III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção ANÁLISE DO PONTO DE RUPTURA PARA A HORIZONTALIZAÇÃO DE UMA ETAPA PRODUTIVA EM UMA EMPRESA CALÇADISTA DE JAÚ - SP Natalia Rafaela Ribeiro1; Elton Evandro Canassa2; Erasmo Piccolo3 123 Faculdade de Tecnologia de Jahu – FATEC-JAHU [email protected] Resumo Este artigo objetivou aplicar e analisar o Ponto de Ruptura na horizontalização de uma atividade produtiva em uma empresa calçadista. Para constructo, esta pesquisa qualitativa tomou perfil descritivo, exploratório e experimental que assumiu a forma de estudo de caso. Primeiramente foi realizada uma entrevista com o proprietário da empresa, com a finalidade de obter a estrutura de custos de uma etapa produtiva que é horizontalizada pela empresa, inclusive a estruturação de custos necessária caso venha a realizar esta operação internamente. Em seguida, foi realizada uma pesquisa bibliográfica para identificar as aplicações do ponto de equilíbrio e/ou ruptura na horizontalização e ao final, foi realizado o experimento dos custeios levantados da empresa com as formulações e cálculos encontrados na literatura. O estudo constatou que a horizontalização da etapa produtiva é mais vantajosa para a empresa do que o tratamento interno, o que resulta na vantagem competitiva em custos internos baixos. Observa-se por meio da régua de ruptura que a demanda atual de 12.000 pares está distante do ponto de ruptura, o que permite a empresa em permanecer com a estratégia de posicionamento na horizontalização até os 20.000 pares, sendo que a partir deste a empresa deverá posicionar-se para o tratamento interno. Palavras Chave: PONTO DE RUPTURA; HORIZONTALIZAÇÃO; RÉGUA. Abstract This paper aimed to apply and analyze Breakpoint in flattening of a productive activity in a footwear company. To construct this qualitative research took descriptive profile, exploratory and experimental which took the form of a case study. We first carried out an interview with the owner of the company, in order to get the cost structure of a stage production that is horizontally by the company, including the structuring costs required should it carry out this operation internally. Then, we performed a literature search to identify the applications of equilibrium and / or break in and flattening the end, the experiment was conducted costing raised the company's formulations and calculations found in the literature. The study found that the flattening of the productive stage is more advantageous for the company than the internal treatment, resulting in competitive advantage internal costs low. It is observed by the ruler break the current demand of 12,000 pairs is far from the breaking point, which allows the company to remain with the positioning strategy in flattening until the 20,000 pairs, and from this the company must position yourself for the internal treatment. Keywords: BREAKING POINT; HORIZONTALIZATION; RULE. Introdução O cenário de constantes mudanças, no qual os consumidores estão em busca de produtos com melhorias continuas, na atuação da indústria são exigidas agilidades contínuas para superar os constantes desafios competitivos do setor calçadista. Embora os lançamentos das novas coleções de outono-inverno ou primavera-verão direcionem para as melhorias, o setor passa a exigir novidades ainda mais rápidas do mercado calçadista com necessidades de novidades a cada dois meses. Nesse ambiente de competitividade, o gestor do ramo III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção calçadista deve preparar-se para as exigências do mercado, seja no comando de grandes corporações ou de pequenos empreendimentos. Martins e Alt (2011, p. 75) descrevem que o desenvolvimento de parcerias estratégicas nos negócios é interessante para na fabricação de componentes que exigem investimentos e instalações que não seja interessante a ele produzir o referido componente, tal procedimento de terceirização é conhecido como horizontalização. A compra e/ou contratação de serviços de terceiros pode favorecer a empresa que necessita de itens secundários e/ou terciários para a confecção do seu produto, fatores como qualidade e agilidade são encontradas na terceirização e contribui com a estruturação organizacional, pois permite o foco no processo principal da empresa. A indústria calçadista da cidade de Jaú-SP utiliza a horizontalização repassando serviços e partes do processo de seus produtos, com isso focaliza sua especialização ‘expertise’ aos itens e componentes que são relevantes na confecção o que garante a qualidade de seu produto final. A indústria necessita conhecer sua estrutura para identificar qual o posicionamento em que a empresa se encontra e determinar suas estratégias para a horizontalização, de acordo com Zaccarelli (2002, p. 116) essa vantagem competitiva e a posição privilegiada representam o começo do caminho, ou a trilha, para o sucesso. Assim, a análise do ponto de equilíbrio que também é conhecido como ponto de ruptura ‘break-even point’ passa a ser relevante, uma vez que informa o volume de vendas necessário para cobrir os custos e despesas operacionais, ou seja, no ponto de equilíbrio o resultado operacional da empresa é igual a zero. (ASSAF NETO; LIMA, 2010, p. 123). A análise da horizontalização do ponto de ruptura pode ser realizada por meio desta ferramenta de custos que determina o ponto em que os custos igualam-se nos diversos posicionamentos estratégicos em que a empresa possa figurar. Assim, chega-se ao problema de pesquisa deste artigo: Como aplicar e analisar o ponto de ruptura nas empresas calçadistas da cidade de Jaú-SP? Por conseguinte, o objetivo geral é aplicar e analisar o Ponto de Ruptura na horizontalização de uma atividade produtiva em uma empresa calçadista da cidade de Jaú-SP. Este objetivo será atingido pelas etapas tridimensionais dos objetivos específicos abaixo: a) Obter e tratar os dados de custos de uma empresa calçadista na cidade de Jaú; b) Aplicar o modelo do ponto de ruptura para identificar a vantagem e/ou desvantagem competitiva na horizontalização; c) Analisar o posicionamento estratégico da horizontalização. A justificativa deste artigo está na necessidade do setor em conhecer uma ferramenta eficaz para analisar as vantagens e desvantagens da horizontalização que vem sendo amplamente utilizada pelo setor calçadista local. As empresas do Arranjo Produtivo Local (APL) necessitam de um maior conhecimento de sua estrutura de custeio para que possam determinar posicionamentos de produtividade. Assim este trabalho poderá contribuir com as empresas e prestadores de serviços em suas tomadas de decisões. A pesquisa observou que a embora a ferramenta seja útil no meio empresarial, a complexidade do assunto faz com a matéria não seja devidamente evidenciada no meio empresarial. A contribuição científica do artigo é a melhoria da dinâmica apresentada pela literatura (MARTINS e ALT, 2011, p. 79; FIGUEIREDO, 1997, p. 194), pois o gráfico e tabelas encontradas não facilitam a visualização aos leigos no assunto. Dessa forma, a contribuição da pesquisa foi criar uma régua de ruptura com a finalidade de demonstrar aos leitores e empresários o posicionamento estratégico em que se encontra e sua movimentação caso as quantidades se alterem com a mudança da demanda de produtos na horizontalização. Metodologia Este trabalho trata-se de uma pesquisa qualitativa que está dividido em três etapas relevantes que direcionam ao objetivo geral da pesquisa: trata-se primeiramente de uma pesquisa descritiva, exploratória e experimental que assumiu a forma de estudo de caso conforme Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 62) pesquisa dados de um indivíduo, família, III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção grupo ou comunidade que seja representativo de seu universo, para examinar aspectos variados de sua vida. Dessa forma, foi realizada uma entrevista com o proprietário da empresa S.S, da área do ramo calçadista de Jaú-SP, que realiza a horizontalização na etapa de produção ‘enfachetamento’. O objetivo da entrevista foi levantar os custos fixos e variáveis da empresa na situação como está – horizontalizada, e, caso fosse necessário, os custos fixos e variáveis para realizar o enfachetamento dentro da empresa. Na segunda etapa da pesquisa foi realizada uma pesquisa bibliográfica para levantar as formas de tratamentos utilizados na literatura sobre os temas relacionados com a horizontalização, o ponto de equilíbrio e/ou de ruptura. Na última etapa da pesquisa é assumido o procedimento experimental na qual os dados de custeio obtidos diretamente pelo proprietário da empresa calçadista são manipulados para analisar de que modo ou por que o fenômeno é produzido (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, P. 63). Assim, foram tratados os dados levantados para diagnosticar, visualizar e analisar quais as relações existentes entre as variáveis envolvidas no objeto do estudo. Referencial Teórico O Setor Calçadista O setor calçadista possui ocupação de destaque na economia brasileira, conforme pode-se observar na tabela 1, a seguir, com uma produção de 819 milhões de pares no ano de 2011, foram exportados 1.296,2 bilhões de dólares e importação de 427,8 milhões, o que resulta em um superávit para a balança comercial brasileira de 868,4 milhões de dólares pelo setor. Tabela 1: Cenário do setor calçadista brasileiro em 2011 Produção Exportação Importação Pares – Milhões US$ - Milhões Pares – Milhões US$ - Milhões Pares – Milhões 819,1 1.296,2 113,0 427,8 34,0 Fonte: ABICALÇADOS (2012) Embora o ambiente internacional apresente bom resultados, o setor vem enfrentado forte competição global, o que vem devido os números do setor constantemente: “A indústria brasileira de calçados está sofrendo enormemente para formar preços competitivos. No âmbito internacional observamos uma redução de mais de 15% nos valores gerados pelas exportações até novembro. Além disso, notamos uma estabilidade baixa no volume dos pares exportados”. (ABICALÇADO, 2012). O setor calçadista na cidade de Jaú-SP A cidade de Jaú-SP possui uma área de 686 km2, com uma população de 131 mil habitantes (IBGE, 2013). Frasson (2012) descreve que Jaú é conhecida como a capital do calçado feminino, contando com 200 indústrias registradas com uma capacidade de produção média de 100 mil pares diários. A economia da cidade de Jau-SP está vinculada a indústria calçadista e o cultivo da canade-açúcar: “A indústria calçadista e o cultivo da cana-de-açúcar são os grandes responsáveis pela economia da cidade. Jaú tem grande destaque no circuito canavieiro, sendo uma das cidades produtoras de açúcar e álcool no estado de São Paulo. Já a indústria calçadista fica responsável por empregar mais da metade da população”. (FRASSON, 2012). Dada à devida importância que o setor possui na economia local, observa-se que a estrutura do setor calçadista jauense esta um pouco distante da estrutura observada na cidade de III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção Franca, contudo caminha para configurar-se como um cluster de produção de calçados. (MILANEZE; BATALHA, 2008, p. 162). Horizontalização A horizontalização é uma estratégia de comprar e/ou contratar de terceiros, na qual se realiza parcerias produtivas repassando o máximo possível de tarefas que compõem a produçãodo produto ou do serviço que não façam parte dos processos fundamentais ‘core process’ da empresa. Nas empresas do setor calçadista de Jaú verifica-se a opção pela horizontalização dos serviços, trata-se de processos secundários e terciários não relacionados ao processo principal da empresa. Diante das vantagens competitivas de qualidade e de redução da estrutura de custos encontradas pelo setor. A horizontalização vem de ao encontro a constatação de Vidigal e Campos (2011) de que a cooperação entre os produtores mostramse determinantes para a ampliação da representatividade e, consequentemente, do desempenho positivo desses arranjos produtivos locais calçadistas. Segundo Martins e Alt (2011) as empresas modernas tem preferência pela horizontalização e parcerias, de um modo geral, não se terceiriza os processos fundamentais, e sim os processos secundários: “Entre as principais vantagens da horizontalização estão a redução de custos – a empresa não necessita de novos investimentos em instalações industriais – maior flexibilidade para alterar volumes de produção decorrentes de variação no mercado – a empresa compra do fornecendo a quantidade que achar necessária, pode até não comprar do fornecedor nada num determinado mês – e uso do knowhowdos fornecedores no desenvolvimento de novos produtos por meio da engenharia simultânea”. (MARTINS e Alt, 2011, p.76). A horizontalização de acordo Queiroz (1998) resulta em diversos benefícios e as consequências positivas são as seguintes: “Gera a desburocratização; Alivia a estrutura organizacional; Proporciona melhor qualidade na prestação de serviços, contribuindo para a melhoria do produto final; Traz mais especialização na prestação de serviços; Proporciona mais eficácia empresarial; Aumenta a flexibilidade nas empresas; Proporciona mais agilidade decisória e administrativa; Simplifica a organização; Incrementa a produtividade; Tem como uma das suas consequências à economia de recursos: humanos, materiais, de instrumental, de equipamentos, econômicos e financeiros”. Para Martins e Alt (2011), as vantagens e desvantagens na horizontalização: “As vantagens são: Redução de custos; Maior flexibilidade e eficiência; Incorporação de novas tecnologias; Foco no negócio principal da empresa. As desvantagens são: Menor controle tecnológico; Deixar de auferir o lucro do fornecedor; Maior exposição”. A terceirização é uma alternativa eficaz para as empresas empreendedoras e melhoram suas operações, tornando a organização cada vez mais eficiente nos seus processos e com mais eficácia nos seus resultados, desta forma ganhando competitividade e otimização econômica, flexibilizando suas atividades no sentido da agilidade e da satisfação do mercado. (QUEIROZ, 1998). Assim, a empresa concentra-se no foco do seu negócio e repassa as atividades para empresas terceiras que tornam-se parceria e por sua vez especializam-se no serviço prestado e, consequentemente melhoram sua qualidade. A horizontalização é uma forma eficaz para as empresas do setor calçadista da cidade de Jaú que a utiliza como uma ferramenta de grande proficuidade na cadeia produtiva local, contribuindo assim com a qualidade e agilidade da produção industrial. Ponto de equilíbrio e/ou ruptura O ponto de equilíbrio, também conhecido como ponto de ruptura ou ponto de nivelamento nada mais é do que a conjugação dos custos totais com as receitas totais, ou seja, é o III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção posicionamento em que os custos e despesas totais igualam-se com a receita total da empresa e, a partir deste ponto, a empresa possa iniciar a obtenção de lucro e o retorno de seus investimento. Para Martins (2010), o ponto de equilíbrio indica a capacidade mínima que a empresa deve operar para não ter prejuízo, relacionar o volume de vendas e a lucratividade, determinando o nível de vendas necessário para cobrir os custos operacionais, o ponto em que a empresa se equilibra, servindo para mostrar os lucros ou perdas da empresa. Padoveze (2010) evidencia, em termos quantitativos, qual é o volume que a empresa precisa produzir ou vender, para que consiga pagar todos os custos e despesas fixas, além dos custos e despesas variáveis. Assim, o Ponto de Equilíbrio é dado pela igualdade entre as vendas da empresa e a soma dos custos totais com as despesas totais. Padoveze (2010) descreve que no ponto de equilíbrio não existe lucro ou prejuízo, mas somente a informação do ponto de equilíbrio para que possa identificar o nível mínimo de atividades que a empresa deve operar. O estudo da margem de contribuição possibilita inúmeras análises objetivando a redução dos custos, assim o ponto de equilíbrio é o momento em que a margem de contribuição da quantidade vendida ou produzida se iguala aos custos e despesas fixas: “Denominamos ponto de equilíbrio o ponto em que o total da margem de contribuição da quantidade vendida/produzida se iguala aos custos e despesas fixas. Assim, ponto de equilíbrio calcula os parâmetros que mostram a capacidade mínima em que a empresa deve operar para nãoter prejuízo, mesmo que ao custo de um lucro zero. O ponto de equilíbrio é também denominado de ponto de ruptura (break-even point)”. (PADOVEZE, 2010). Outro conceito essencial para esse fim é o da chamada margem de contribuição que, segundo Martins (2010) “é a diferença entre o preço de venda e o custo variável de cada produto; é o valor que cada unidade efetivamente traz à empresa de sobra entre a sua receita e o custo que de fato provocou e que pode lhe ser imputado sem erro”. A análise gráfica do ponto de equilíbrio segundo Padoveze (2010), no eixo x será indicada os dados de volumes e no eixo y os dados de valor, colocar graficamente as retas de valor das vendas e as retas de custos fixos e variáveis. A figura 1, a seguir, demonstra graficamente o ponto de equilíbrio. Figura 1: Gráfico do Ponto de Equilíbrio Fonte: PADOVEZE (2010) III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção O gráfico do ponto de equilíbrio apresenta a intersecção da reta dos custos totais com a das vendas totais, demonstrando que no posicionamento abaixo do ponto a empresa encontrase a área de prejuízo e acima dele na área de lucro. Análises de conteúdo A partir dos dados informados aos pesquisadores por meio de pesquisa exploratória junto ao proprietário da empresa S.S,foi possível elaborar a tabela 2, a seguir. A revisão da literatura (MARTINS; ALT, 2011; MARTINS, 2010; PADOVEZE, 2010), disponibilizou as fórmulas de custos e do ponto de equilíbrio utilizada para tratar os dados obtidos da empresa com o posicionamento do tratamento interno e na horizontalização. A tabela 2, a seguir demonstra a estrutura de custos fixos, variáveis e a demanda atual para uma das etapas horizontalizadas pela empresa, bem como a previsão de acordo com o empreendedor, no caso de resolver tratar internamente essa etapa produtiva. Tabela 2: Estrutura de Custo TRATAMENTO INTERNO HORIZONTALIZADO Demanda (unid./mês) Custo Fixo (R$/mês) Custo Variável (R$/mês) Fonte: Os Autores. 12.000 12.000 2.400,00 1.600,00 0,60 0,64 Com os dados organizados o experimento aplicou a formulação do custo total, abaixo descrita, para identificar se a empresa está optando pela melhor estratégia de custos. Assim, verificar a viabilidade de continuar ou não com horizontalização. CT = CF + (CV x Q) CT = Custo total CF = Custo fixo CV = Custo variável por unidade Q= Quantidade Tabela 3: Comparação do Custo Total CF + (CV.q) = CT Tratamento Interno 2.400,00 + (0,60 . 12.000) = R$ 9.600,00 Tratamento Horizontalizado 1.600,00 + (0,64 . 12.000) = R$ 9.280,00 Tratamento Interno - Tratamento Horizontalizado = CT 9.600,00 - 9.280,00 = R$ 320,00 Fonte: Os Autores. A aplicação da fórmula do ponto de equilíbrio para encontrar o custo total na demanda atual do serviço horizontalizado evidenciou o custo total de R$ 320,00 (trezentos e vinte reais) mais barato do que resolver realizar o tratamento interno na empresa. Dessa forma, a empresa consegue realizar essa atividade com vantagem competitiva em custos internos. Zaccarelli (2002, p. 94) descreve que a vantagem competitiva de custos internos baixos resulta em aspectos de vantagens competitivas e torna a empresa mais resistente para enfrentar crises cíclicas de mercado, maior facilidade para conseguir outros tipos de vantagens competitivas e maior facilidade para crescer. Em seguida, a pesquisa utilizou a formulação para obter o ponto de ruptura entre os custos do tratamento interno e o tratamento horizontalizado e, assim, identificar o posicionamento III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção no qual os dois custos totais se encontram. A tabela 4, a seguir, demonstra o calculo do ponto de ruptura: Tabela 4: Ponto de Ruptura Tratamento Interno = Tratamento Horizontalizado CF+ (CV .q) = CF+ (CV .q) 2.400,00 + 0,60q = 1.600 + 0,64q 2.400,00 - 1.600,00 = 0,64q - 0,60q 800 = 0,04q q = 800 / 0,04 q = 20.000 unidades Fonte: Os Autores De acordo com os resultados obtidos na tabela 4, acima apresentada, foi possível identificar o ponto de ruptura através dos cálculos que resultaram em 20.000 unidades. Assim, entende-se que o tratamento horizontalizado no caso estudado é vantajoso até uma demanda de 20.000 unidades e a partir deste ponto de ruptura o tratamento interno passa a ser mais vantajoso. A partir dos cálculos foi elaborada a régua de ruptura para demonstrar aos leigos do assunto o posicionamento estratégico da horizontalização do processo produtivo da empresa para a demanda de 12.000 unidades. Fica evidenciado o ponto de ruptura para 20.000 unidades e, como a empresa encontra-se com uma demanda distante do ponto, não se vislumbra a necessidade de mudanças de posicionamento para o tratamento horizontalizado. Figura 2: Régua de Ruptura Fonte: Os Autores. Conclusões Constatou-se que a horizontalização pode ser utilizada como ferramenta para conseguir vantagem competitiva de custos internos baixos, o que contribui com a empresa dando-lhe condições de concorrer no mercado e conforme encontrado na literatura torna a empresa mais resistente para enfrentar crises cíclicas de mercado. (ZACCARELLI, 2002). As variações e mudanças do setor calçadista da cidade de Jaú, o seu crescimento é de grande relevância para o município, a competitividade sempre está presente no mercado, diante disso nosso presente estudo demonstra a aplicação do ponto de ruptura em na etapa produtiva de uma empresa calçadista e pode ser utilizada como modelo para outras empresas e outras etapas produtivas do setor calçadista. III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção O estudo verificou em seu experimento que o posicionamento estratégico na opção de horizontalização está resultando em vantagem competitiva na redução de custos internos se comparado com o tratamento interno. Observaram-se ainda vantagens de flexibilidade, qualidade e agilidade na produção dos processos secundários e/ou terciários, o que permite a empresa ‘expertise’ dedicar seu tempo e tecnologia em seu processo principal. Desta forma, o estudo revelou que a horizontalização pode ser vantajosa para o setor calçadista, em especial, na cidade de Jaú, local onde foi realizada a pesquisa e que possui arranjos produtivos locais – APLs calçadista. A pesquisa apresenta a régua de ruptura em substituição ao gráfico de ruptura. A elaboração da régua de ruptura permite evidenciar com mais clareza que a demanda atual da empresa de 12.000 pares encontra-se no posicionamento estratégico do tratamento horizontalização. O ponto de ruptura é de 20.000 pares, o que evidencia que a demanda atual está distante desta marca e, assim, não há a necessidade de preocupar-se em mudar de posicionamento. Contudo, fica evidenciado que se a demanda passar dos 20.000 pares a empresa deverá mudar o posicionamento estratégico para tratamento interno, ou seja, investir em tecnologias para realizar a etapa da produção dentro da empresa. Como sugestão de pesquisa, o modelo elaborado neste artigo pode ser replicado em outros (as) polos produtivos, indústrias, etapas produtivas. O resultado alcançado neste trabalho poderá servir para confrontar com a realidade de outras indústrias, inclusive em lugares onde os APLS não possuam as mesmas características da cidade de Jaú-SP. Referências Bibliográficas ABICALÇADOS. Cartilha Estatística. 2012. Disponível em: <http://www.abicalcados.com. br/estatisticas.html>. Acesso em: 14 abr. 2013. ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Fundamentos da administração financeira. São Paulo: Atlas, 2010. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. FRASSON, T. F. B. Crise no setor calçadista afeta economia jauense. [2012]. Disponível em: <http://www.uniara.com.br/ageuniara/artigos.asp?Artigo=5869&Titulo=Crise_no_setor _calcadista_afeta_economia_jauense>. Acesso em: 14 abr. 2013. IBGE. Censo demográfico 2010. 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