EXPERIÊNCIA RELIGIOSA: ABORDAGEM DAS CIÊNCIAS DA RELIGIÃO Faustino Teixeira POSSUI GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DAS RELIGIÕES PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (1977), GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (1977), MESTRADO EM TEOLOGIA PELA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO (1982) E DOUTORADO EM TEOLOGIA PELA PONTIFICIA UNIVERSIDADE GREGORIANA (1985), COM ESTÁGIO PÓSDOUTORAL REALIZADO NA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE GREGORIANA SOB SUPERVISÃO DE JACQUES DUPUIS (19971998). PARTICIPOU DA CRIAÇÃO DOS CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO (1991), MESTRADO (1993) E DOUTORADO EM CIÊNCIA DA RELIGIÃO DA UFJF (2000), TENDO SIDO O SEU PRIMEIRO COORDENADOR. ATUALMENTE É PROFESSOR TITULAR NO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA RELIGIÃO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA E PESQUISADOR DO CNPQ. TEM EXPERIÊNCIA NA ÁREA DE TEOLOGIA, COM ÊNFASE EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA, ATUANDO PRINCIPALMENTE NOS SEGUINTES CAMPOS TEMÁTICOS: TEOLOGIA DO PLURALISMO RELIGIOSO, DIÁLOGO INTERRELIGIOSO E MÍSTICA COMPARADA DAS RELIGIÕES. SUMÁRIO 1 O OLHAR SOCIOLÓGICO 2 O OLHAR FENOMENOLÓGICO 3 O OLHAR PSICOLÓGICO 4 O OLHAR TEOLÓGICO 5 UM CAMPO SEMÂNTICO EM DISCUSSÃO 6 A BUSCA PELA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL A EXPERIÊNCIA VEM DEFINIDA COMO “A FACE DO PENSAMENTO QUE SE VOLTA PARA A PRESENÇA DO OBJETO” (LIMA VAZ, 1974, A EXPERIÊNCIA RELIGIOSA DIZ RESPEITO AO ENVOLVIMENTO COM O SAGRADO, EVOCANDO NA CONSCIÊNCIA QUESTÕES QUE TOCAM O ÂMBITO ESSENCIAL DO SENTIDO. A experiência religiosa pode ser captada por oculares diversificadas, envolvendo campos distintos de saber, que se inter-relacionam e dialogam, favorecendo perspectivas dinâmicas para a sua compreensão. OLHAR SOCIOLÓGICO EMILE DURKHEIM Um sistema de forças bem vivo. Trata-se de um sentimento demasiado geral e que traduz a presença no humano de uma força dinamogênica inusitada, que o ajuda a suportar as dificuldades da existência e também superá-las. A religião tem como função ajudar a viver, suscitar um agir, tudo isso animado por um sentimento peculiar de poder que eleva o ser humano acima de suas potencialidades, auxiliando-o a fazer frente às provas do dia a dia. O caráter sagrado, por sua vez, não é algo intrínseco a uma coisa reconhecida como sagrada, mas é um dado acrescentado. PETER BERGER Na medida em que transcende e envolve o ser humano nessa dinâmica de ordenação da realidade, o cosmos sagrado “fornece o supremo escudo do homem contra o terror da anomia. Achar-se numa relação ‘correta’ com o cosmos sagrado é ser protegido contra o pesadelo da ameaça do caos” (BERGER, 1985, p.40). O OLHAR FENOMENOLÓGICO MIRCEIA ELIADE Estar em relação com o sagrado, ou viver marcado por essa presença, é propiciar uma inserção na realidade objetiva (ELIADE. s/d, p.42). Nesse quadro interpretativo, é o sagrado que possibilita a orientação e a construção de mundo, firmando propriamente a ordem cósmica. Não se poderia conceber a existência humana fora dessa comunicação com o numinoso, pois ele é por excelência o dossel protetor contra a ameaça de carência de sentido ou do caos. É esse sentimento do numinoso, do totalmente outro, que está na base do sentimento religioso e da experiência religiosa, como indicam os autores da fenomenologia da religião. O OLHAR PSICOLÓGICO O olhar psicológico, aninhado num ramo específico das ciências da religião, busca examinar os fenômenos e manifestações religiosas tendo em vista a polifonia de suas dimensões comportamentais. OLHAR TEOLÓGICO Karl Rahner “Enquanto ser de transcendência, o ser humano está sempre, e antes de qualquer ato de liberdade, situado e orientado na atmosfera de um “mistério santo e absolutamente real”. É esse mistério, simultaneamente transcendente e familiar, o que existe “de mais evidente”, colocado sempre à disposição do humano.” A BUSCA PELA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL A espiritualidade está relacionada com “qualidades do espírito humano” tais como o amor, a compaixão, a paciência, a hospitalidade, a atenção, delicadeza e doação. São qualidades que independem de uma vinculação religiosa, e qualquer indivíduo é capaz de desenvolvê-las, mesmo em alto grau, mesmo não pertencendo a um sistema religioso determinado. Pode-se até dispensar a religião, mas não essas “qualidades espirituais básicas” (DALAI LAMA, 2000, p.32-3). “A espiritualidade tem a ver com a abertura do espírito e o defrontar-se com a vida em profundidade. Essa abertura ao infinito, à eternidade, ao singular que existe no próprio sujeito, despertando dimensões inusitadas, é de fato exercício de vida espiritual. Se é verdade que “toda religião pertence, ao menos em parte, à espiritualidade”, há também que afirmar que “nem toda espiritualidade é necessariamente religiosa” (COMTE-SPONVILLE, 2007, p.129). “O mundo é nosso lugar; o céu, nosso horizonte; a eternidade, nosso cotidiano” (COMTESPONVILLE, 2007, p.137). BIBLIOGRAFIA BERGER, Peter. O dossel sagrado. Elementos para uma teoria sociológica da religião. São Paulo: Paulinas, 1985. COMTE-SPONVILLE, André. O espírito do ateísmo. São Paulo: Martins Fontes, 2007. DALAI LAMA. Uma ética para o novo milênio. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 1989. ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano. A essência das religiões. Lisboa: Livros do Brasil, s/d.