14 ABR, 22h00 Auditório de Serralves “POROROCA” LIA RODRIGUES (dança) Criação de Lia Rodrigues em colaboração com os intérpretes Amália Lima, Allyson Amaral, Ana Paula Kamozaki, Leonardo Nunes, Clarissa Rego, Carolina Campos, Thais Galliac, Volmir Cordeiro, Priscilla Maia, Calixto Neto, Lidia Larangeira Participação na criação: Jamil Cardoso, Gabriele Nascimento, Jeane de Lima, Luana Bezerra Assistente de coreografia: Jamil Cardoso Dramaturgia: Silvia Soter Figurinos: João Saldanha, Marcelo Braga Desenho de luz: Nicolas Boudier Ano: 2009 Co-produção: Théâtre Jean Vilar - Vitry-sur-Seine/França, Théâtre de la Ville - Paris/França, Festival d’ Automne de Paris/França, Centre National de Danse Contemporaine d’Angers/França e Kunstenfestivaldesarts - Bruxelas/Bélgica Apoio: ONDA/França e Espaço SESC - Rio de Janeiro (local de ensaio) “Como sobreviver no caos, como encontrar um ponto de equilíbrio na instabilidade?””Como é que os actos de um indivíduo podem ter consequências no seio do grupo?” “Fazer arte hoje é estar continuamente em estaleiro”, explica a coreógrafa Lia Rodrigues. A afirmação desta personalidade marcante da dança no Brasil é ilustrada com a implantação da sua companhia no coração da favela Nova Holanda (Maré, Rio de Janeiro) e no longo e empenhado envolvimento na criação de um centro de arte em colaboração com a associação de trabalho social Redes de Desenvolvimento da Maré. Lia Rodrigues entende a criação como um processo global onde se inclui a formação, a sensibilização e a crítica e como uma actividade consagrada no estudo das relações sociais aos níveis colectivo e singular. A nova peça parte desta experiência. É o encontro e a articulação entre os onze bailarinos que desenham a nova criação, uma partição coreográfica de “corpos-intrumentos” inventada com o colectivo de intérpretes e acente na orquestração das múltiplas identidades aqui reunidas. “Pororoca” significa “explosão” em língua índia Tupi e refere-se ao fenómeno natural que se produz quando uma vaga do oceano remonta o rio da Amazonia e o confronta em contracorrente. “A força vital reconhecida neste fénomeno é evocada no espectáculo e na representação do viver em comunidade, com as suas semelhanças, com as suas diferenças, uns com os outros, uns para os outros… são estas combinações, estas variações à volta do grupo que tentamos desenvolver” Nascida no Brasil, Lia Rodrigues, depois de uma formação em ballet clássico em São Paulo, funda em 1977 o Grupo Andança. Entre 1980 e 1982, faz parte da companhia de Maguy Marin. De retorno ao Brasil, instala-se no Rio de Janeiro onde funda em 1990 a sua companhia, Lia Rodrigues companhia de danças. As suas coreografias recebem numerosos prémios no Brasil e no estrangeiro. Para além de criadora dos seus espectáculos, Lia Rodrigues foi também programadora cultural: funda o Festival Anual de Dança Contemporânea Panorama Rioarte de Dança, que dirige até 2005. Lia Rodrigues instalou a sua Companhia numa Favela de Maré em parceria com Redes onde desenvolve o seu projecto artístico “Résidence Resistance”. Neste espaço cria “Incarnat” (2005), a que se seguiram duas encomendas: “Contre ceux qui ont le goût difficile” de Jean de la Fontaine para a La Petite Fabrique (2005) e ,“Hymnen”, peça colectiva com Didier Deschamps e Gérard Fromanger e com música de Karl Stockhausen, para o Centre Chorégraphique National Ballet de Lorraine de Nancy (2007). Lia Rodrigues não cessa de interrogar na sua actividade a vida quotidiana das favelas do Brasil onde ela enraíza as criações coreográficas. Estimular a reflexão, proporcionar espaços de debate, gerar encontros intelectuais e afectivos e apoiar na formação e informação de novos públicos são acções propostas pela Companhia residente à comunidade. É neste território que Lia apoia os fundamentos das suas peças e do seu trabalho, criando e improvisando novas condições de sobrevivência num país desfeito pelas violências e desigualdades sociais. http://www.liarodrigues.com/