade o sagrado é poder e realidade por excelência, os homens dependem dele
para sobreviver e atribuir ao mundo um universo humanamente significado, um ser totalmente
desprovido de elementos sagrados é uma ilusão, o indivíduo necessita de apegar-se a este para
ordenar sua vida, caso contrário perder-se-ia na imensidão do caos. Afirmará ainda que:
“sejam quais forem as dimensões do espaço que lhe é familiar e no qual ele se sente situado ,
o homem religioso experimenta a necessidade de existir num mundo total e organizado, num
cosmos”. (ELIADE, 1992, p. 43)
Para o romeno a experiência religiosa é uma das mais ricas experiências que o ser
humano pode vivenciar, a história das manifestações do sagrado se dá de modo dialético entre
o homem e o divino. Dialogando com o meio em que esta inserido, em todas regiões, tempos
e culturas. “A vida religiosa da humanidade, realizando-se na história, suas expressões, são
fatalmente condicionadas pelos múltiplos momentos históricos e estilos culturais” (ELIADE,
1992, p. 59). Este processo torna o sagrado, seja qual for sua sociedade, em algo real, forte,
absoluto e significativo, o único fundador do mundo somente se torna possível à medida que
ele é colocado em oposição ao profano, a não-realidade, a relatividade, ao caos. Para viver no
mundo é preciso fundá-lo. É a manifestação do sagrado que funda ontologicamente o mundo e
permite a obtenção de um ponto fixo capaz de orientação na homogeneidade de profano a fim
de se viver o real.
“O homem religioso assume um modo de existência específica no mundo, e, apesar
do grande número de formas histórico-religiosas, este modo específico é sempre
reconhecível. Seja qual for o contexto histórico em que se encontra, o homo
religiosus acredita sempre que existe uma realidade absoluta, o sagrado, que
transcende este mundo, que aqui se manifesta, santificando-o e tornando-o real”
(ELIADE, 1992, p. 164).
Na Furna do Estrago observamos inúmeros registros que nos evidenciam a prática de
rituais, para Eliade, o rito é sempre uma forma de reviver um mito fundador, é o momento em
que o grupo se reúne para “imitar” o sagrado, rea-tualizando a sacralidade do cosmo, tornando
práticas gestuais e objetos materiais suscetíveis à hierofania. A imaginação simbólica recria e
503
ressignifica-os. O que era matéria continua sendo matéria ao mesmo tempo em que é
preenchido de poder simbólico e ganha força mágica, cósmica e encantadora, sendo não
apenas matéria, e sim, a revelação de um elemento sagrado por meio uma intensa atividade
simbólica. “o simbolismo desempenha um papel considerável na vida religiosa da
humanidade; graças aos símbolos, o mundo se torna transparente, suscetível de revelar a
transcendência” (ELIADE, 1992 p. 109)
A arte rupestre encontrada no Sítio pode ser interpretada como uma forma de
expressão mítica, dentro dos processos de registro humano. Como expressão de todo um
universo simbólico que exprime e influencia a construção de identidades culturais.
(AZEVEDO NETTO, 1998). O ser humano tinha a compreensão de que as forças
sobrenaturais existiam em outra dimensão: a arte, extrapolando a natureza, também tinha
outra dimensão: as pinturas, os adornos, colocavam então o ser humano nessa outra dimensão
na qual a comunicação com o sobrenatural era possível. Num sentido mais amplo, a arte
rupestre poderia ser um conjunto de expressões estético-simbólicas e práticas sociais sagradas
que visavam à comunicação com os deuses. Portanto a arte mítico-ritual é uma categoria
sagrada na pré-história, é um meio do homem prestar culto às divindades. São práticas sociais
que aparecem para, através do simbolismo resolver um problema colocado para as sociedades
de então. “O homem das sociedades arcaicas tem a tendência para viver o mais possível no
sagrado ou muito perto dos objetos consagrados” (ELIADE, 1992, p. 18)
Fig – 5 (Inscrição rupestre na Furna - foto do acervo do laboratório e
museu de arqueologia da Universidade Católica de PernambucoLABMUARq/UNICAP).
Outro aspecto que se evidencia com maior clareza o elemento ritual, este que para
Eliade, acessa um pensamento mítico5, é o sepultamento. As práticas funerárias no sítio
5
“O mito proclama a aparição de uma noção situação cósmica ou de um acontecimento primordial. Portanto, é
sempre uma narração de uma criação; conta-se como qualquer coisa foi efetuada, começou a ser. É por isso
que o mito é solidário da ontologia: só fala de realidades, do que aconteceiu realmente, do que se manifestou
plenamente” (ELIADE, 1992, p. 85)
504
arqueológico da Furna do Estrago são bastante estudadas, por suas características enigmáticas
e quanti-qualitativas em termos de objetos resgatados, um legado cultural deixado
(depositado) pelos nossos ancestrais. “O depósito não passa da expressão de uma
intencionalidade mágico-religiosa” (ELIADE, 1978, p. 32)
Os sepultamentos são locais importantes para se tentar efetuar uma hermenêutica das
relações de poder, através da cultura material presente junto aos mortos, da própria construção
do abrigo para depósito, da prática escolhida para deposição do corpo e dos signos de poder
(material e imaterial) presentes em contextos mortuários (RIBEIRO, 2007)
Segundo Eliade o homem das sociedades primitivas esforçou-se para vencer a morte
transformando-a em rito de passagem, atribuindo a ela o status de suprema iniciação, como o
começo de uma nova existência espiritual (ELIADE, 1992, p.160)
“Em suma, pode-se concluir que as sepulturas confirmam a crença na
imortalidade (já assinaladas pela utilização da ocre vermelha) e trazem alguns
esclarecimentos suplementares: enterros orientados para leste, marcando a
intenção de tornar o destino da alma solidário com o curso de sol, portanto a
esperança de “re-nascimento”, i. e., de uma pós-existência num outro mundo;
crença na continuação da atividade específica ; certos ritos funerários
indicados pelas oferendas de objetos de adornos e restos de refeições”
(ELIADE, 1978, p. 28)
O outro autor clássico em que nos apoiaremos é Rudolf Otto (1869-1937). De família
protestante, tornando-se pastor, teólogo e filósofo, foi professor em diversas universidades
alemãs, tendo sido titular de teologia em Breslau de 1915 a 1917 e se aposentado em
Marburgo em 1919.6 Passou a ser conhecido pela obra Das Heilige , livro que se tornou um
dos clássicos da Filosofia da Religião. A intenção de Otto em seu estudo é observar as
características do elemento não-racional em contraste com as do racional, dentro do universo
religioso. O autor busca analisar a oposição do racionalismo frente ao puro sentimento do não
racional. Mesmo sabendo que a ortodoxia racionalista eliminou o caráter não racional e forjou
um sistema de compreensão da religião por meio de pressupostos racionalista-reducionistas,
Otto nega a aplicação da razão como caminho de entender o sagrado, para ele esse processo
de sobreposição do racional ao aspecto não-racional configura na negação dos elementos
simbólicos mais peculiares do fenômeno religioso.
O autor inicia o primeiro capítulo de sua obra (o sagrado de 1917) afirmando que a
religião, do ponto de vista racionalista, possui categorias racionais que definem a divindade
com clareza, e a caracteriza com atributos como espírito, razão, boa vontade, onipotência etc.
todos esses são pensados como sendo “absolutos” e “perfeitos”. Estas características, para
6
Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Rudolf_Otto acesso em 15/1/2011.
505
Otto, são elementos racionalizados que não contemplam a idéia de sagrado, pois este é
inefável, não pode ser definido pela razão, apenas descrito. São esses atributos, que numa
sociedade racionalista, fazem uma religião considerar-se superior, a partir de suas
esquematizações, é o caso do cristianismo, por exemplo. O aspecto racional perece ser tudo,
mas não esgotam a compreensão da essência da divindade. Para Rudolf Otto o “pecado”
cometido pelos racionalistas reside, no campo da religião, em ter subtraído os atributos com
que nos aproximamos do absoluto, por outros que não são privados do contexto sacro, mas
que pertencem, também “à natureza das representações humanas (sociais/materiais). Dessa
forma não só desvirtuaram a essência da religião, como a inviabilizaram, em grande parte, de
seu caráter emotivo e supra-racional.
A distinção que muitas vezes se faz entre o racionalismo e a religião é errônea, quando
atribui a negação do milagre ao primeiro e a afirmação do mesmo ao segundo, pois, “ao
formular doutrina a ortodoxia não soube fazer justiça ao elemento irracional do seu objeto e
mantê-lo vivo na experiência religiosa, racionalizando unilateralmente a idéia de Deus”
(OTTO, 2007. p. 34). Esse processo de racionalização do elemento religioso está presente até
hoje, não apenas nas instituições religiosas, mas nos próprios estudos das ciências da religião,
este comportamento frente ao sagrado “fecham os olhos” para aquilo que a manifestação
religiosa tem de mais peculiar, para as vivências religiosas mais subjetivas e simbólicas que
brotam do imaginário humano, inclusive em suas manifestações mais primitivas: se existe um
campo da experiência humana que apresente algo próprio, que apareça somente nele, esse
campo é o religioso (OTTO, 2007. p. 35). No entanto, não dispensa nenhuma das categorias,
não quer colocar a religião fora do plano racional, que resgatar na idéia de Deus, o que fora
perdido pelo racionalismo. Pois crê que a religião toma consciência de si mesma quando
evidencia a relação destes dois elementos. Por isso, é necessário observar o elemento nãoracional e sua relação com o racional.
No segundo capítulo discute-se a categoria fundamental de que parte Otto, o
numinoso7. O termo provém da palavra latina numine que significa divindade. O sufixo oso
refere-se a cheio de (numinoso= cheio de divindade), fornecendo a clara conotação de que o
ser humano é povoado de simbolismos religiosos, sua vida, visões e práticas são preenchidas
de sentido divino.
7
Essa categoria seria a essência do sagrado, um conceito peculiar,
Disponível em: http://www.dicionariodoaurelio.com acesso em 14/1/2011.
506
explicativo e valorativo, não possível de definição, apenas de descrição. Compreensível
indiretamente, mediante sugestões aproximadas que se apresentam ao espírito, de maneira que
permite o florescimento e a experiência do sagrado, numa oscilação recíproca, complementar
e indissociável entre o terror e a admiração. Característica essencial e exclusivamente do
domínio religioso. Para Otto muitas vezes a palavra sagrado é mal aplicada, reduzida a
preceitos éticos e morais racionalistas, portanto, empregar o termo numinoso na dimensão do
sagrado é adequado para referir-se aos aspectos não-racionais, e, por isso, profundamente
simbólicos da religião. Abordar o sagrado como uma categoria que abrange algo inefável
propiciando uma abertura para avaliações daquilo que é exclusivamente religioso e que, a seu
tempo, escapa ao domínio racional.
“Para Otto, o numinoso não é acessível conceptualmente. Então, como é possível a
descrição do numinoso? O divino manifesta-se no sentimento religioso. Portanto
através de uma análise psicológica, pode-se descrever a experiência numinosa [...] O
sentimento numinoso é um estado de alma, ou reação provocada no consciente pelo
sentimento de ser objeto do numem, ou pelo sentimento de presença do numem”.
(BIRCK, 1993. p. 10)
Neste ínterim, no terceiro capítulo do livro, abrange-se a categoria do sagrado como
possuidora de um elemento absolutamente especial, o numinoso, que pode ser descrito como
o sentimento de ser criatura. Esse sentimento é algo que “está fora de mim” e longe do meu
alcance, relaciona-se ao medo, já que está fora e é maior do que “eu”, simultaneamente está
ligado ao amor fraternal, já que me sinto atraído e confortado diante dele.
O sentimento numinoso não é uma emoção vã, é um estado afetivo. É um sentimento
autêntico, ontológico, específico, que emerge dos mais profundos níveis do inconsciente, é
uma categoria de interpretação que se manifesta nas experiências mais pessoas,
intersubjetivas e intrínsecas aos sentidos do homo symbolicus.
“Trate-se de um sentimento confesso de dependência que, além de ser muito mais do
que todos os sentimentos naturais de dependência, é ao mesmo tempo algo
qualitativamente diferente. Ao procurar um nome para isso deparo-me com
sentimento de criatura – o sentimento da criatura que afunda e desvanece em sua
nulidade perante o que está acima de toda criatura. [...] “O sentimento de criatura”
na verdade é apenas um efeito colateral, subjetivo, é por assim dizer a sombra de
outro elemento de sentimento (que é o “receio”), que sem dúvida se deve em
primeiro lugar e diretamente a um objeto fora de mim.” (OTTO, 2007. 41-42)
Busquei o referencial Ottoniano, afim de no diálogo teórico com o eliadeano,
refletirmos sobre a sensação do homem religioso diante do sagrado, esse sentimento
numinoso que infere sobre aqueles que crêem na revelação divina. No homem pré-histórico da
Furna do Estrago essa sensação psico-social, ocorre seguindo suas especificações histórico507
culturais e geográficas, mas, de modo geral, segue um esquema arquetípico presente na mente
humana, é esta predisposição à crença no Absoluto e na conseqüente submissão a ele, que
povoa o imaginário do Homo Sapiens. Quando o homem cultua o sagrado, lhe oferenda, pede
proteção. Ele ritualiza, revive o mito, comunica-se e transporta-se para outro espaço, o do
sagrado.
Os vestígios arqueológicos da Furna indicam que o sentimento numinoso ali ocorreu
entre seus antepassados moradores, os funerais, os adornos, as pinturas rupestres, são indícios
dessa revelação dialética, geradora de múltiplos sentimentos, incompreensíveis à luz da razão.
Este sentimento é exprimível por sensações de temor, fascínio, encantamento, calafrio,
prazeres dionisíacos, terror, desejo, repulsa, conforto e desconforto. Estes e outros aspectos
foram categorizados por Otto nas seguintes formulações, que segundo ele são estados do
comportamento numinoso: a) tremendum (arrepiante), b) avassalador (“majestas”), c)
energético (orgé).
O mysterium tremendum ou “mistério que faz tremer” e arrepiar (por se tratar do
totalmente outro) aparece inicialmente na maneira brutal do sinistro, do horripilante, que para
Otto é o aspecto mais primitivo do tremendo, é o medo e o imaginário do terror em seu
estágio inferior. O “Panicon”, o pavor do “demoníaco”, daquele que faz o mal, que pode nos
castigar, pois é maior que nós. É o medo que somente o homo religiosus pode sentir. É algo
que povoa sua mentalidade em sua profundeza abissal e fornece significados para os sentidos
de sua existência. Ele emudece a alma, é o sentimento que corresponde ao mistério que causa
calafrios e alucinações. Pode conduzir à estranhas excitações.
Segundo Otto, este sentimento pode ser um estado constante, cessando quando a alma
volta ao estado profano. Pode também manifestar-se de forma exacerbadamente abrupta e
conduzir à visões de miragem, sensações de transporte transplanetários, transes, catarses e
êxtases físicos e místicos. De acordo com (BIRCK, 1993. P. 35) “O numem é pressentido no
seu caráter terrífico como grandeza, diante da grandeza de Deus surge o sentimento de
aniquilamento, o temor místico, o temor de Deus”. No tremendum temos, portanto a cólera do
sagrado, que tem como contraponto no sujeito o sentimento de ser mera criatura perante seu
criador, correlato de poder a majestade divina, que se revela por meio do mysterium. O
“mistério torna-se terrível”, pois tudo aquilo que para nós é secreto, é incompreensível ou
inexplicável e muitas vezes inacessível, nos causa um profundo temor e inquietação.
508
O aspecto avassalador (majestas) não se trata apenas do medo do outro misterioso, é
o caráter de reverência e reconhecimento de sua superioridade enquanto entidade divina,
absoluta. É o sentimento de ser criado pelo absolutamente “maior”, por uma majestade cujo
poder é desmedidamente avassalador.
O energético (orgé): o tremendum e o majestas ( mistério-temor / poder avassalador
/ atração - repulsa) resultam em um terceiro elemento do numinoso , que Otto denomina de
Orgé, é uma energia que eleva o ser humano à vida religiosa, ao amor pelo sagrado. Essa
energia é expressa por sistemas simbólicos de contemplação da vida, de exaltação dos
elementos estéticos, morais, éticos e fraternais contidos no amor divino. O homem agora
buscará zelar pelo sagrado, pois ele o conforta e o protege. “Para Otto, o elemento da energia
numinosa aparece particularmente no misticismo do amor. É o Deus que é fogo, de ardor
doravante; é o Deus de amor impetuoso”. (BIRCK, 1993. p. 40). É essa energia que preenche
a alma de sentidos, que consola aos braços do Pai que nina como uma mãe ao amamentar, um
ato de sensibilidade, excitação e paixão. É o ato de contato entre o homem e seu Deus.
A contribuição do pensamento Otto-eliadeano para as ciências sociais foi fundamental
para rompermos com o positivismo cientificista, o etnocentrismo difuso-evolucionista, o
reducionismo materialista e freudiano, a teologia apologética-fundamentalista e o historicismo
estruturalista.
Trilhando
novos
e
multiplicáveis
caminhos
teórico-metodológicos,
interdisciplinares e ecumênicos para a abordagem plural dos fenômenos religiosos. Espero
que este breve e flexível ensaio possa contribuir para contínuas reflexões filosóficas da
religião na pré-história do Nordeste brasileiro
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arte, mito, rito e expressões simbólicas na pré-história