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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
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ÁGUA, UM RECURSO NATURAL
DO
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EN
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EG
ID
O
INDISPENSÁVEL À VIDA
Por: Alcidina Cordeiro Vasco de Oliveira Nogueira
Orientadora: Profa. M. Sc. Mariana de Castro Moreira
Divinópolis de Goiás – GO
2010
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
ÀGUA, UMA RECURSO NATURAL
INDISPENSÁVEL À VIDA
Apresentação
Programa
Universidade
de
de
monografia
ao
Pós-graduação
da
Cândido
Mendes,
como
requisito parcial para obtenção do Grau
de especialista em Educação Ambiental.
Por: Alcidina C. Vasco de O. Nogueira.
Divinópolis de Goiás – GO
2010
2
DEDICATÓRIA
À minha família, ao meu esposo Dimas e aos meus filhos: Daniel e
Déborah, pela compreensão da minha ausência.
À minha irmã Rubinalda, pelo incentivo que me foi dado.
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço, em primeiro lugar a Deus, por ser a razão principal do meu
viver. Em segundo lugar a Diana que, através de telefonemas resolvia meus
problemas de materiais do próprio Curso.
Recebam os meus sinceros agradecimentos.
4
“Penetra o tempo a água em movimento
desde os mananciais subterrâneos às
nuvens inclinadas pelo vento. Nos longos
céus de esperas e de enganos, a água
da memória vara o tempo em minutos, em
meses, em mil anos. E permanece
intemporal o rio, lançando ao tempo o
eterno desafio”.
Luciano Maia
5
RESUMO
O tema deste trabalho é Água, um recurso natural indispensável à vida, e
tem como objetivo compreender que a água é um recurso natural de valor
econômico, estratégico e social, essencial à existência e bem-estar do homem e à
manutenção do meio ambiente e principalmente que apesar de ser um recurso
natural renovável, devemos economizar e reutilizar, pois é indispensável à vida. Tem
em pauta os seguintes capítulos: “Ciclo Hidrográfico; A distribuição da água no Brasil
e no mundo”, que destaca os potenciais de água doce dos continentes e que
embora a Terra tenha sua área predominantemente ocupada por água, a maior
parcela deste volume é de água salgada e uma mínima parte de água doce. “O
consumo e a qualidade da água” é o capítulo seguinte, que salienta o consumo
doméstico e o consumo industrial, além dos tipos básicos de impurezas presentes
nas águas, prejudicando assim, a qualidade exigida. No terceiro capítulo: “O reuso
da água”, a tecnologia sustentável vem como uma técnica para auxiliar e mostrar o
reuso da água como opção inteligente de economia. Finaliza-se este trabalho com
uma análise dos dados dos questionários respondidos pelos professores do Colégio
Estadual Germana Gomes além de sugestões de como reutilizar a água.
6
METODOLOGIA
O estudo a que se refere o tema será realizado a partir de levantamentos
feitos no Colégio Estadual Germana Gomes, escola que trabalha com 650 alunos de
Ensino Fundamental e Médio, localizada no interior do estado de Goiás, com 30
professores respondendo a perguntas que envolvem a prática da economia e do
reuso da água em seu trabalho e também em suas vidas conforme segue
questionário
em
anexo.
Com
esses
mesmos
profissionais
foram
feitos
questionamentos do tipo: Se costumam observar o consumo de água e o valor da
conta paga por esse consumo em um determinado período; se possuem o hábito de
armazenar a água da chuva para utilização na limpeza da casa; se têm consciência
que a água própria para consumo pode acabar um dia; se consideram a água um
bem indispensável à vida; se conhecem algum tipo de doença causada pela água
não tratada, entre outras. Às respostas desses professores foram analisadas e
serviram como base para fundamentar o presente trabalho.
Será realizado, também, através de pesquisas em revistas, na internet e
na biblioteca da cidade de Divinópolis de Goiás, através da leitura de livros de
autores que abordam o tema, tais como: Carlos Minc, Dirceu D’Alkimim Telles,
Regina Helena P. G. Costa e muitos outros.
Entre as referências serão lidas também as revistas: Mundo Jovem, Carta
na Escola, Horizonte Geográfico e Veja. A leitura dessas referências e as respostas
dos professores aos questionários, darão suporte para uma análise do envolvimento
e do compromisso de todos com os problemas ambientais, principalmente no que se
refere a água e as técnicas de uso e reuso da mesma.
Para finalizar faremos a coletânea de algumas atividades que
demonstrarão como cada um poderá fazer a sua parte no sentido de ajudar a manter
o planeta vivo.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 09
CAPÍTULO I – CICLO HIDROLÓGICO: A DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO BRASIL E
NO MUNDO. ............................................................................................................. 11
1.1 – A distribuição da água no Mundo........................................................... 12
1.2 - A distribuição da água no Brasil ............................................................. 14
CAPÍTULO II – CONSUMO E QUALIDADE DE ÁGUA ............................................. 17
2.1 – Consumo doméstico e consumo industrial ............................................ 19
2.2 – As impurezas presentes nas águas ....................................................... 21
2.3 – O reuso da água, uma tecnologia sustentável........................................24
2.4 – O reuso como opção inteligente, necessidades e aplicação..................26
CAPÍTULO III – RECURSOS HIDRICOS: ESCASSEZ, PRESERVAÇÃO E A
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA....................................................................30
3.1 – A escassez de água potável no futuro. .................................................. 30
3.2 – Reutilizar para economizar e preservar ................................................. 34
3.3 – Análise de dados....................................................................................37
3.4 – Sugestões de atividades ........................................................................39
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................45
ANEXO ...................................................................................................................... 47
Anexo A – Questionário do Professor ....................................................................... 48
8
INTRODUÇÃO
A água é uma substância vital presente na natureza, e constitui parte
importante de todas as matérias do ambiente natural.
A disponibilidade da água define a estrutura e funções de um ambiente
responsável pela sobrevivência de plantas e animais assim como todas as
substâncias em circulação no meio celular que constituem o ser vivo. Portanto, a
água é imprescindível como recurso natural renovável, sendo de suma importância
para o desenvolvimento dos ecossistemas, e por conseqüência, considerada um
fator vital para toda a população terrestre.
O nosso planeta é chamado de “Planeta água”, pois em sua maior
extensão ele é constituído por este fluído. Apresentando-se em vários estados
físicos, possibilita movimentos constantes de renovação, caracterizando a forma
mais inteligente de reposição contínua: O Ciclo Hidrológico.
O propósito do presente estudo é analisar alternativas de economia e
reuso da água. Verifica-se que embora a Terra tenha sua área predominantemente
ocupada por água, a maior parcela deste volume é de água salgada e uma mínima
parte de água doce. Os mananciais mais acessíveis utilizados para as atividades
sociais e econômicas da humanidade são os volumes de água estocados nos rios e
lagos de água doce, que somam apenas cerca de 200 mil km³. Estatisticamente é
possível que este volume se esgote em 30 ou 40 anos, considerando o seu uso por
uma população mundial de 5 a 6 bilhões de habitantes. Também tem a finalidade de
compreender as dificuldades dos professores do Colégio Estadual Germana Gomes
em Divinópolis de Goiás no uso de metodologias que promovam a valorização e
compreensão de que a água é um recurso natural indispensável à vida.
Surgido da necessidade de verificar a inserção e o compromisso dos
professores do Colégio Estadual Germana Gomes nesse novo contexto, pois cada
vez mais tornam-se maiores as exigências da sociedade em relação à realização de
esforços na utilização de métodos sustentáveis, afinal todos dependem do meio
ambiente e conseqüentemente dos recursos hídricos.
9
Para isso, foi realizado um levantamento bibliográfico incluindo obras de
autores especializados no tema, pesquisas na biblioteca municipal e do colégio e na
Internet, além de revistas que se referem ao assunto abordado.
O presente trabalho divide-se em três capítulos: o primeiro apresenta de
forma sucinta o ciclo hidrológico e a distribuição de água no Brasil e no mundo; o
segundo ressalta o consumo doméstico e o consumo industrial da água citando
exemplos da relação atividade, tempo e consumo, além de fazer uma análise das
impurezas presentes nas águas e as conseqüências disso e o reuso como uma
opção inteligente; finalmente o terceiro capítulo faz uma analise dos dados
ressaltando as idéias dos professores pesquisados e trás propostas de atividades
que podem contribuir na economia e preservação dos recursos hídricos.
10
CAPITULO I
CICLO HIDROLOGICO: A DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO BRASIL E
NO MUNDO
A água é uma substância presente na natureza, e constitui parte
importante de todas as matérias do ambiente natural ou antrópicos.
A caracterização dos diversos ambientes decorre das variações
climáticas, geográficas e pluviométricas que determinarão a presença de água em
maior ou menos quantidade durante um ciclo. Formando ou regenerando oceanos,
rios, desertos e florestas, a água está diretamente ligada à identidade dos ambientes
e paisagens.
A disponibilidade da água define a estrutura e funções de um ambiente
responsável pela sobrevivência de plantas e animais assim como todas as
substâncias em circulação no meio celular que constituem o ser vivo. Encontra-se
em solução aquosa: desde os elementos minerais que, procedentes do solo,
percorrem as raízes e caule em direção às folhas, para a elaboração dos alimentos
orgânicos, te a passagem dos alimentos elaborados, das mais variadas
composições químicas, de uma para outra célula de um para outro tecido, vegetal ou
animal, no abastecimento de matéria e energia indispensáveis às funções vitais de
nutrição, reprodução e proteção do organismo (Branco 1999). Sobre esse assunto
Regina Helena P. G. Costa conclui que:
A água é imprescindível como recurso natural
renovável, sendo de suma importância para o
desenvolvimento
dos
ecossistemas,
e
por
conseqüência, considerada um fator vital para
toda a população terrestre. Desta forma, ela
possui
um
valor
econômico
que
reflete
diretamente nas condições socioeconômicas das
diversas populações mundiais.
(Costa, 2007 p.2)
11
Por ser um fluido vital para todos os seres vivos, é essencial para
consumo humano e para o desenvolvimento de atividades industriais e
agropecuários, caracterizando-se desta forma como bem de importância global,
responsável por aspectos ambientais, financeiros, econômicos, sociais e de
mercado.
É através da transformação de seus estados físicos que a água se recicla
na natureza sob forma líquida ou sólida. Pelas condições climáticas, geográficas e
meteorológicas apresenta-se em vapor, neblina, chuva ou neve, atingindo as
superfícies dos oceanos, mares, continentes ou ilhas, justificando-se desta forma
como um recurso renovável e móvel, de caráter aleatório, de forma a manter
constante o seu volume no planeta.
Todo esse processo ecológico favorece o perfeito equilíbrio do ciclo
hidrológico, alternando-se no espaço e no tempo.
Apresentando-se em vários estados físicos, possibilita movimentos
constantes de manifestação e renovação, caracterizando a forma mais inteligente de
reposição contínua: o “ciclo hidrológico”, mantido pela energia solar e pela atração
gravítica.
1.1 - A distribuição da água no Mundo
Considera-se que, atualmente, a quantidade total de água na Terra seja
de 1.386 milhões de km³, onde 97,5% do volume total formam os oceanos e os
mares e somente 2,5 constituem-se de água doce. Este volume tem permanecido
aproximadamente constante durante os últimos 500 milhões de anos. Vale ressaltar,
todavia, que as quantidades estocadas nos diferentes reservatórios individuais da
Terra variam substancialmente ao longo desse período. (Rebouças, 1999).
Verifica-se,
portanto,
que
embora
a
Terra
tenha
sua
área
predominantemente ocupada por água, a maior parcela deste volume é de água
doce. A grande dificuldade para o aproveitamento desta água é sua distribuição
geográfica, uma vez que a quantidade relativa à água doce, em sua maior
proporção, se encontra nas calotas polares e geleiras.
Os mananciais mais acessíveis utilizados para atividades sociais e
econômicas da humanidade são os volumes de água estocados nos rios e lagos de
água doce, que somam apenas cerca de 200 mil km³.
12
Isto vem chamando a atenção dos especialistas e estudiosos para a
“crise de água”, principalmente por que estatisticamente é possível que este volume
se esgote em 30 ou 40 anos, considerando o seu uso por uma população mundial
de 5 a 6 bilhões de habitante. (Rebouços, 1999).
Os maiores rios do mundo estão, total ou parcialmente, inseridos em
regiões úmidas.
Deve-se considerar que a ausência de condições geológica para a
formação de reservas hídricas é responsável pela dificuldade ou impedimento de
acesso à água nos períodos de estiagem. Para Costa:
A grande problemática de escassez da água
mundial está relacionada com a má distribuição de
recursos naturais no espaço em
relação à
concentração populacional, ou seja, o volume per
capita. Pois os reservatórios hídricos variam de
acordo com a condição geográfica, climática e
topográfica de cada lugar e a concentrações
populacionais, personalizam a condição hídrica de
cada região.
(Costa, 2007 p.3)
Observando a disponibilidade de água nos continentes em relação ao
percentual populacional, pode-se reparar a insuficiência ao continente asiático que
possui mais da metade da população mundial, com somente 36% dos recursos
hídricos mundiais (UNESCO, 2003).
Onze países da África e nove do Oriente Médio já não têm água. A
situação também é critica no México, Hungria, Índia, China, Tailândia e Estados
Unidos. Os países mais pobres em água possuem sua maior concentração
populacional próxima aos rios, estando estes localizados em zonas áridas ou
insulares da terra. Considera-se que menos de 1.000 m³ per capita/ano já
representam uma condição de “estresse da água” e que menos de 500 m³/hab. ano
já significa “escassez de água”.
O consumo de água também está diretamente ligado à condição
econômica da população, onde se observam níveis de variação ligados ao
13
desperdício por falta de instituição (classe baixa) ou por descaso provocado pelo seu
baixo valor monetário (classe alta).
A situação crítica deverá atingir 30 países no ano de 2025. Os problemas
políticos e sociais agravar-se-ão ainda mais pela falta de empenho dos governos na
busca do uso mais racional da água. A deficiência poderia ser minimizada mediante
o gerenciamento inteligente de recursos internos, incluindo-se a utilização dos
lençóis
subterrâneos,
o
reuso
e
a
adequação
nas
atividades
agrícolas
principalmente. (Rebouças, 1999).
1.2 - A distribuição de água no Brasil
O território brasileiro é considerado o quinto no mundo em extensão
territorial, possui uma área de 8.547.403 km³, ocupando 20,8% do território das
Américas e 47,7% da América do Sul (IBGE, 1996).
De acordo com dados de 2006, da Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatístico (IBGE), referente ao censo demográfico 2000, a população
brasileira totaliza 169.590.693 habitante, sendo previsto para o ano de 2006 o
número de 186.770.562 habitantes. Possui uma densidade demográfica média de
19,92 habitantes por km². A população urbana corresponde a 81,23% do total e a
rural perfaz 18,77%. O crescimento demográfico no ano de 2005/2006 foi de 1,40%.
A região coberta por água doce no interior do Brasil ocupa 55.457 km², o
que equivale a 1,66% da superfície do planeta. O clima úmido do país propicia uma
rede hidrográfica numerosa formada por rios de grande volume de água, todos
desaguando no mar. Com exceção das nascentes do rio Amazonas, que recebem
fluxos provenientes do derretimento das neves e de geleiras, a origem da água dos
rios brasileiros encontra-se nas chuvas. A maioria dos rios é perene, ou seja, não se
extingue no período de seca e apenas no sertão nordestino, região semi-árida,
existem rios temporários (www.mre.gov.br, 2001).
O Brasil se destaca no cenário mundial pela grande descarga de água
doce dos seus rios, cuja produção hídrica é de 177.900 m³/s. Quando somada aos
73.100 m³/s da Amazônia internacional, representa 53% da produção de água doce
do continente Sul-Americano (334.000 m³/s) e 12% do total mundial (1.488.000
m³/s).
14
São quatro as principais bacias hidrográficas brasileiras: Amazônica,
Prata ou Platina, São Francisco e Tocantins.
Mesmo possuindo grandes bacias hidrográficas, que totalizam cerca de
80% de nossa produção hídrica, cobrindo 72% do território brasileiro, o Brasil sofre
com escassez de água, devido à má distribuição da densidade populacional
dominante, que cresce exageradamente e concentra-se em áreas de pouca
disponibilidade hídrica.
As formas desordenadas de uso e ocupação de territórios, em geral,
agravam
os
efeitos
das
secas
ou
enchentes
atingindo
a
população
e
comprometendo suas atividades econômicas.
A ineficiente coleta e tratamento da água residual com o conseqüente
lançamento de esgotos não tratados nos corpos de água, a inapropriada destinação
dos resíduos sólidos, o desperdício, o falho sistema de drenagem, a grande poluição
atmosférica, a falta de conscientização ambiental da população, empresários e
governantes, enfim, os grandes impactos ambientais causados pela imprudência da
sociedade, refletem-se na degradação dos recursos hídricos. Para Costa:
Nos
grandes
centros
urbanos
soma-se
ao
problema da falta de água o padrão cultural da
população. É necessário um programa eficiente de
combate ao desperdício e à degradação da
qualidade, objetivando a conscientização definitiva
de que a água é um bem finito, vital e de grande
valor econômico competitivo no mercado global. A
necessidade de gerenciamento se faz presente à
medida que a demanda
cresce, e isso inclui
controle efetivo e educação ambiental extensivos a
toda
a
população,
inibição
do
crescimento
desordenado da demanda, assim com o controle
do auto-abastecimento das industrias e do uso
agrícola e também é necessário, e imprescindível,
um melhor desempenho político, de forma que os
poderes públicos, federal e estadual, promovam
uma
administração
eficaz
no
controle
e
fiscalização das condições de uso e proteção da
água e do solo.
(Costa, 2007, p.10)
15
Constata-se que, no Brasil, as dificuldades hídricas evidenciadas
decorrem dos problemas ambientais e sócio-culturais refletidos diretamente nas
condições inadequadas de uso e conservação dos recursos naturais, tanto na
captação de água quanto na ocupação do solo.
16
CAPITULO II
CONSUMO E QUALIDADE DA ÁGUA
Como recurso natural de valor econômico, estratégico e social, essencial
a existência e bem-estar do homem e à manutenção do meio ambiente, a água é um
bem, ao qual toda a humanidade tem direito.
Durante milênios a água foi considerada um recurso infinito. A
generosidade da natureza fazia crer em inesgotáveis mananciais, abundantes e
renováveis. Hoje, o mau uso, aliada à crescente demanda, vem preocupando
especialistas e autoridades no assunto, pelo evidente decréscimo das reservas de
água limpa em todo o planeta.
Além de satisfazer necessidades biológicas, ela serve ao meio ambiente,
à geração de energia, ao saneamento básico, agricultura, pecuária, industrial
navegação, agricultura, entre outros.
Conforme a intenção de uso, as características de qualidade da água
podem variar, sendo para isto, fixado um padrão mínimo relativo a sua aplicação.
O gerenciamento dos recursos hídricos de uma região, além do quesito
qualidade, é responsável pelo controle do volume de água direcionado a cada
objetivo, que varia de uma para outra atividade, com base nos conceitos de
sustentabilidade das tecnologias aplicadas em cada caso.
O consumo de água por atividade distingue três áreas, a agricultura,
considerada a mais dispendiosa, seguida pela indústria e finalizando com as
atividades urbano-domésticas.
Os incentivos culturais, econômicos e políticos, que têm apoiado a
aplicação de tecnologia sustentável, vêm proporcionando alterações significativas na
demanda de água nesses setores.
Antes de chegar às torneiras, a água percorre um longo processo de
captação, que compreende a retirada da água dos mananciais superficiais (rios,
lagos ou represas) e profundos (poços), para depois enviarem às estações de
tratamento de água e sua conseqüente distribuição.
17
Em cada área de aplicação, verificam-se alterações de qualidade e
quantidade da água. O consumo varia em função de fatores inerentes a cada
localidade, como clima, padrão de vida, hábitos, tecnologias aplicadas, culturas,
perdas etc. O uso agrícola é, de longe, o maior e também o que em crescido mais,
requerendo absoluto controle na outorga, assim como incentivos pra implantação de
tecnologias sustentáveis nos sistemas de irrigação. Para Costa:
Percebe-se a necessidade crescente de fontes
alternativas como garantia da condição sustentável
para as populações futuras. Segundo a Agência
Nacional das Águas (ANA, 2002), o desperdício de
água, como fator de grande relevância, urge por
providências.
Segundo
a
Companhia
de
Saneamento Básico de São Paulo (SABESP), as
perdas de água na rede de abastecimento chegam
a 24%. Este desperdício alcança números de 10
m³/s, o que representa o abastecimento de
aproximadamente 3 milhões de pessoas por dia.
(Costa, 2007, p. 16)
Destaca-se também a grande degradação da qualidade das águas.
A UNIÁGUA (2005) alerta: “mais de um sexto da população mundial,
18%, o que corresponde a 1,1 bilhões de pessoas, não tem abastecimento de água”.
A situação piora quando se fala em saneamento básico, que não faz parte da
realidade de 39% da humanidade, ou 2,4 bilhões de pessoas. Até 2050, quando 9,3
bilhões de pessoas devem habitar a Terra, 2 a 7 bilhões destas não terão acesso à
água de qualidade, seja em casa ou na comunidade. A confirmação ou não desses
números extremados depende das medidas adotadas pelos governos. Estes dados
fazem parte de relatório da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura), órgão responsável pelo Programa Mundial de
Avaliação Hídrica, como preparação para o 3º Fórum Mundial da Água, que
aconteceu em Kyoto, Japão, em março de 2003.
Os mananciais do planeta estão secando rapidamente, problema esse
que vai se somar ao crescimento populacional, à poluição e ao aquecimento global.
Doenças relacionadas à água estão entre as causas mais comuns de morte no
mundo e afetam especialmente países em desenvolvimento. Mais de 2,2 milhões de
18
pessoas morrem anualmente devido ao consumo de água contaminada e à falta de
saneamento, sendo mais afetadas as crianças com até cinco anos.
A UNESCO montou um ranking de 122 países comparando a qualidade
de seus mananciais. A Bélgica ficou em último lugar, atrás de países
subdesenvolvidos como a Índia e Ruanda. Isto por que a Bélgica possui escassos
lençóis freáticos, intensa poluição industrial e um precário sistema de tratamento de
resíduos. No topo da lista estão Finlândia, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido e
Japão.
O estudo também constatou disparidade quanto à disponibilidade de água
nos diversos países. Cada kwaitiano, por exemplo, tem à disposição apenas 10
metros cúbicos anualmente, já na Guiana Francesa, são 812.121 metros cúbicos per
capita.
Ainda de acordo com o relatório, os rios asiáticos são os mais poluídos do
mundo, e metade da população nos países pobres está exposta à água
contaminada por esgoto ou resíduos industriais.
2.1 – Consumo doméstico e consumo industrial
A qualidade da água destinada ao abastecimento público deve obedecer,
rigorosamente, às normas de portabilidade da regulamentação nacional.
Para o cálculo do consumo de água no sistema de abastecimento urbano
devem ser considerados: o sistema de fornecimento e cobrança, a qualidade da
água fornecida, o custo operacional, a pressão na rede distribuidora, a existência de
rede de esgoto e os tipos de aplicação.
O consumo nas atividades domésticas, no Brasil, a partir de dados
levantados em 1993, mostra à necessidade de programas educacionais e de
incentivo à pesquisa para a inibição dos abusos, racionalização do consumo
doméstico e combate às perdas do sistema. No Brasil gastam-se em média, 10 litros
de água por descarga, enquanto outros países como, por exemplo, os Estados
Unidos, modernas bacias sanitárias possuem válvulas que liberam somente 6 litros
por descarga.
Do consumo total de água doce, uma grande parcela é direcionada para
as indústrias, que em razão de suas diferentes atividades e tecnologias possuem
uma diversificada gama de usos, tais como matéria-prima, reagente, solvente,
19
lavagens de gases e sólidos, veículo, transmissão de calor, agente de resfriamento,
fonte de energia, entre outros.
A qualidade da água aplicada no setor industrial pode variar conforme
estudos de causas e efeitos da impureza nela contida e o custo benefício de cada
tipo de aplicação.
Uma indústria se abastece de água potável (usada em refeitórios,
banheiros e como matéria-prima) e de outras qualidades para o processo industrial,
o que determina quantidade e variedades diferentes de água para cada setor de
produção. Costa, ao escrever sobre o consumo industrial, ressalta que:
O grande volume de água gasta nos segmentos
industriais vem chamando a atenção da economia
mundial desta forma buscam-se opções para o
melhor controle da demanda nesta área, e esta
demanda varia de acordo com a exigência de cada
aplicação. O abastecimento é proveniente de
fontes diversas, tais como a água potável do
sistema de distribuição pública, água de poço
tubular ou profundo, água de chuva, reciclagem ou
reuso, água de rio ou córrego próximo, caminhãotanque,
além
do
uso
de
dispositivos
economizadores.
(Costa, 2007, p. 18)
Veja exemplos da relação atividade, tempo e consumo de água de
algumas atividades domésticas no Brasil:
Atividade
Tempo
Consumo
45l (casa)
Banho
15 min. (chuveiro)
144l (apartamento)
5 min. (chuveiro)
15l (casa)
48l (apartamento)
12l (casa)
Escovar os dentes
5 min (torneira aberta)
80l (apartamento)
Torneira fechada
0,5l (casa)
1,0l (apartamento)
20
Lavar louça
15 min.
117l (casa)
243l (apartamento)
Bacia sanitária
Válvula (6 seg.)
10l
Lavar roupa
15 min. (tanque)
Maquina 5 kg
279l
135l
Fonte: SABESP, 2006.
2.2 – As impurezas presentes nas águas
A água vive circulando entre três estados: gasoso, sólido e líquido, e pode
ser caracterizada por parâmetros como: dissolução, capacidade térmica, tensão
superficial, capilaridade, pH, capacidade-tampão, dureza, salinidade, turbidez, cor,
odor e sabor. A análise padrão de qualidade da água em laboratório considera 33
indivíduos físicos, químicos e microbiológicos. Nove compõe o Índice da Qualidade
das Águas (IQA): oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio (DQO),
coliformes fecais, temperatura, pH, nitrogênio total, fósforo total, sólidos totais e
turbidez. Para Miranda:
A água pode ser boa e péssima para a saúde.
Fonte de vida, a água é também fonte de morte.
As
águas
de
fontes
murmurantes,
límpidos
regatos, chuvas abençoadas e criadeiras são as
mesmas
das
tempestades,
trombas-d’água,
inundações, nevascas, maremotos e tsunamis.
Além das matanças em enchentes, afogamentos e
naufrágios, grandes números de doenças chega
aos humanos por ingestão de água contaminada:
cólera, disenteria amebiana, disenteria bacilar,
febre tifóide, gastrenterite, giardíase, hepatite
infecciosa,
salmonelose.
lepstopriose,
Muitas
paralisia
doenças
infantil,
chegam
pelo
simples contato com água contaminada: escabiose
(doença parasitária cutânea conhecida como
sarna), tracoma (mais freqüentes em zonas rurais),
verminoses. Outras doenças, ainda, têm na água
um estágio do ciclo de vida de sues vetores, como
21
esquistossomose, dengue, febre amarela, filariose
e malária.
Miranda (2008, p. 32)
Segundo a ONU, mais de 1,1 bilhões de pessoas não têm acesso à água
potável e 2,6 bilhões de cidadãos estão privados de saneamento básico. Em
conseqüência, 34 mil pessoas, entre as quais 4,5 mil crianças, morrem diariamente
de doenças ligadas à falta de água de qualidade. Cerca de 20% dos brasileiros não
têm acesso à água potável e 40% da água de torneira não é confiável. Para a
Associação Articulação no Semi-Árido, parceira da organização humanitária
espanhola Oxfam na promoção de um programa de implantação de 1 milhão de
cisternas no Nordeste brasileiro, cerca de 5 milhões de pessoas não têm acesso à
água potável na região. Essa é uma das causas da morte de milhares de crianças
por doenças.
Por várias razões, nem a água tratada é tão confiável: os sistemas de
tratamento são incapazes de eliminar totalmente uma série de poluentes químicos
como derivados de petróleo, pesticidas, nitritos etc. Nem sempre eles são operados
dentro das normas e recebem a manutenção adequada. No trajeto até as caixasd’água podem ocorrer contaminações e os reservatórios, principalmente os
domésticos, nem sempre oferecem condições adequadas para a conservação da
água.
A água, considerada um dos melhores solventes existentes, nunca é
encontrada em estado de absoluta pureza. Possui uma extraordinária capacidade de
dissolução e transporte das mais variadas formas de matérias, em solução ou em
suspensão, representando, desta forma, um veículo para os mais variados tipos de
impurezas.
As características da água derivam dos ambientes naturais e
antrópicos onde se origina, percola ou fica estocada.
A água sofre alterações naturais do ciclo hidrológico, assim como
manifesta características alteradas pelas ações diretas do homem. As impurezas da
água podem estar nas formas dissolvida ou em suspensão. A água possui cinco
tipos básicos de contaminantes naturais: sólidos em suspensão (silte, ferro
precipitado, colóides, etc.), sais dissolvidos (contaminantes iônicos tais como o
sódio, cálcio, sulfato etc.), materiais orgânicos dissolvidos (trihalometanos, ácidos
22
húmicos e outros contaminantes não iônicos), microorganismos (bactérias, vírus,
cistos de protozoários, algas, fungos, etc.).
A presença da impureza é avaliada de acordo com sua característica,
sendo ela dividida em três tipos de analises: físicas, biológicas e químicas.
Características físicas: relativas aos sólidos presentes na água.
Comumente são tidas como de menor importância, uma vez que envolve aspectos
de ordem estética e subjetiva, como cor, sabor, turbidez, odor e temperatura. Por
causar repugnância, levam à preferência pela água de melhor aparência, que pode
inclusive ser de pior qualidade.
Características biológicas: referem-se à parte viva da água analisada
através da microbiologia, que revela a presença dos reinos animal, vegetal e
protista, compreendendo organismos como bactérias, algas, fungos, protozoários,
vírus e helmintos. Os parâmetros estabelecidos pelas análises biológicas condizem
com os interesses da Engenharia Sanitária e Ambiental e visa principalmente ao
controle de transmissão de doenças.
Características químicas: refere-se às substâncias dissolvidas que podem
causar alterações nos valores dos parâmetros: pH, alcalinidade, acidez, dureza,
ferro e manganês, cloretos, nitrogênio, fósforo, oxigênio dissolvido, matéria orgânica
e inorgânica.
Os estudiosos destacam que os principais impactos nos ecossistemas
aquáticos no Brasil provêm do desmatamento, da mineração, dos despejos de
material residual e que o aumento da toxicidade provém dos usos de pesticidas,
herbicidas, poluição atmosférica e também, em algumas regiões, da chuva ácida.
De acordo com Costa (2007): “os principais problemas de impurezas
(poluição) da água a serem ainda resolvidos em nosso país são os patogênicos, o
consumo de oxigênio dissolvido, e os nutrientes”.
A impureza é avaliada de acordo com os danos que pode causar,
podendo ser considerada como impureza comum, ou impureza de características
particulares.
A impureza comum está relacionada à natureza, à ocasião de
incorporação e aos seus principais efeitos. Miranda (2008) ressalta:
23
Ao visitar uma estação de tratamento de água,
além de conhecer o processo físico-químico de
purificação, cabe interrogar em quais ocasiões e
por que é suspensa a captação de água dos rios,
bem como, qual é o destino dos resíduos retirados
da água pelo tratamento. São oportunidades
educativas para se penetrar na sustentabilidade do
abastecimento de água e nos seus impactos sobre
o meio ambiente e a saúde da população.
Miranda (2008, p. 33)
2.3 - O REUSO DA ÁGUA: UMA TECNOLOGIA SUSTENTÁVEL
Toda e qualquer técnica aplicada estará sempre condicionada à relação
custo x benefício. A tecnologia ambiental ultrapassa este conceito e ratifica a
vivência sustentável como o único caminho de continuidade do desenvolvimento
humano, ou seja, de uma forma ou de outra. O próprio meio ambiente manifestará, e
já está manifestando, uma renovada condição de subsistência de qualquer atividade.
A conscientização ocorre em escalas múltiplas e a realização ainda é tímida e
limitada a contextos políticos, culturais, sociais, geográficos e econômicos. Para
Costa (2007):
“A técnica do reuso da água não foge à regra.
Embora ela seja, cada vez mais, reconhecida
como uma das opções mais inteligentes para a
racionalização dos recursos hídricos, dependem
da aceitação popular, aprovação mercadológica e
vontade política para se efetivar como tecnologia
sistemática”.
(Costa 2007, p 93)
Todavia, a expansão do reuso é uma realidade. Em suas várias formas de
aplicação revela-se uma técnica segura e confiável, atraindo investimentos que
tendem a ser cada vez menor e que, por isso mesmo, incentivam uma prática cada
vez mais acessível. Costa ressalta ainda que:
24
O Brasil caminha lentamente na direção da
sustentabilidade
já
adotada
mundialmente,
principalmente no que se refere ao uso inteligente
da água, ao controle ambiental e conseqüentes
vantagens sócio-econômicas. Neste quadro, é
requisito básico a coerência dos paradigmas
burocráticos, agilidade da política institucional e
integração nas organizações públicas e privadas,
em empenho conjunto ao setor educacional, numa
ampla ação que vai se refletir na conduta de cada
indivíduo
e
conseqüente
adequação
mercadológica.
Costa (2007, pg. 93)
Pode-se entender o reuso como o aproveitamento do efluente após
uma extensão de seu tratamento, com ou sem investimentos adicionais. Nem todo o
volume de esgoto gerado precisa ser tratado para ser reutilizado, porém existem
casos em que estes efluentes exigem um processo bastante específico de
purificação. Essas especificações devem sempre respeitar o principio de adequação
da qualidade da água à sua utilização, devendo-se sempre observar uma série de
providências e cuidados, bem como atender as instruções da norma ABNT
13969/97.
No Brasil a lei nº 9433 de 8 de janeiro de 1997, em seu capítulo II,
Artigo 20, Inciso I, determina, entre os objetivos da Política Nacional de Recursos
Hídricos, “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de
água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”. Salati comenta:
Os Planos Diretores de Recursos Hídricos de
bacias hidrográficas – em levantamento realizado
sobre as diversas bacias hidrográficas brasileiras –
apontam os problemas de saneamento básico,
coleta e tratamento de esgoto e fazem proposta
para a implementação de saneamento básico.
Entretanto ainda não existe um incentivo para
atividades de reuso da água, utilizando efluentes
pós-tratados. Isso se deve, talvez, ao relativo
25
desconhecimento dessa tecnologia e por motivos
de ordem sócio-cultural.
Salati (1999, p. 41)
Mesmo considerando que já existem atividades de reuso de água com
fins agrícolas em certas regiões do Brasil, as quais são exercidas de maneira
informal e sem as salvaguardas ambientais e de saúde pública adequadas, torna-se
necessário institucionalizar, regulamentar e promover o setor através da criação de
estruturas de gestão, preparação de legislação, disseminação de informação, e do
desenvolvimento de tecnologias compatíveis com as condições técnicas, culturais e
sócio-econônicos do país. É nesse sentido que a Superintendência dede Cobrança e
Conservação (SCC) da Agência Nacional das Águas inova ao pretender iniciar
processos de gestão a fim de fomentar e difundir as tecnologias de reuso e ao
investigar formas de se estabelecer bases políticas, legais e institucionais para o
reuso de água.
2.4 - O reuso como opção inteligente, necessidades e aplicações.
Sendo o reuso da água considerando uma opção inteligente no mercado
mundial, a necessidade de aplicação dessa tecnologia, está no próprio conceito de
sustentabilidade dos recursos ambientais.
Se o critério de qualidade da água está diretamente relacionado à sua
finalidade, para a água de reuso adota-se o mesmo princípio.
Os
crescimentos
populacionais,
associados
aos
processos
de
degradação da qualidade a água, vem acarretando sérios problemas de escassez,
quantitativa ou que tendem a exigir, cada vez mais, enormes esforços para reduzir o
déficit crônico de abastecimento de água e o esgotamento sanitário adequado. Isso
despertou uma preocupação mundial, e conseqüentemente o valor econômico da
água adquiriu uma importância crescente como fator competitivo do mercado
internacional.
Sedo o Brasil um país tropical úmido, possuidor da maior descarga de
água doce distribuída numa rede hidrográfica, superficial e subterrânea, a
abundância desta água doce é um importantíssimo suporte ao desenvolvimento de
26
um dos maiores potenciais de biodiversidade da terra e produção de biomassa,
natural ou cultivada.
Desta maneira, as características potenciais de água doce brasileira
devem ser vistos como um capital ecológico de inestimável importância e como um
fator competitivo fundamental ao desenvolvimento sócio-econômico sustentado.
Assim as alternativas de uso integrado e conservação das águas, tanto em termos
quantitativos como qualitativos, como de manutenção dos ecossistemas naturais são
as mais promissoras.
Efetivamente, o que falta no Brasil não é água, mas determinado padrão
cultural que agregue ética e melhor desempenho dos governos, da sociedade
organizada, das ações públicas e privada, promotora o desenvolvimento econômico
em geral, e da água doce em particular. Segundo Salati:
Em um futuro próximo serão imprescindíveis
novos projetos, elaborados e administrados na
perspectiva da sustentabilidade econômica social
e ambiental, para atender a demanda de água,
buscando novas fontes que propiciem
mais
eficiente.
Nesse
contexto,
seu uso
apresentam
algumas tecnologias para disponibilizar água com
o desenvolvimento sustentável, onde uma delas se
destaca, qu é a aplicação a tecnologia do reuso de
água para finalidades especificas.
(SALATI, 1999 p.43)
As técnicas de tratamento d fluente já existem e podem ser praticadas de
acordo com a necessidade, o custo e o objetivo que se deseja alcançar.
Nas regiões áridas e semi-áridas, a água é um fator limitante para o
desenvolvimento urbano, industrial e agrícola, sendo necessário a busca de novas
fontes de recursos, para complementar a pequena oferta hídrica ainda disponível.
Em muitas regiões há recursos hídricos abundantes, mas insuficientes para atender
as demandas excessivamente elevadas, então, o reuso da água para fins não
potáveis compensa a dificuldade de atendimento da demanda da água e substitui
mananciais próximos e de qualidade adequada. Com a política do reuso,
importantes volumes de água potável são poupados, usando-se a água de qualidade
inferior, para atendimento de finalidades que podem prescindir da potabilidade. O
27
reuso mostra-se então, como a alternativa mais plausível para satisfazer as
demandas meio restritivas, reservado a água de melhor qualidade para usos mais
nobres, como o abastecimento doméstico, e a água com qualidade inferior, tais
como esgoto de origem doméstica, água de drenagem agrícola e água salobra,
devem, sempre que possível, ser considerada como fonte alternativa para usos
menos restritivos.
A demanda crescente da água tem feito do reuso planejado um tema
atual e de grande importância. Nascimento ressalta.
Com o tratamento da água o efluente final atende
as especificações necessárias para o reuso,
ficando, desta forma mais do que comprovado que
tratar água para reuso, promove não só economia,
mas evita agressões ao meio ambiente, e como
conseqüência um desenvolvimento sustentável.
Nascimento (2007, p.243)
Em seu ciclo hidrológico a água se renova através de sistemas naturais
como um recurso limpo e seguro. Entretanto quando poluída, pode ser tratada e
readquirir seus benefícios diversos. A qualidade da água utilizada e seu objetivo
especificam de reuso estabelecem os níveis de tratamento recomendados, os
critérios de segurança a serem adotados e os custos de operação e manutenção
associados.
A
tecnologia
do
reuso
pode
ser
entendida
como
uma
forma
reaproveitamento da água servida que abrange desde a simples reavaliação de
água de enxágüe da máquina de lavar roupas, com ou sem tratamento aos vasos
sanitários, até uma renovação em alto nível de poluentes para lavagem de carros,
regas de jardins ou outras aplicações mais específicas, podendo se estender para
além do limite do sistema local e suprir a demanda industrial ou outra demanda da
área próxima.
Há uma forte tendência de implantação do sistema
de reuso no Brasil, pois se pode verificar que a
poluição já toma conta de nossos rios e córregos e
que também há uma escassez de água potável
iminente. Portanto a solução é o uso sustentável
28
deste recurso através de uma gestão hídrica
sustentável.
Nascimento (2007, P.255)
29
CAPÍTULO III
RECURSOS HÍDRICOS: ESCASSEZ , PRESERVAÇÃO E A
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA
A água é um recurso natural essencial à vida e deve ser preservada. O
Brasil é um País com alta taxa de água doce corrente, mas, mesmo assim, devido
ao desperdício, à contaminação e ao aumento da população, chegará também à
escassez. Esse é um problema mundial. Para Carlos Minc (2005, p.62):
A água doce e potável é um recurso cada vez mais
raro e caro, por causa do assoreamento (diminuição
da profundidade e do volume de águas) e da
contaminação dos rios. Os ambientalistas defendem
a gestão integrada e democrática e o uso múltiplo
dos recursos hídricos. O uso da água para
abastecimento, para irrigação, para navegação e
para geração de energia elétrica tem de ser
compatibilizado e a sua qualidade garantida.
MINC (2005, p.62).
3.1 – A escassez de água potável no futuro.
Para muitos especialistas uma coisa é certa: a água está destinada a ser
um dos grandes problemas do século XXI. Se houver guerras, dizem eles, boa parte
delas será pela posse de áreas onde exista água potável. Segundo dados fornecidos
pelo V Fórum Social Mundial, entre 26 e 31 de Janeiro de 2005 em Porto Alegre, em
20 anos o número de pessoas sem acesso à água potável pode dobrar. Em
números globais, passará de 1,5 bilhão para 3 bilhões o total de pessoas
30
precariamente servida. Atualmente, 30 mil pessoas morrem por ano de doenças
causadas por água insalubre.
A água doce é o elemento mais precioso para a vida no planeta. Ela é
essencial para satisfazer as necessidades básicas dos seres vivos, inclusive os
seres humanos, tais como a saúde, a produção de alimentos, a geração de energia
e a manutenção dos ecossistemas regionais e mundiais.
A constatação de que a água cobre cerca de 70% da superfície terrestre
gera uma falsa idéia de que há riqueza ilimitada deste recurso. No entanto, somente
uma pequena parte de toda essa água é doce, cerca de 3%, sendo que 2% estão
nas calotas polares ou são águas salobras. Desta forma, sobra apenas 1% de água
que pode ser consumida pela humanidade. O Brasil detém 5,3% da água doce da
América do Sul e 12% da água doce do mundo.
A água não vai acabar. Mas o risco de racionamento e degradação é real
e a escassez dos recursos hídricos já é fato, no mundo todo, e diante do fato de que
não existe tanta abundância de água quanto se pensa, registra-se uma
desigualdade na distribuição deste recurso pelo mundo. Essa desigualdade ocorre
na maioria das vezes por questões geográficas, mas por vezes, em razões de
condições climáticas desfavoráveis naturais ou de fenômenos climáticos provocados
por questões ambientais. Além disso, há um desperdício de grande parte da água
destinada à imigração e ao abastecimento.
A água é um bem fundamental para nossa saúde, uma vez que o corpo
humano é composto de 70% dela, não tratada ou poluída, entretanto, pode significar
problemas graves para a saúde. Martinez (2006, p.25) ressalta que:
É comum ouvirmos comparações entre a presença de
água no planeta e no corpo humano. A grande
presença
do
líquido
em
nosso
organismo
é
apresentada como exemplo de que “somos água” e,
logo, o que acontecer com a água, acontecerá
também
com
a humanidade.
Somos
parte
do
ambiente natural. Essa tenebrosa comparação entre
indivíduos e águas, presente na esmagadora maioria
das ações de educação ambiental, é pouco útil na
compreensão da crise mundial da água. Apavorosa as
pessoas e não aponta caminhos, além de sugerir o
obvio fechamento da torneira enquanto escovamos os
31
dentes. A relação da sociedade moderna com os
recursos naturais, em geral, e os recursos hídricos,
em particular, têm um dimensionamento mais crítico.
Martinez (2006, p.25).
Muito mais do que integração com a natureza é fundamental
compreender nossa separação e diferenciação da vida natural e, paralelamente, a
construção da vida social. O viver em sociedade é que explica a nossa crise
ambiental e, por decorrência, a das águas, um de seus capítulos mais evidentes e
dramáticos na atualidade.
Vive-se hoje sob as perspectivas de uma crise mundial de abastecimento
de água. Não haverá catástrofes como a desaparição da água, como sugere alguns
educadores ambientais, o risco da escassez, é o da redução da disponibilidade e da
qualidade das águas para consumo humano e para as atividades econômicas, o que
já é uma realidade em muitos Países. A elevação do uso doméstico, industrial e
agrícola, a poluição e o aumento da população do planeta (até metade do século
XXI estima-se entre 2 bilhões e 3 bilhões a mais de pessoas no mundo) representam
maior pressão sobre os recursos hídricos existentes.
Durante o último século a população mundial triplicou, enquanto o
consumo de água sextuplicou.
Ainda que a escassez de água, sua contaminação e sua distribuição
desigual é um problema de todos, afeta mais à população pobre do mundo.
Hoje, as crianças dos países desenvolvidos consomem entre 20 e 30
vezes mais quantidade de água que aquelas dos países mais pobres. Calcula-se
que mais de um bilhão de pessoas não dispõe de água potável enquanto dois
bilhões e meio não a têm nas quantidades e condições mínimas adequadas. Quase
todas elas vivem na América Latina, África e Ásia, ainda que também existem vastos
setores de fontes nos Países mais desenvolvidos a quem atinge esta carência.
Se a água é escassa, a produção de alimentos também o é e, de tal
forma, isso não só afeta às atuais gerações, como também ameaça à sobrevivência
das futuras.
A disponibilidade de água potável repercute diretamente na qualidade de
vida da população, fundamentalmente por suas derivações nos problemas da
higiene e a alimentação. Entre 10 e 20 crianças morrem no mundo a cada dia em
32
conseqüência de doenças que poderiam evitar-se, derivados da falta ou insuficiência
da água potável.
A cada 15 segundos morre uma menina ou menino por diarréia
ocasionada pelo consumo de água infectada. Ao redor de 40% da alimentação
mundial depende da agricultura de irrigação, que consome mais de 66% da água
que gasta a humanidade.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a População, dentro de um
quarto de século, uma de cada três pessoas na terra carecerá de água ou terá uma
quantidade insuficiente.
A Organização das Nações Unidas (ONU) advertiu que, se não tomar as
medidas apropriadas, 1,8 bilhão de pessoas viverão dentro de 20 anos, em países
ou regiões com escassez absoluta de água; mais de dois terços da população
mundial carecerão de acesso suficiente à água. Sobre o referido tema, Martinez
(2006, p.26) ressalta:
Desde 1992, quando o meio ambiente merecer outra
Conferência das Nações Unidas, no Rio de Janeiro, a
situação
das
águas
do
globo
foi
objeto
de
preocupação da Agenda 21, e seu capítulo 18 está
dedicado ao tema. Muitos participantes manifestaram
suas
inquietações
com
a
realidade
planetária,
sobretudo nos Países pobres, a maioria desses
localizado no Hemisfério Sul. Desprovidas de infraestrutura de abastecimento e de tratamento de águas
e esgotos, essas sociedades padecem de inúmeras
dificuldades, como a necessidade de deslocamento
para obtenção de água, custos elevados no acesso a
ela, privações de todo tipo e altos índices de doenças
e epidemias provocadas pelo consumo de água
contaminada,
gerando
mortes
e
internações
hospitalares, sobretudo de recém-nascidos e crianças.
Fora dessas situações extremas, cotidianas das
mulheres
é
bastante
penoso,
arriscado
e
desconfortável, diante da ausência de equipamentos
sanitários em alguns Países da África e Ásia,
obrigando-as à exposição pública e a temores pela
saúde e segurança pessoal.
33
Martinez (2006, p.26).
Para o Diretor geral da UNESCO, Kiochiro Matsuura, “De todas as crises
às quais enfrentam os seres humanos, a dos recursos hídricos é a que mais afeta a
nossa sobrevivência e a do planeta. Nos próximos vinte anos o abastecimento de
água diminuirá um terço no mundo”.
A crise da água é parte essencial da crise ambiental, econômica e social
a que nos conduz o modelo de desenvolvimento que se impôs à humanidade com a
globalização.
3.2 – Reutilizar para economizar e preservar
O que pode-se fazer para ajudar a preservar a água? As respostas são
muitas e as maiorias delas requer tomadas simples de atitude: usar sistemas mais
eficientes e econômicos de irrigação e de dessedentação de animais; cuidar para
não jogar lixo ou detritos nas áreas de nascentes, margens de córregos e rios, ou
mesmo diretamente na água; a mesma água que lavou a roupa, a louça ou com que
se tomou banho, ou utilizada para outros fins, serve para lavar o chão e até mesmo
regar alguns tipos de plantas; lavar as caixas de água a cada seis meses para evitar
vários tipos de doenças por contaminação da água; a água da chuva pode ser
captada e usada para regar plantas, lavar o chão, lavar carros e outros fins. Fechar
uma torneira faz grande diferença, por que uma torneira apenas gotejando, por dia
desperdiça 46 litros de água.
A Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, ocorrida em
2002, na cidade de Johannesburgo, na África do Sul, destacou a urgência de
resolver o quadro de degradação dos recursos hídricos em todo o mundo. Várias
campanhas elucidativas do problema hídrico foram estimuladas e iniciadas em todo
o mundo.
Em Países ricos existem medidas governamentais, legislativas e
administrativas, para a degradação e a escassez dos recursos hídricos. Há
incentivos para a reutilização de águas, a retenção da água das chuvas, a
recuperação e preservação de águas de mananciais, equipamentos mais
34
econômicos, melhoria nos serviços de distribuição para evitar o desperdício e, maior
controle da poluição. Dantas (2009, p.2) adverte:
Apesar de a água ser um recurso natural renovável, o
uso inadequado, aliado ao crescimento populacional e
econômico, nos alerta para sua eminente escassez
como fonte de manutenção da vida. Além disso,
existem os desastres naturais pelo mau uso do solo,
que tem diminuído a sua capacidade de absorção
devido à erosão.
Dantas (2009, p.2).
Este mundo moderno, que provoca a degradação, não tem atentado para
os efeitos benéficos da técnica do reuso da água. Sua aparente abundância no
Brasil (12% da água doce do planeta) minimiza a consciência para um melhor uso.
Classificá-las em diversos tipos, com água mais pura (para beber, cozinhar e tomar
banho), e outras com menor grau de pureza (para outros usos), surge como
possibilidade de reversão do quadro de escassez crônica.
Todos podem fazer as suas parte para a sustentabilidade. Não se
justificam hoje industrias que não reciclam suas águas, inclusive as que deveriam
ser captadas da chuva. O mesmo pode ser dito de residências familiares, escolas,
lojas, centros comerciais, etc. É um absurdo ver cidades internas no semi-árido, por
exemplo, sem um sistema de coletas de águas pluviais, da mesma forma como é
inadmissível que os sistemas de esgoto urbano, quando existem, sejam apenas para
desperdiçar as águas.
Pequenas mudanças, como a troca de vasos sanitários por bidês e de
válvulas hidra, por caixa de menor capacidade nos vasos sanitários, já dariam uma
contribuição substancial na economia de água. Águas cinzas (aqui entendidas como
aquelas provenientes de chuveiro, banheira, lavatório de banheiro e máquina de
lavar roupas), ricas em sabões e sólidos suspensos, podem, se tratadas, ser
reutilizadas para sistemas de descargas de banheiro. Com mais algum tratamento,
servem para jardins e lavagem de carros e calçadas. E mesmo assim ainda não
devem ser jogadas no meio ambiente, devido à composição de sabões e
detergentes.
35
O abandono das técnicas de molhação (jogar água nas plantas) por
outras mais eficientes, como gotejamento e infiltração subterrânea, dá melhores
resultados com menor consumo de água. Mais de 50% da água que se utiliza hoje
em residências e na agricultura poderia ser reciclada com pouca dose de
inventividade e de cuidados técnicos disponíveis para a maioria dos usuários.
A utilização das águas escuras, provenientes de pias de cozinha e de
vaso sanitários, exigirá um trabalho mais apurado. Isso deverá ser responsabilidade
do poder público e de unidades consumidoras maiores, como shopping centers,
grandes lojas e indústrias.
É importante observar que o reuso de água, bem como sua captação
inteligente, traz economia de escala significativa para todo o processo econômico, já
que diminui a pressão sobre o poder público para construção de novas obras
dispendiosas, como adutoras e reservatórios, e sobre os serviços de tratamento e
distribuição de água. Para os consumidores, redução nas contas é um incentivo não
desprezível. Mais importante ainda é que estas técnicas melhoram a qualidade dos
produtos na maioria das atividades em que é realizado. Um exemplo típico é o da
agricultura, pelo melhor aproveitamento dos recursos disponíveis e redução
substancial do emprego de agrotóxicos e de fertilizantes, pela utilização de água
com teor de matéria orgânica encontrada nos esgotos. No setor industrial, é
suficiente fazer um levantamento com qualquer indústria que tem utilizado políticas
de reuso da água para verificar a satisfação com os resultados.
Se cada um fizer sua parte, quer nas residências, quer na agricultura,
pecuária, comércio, serviços ou indústrias, todo o planeta poderá respirar aliviado
por alguns anos mais. O espectro de guerras e de calamidades públicas que tantos
futuvíologos estão a predizer poderia ser afastado, pelo menos em curto prazo.
Sem água, não há vida animal ou vegetal. Sem o seu uso e reuso racional, não há
com prolongar por muito tempo o progresso, o desenvolvimento econômico da forma
atual e a vida na terra.
36
3.3 – Análise de dados
O reuso da água é apontado como uma tecnologia sustentável, como
único caminho para continuidade do desenvolvimento humano, já que dessa técnica
depende a continuidade dos recursos hídricos.
Os dados citados a seguir são as respostas que os professores do
Colégio Estadual Germana Gomes deram à pesquisa realizada, sobre a temática: A
reutilização da água.
Perguntamos aos professores:
1. Você costuma observar o consumo na conta de água da sua
residência?
( ) sim
( ) não
Se responder sim, esse consumo tem aumentado ou diminuído nos
últimos 3 meses?
50% dos professores responderam que não costumam observar, pois não
faz diferença.
26% responderam que observam e que por ser um período chuvoso, nos
últimos 3 meses o consumo diminuiu.
24% observaram que o consumo se mantém na média.
2. Você costuma armazenar água da chuva para utilizá-la na limpeza da
casa?
1% respondeu que sim e que com isso economiza a conta de água.
1% respondeu que até já fez isso, mas o pessoal da saúde proibiu devido
ao perigo do mosquito da dengue.
98% responderam que não.
3. Você conhece a origem da água que chega até a sua casa?
Todos responderam que sim, porque o rio que abastece a cidade assa
quase dentro dela e como a cidade é pequena todos conhecem o local de coleta da
água.
37
4. Você acha que a água própria para o consumo, pode acabar um dia?
70% acham que não, pois o Planeta Terra tem mais água do que terra.
30% responderam que sim, que apesar de ter muita água, a poluição e o
desmatamento poderão contaminar tudo causando assim a escassez.
5. O que você e a sua família tem feito para contribuir com a redução do
desperdício de água?
95% disseram que ainda não fizeram nada.
1% respondeu que economizam água quando vai lavar roupa, lavar louça
ou molhar as plantas.
4% responderam que diminuíram o tempo no banho e escovam os dentes
com a torneira fechada.
6. Você considera os recursos hídricos um bem indispensável à vida?
100% responderam que sim, pois tudo que é vivo depende da água e
todas as necessidades básicas do ser humano dependem da água.
7. Você sabia que a água é um dos principais causadores de doenças
entre a população mundial?
50% disseram que não.
50% responderam que sim, principalmente nos continentes mais pobres;
nos municípios ou bairros mais pobres.
8. Na escola onde você trabalha existe algum projeto que oriente os
alunos para a reutilização e economia da água?
Os professores de Ciências e Biologia responderam que nas próprias
aulas desenvolvem essa consciência nos alunos, quando o conteúdo tem a ver com
o assunto.
Os demais desconhecem a existência de algum projeto da escola que
trate desse assunto.
9. Quais poderiam ser as formas de reuso da água, em nosso município?
Foram citados vários exemplos de reuso da água, tais como: usar a água
do enxágüe das roupas e louças para lavar pisos e calçadas, molhar as plantas,
38
lavar o carro etc. Armazenar a água da chuva para molhar praças e jardins da
cidade.
10.
Apesar de a água ser um recurso natural renovável, você tem
alertado seus alunos e familiares para a sua iminente escassez?
70% responderam que não por que não perceberam ainda esse risco.
30% responderam sim, pois se todos não se conscientizarem a água
potável vai acabar, porque a capacidade do planeta de renovação dos recursos
hídricos é menor que a capacidade do ser humano de poluir, desperdiçar, desmatar,
etc.
Ao final da análise, conclui-se que ainda falta muito para que todas as
pessoas tomem consciência da necessidade preservação dos recursos hídricos e
que a sua escassez é iminente.
3.4 – Sugestões de Atividades
Realizar uma pesquisa, com diferentes públicos da comunidade
(responsável pelo posto de saúde, moradores mais antigos do bairro, pais de alunos,
funcionários da escola), para saber a percepção deles sobre água, saúde e meio
ambiente.
Sugestões de perguntas:
1) De onde vem à água que as pessoas bebem?
2) As crianças andam descalças? Brincam nos córregos?
3) As crianças têm o hábito de lavar as mãos antes das refeições?
4) Como eram as condições de abastecimento de água da comunidade
no passado? E as atuais?
5) Todos na comunidade têm acesso à água tratada?
6) Como são as condições de saneamento? Existe rede de esgoto?
7) Quais as doenças mais comuns na comunidade? Quais estão ligados
aos problemas do meio ambiente?
8) Como é a higiene no preparo de alimentos em casa? E na escola?
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Vale também fazer registros fotográficos e/ou desenhos, que registrem as
condições ambientais da escola e da comunidade, como também buscar entre os
moradores e em jornais fotos antigas da localidade.
Calcular os consumos diários domésticos de água, buscando mostrar a
necessidade do uso racional da água, como também a importância de se evitar
vazamentos.
Peças aos alunos que tragam uma conta de água de suas casas.
Pegue a conta de água e veja quanto cada pessoa gasta de água por dia
(dado da SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo,
medido na região Metropolitana de São Paulo).
1) Multiplique o total em (metros cúbico) m³ que apareci escrito na conta
por 1000, e assim a unidade passará de m³ para litros.
2) Em seguida esse novo valor pelo número de dias de consumo que
aparece na conta e em seguida pelo número de pessoas de sua casa.
3) Se o resultado é menor do que 200 litros/pessoa por dia em sua casa
todos praticam o uso racional de água. Caso contrário, pode estar havendo
desperdício, o ainda um vazamento que precisa ser descoberto e eliminado.
O professor pode montar um quadro à sala de aula com os resultados
trazidos pelos alunos e provocar uma troca
idéias sobre as formas de “caçar
vazamentos” ou economizar água no dia-a-dia.
Confeccionar um equipamento para demonstrar aos alunos o processo de
filtragem da água, materiais necessário: 1 litro de água lamacenta, 1 garrafa plástica,
1 filtro de papel, uma porção e areia e um pouco de carvão triturado.
Procedimentos:
1) Corte a parte de cima da garrafa uns 8 10 cm abaixo da tampa
2) Vire essa parte de cabeça para baixo e encaixe-a na outra parte da
garrafa
3) Coloque um filtro de papel e uma camada de areia molhada
4) Depois despeje um pouco de água lamacenta na areia
5) Você verá que a água aparece mais limpa quando possa pelo filtro. O
filtro pode ser melhorado colocado uma camada de carvão em pó sobre a areia.
6) A sujeira ficará presa às camadas, deixando a água mais limpa.
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Obs: essa água não deverá ser consumida.
Trabalhar com lendas do folclore
brasileiro que envolva questões
relativas a água (por exemplo, boto).
Atividade 1 – Pesquise e leia na escola as lendas que envolvem questões
relativas á água.
Atividade 2 – Crie um novo texto a partir de uma das lendas, supondo que
o elemento água não faça mais parte dessa história. Como poderia se recontada
esta lenda, a parir dessa circunstancia imaginaria?
No início, poderá parecer assustador, e muitas adaptações terão de ser
feitas, mas, depois, poderá ficar até engraçado. Além disso, todos serão levados a
refletir sobre os riscos que o planeta está correndo.
(Fonte: http://www.thalarmus.org.br/zeko/jovens/agua-atividadde-4.hml)
Confecção de maquetes e cartazes que mostrem as diversas etapas de
tratamento da água. Para essa atividade pode ser convidado um técnico da empresa
de água de sua região, para que ele possa participar de uma conversa com os
alunos e explicar a eles o funcionamento de uma estação de tratamento de água.
Mostrar através de um pequeno exercício, que embora exista muita água
no planeta, não significa ela seja acessível, suficiente e boa para o consumo.
Materiais necessários: 1 garrafa plástica de 2 litros cheia de água com
tampa, 1 copo de 200ml, 1 copo de 50 ml.
Procedimentos:
1) Partindo da suposição de que toda a água do planeta esteja dentro da
garrafa de 2 litros, pergunte aos participantes que tipo de água é aquela? Salgada?
Doce? Própria para o consumo?
2) É importante frisar, nessa etapa, que a maior parte d água existente na
terra é salgada. Portanto, é importante separar visualmente toda a água salgada da
doce.
3) Coloque, portanto, parte da água da garrafa no copo de 200 ml,
explicando que ele representa toda a água doce existente no planeta.
4) Nesse momento é preciso refletir que nem toda água doce está
acessível (algumas estão em geleiras, lençóis subterrâneos etc). Portanto, é hora de
41
transferir parte da água do copo de 200 ml para o copo e 50 ml, que representa a
água doce disponível.
5) Na última é necessário explicar que nem água disponível não é o
mesmo que água potável, pois lagos e rios podem estar poluídos. Então, pegaremos
a tampa da garra e colocaremos nela parte da água do copo de 50 ml.
6) Com isso, queremos mostrar visivelmente aos participantes que de
toda água do Planeta apenas uma pequena parte é doce e própria para o consumo
humano. (Fonte: COSTA, Larissa e BARRETO, Samuel Riphe (Coord.), Cadernos
de Educação Ambiental Água para Vida, Água para todos: Guia de Atividades,
Brasília, WWF-Brasil, 2006).
Caso sua Escola fique próxima de um Rio e ele apresente sinais de
degradação, organizar atividades de mobilização para chamar a atenção da
comunidade para o problema. Estimule seus alunos a pesquisar, através de fotos,
relatos ou outros materiais (p. ex., jornais de bairro), fatos que ajudem a reconstruir
a história do rio e a forma como a comunidade se relaciona com ele.
Convide um funcionário de companhia de limpeza para que ele vá até a
escola e converse com pais e alunos sobre a importância da manter o rio limpo,
como também explique os problemas causados pela poluição.
Organize um ato simbólico – um “Abraço ao Rio” – para mobilizar a
comunidade escolar e, se possível, a do entorno e, dessa forma, evidenciar o desejo
coletivo de mudança.
Divulgue o trabalho em rádios e jornais comunitários.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o assunto abordado nessa pesquisa, a água é
imprescindível à vida. A crescente demanda mundial e a crescente degradação
tornara hoje, um produto de inestimável valor econômico.
Todos os problemas relacionados à escassez de água no mundo
confirmam a necessidade de maior controle em sua utilização, desenvolvendo desta
forma um mercado econômico paralelo. Contudo, a água pode ser hoje considerada
como o produto mais valoroso do mundo, abrindo nova fronteira para os investidores
privados.
É fundamental evitar o desperdício, não poluir e racionalizar o uso da
água.
Constata-se que, no Brasil, as dificuldades hídricas evidenciadas
decorrem dos problemas ambientais e sócio-culturais refletidos diretamente nas
condições inadequadas de uso e conservação dos recursos naturais.
Os mananciais do Planeta estão secando rapidamente, problema esse
que aí se somar ao crescimento populacional, à poluição e ao aquecimento global,
com tendência a reduzir em um terço, nos próximos 20 anos, a quantidade de água
disponível para cada pessoa no mundo.
Doenças relacionadas à água estão entre as causas mais comuns de
morte no mundo e afetando especialmente países em desenvolvimento. Milhões de
pessoas morrem anualmente devido ao consumo de água contaminada e à falta de
saneamento, sendo mais afetada as crianças com até cinco anos.
O estudo também verificou a disparidade quanto à disponibilidade de
água nos diversos países, que os rios asiáticos são os mais poluídos do mundo, que
metade da população nos países pobres está exposta à água contaminada por
esgoto ou resíduos industriais e, que hoje, o maior uso, aliado à crescente demanda,
vem preocupando especialistas e autoridades no assunto, pelo evidente decréscimo
das reservas de água limpa em todo o planeta.
Ficou constatado que o consumo de água por atividade distingue três
áreas, a agricultura, considerada a mais dispendiosa, seguida pela indústria e
finalizando com as atividades urbano-domésticas, que a água, considerada um dos
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melhores solventes existentes, nunca é encontrada em estado de absoluta pureza.
Possui uma extraordinária capacidade de dissolução e transporte da mais variadas
formas de matérias, em solução ou em suspensão, representando desta forma, um
veículo para os mais variados tipos de impureza.
Esse estudo, sobre a água nos leva a refletir sobre como o Brasil está se
preparando para controlar o uso dos recursos hídricos em seu território, evitando o
desperdício e incentivando o reuso como forma de desenvolvimento sustentável.
Apesar de o reuso das águas servidas já contar como uma realidade na
vida dos brasileiros, o Brasil ainda não possui uma posição oficial de legal dirigida a
esta tecnologia. A falta de legislação competente, adiada à desinformação científica,
alimenta o receio de aplicação desta alternativa. Sem reconhecê-la como uma ação
viável, técnica e juridicamente, o mercado (industrial, agropecuário ou mesmo
popular) não se sente seguro para enfrentar eventuais problemas que possam vir a
acontecer.
Portanto, diante da relevância e atividade do assunto abordado, verificase a necessidade de orientação para uma rápida mudança de atitude por parte de
todos.
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BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BRANCO, S. M. Água, Mais Ambiente e Saúde. In: Rebouças, A. C. (Coord). Águas
doces do Brasil: Capital Ecológico. São Paulo: Escrituras p. 717, 1999.
COSTA, R. H. P. G. Reuso da Água. Conceitos, teorias e práticas – São Paulo,
Blucher, p.16, 2007.
COSTA, Larissa e BARRETO, Samuel Riphe (Coord.), Cadernos de Educação
Ambiental Água para Vida, Água para todos: Guia de Atividades, Brasília, WWFBrasil,, p. 10, 2006).
DANTAS, Danielly Luz. Reuso da água: economia e preservação. Revista Mundo
Jovem, Porto Alegre, 2006.
FALKENMARK, M. Reuso da Água. Conceitos, teorias e práticas – São Paulo,
Blucher, 1986.
FILHO, P. N. P. Reuso da Água. Conceitos, teorias e práticas – São Paulo, Blucher,
p. 255, 2007.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Centro de Documentação e
Disseminação de Informações. O Brasil em números. Rio de Janeiro, IBGE,
1992/1995/1996.
MARTINEZ, P. H. Pode ser a gota d´água. Revista Carta na Escola, p. 25, Fevereiro
2009, Confiança, São Paulo.
MINC,Carlos – Ecologia e Cidadania. São Paulo, Moderna, 2005.
MIRANDA, E. E. Você tem sede de quê? Revista Carta na Escola, p. 32, Fevereiro
2008, Confiança, São Paulo.
45
NASCIMENTO, J. E. do. Reuso da Água. Conceitos, teorias e práticas - São Paulo,
Blucher, p. 243, 2007.
OLIVEIRA, F. C. de. Reuso da Água: Economia e Preservação, Revista Mundo
Jovem, Porto Alegre, 2009.
REBOUÇAS, A. C. Água doce no Mundo e no Brasil – São Paulo: Escrituras, 1999.
SALATI, E. Água e o desenvolvimento sustentável – São Paulo: Escrituras, p.41
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SITES CONSULTADOS:
www.mre.gov.br, 2001
Ambiente Brasil – www.ambientebrasil.com.br, 2005
UNIÁGUA – www.uniagua.org.br, 2004
Viva Terra – www.vivaterra.or.br, 2006
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ANEXO
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ANEXO A
QUESTIONÁRIO DO PROFESSOR
Estamos realizando uma investigação junto aos professores do Colégio
Estadual Germana Gomes, com a finalidade de verificar o trabalho de
conscientização e orientação quanto à economia e o reuso da água junto aos alunos
e a comunidade. Informamos que suas respostas são individuais e confidenciais e
serão usadas exclusivamente para este fim. Não há obrigatoriedade de sua
identificação no questionário. O desconhecimento de algumas questões não
inviabiliza o preenchimento das mesmas.
Consideramos
fundamental
sua
participação
na
pesquisa
e
antecipadamente, agradecemos a sua atenção e colaboração.
QUESTIONÁRIO
1) Você costuma observar o consumo na conta de água da sua
residência?
( ) Sim
Não ( )
Se responder sim, esse consumo tem aumentado ou diminuído nos
últimos 3 meses?
2) Você costuma armazenar água da chuva para utilizá-la na limpeza da
casa?
3) Você conhece a origem da água que chega até a sua casa?
4) Você acha que a água própria para o consumo, pode acabar um dia?
5) O que você e a sua família tem feito para contribuir com a redução do
desperdício de água?
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6) Você considera os recursos hídricos um bem indispensável à vida?
7) Você sabia que a água é um dos principais causadores de doenças
entre a população mundial?
8) Na escola onde você trabalha existe algum projeto que oriente os
alunos para a reutilização e economia da água?
9) Quais poderiam ser as formas de reuso da água, em nosso Município?
10) Apesar de a água ser um recurso natural renovável, você tem alertado
seus alunos e familiares para a sua iminente escassez?
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Alcidina Cordeiro Vasco de Oliveira Nogueira