FUNDAÇÃO DE ENSINO “EURÍPIDES SOARES DA ROCHA” CENTRO UNIVERSITÁRIO “EURÍPIDES DE MARÍLIA” – UNIVEM FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS ANDRÉ CHICARELLI BALIEIRO JOANA RODRIGUES DA SILVEIRA PRISCILA GONÇALVES DE TOLEDO “A EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DE PRODUÇÃO COM ÊNFASE NO USO DO ERP NAS EMPRESAS” MARÍLIA 2007 3 ANDRÉ CHICARELLI BALIEIRO JOANA RODRIGUES DA SILVEIRA PRISCILA GONÇALVES DE TOLEDO “A EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DE PRODUÇÃO COM ÊNFASE NO USO DO ERP NAS EMPRESAS” Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração do Centro Universitário Eurípides de Marilia – UNIVEM, mantido pela Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Administração de Empresas. Orientadora: Profª Ms. Vânia Érica Herrera MARÍLIA 2007 4 ANDRÉ CHICARELLI BALIEIRO JOANA RODRIGUES DA SILVEIRA PRISCILA GONÇALVES DE TOLEDO “A EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DE PRODUÇÃO COM ÊNFASE NO USO DO ERP NAS EMPRESAS” Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Administração do Centro Universitário Eurípides de Marilia – UNIVEM, mantido pela Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Administração de Empresas. Resultado: __________________________ ORIENTADOR: Profª. Ms. Vânia Érica Herrera 1º EXAMINADOR: _________________________________________________________ 2º EXAMINADOR: _________________________________________________________ Marília, ....... de .......................... de 2007. 5 6 AGRADECIMENTOS Em primeiro a Deus: Obrigado por nos dar a vida, por essa conquista e por estar presente em todos os momentos das nossas vidas. Aos nossos pais, por terem investido financeiramente neste estudo e que estarem presentes em todos os momentos de mais uma grande trajetória, sem eles nada disso teria acontecido. A todos os nossos amigos que estiveram ao meu lado, acreditando na nossa vitória. E aos nossos namorados (as) que estiveram sempre presente, nos dando força e perseverança para a realização desse trabalho. 7 FALECEU ONTEM A PESSOA QUE ATRAPALHAVA SUA VIDA Um dia, quando os funcionários chegaram para trabalhar, encontraram na portaria um cartaz enorme, no qual estava escrito: “Faleceu ontem a pessoa que atrapalhava sua vida na Empresa. Você está convidado para o velório na quadra de esportes”. No início, todos se entristeceram com a morte de alguém, mas depois de algum tempo, ficaram curiosos para saber quem estava atrapalhando sua vida e bloqueando seu crescimento na empresa. A agitação na quadra de esportes era tão grande, que foi preciso chamar os seguranças para organizar a fila do velório. Conforme as pessoas iam se aproximando do caixão, a excitação aumentava: -Quem será que estava atrapalhando o meu progresso? - Ainda bem que esse infeliz morreu! Um a um, os funcionários, agitados, se aproximavam do caixão, olhavam pelo visor do caixão a fim de reconhecer o defunto, engoliam em seco e saiam de cabeça abaixada, sem nada falar uns com os outros. Ficavam no mais absoluto silêncio, como se tivessem sido atingidos no fundo da alma e dirigiam-se para suas salas. Todos, muito curiosos mantinham-se na fila até chegar a sua vez de verificar quem estava no caixão e que tinha atrapalhado tanto a cada um deles. A pergunta ecoava na mente de todos: "Quem está nesse caixão"? No visor do caixão havia um espelho e cada um via a si mesmo... Só existe uma pessoa capaz de limitar seu crescimento: VOCÊ MESMO! Você é a única pessoa que pode fazer a revolução de sua vida. Você é a única pessoa que pode prejudicar a sua vida. Você é a única pessoa que pode ajudar a si mesmo. “Sua vida não muda quando seu chefe muda, quando sua empresa muda, quando seus pais mudam, quando seu (sua) namorado (a) muda. Sua vida muda... Quando você muda! Você é o único responsável por ela.” O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença. A vida muda, quando "você muda". (Luiz Fernando Veríssimo) 8 BALIEIRO, André Chicarelli; SILVEIRA, Joana Rodrigues da; TOLEDO, Priscila Gonçalves de. A Evolução dos Sistemas de Administração de Produção com Ênfase no uso do ERP nas Empresas. 2007. 83 f. Dissertação (Monografia Administração de Empresas) – Centro Universitário Eurípides de Marília, Fundação Eurípides Soares da Rocha de Marilia, Marília, 2007. RESUMO O tema escolhido para o desenvolvimento desse trabalho, teve como objetivo auxiliar ainda mais no entendimento e importância da implementação de um sistema eficaz, o qual tenha como função principal, integrar e interagir, todas as atividades desempenhadas, de todos os setores de uma empresa. A presente pesquisa abordará “A Evolução dos Sistemas de Administração de Produção com Ênfase no uso do ERP nas Empresas”, levando em consideração a descrição e conceituação do SAP (Sistema de Administração da Produção), mostrando neste, a importância da administração da produção, da organização dos materiais, para que se possa analisar de maneira desejada a evolução sofrida desde o surgimento do MRP (Material Requirements Planning, ou cálculo das necessidades de materiais), passando para o MRP II (Manufacturing Resources Planning, ou planejamento dos recursos de manufatura), chegando aos dias de hoje ao ERP (Enterprise Resource Planning ou Planejamento de Recursos da Corporação ou Empresa). O trabalho terá uma maior abrangência no que diz respeito a implementação do ERP, justamente pela sua total eficácia que vem demonstrando em relação as necessidades do mercado. Para uma maior clareza do bom funcionamento e da sua perfeita eficácia, usaremos como exemplo duas grandes empresas produtoras dos softwares ERP (CIGAM e SAP ERP), e desta forma com exemplo real, citaremos alguns exemplos de empresas conhecidas nacionalmente e suas visões sobre o sistema. Palavras-chave: SAP – MRP – MRP II – ERP. 9 LISTA FIGURAS Figura 1: Desempenho esquemático do planejamento de necessidades de materiais (MRP I)........................................................................................................................... 23 Figura 2: O cálculo de necessidades líquidas no MRP.....................................................................30 Figura 3: MRP ciclo fechado................................................................................................... 32 Figura 4: Evolução do MRP ao MRP II.................................................................................. 33 Figura 5: Esquema geral do MRP II mostrando a posição do MPS........................................ 38 Figura 6: Inter-relação entre os módulos principais de um sistema MRP II típico................. 42 Figura 7 - Estrutura típica de funcionamento de um sistema ERP.......................................... 46 Figura 8: Etapas de implementação ........................................................................................ 49 Figura 9: Distribuição dos sistemas ERP no mercado ............................................................ 54 Figura 10: Módulos sistema CIGAM ERP ............................................................................. 71 Figura 11: Fluxograma geral do Departamento de Peças ...................................................... 80 Figura 12: Metodologia de Implementação ............................................................................ 85 10 LISTA DE TABELA Tabela 1: Principais fornecedores de sistemas ERP .......................................................... 53 11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AMR: Advanced Manufacturing Research APICS: Dicionário: American Production and Inventory Control Society. ASAP: Acelerated SAP B2B: Business to Business BPPs: Business Process Procedure CRP: Capacidade dos Recursos ERP: Enterprise Resource Planning ou Planejamento de Recursos da Corporação ou Empresa GDS: Global Dealer System MIC: Metodologia de Implementação CIGAM MPS: Plano Mestre de Produção MRP II: Manufacturing Resources Planning, ou planejamento dos recursos de manufatura MRP: Material Requirements Planning, ou cálculo das necessidades de materiais PPCP: Departamento que administra todas as necessidades de materiais para a fábrica PUR: Controle de Compras RCCP: Capacidades dos Recursos Críticos S&OP: Vendas e Operações SAP AG: Systeme, Anwendungen und Produkte in der Datenverarbeitung Aktiengesellschaft (istemas, Aplicativos e Produtos para Processamento de Dados – Ag: sociedade anónima em alemão) SAP: Sistemas de Administração da Produção SAP: Systeme, Anwendungen, und Produkte in Datenverarbeitung ou Sistemas, Aplicações e Produtos em Processamento de Dados SFC: shop floor control ou Módulo de controle de fábrica 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13 2 SISTEMA DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO (SAP) ........................................ 14 3 MRP E MRP II .................................................................................................................... 23 3.1 ELEMENTOS DE UM SISTEMA MRP ........................................................................ 25 3.2 VANTAGENS DE UM SISTEMA MRP ....................................................................... 28 3.3 CÁLCULO MRP.................................................................................................................. 29 3.4 PLANEJAMENTO DOS RECURSOS DE MANUFATURA (MRP II) .................................. 33 3.4.1 Como funciona o MRP II ....................................................................................... 35 4 SISTEMAS ERP.................................................................................................................. 43 4.1 VANTAGENS DE IMPLANTAR UM ERP .................................................................. 48 4.2 PASSO-A-PASSO DE UM PROJETO ERP .................................................................. 51 4.3 PRINCIPAIS FORNECEDORES DE SISTEMAS ERP ................................................ 53 4.4 POPULARIZAÇÃO DO ERP NO BRASIL................................................................... 55 4.5 ERP 2............................................................................................................................... 57 5 O USO DO SISTEMA ERP NAS EMRPESAS ................................................................ 63 5.1 ERP CIGAM ................................................................................................................... 64 5.1.1 Ipiranga................................................................................................................... 71 5.1.2 Volvo do Brasil....................................................................................................... 72 5.2 SAP71 5.2.1 Máquinas Agrícolas Jacto....................................................................................... 78 6 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 86 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 89 13 1 INTRODUÇÃO No atual cenário empresarial mundial, as empresas buscam cada vez mais aumentar a sua competitividade, seja pela redução de custos, pela melhoria do produto, agregando mais valor ao cliente e se diferenciando da concorrência ou pela especialização em algum segmento ou nicho de mercado. A competição tem escalas globais, sendo que acontecimentos ocorridos em países distantes podem trazer conseqüências instantâneas para a indústria local. A velocidade com que ocorrem as mudanças, e conseqüentemente a velocidade com que a empresa tem de responder a elas, aumentou consideravelmente nos últimos anos. O mundo industrializado vem enfrentando a transição de uma economia industrial para uma economia de informação e, nas próximas décadas, a informação, mais do que a terra ou o capital, será a força motriz na criação de riquezas e prosperidade. Pode-se afirmar que, nos últimos anos, poucas áreas dentro da Administração de Empresas mudaram tanto como a Administração da produção. Durante anos, a produção foi considerada quase um mal necessário, suportado pelos outros setores porque, afinal, uma empresa manufatureira não podia escapar de fazer seus produtos. Desde o período pós-guerra, o setor de produção e seu pessoal passaram anos sendo isolados do processo decisório global da empresa. As decisões estratégicas eram tomadas e apenas comunicadas ao setor de produção para o "cumpra-se". A tecnologia envolvida no processo de produção foi, por um longo período, vista pelos outros setores da organização como um mistério insondável e desinteressante, escondido por trás das paredes da fábrica. Nos últimos anos, entretanto, este panorama tem mudado. Ao redor do mundo, principalmente o mundo ocidental, há hoje um movimento crescente de revalorização do papel da manufatura no atingimento dos objetivos estratégicos da organização. 14 Os Sistemas de Administração da Produção (SAP), podem ser considerados como sendo o coração dos processos produtivos. Como poderemos constatar no capítulo 2, eles têm o objetivo básico de planejar e controlar o processo de manufatura em todos seus níveis, incluindo materiais, equipamentos, pessoas, fornecedores e distribuidores. É através desse sistema que a organização garante que suas decisões operacionais sobre o que, quando, quanto e com o que produzir e comprar sejam adequadas a suas necessidades estratégicas, que por sua vez são ditadas por seus objetivos e seu mercado. Sistemas de Administração da Produção são aqueles sistemas que provêem informações que suportam o gerenciamento eficaz do fluxo de materiais, da utilização de mão-de-obra e dos equipamentos, a coordenação das atividades internas com as atividades dos fornecedores e distribuidores e a comunicação com os clientes no que se refere a suas necessidades operacionais. O ponto chave nesta definição é a necessidade gerencial de usar as informações para tomar decisões inteligentes, nesse caso, será função dos administradores que executam estas atividades. O MRP (Material Requirements Planning, ou cálculo das necessidades de materiais) e MRP II (Manufacturing Resources Planning, ou planejamento dos recursos de manufatura) são os Sistemas de Administração da Produção de grande porte que mais têm sido implantados pelas empresas, ao redor do mundo, desde os anos 60. Os objetivos principais dos sistemas de cálculo de necessidades são permitir o cumprimento dos prazos de entrega dos pedidos dos clientes com mínima formação de estoques, planejando as compras e a produção de itens, componentes para que ocorram exatamente nas quantidades e nos momentos necessários. Em geral, a bibliografia não é explícita no que diz respeito à discussão dos principais objetivos do MRP II, negligenciando a discussão em torno da adequação estratégica dos sistemas à necessidade da empresa. A priorização de objetivos estratégicos é uma 15 consideração que depende da empresa em particular, de seus produtos e dos particulares nichos de mercado que se pretenda atingir. Veremos também que os sistemas do tipo MRP II são mais adequados àquelas empresas cujos objetivos estratégicos prioritários forem aqueles privilegiados pela técnica: o cumprimento de prazos e a redução de estoques, ou seja, num ambiente em que a competição é crescente, o cumprimento de prazos ganha importância e, ao mesmo tempo, os altos custos da manutenção de estoques sugerem a redução de seus níveis pelas empresas, desta forma podemos dizer que, muitas empresas acabam encaixando-se nesta categoria. O princípio básico do MRP II seria o cálculo de necessidades, uma técnica de gestão que permite o cálculo, viabilizado pelo uso de computador, das quantidades e dos momentos em que são necessários os recursos de manufatura (materiais, pessoas, equipamentos, entre outros), para que se cumpram os programas de entrega de produtos, com um mínimo de formação de estoques. O cálculo de necessidades dos componentes é feito a partir das necessidades dos produtos finais. O conceito de ERP (Enterprise Resource Planning), pode ser definido como sendo um termo genérico para um conjunto de atividades executadas por um software multimodular, que tem por objetivo auxiliar o fabricante ou o gestor de uma empresa nas importantes fases do seu negócio, incluindo o desenvolvimento de produtos, compra de itens, manutenção de estoques, interação com os fornecedores, serviços a clientes e acompanhamento de ordens de produção. O ERP pode também incluir módulos aplicativos para os aspectos financeiros e até mesmo para a gestão de recursos humanos. Tipicamente, um sistema ERP usa ou está integrado a uma base de dados relacional. O ERP tem suas raízes no MRP, trata-se de um processo evolutivo natural proveniente da maneira com a qual a empresa enxerga seu negócio e interage no mercado. 16 Os sistemas ERP passaram a ser largamente utilizados na década de 90, entre outros motivos devido ao acirramento da concorrência e à globalização, evidenciando a necessidade de ferramentas mais aprimoradas para a gestão das empresas. O presente trabalho terá como objetivo mostrar a evolução dos sistemas de administração de produção, enfatizando a implementação do uso do sistema ERP nas grandes, médias ou pequenas empresas. A metodologia utilizada para a formulação do trabalho foi a utilização das fontes bibliográficas, através de livros, revistas e sites da internet. O trabalho apresentar-se-à da seguinte maneira: no capítulo 2, abordaremos mais a fundo sobre o sistema de administração da produção; no capítulo 3 veremos o surgimento do MRP até sua evolução ao MRP II, já no capítulo 4 a utilização dos sistemas ERP, que teve como raiz o MRP II e pra finalizar no capítulo 5 faremos uma exemplificação através de duas empresas que desenvolvem o ERP, a SAP e a CIGAM, onde poderemos confirmar sua verdadeira eficácia com alguns exemplos de empresas conhecidas e a implementação do sistema ERP em seus micros. 17 2 SISTEMA DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Nesse capítulo, abordaremos a importância da administração da produção, da organização dos materiais, visto que, será necessário o entendimento e compreensão deste para perfeita análise de futuros cálculos decorrentes dos capítulos seguintes. Administração da produção, também conhecida como administração de operações, é a função administrativa responsável pela produção de bens e serviços. Podemos chamar genericamente de sistemas de administração da produção os sistemas de informação para apoio à tomada de decisões táticas e operacionais, referente às questões logísticas básicas, que seriam: o que produzir e comprar, quanto produzir e comprar, quando produzir e comprar, com que recursos produzir, desta forma conseguindo atingir os objetivos estratégicos esperado pela organização. (CORRÊIA, GIANESI, CAON, 2001) Segundo Slack (1996), “a produção é a função central das organizações já que é aquela que vai se incumbir de alcançar o objetivo principal da empresa, ou seja, sua razão de existir”. Para o sistema de produção conseguir atingir os objetivos estratégicos da organização, devem ser capazes de apoiar o tomador de decisões logísticas, como nos apresenta Corrêia, Gianesi, Caon (2001): • Planejar as organização; necessidades futuras de capacidade produtiva da • Planejar os materiais comprados; • Planejar os níveis adequados de estoques de matérias-primas, semiacabados e produtos finais, nos pontos certos; • Programar atividades de produção para garantir que os recursos produtivos envolvidos estejam sendo utilizados, em cada momento, nas coisas certas e prioritárias; 18 • Ser capaz de saber e de informar corretamente a respeito da situação corrente dos recursos (pessoas, equipamentos, instalações, materiais) e das ordens (de compra e produção); • Ser capaz de prometer os menores prazos possíveis aos clientes e depois fazer cumpri-los; • Ser capas de reagir eficazmente. As atividades da área de materiais devem estar sempre integradas, onde todas as decisões precisam ser concentradas em um único órgão. Podemos citar que as principais atribuições da área de materiais são: compra, programação da produção, armazenamento e logística. Em se tratando de empresas de pequeno ou médio porte, essas atribuições podem se encontrar subordinadas a um único órgão de administração ou de gestão de materiais e suprimentos. Nas empresas de maior porte e com maior complexidade, podem existir órgãos diferentes, mas sempre fazendo parte da área de materiais, ou seja, um departamento específico para a área de compras, outro departamento para planejamento e controle de materiais e outro departamento dedicado somente à logística externa da empresa. Porém, não podemos deixar de salientar que, esses órgãos devem possuir um meio de comunicação rápida entre si, e devem estar subordinados ao mesmo cargo. É aconselhável e mais viável que, no caso de uma empresa industrial, os órgãos de materiais estejam subordinados à diretoria da fábrica, já no caso de empresas comerciais ou de serviços, a subordinação esteja ligada à diretoria de operações. Em geral, a subordinação dos órgãos de materiais às áreas financeiras das empresas não é muito aconselhável, pois poderia alterar o equilíbrio das decisões, sendo sempre bom observar dois aspectos: o financeiro, e a satisfação do cliente. Segundo Martins e Laugeni (2006): 19 Pode-se dizer que a organização da área de materiais pode assumir diferentes formas, visando sempre a otimização dos processos para a obtenção dos materiais, a rapidez, a satisfação do cliente e a redução dos níveis dos estoques. Quando fala-se em necessidades dos clientes, sejam elas internas ou externas, devem ser analisadas de que forma a empresa poderá atendê-las, seja a partir dos estoques existentes ou se terá de iniciar um processo de reposição de material por meio da compra, ou se tratar-se-á de produtos fornecidos por terceiros, ou ainda de produção, ou seria o caso de produtos fabricados internamente pela empresa. (MARTINS e LAUGENI, 2006) Martins e Laugeni (2006) nos coloca que: O setor de recebimento dos produtos pedidos, pode envolver diversas atividades, referentes à área fiscal e contábil, da qualidade, de verificação de quantidades entregues e atividades necessárias ao registro dos materiais entregues nos sistemas de materiais da empresa. Já o armazenamento de materiais é uma função especializada e consistente, tendo como principal e única função o armazenamento adequado dos materiais, para que com isso seja possível sua rápida recuperação e a manutenção dos níveis de qualidade, facilitando a entrega. A logística de distribuição tem como atividade principal a entrega dos materiais no ponto certo, ao menor custo e no menor prazo, mantendo suas condições de qualidade. A administração de materiais tem impacto direto na lucratividade da empresa e na qualidade dos produtos. Nesse caso usa-se o sistema just-in-time, que determina que nada deve ser produzido, transportado ou comprado antes da hora exata, com o objetivo de reduzir estoques e manter o cliente satisfeito. Uma outra função é o processo de reposição do material que inicia-se com uma demanda de um cliente. O órgão responsável pelo planejamento de materiais deve verificar se 20 existe estoque do material e se o material deve ser comprado ou fabricado. Essa reposição é feita pelo órgão de compra da empresa. De acordo com Martins e Laugeni (2006): Os principais passos do processo de compra são a seleção dos fornecedores e a emissão do pedido. A seleção envolve identificar os possíveis fornecedores, agrupar itens a serem supridos pelo mesmo fornecedor, avaliar as condições de qualidade, financeiras e de contabilidade de entrega de cada fornecedor, e analisar a possibilidade de contratos de abastecimento de médio e longo prazos, procurando estabelecer parcerias. Para que essas atividades sejam desenvolvidas a contento, é imprescindível um cadastro de fornecedores que considere os diferentes aspectos do fornecimento e que se encontre permanentemente atualizado. Seguindo o pensamento dos mesmos autores, podemos entender que o pedido de compra formaliza a decisão da compra junto aos fornecedores, onde o pedido de compra tem a força de um contrato que é enviado aos fornecedores, comprometendo a empresa com relação a seus dizeres. Em alguns casos, o fornecedor negocia o pedido de compra recebido com instituições financeiras, para que lhe seja fornecido o capital de giro necessário para a produção do material solicitado pelo cliente. Martins e Laugeni (2006), nos exemplifica como deve ser feito o pedido: Todo pedido deve ser numerado para que os processos de rastreamento do sistema e dos materiais possam ser executados adequadamente. Após a emissão do pedido, o órgão de compras deve acompanhar o andamento do pedido junto ao fornecedor, sendo desejável o estabelecimento do que se denomina status do pedido, para um acompanhamento objetivo. Ele deve também acompanhar as fases do processo: compra de matéria-prima, processo de produção, expedição, data provável de entrega e outras condições relevantes. O órgão de compras deve ainda manter contato constante com os clientes dos materiais com relação ao andamento dos pedidos. O recebimento, em geral, é realizado pelo órgão de armazenamento; porém existem algumas empresas que possuem órgãos diferenciados para recebimento de materiais, isso ocorre 21 principalmente no caso de materiais muito especializados, ou no caso de existir um grande volume de materiais. Esse recebimento só tem início quando o material chega nas dependências da empresa. É conveniente que exista uma área física na qual os materiais recebidos sejam colocados, inspecionados e identificados com tarjas diferenciadas para que se possa ter uma melhor organização e conferência do material. Exemplo, os com tarjas de cores azuis ficariam os aprovados, os que estivessem com tarjas laranja estariam em processo de inspeçao, e com tarjas vermelha estariam reprovados na inspeção. Facilitando, desta forma, as atividades de estocagem dos materiais aprovados e de devolução dos materiais reprovados durante o processo de recebimento. Os integrantes da equipe do departamento de almoxarifado devem desenvolver diferentes funções de maneira adequada, pois é necessário que eles operem não somente os processos físicos de armazenamento dos materiais (estocagem, separação, contagem, arrumação) mas também os sistemas informatizados. O setor de inventário dos materiais é uma das atividades do almoxarifado e tem como objetivo principal assegurar que as quantidades físicas ou existentes no almoxarifado estejam de acordo com as listagens e os relatórios contábeis dos estoques. Martins e Laugeni (2006) afirma que: A certificação dessa realidade é importante não somente para a área contábil/fiscal da empresa, mas também para os sistema computadorizados de manufatura, como os sistemas de MRP, MRP II, ERP e similares, que somente apresentarão cálculos corretos da quantidade necessária de materiais se os níveis do estoques estiverem corretos. Existem diversas alternativas de técnicas e lógicas que podem ser utilizadas com o objetivo de se conseguir utilizar o sistemas de administração da produção. 22 As três principais, que tem sido mais usadas ao longo dos últimos 15 anos, são: MRP I e II, ERP, que são baseados fundamentalmente na lógica do cálculo de necessidades de recursos a partir das necessidades futuras de produtos, onde veremos com maiores detalhes nos próximos capítulos, os sistema Just in Time, e os sistemas de programação da produção finita, que utilizam fundamentalmente das técnicas de simulação em computador. 23 3 MRP E MRP II Neste capítulo, poderemos verificar a existência de duas definições diferentes de MRP, porém, estão sempre relacionadas entre si. As duas tem como função auxiliar as empresas no planejamento e controle das necessidades de recursos, utilizando como apoio os sistemas de informações computadorizados. Primeiramente, definiremos o conceito de planejamento com duas frases de Corrêia, Gianesi, Caon (2001): Planejar é entender como a consideração conjunto da situação presente e da visão de futuro influencia as decisões tomadas no presente para que se atinjam determinados objetivos no futuro. E Planejar é projetar um futuro que é diferente do passado, por causas sobre as quais se tem controle. Podemos enfatizar alguns aspectos dessas conceituações, em primeiro lugar um bom processo de planejamento depende de uma visão adequada do futuro, onde essa visão pode depender de sistemas de previsão, que deverão ser eficazes; em segundo lugar é importantíssimo o conhecimento fiel sobre a situação presente; em terceiro que um bom modelo lógico consiga traduzir a situação presente e a visão do futuro em boas decisões no presente, precisando também estar disponível para que um bom processo de planejamento esteja em funcionamento e quarto e um dos mais importantes aspectos, é necessário ter claros os objetivos que se pretende atingir. O conceito de cálculo de necessidade de materiais (MRP), é simples e conhecido há muito tempo, baseando-se na idéia de que, se são conhecidos todos os componentes de determinado produto e os tempos de obtenção de cada um deles, podemos, com base na visão de futuro das necessidades de disponibilidade do produto em questão, calcular os momentos e as quantidades que devem ser obtidas, de cada um dos componentes para que não haja falta 24 nem sobra de nenhum deles, no suprimento das necessidades dadas pela produção do referido produto. Segundo Slack et al (1999), “MRP tanto pode significar o planejamento das necessidades de materiais, como o planejamento dos recursos de manufatura. [...] o conceito de MRP desenvolveu-se de um foco na gestão de operações que auxiliava o planejamento e controle das necessidades de materiais, para se tornar, nos anos recentes, um sistema corporativo que apóia o planejamento de todas as necessidades de recursos do negócio”. Geralmente, o MRP é mais usado em empresas de manufatura, porém existem alguns exemplos da aplicação em ambientes não manufatureiros. Sem saber, a maioria das donas de casa utilizam-se dos conceitos do MRP, quando realizam suas deliciosas receitas. Até os anos 60, as empresas sempre tiveram que executar esses cálculos manualmente, de modo a garantir que teriam disponíveis os materiais certos nos momentos necessários. Originalmente o MRP ou MRP I dos anos 60, tinha como significado da sigla Material Requirements Planning, permitindo que as empresas calculassem quantos materiais de determinado tipo seria necessário e em que momento. Nos anos 80 e 90, o sistema teve uma expansão, onde o conceito de planejamento das necessidades de materiais foram integrados a outras partes da empresa, ficando conhecida como Manufacturing Resource Planning (Planejamento dos Recursos de Manufatura), tendo como sigla MRP II. Para entendermos claramente como funciona o MRP, Slack et. al. (1999), exemplifica-nos como seria o uso do MRP no cotidiano de uma pessoa: Uma forma fácil de compreender este processo é imaginar que você decidiu dar uma festa daqui a duas semanas, para 40 pessoas. Assim como cerveja, vinho e refrigerantes, você decide oferecer sanduíches e alguns aperitivos. Antes de ir às compras, provavelmente irá fazer alguns cálculos, estimando a preferência de seus convidados por vinho tinto, vinho branco ou cerveja, assim como quantas pessoas devem comer e beber. Você talvez já tenha em sua casa alguma bebida e comida que poderá usar; logo, deverá levar isso em conta quando fizer sua lista de compras. Se alguns dos pratos de sua festa serão preparados a partir de uma receita, você deverá multiplicar as quantidades de cada ingrediente dessa receita pelo equivalente para 40 pessoas; 25 novamente, talvez você já tenha parte dos ingredientes em estoque. Além de calcular o quanto é necessário de cada item, talvez queira considerar a possibilidade de preparar e congelar parte da comida na semana anterior, enquanto o resto será preparado no dia anterior ou no próprio dia da festa. Portanto, deverá decidir quando cada item será necessário, de modo que possa comprar no momento correto. Ao planejar sua festa, você estará tomando uma série de decisões inter-relacionadas sobre o volume (quantidade) e o momento em que os materiais serão necessários. Portanto, o MRP vem a ser um sistema que ajuda as empresas a fazer cálculos de volume e tempo similares a esses, mas numa escala e grau de complexidade muito maiores. Os sistemas MRP assumem um ambiente de produção fixo, utilizando lead times fixos para calcular quando os materiais devem chegar ao próximo centro de trabalho. Contudo, as condições de carga de trabalho e outros fatores fazem com que os lead times sejam na realidade bastante variáveis. O MRP utiliza ordens de produção derivadas do programa-mestre como unidade de controle. Conseqüentemente, o atingimento do programa é um aspecto-chave do monitoramento e do controle. Oliver Wight e Joseph Orlicky, que são considerados como pais do MRP moderno, descreveu o planejamento dos recursos de manufatura como um “plano global” para a empresa. (SLACK et al, 1999) A atualização dos registros MRP precisa de um longo tempo, na teoria, cada transação requer uma atualização completa na atualização de dados, porém, na prática, é mais usual que as alterações sejam efetuadas semanalmente ou até mesmo mensalmente. Mesmo os sistemas MRP sofisticados, que permitem atualizações apenas das mudanças líquidas, numa base diária, não são sensíveis a mudanças feitas hora a hora. 26 3.1 ELEMENTOS DE UM SISTEMA MRP Na definição e posterior implantação de um sistema MRP customizado, alguns aspectos devem ser cuidadosamente considerados a fim de se obter o sucesso do mesmo, de acordo com Martins e Laugeni (2006): • lista de material: é considerada a parte mais difícil e trabalhosa do projeto, pois todos os produtos da linha de fabricação devem ser “explodidos” em todos os seus componentes, sub-componentes e peças. Um grande número de empresas, até mesmo as mais antigas, não dispõe de relação de materiais. As empresas que dispõem de duas relações devem eliminá-las, afinal, o correto é trabalhar com uma única lista de material, que irá alimentar o sistema computacional. Uma outra dificuldade que encontra-se é conseguir manter atualizada a lista de material, o que normalmente é uma atribuição da engenharia. As constantes mudanças na tecnologia e nas exigências do mercado tornam constantes tais alterações. • controle de estoques: a informação sobre os estoques disponíveis são essenciais para a operação de um sistema MRP. Como o número de empresas que dispõem de sistemas computadorizados de controle de estoques é maior que o das que dispõe de um MRP, os softwares mais usuais tratam as duas coisas como módulos do sistema. Assim, tem-se um módulo de estoques e um outro de MRP, que podem, evidentemente, ser integrados. Estoques de segurança devem ser contemplados nos sistemas MRP, a fim de absorver eventuais ocorrências não previstas, como greves e inundações. • plano mestre: retrata a demanda a ser atendida, já depurada dos fatores externos, ou seja, aquilo que deve ser efetivamente produzido. Por se tratar de uma previsão, contém as incertezas inerentes ao futuro, devido a isso, o sistema MRP deve contemplar as 27 possibilidades de alteração nas demandas previstas. Existem sistemas que trabalham em tempo real, ou seja, em resposta a qualquer alteração, seja na demanda, seja no nível de estoques, decorrente. Os mais comuns, entretanto, fazem os cálculos periodicamente, em geral uma vez por dia. • compras: um dos produtos do MRP, é uma relação dos itens que devem ser comprados. A partir dessa listagem, o departamento de compras pode atuar junto aos seus fornecedores. Com o advento das parcerias, é grande o número de empresas que têm seus sistemas interligados com os fornecedores, e os pedidos de reabastecimento são feitos diretamente pelo computador. Na visão de Slack et al. (1999), as informações necessárias para processar o MRP, podem ser visualizadas na figura 1, juntamente como alguns de seus resultados. Figura 1: Desempenho esquemático do planejamento de necessidades de materiais (MRP I). Fonte: SLACK, Nigel; et al. Administração da Produção. São Paulo: Atlas. 1999. Na figura 1 podemos verificar que, analisando apartir da parte superior, as primeiras entradas para o planejamento das necessidades de materiais são os pedidos de clientes e a previsão de demanda. A primeira refere-se a pedidos firmes programados para algum momento 28 no futuro, enquanto a segunda consiste em estimativas realísticas da quantidade e momento de pedidos futuros. O MRP executa seus cálculos com base na combinação dessas duas componentes de demanda futura. Todas as demais necessidades calculadas no processo MRP são derivadas e dependentes dessas demandas. 3.2 VANTAGENS DE UM SISTEMA MRP Segundo Martins e Laugeni (2006), são inúmeras as vantagens de se dispor de um sistema MRP, entre elas: • instrumento de planejamento: permite o planejamento de compras, de contratações ou demissões de pessoal, necessidades de capital de giro, necessidades de equipamentos e demais insumos produtivos; • simulação: situações de diferentes cenários de demanda podem ser simuladas e ter seus efeitos analisados. É um excelente instrumento para a tomada de decisões gerenciais; • custos: como o MRP baseia-se na explosão dos produtos, levando ao conhecimento detalhado de todos os seus componentes, e, no caso do MRP II, de todos os demais insumos necessários à fabricação, fica fácil o cálculo detalhado do custo de cada produto. Muitos sistemas de MRP têm seu apelo de venda voltado justamente para o custeio dos produtos; • redução à influência dos sistemas informais: com a implantação do MRP, deixam de existir os sistemas informais, muito usuais nas fábricas ainda hoje. Nesses sistemas, a informação sobre um determinado produto por vezes fica armazenada na cabeça de funcionário. 29 3.3 CÁLCULO MRP A lógica do cálculo de necessidades é muito simples e já conhecida há muito tempo. Porém, sua utilização em processos de manufatura complexos foi impossível ou inviável até meados dos anos 60. Isto se explica pelo fato de não haver disponível, até então, capacidade suficiente de armazenagem e processamento de dados para tratar o volume de dados que o cálculo de necessidades requer em uma situação real. Com o barateamento e o simultâneo aumento da capacidade de processamento de dados dos computadores, o cálculo de necessidades passou a ser considerado alternativa viável para utilização em situações práticas. Surgiram, então, nos Estados Unidos, os primeiros sistemas de computador para gestão de materiais que utilizam conceitos de cálculo de necessidades. As aplicações computadorizadas mais antigas do cálculo de necessidade de materiais foram desenvolvidas a partir de um “processador de listas de materiais”, que convertia um plano de produção de um produto final (demanda independente) em um plano de compras ou produção de seus itens componentes (demanda dependente). É importante diferenciar os conceitos de itens de demanda independente e itens de demanda dependente, pois se encontram no coração da utilização do cálculo de necessidade, onde Corrêa e Gianesi (1193) definem como: • Itens de demanda independente – São aqueles cuja demanda não depende da demanda de nenhum outro item. Um bom exemplo de item de demanda independente é o produto final, pois um produto final tem sua demanda dependente do mercado e não da demanda de qualquer outro item. • Itens de demanda dependente – São aqueles cuja demanda depende da demanda de algum outro item. A demanda de um componente de um produto final, por exemplo, é dependente da demanda do produto final. Para a produção de cada unidade de produto final uma quantidade bem definida e conhecida do componente será sempre necessária. 30 A diferença básica entre os dois itens é que a demanda do primeiro tem de ser prevista com base nas características do mercado consumidor. A demanda do segundo, no entanto, não necessita ser prevista, pois sendo dependente de outro, pode ser calculada com base na demanda deste. As informações para o processo de planejamento são importantes, porém não podemos considerá-las como sendo “coração” do procedimento. O MRP, como pode ser visto, é um processo sistemático de tomar estas informações de planejamento e calcular a quantidade e o momento das necessidades que irão satisfazer à demanda. Veremos aqui a forma pela qual estes cálculos são executados, começando pelo que provavelmente é o passo mais importante, o cálculo das necessidades líquidas. Na figura 2 poderemos verificar de forma simplificada o processo no qual o MRP calcula a quantidade de materiais necessários. Figura 2: O cálculo de necessidades líquidas no MRP Fonte: SLACK, Nigel; et al. Administração da Produção. São Paulo: Atlas. 1999. 31 Segundo Slack et al. (1999), na figura 2, podemos verificar que o MRP toma o programamestre de produção e “explode” este programa através da lista de materiais de nível único, verificando quantas submontagens e componentes são necessários. Antes de descer para o próximo nível da estrutura do produto, o MRP verifica quanto dos materiais necessários já estão disponíveis em estoque, gerando, assim, as “ordens de trabalho” ou requisições para as necessidades líquidas dos itens que serão feitos na fábrica. Essas necessidades líquidas formam, então, o programa que será explodido através da lista de materiais de nível único para o próximo nível abaixo na estrutura. Novamente, o estoque disponível desses itens é verificado; ordens de trabalho são geradas para as necessidades líquidas dos itens que serão feitos na fábrica, sendo também geradas as ordens de compra para as necessidades líquidas dos itens que serão adquiridos de fornecedores. Este processo continua até que se chegue ao nível mais baixo da estrutura do produto. Além de calcular a quantidade de materiais necessários, o MRP também considera quando cada um desses componentes é necessário, ou seja, os momentos da programação de materiais. Ele faz isso através de um processo denominado programação para trás, que leva em conta o lead time (dia) de cada nível de montagem. Os planos de necessidades de recursos são planos estáticos que envolvem a análise do futuro de longo prazo, de forma a prever as necessidades de grandes partes estruturais da unidade produtiva, como o número, a localização e o tamanho de novas unidades. São algumas vezes chamados de “planos de capacidade infinita”, pois como eles constituem tentativas de viabilizar a produção no longo prazo, através da obtenção dos recursos necessários, dado que assumem uma habilidade quase infinita de estabelecer dados níveis de produção, caso a demanda garanta sua necessidade. Em se tratando de médio e curto prazos, os programas mestres de produção devem utilizar a capacidade disponível. O ciclo de realimentação neste nível confronta o MPS somente 32 contra os gargalos e recursos-chaves. Logo, diferentemente do plano de necessidades de recursos, os planos de capacidade a grosso modo são “planos de capacidade finita”, porque devem operar com certas restrições. Em uso diário, as ordens de trabalho que devem ser emitidas pelo MRP normalmente têm um efeito variável sobre a carga de equipamentos específicos ou trabalhadores individuais. O CRP é um “plano de capacidade infinita”, onde projeta esta carga períodos a frente, dado que não leva em conta as restrições de capacidade de cada máquina ou centro de trabalho. Caso esta carga seja oscilante, ela pode ser suavizada através do replanejamento com capacidade finita ou através da alocação temporária de recursos ao setor. De acordo com Slack et al. (1999), o sistema MRP de ciclo fechado pode ser desenvolvido de modo a gerar planos de curtíssimo prazo, tal como mostrado na Figura 3. Figura 3: MRP ciclo fechado Fonte: SLACK, Nigel; et al. Administração da Produção. São Paulo: Atlas. 1999. 33 3.4 PLANEJAMENTO DOS RECURSOS DE MANUFATURA (MRP II) O MRP I, como pôde-se verificar no início do capítulo, era essencialmente voltado para o planejamento e controle da produção e estoques, em empresas de manufatura. Entretanto, os conceitos têm sido estendidos a outras áreas da empresa, ou seja, sendo utilizado para outros recursos de produção, como as necessidades de mão-de-obra e de equipamento, além, é claro, dos materiais. Toda essa mudança estava ligada à necessidade de informações adicionais, como os centros produtivos, roteiros de produção e taxas de consumo de recurso por item produzido. Para Martins e Laugeni (2006) “o MRP II, é uma extensão do MRP com a inclusão de recursos como: mão-de-obra, equipamentos, instalações, entre outros”. Na figura 4 podemos verificar a evolução do MRP para MRP II de forma ilustrativa. Figura 4: Evolução do MRP ao MRP II. Fonte: Adaptado de Scott, 1994. 34 Para o pai do MRP, como também já foi citado no início do capítulo, definiu o MRP II como sendo “um plano global” onde poderemos conferir na íntegra: [...] um plano global para o planejamento e monitoramento de todos os recursos de uma empresa de manufatura: manufatura, marketing, finanças e engenharia. Tecnicamente, ele envolve a utilização do sistema MRP de ciclo fechado para gerar números financeiros [...]. De acordo com Slack et al. (1999): O MRP II é baseado em um sistema integrado, contendo uma base de dados que é acessada e utilizada por toda a empresa, de acordo com as necessidades funcionais individuais. Entretanto, apesar de sua dependência de tecnologias de informação que permitam tal integração, o MRP II ainda depende das pessoas para a tomada de decisões. Por exemplo, uma estrutura de produto ou lista de materiais é mantida, tanto na engenharia como na gestão de materiais. Quando surgem mudanças de engenharia no projeto dos produtos, ambas as bases de dados precisam ser atualizadas. É difícil manter as duas bases completamente idênticas e podendo gerar alguns problemas, os quais não são notados até que um funcionário receba o fornecimento de peças erradas para manufaturar o produto. De forma similar, as informações de custo das áreas de finanças e contabilidade, as quais são utilizadas para executar atividades de contabilidade gerencial, como análises de variância contra custos-padrão, precisam ser reconciliadas com as mudanças ocorridas em qualquer outra parte da empresa, como mudanças nos processos de manutenção ou processamento de estoques. (SLACK et al., 1999). Os sistemas MRP II podem ter um custo alto para instalar, mas quando trabalham bem podem trazer benefícios relativamente rápido. 35 3.4.1 Como funciona o MRP II O MRP II é um sistema hierárquico de administração da produção, em que os planos de longo prazo de produção, agregados, são sucessivamente detalhados até se chegar ao nível do planejamento de componentes e máquinas específicas. Encontram-se disponíveis no mercado na forma de sofisticados pacotes para computador. Estes são em geral, divididos em módulos, que têm diferentes funções e mantêm relações entre si. Os pacotes comerciais disponíveis guardam entre si grande similaridade quanto aos módulos principais e lógica básica. Para Corrêa e Gianesi (1193), o MRP II possui cinco módulos principais: • Módulo de planejamento da produção (production planning). Esse módulo ocupa-se de auxiliar a decisão dos planejadores quanto aos níveis agregados de estoques e produção período a período, baseando-se também em previsões de demanda agregada. É o nível mais agregado de planejamento de produção e, por isso, presta-se ao planejamento de mais longo prazo, podendo chegar a alguns anos. Os planos de produção desagregados, como os módulos MPS e MRP, devem ser consolidados e confrontados com o plano de produção para que o planejador tenha certeza de que suas decisões desagregadas e detalhadas estão contribuindo como atingimento das metas de produção de prazo mais longo. • Módulo de planejamento mestre de produção (master production schedule ou MPS). Esse módulo coordena a demanda do mercado com os recursos internos da empresa de forma a programar taxas adequadas de produção de produtos finais período a período. 36 É considerado o elo básico de comunicação entre os níveis mais agregados de planejamento com a produção. É a partir do programa-mestre que se vão calcular as necessidades de componentes, capacidade produtiva, entre outros recursos. O plano-mestre representa uma das contribuições mais importantes da função operacional da manufatura ao processo de planejamento global da organização. Ele representa a desagregação do plano de produção agregado. O plano de produção limita e restringe o MPS, pois a soma das quantidades detalhadas por produto do MPS tem sempre que ser igual à soma ditada pelo plano agregado. O MPS é a base para o estabelecimento de importantes compromissos entre os interesses de diversas funções dentro da organização. De acordo com Corrêa, Gianesi e Caon (2001), conceituam o plano-mestre como sendo: Um plano operacional, parte de um plano mais amplo e abrangente, que é o plano de vendas e operações, antigamente chamado simplesmente plano agregado de produção. Assim como qualquer outro, o plano-mestre de produção deve ser integrado com os planos de outras funções dentro da organização. Deve ser interligado com vendas, marketing, engenharia, finanças e manufatura. De acordo com o Dicionário APICS (sigla de “American Production and Inventory Control Society”, organização americana que se ocupa, entre outras coisas, de congregar práticos e acadêmicos da área de planejamento e controle de produção, padronizar uso de termos, certificar profissionais, editar periódicos e promover congressos relacionados ao tema), o plano-mestre de produção é: Uma declaração do que a empresa espera manufaturar. É o programa antecipado de produção daqueles itens a cargo do programador-mestre. O programador-mestre mantém esse programa que, por sua vez, torna-se uma 37 série de decisões de planejamento que dirigem o planejamento de necessidade de materiais (MRP). Representa o que a empresa pretende produzir expresso em configurações, quantidades e datas específicas. O programa-mestre não é uma previsão de vendas, que representa uma declaração de demanda. O programa-mestre deve levar em conta a demanda, o plano de produção (ou S&OP), e outras importantes considerações, como solicitações pendentes, disponibilidade de material, disponibilidade de capacidade, políticas e metas gerenciais, entre outras. É o resultado do processo de programação-mestre. O programa-mestre é uma representação combinada de previsões de demanda, pendências, o programa-mestre em si, o estoque projetado disponível e a quantidade disponível para promessa. Uma infinidade de possibilidades entre os dois extremos de políticas para MPS (com o MPS nivelado e com o MPS acompanhando a previsão de vendas) está disponível para uso, conforme a necessidade e a conveniência estratégica que o particular caso demandar. A escolha da política mais apropriada deve levar em conta questões estratégicas, já que a política escolhida pode influenciar a forma com que a empresa está competindo no mercado. Como o módulo MRP e os módulos seguintes no encadeamento lógico do MRP II derivam basicamente do MPS, as considerações estratégicas quanto ao planejamento logístico da produção devem ser feitas ao nível do MPS. É importante analisar questões como as abaixo, para que se faça uma boa gestão estratégica do MPS: Incerteza da demanda; Importância Estratégica; Importância estratégica de se minimizarem os níveis de estoque; Custos financeiros e organizacionais das variações nos níveis de produção. É importante entender perfeitamente o funcionamento do MPS para que possamos com ele gerenciar. Corrêa, Gianesi e Caon (2001), concluíram dizendo que: Programa-mestre é uma declaração de quantidades planejadas que dirigem os sistemas de gestão detalhada de materiais e capacidade, e essa declaração é baseada nas expectativas que temos da demanda (da visão de demanda, 38 presente e futura que temos) e dos próprios recursos com os quais a empresa conta hoje e vai contar no futuro. Na figura 5 será mostrado o posicionamento do MPS no corpo da estrutura MRP II. Figura 5: Esquema geral do MRP II mostrando a posição do MPS Fonte: CORRÊA, GIANESI e CAON. Planejamento, programação e controle da produção MRP II / ERP. 4. ed. São Paulo: Atlas. 2001. 39 • Módulo de cálculo de necessidade de materiais (material requirements planning ou MRP). De forma similar ao que ocorre com o MPS, o MRP também se baseia num registro básico que representa a posição e os planos com respeito à produção e estoques de cada item, seja ele um item de matéria-prima, semi-acabado ou acabado, ao longo do tempo. Este registro é chamado registro básico do MRP período a período (MRP timephased record). É importante, entender bem o que representam os elementos deste registro básico, que embora similar ao registro do MPS, tem particularidades próprias. Período: indica os períodos que o MRP vai considerar para o planejamento. Estes períodos podem variar de um dia até um mês, conforme o caso específico. O período que parece ser o mais utilizado é a semana. Na literatura de língua inglesa, o período é conhecido como time bucket. Necessidades brutas (gross requirements): as quantidades que representam a utilização futura ou demanda do item em questão durante cada período. Recebimentos programados (scheduled receipt): ordens firmes - de reposição de estoque para o item com recebimento programado para o início do período. Estoque projetado disponível (projected available balance): a posição e os níveis projetados de estoque do item, disponíveis ao final de cada período. Plano de liberação de ordens (planned order releases): ordens planejadas a serem liberadas no início de cada período. Tempo de ressuprimento (lead-time): é o tempo que decorre entre a liberação de uma ordem e a completa disponibilidade do material correspondente para utilização. Para Corrêa, Gianesi e Caon (2001): 40 O sistema MRP é baseado no pressuposto de que os lead times podem ser determinados a priori do processo de planejamento. Na verdade, o MRP necessita dos lead times como um dado de entrada de seu processo de planejamento. Partindo da data de entrega prometida, o MRP vai subtraindo os lead times dos diversos componentes para chegar às datas de início da produção e compra desses componentes. Esses lead times são, por sua vez, dependentes do tempo estimado de filas aguardando processamento nas estações de trabalho. Uma vez que as prioridades foram estabelecidas pelo MRP, o sistema, então, vai checar se há no sistema produtivo capacidade produtiva suficiente para cumprir o programa. As prioridades, ou, em outras palavras, a programação, e a capacidade são consideradas sequencialmente, e não simultaneamente, no MRP - que primeiro programa e depois checa a capacidade. Tamanho do lote (lot size): idealmente, as ordens colocadas seriam do tamanho exato necessário, nem mais, nem menos. Entretanto, a empresa pode optar por trabalhar com lotes de produção para fazer frente a eventuais custos fixos em relação à quantidade produzida (como, por exemplo, os custos de preparação de máquina). • Módulo de cálculo de necessidade de capacidade (capacity requirements planning ou CRP). O planejamento da capacidade de produção é tão importante como o planejamento dos próprios materiais. De acordo com Corrêa, Gianesi e Caon (2001), o planejamento de capacidade de curto prazo, CRP, visa subsidiar as decisões do planejamento detalhado de produção e materiais, MRP, tendo os seguintes objetivos principais: • antecipar necessidades de capacidade de recursos que requeiram prazo de algumas poucas semanas para sua mobilização / obtenção; • gerar um plano detalhado de produção e compras que seja viável, por meio de ajustes efetuados no plano original sugerido pelo MRP, para que este possa ser liberado para execução pela fábrica; Os mesmos autores nos explicam que nesse nível, não é necessário que o cálculo de capacidade seja rápido, pois, admitindo que o RCCP foi bem feito, não devem ter restado 41 muitos problemas a serem analisados, os quais devem ser resolvidos por meio de pequenos ajustes nas ordens de produção. O importante é que o cálculo seja o mais preciso possível, assumindo-se, é claro, as imprecisões típicas da lógica de planejamento de capacidade infinita do MRP II. O horizonte de planejamento típico é de algumas semanas, sendo que o limite é dado pelo horizonte do MPS, que define o horizonte máximo do MRP. • Módulo de controle de fábrica (shop floor control ou SFC). O módulo de controle de fábrica é o responsável pela seqüênciação das ordens, por centro de produção, dentro de um período de planejamento e pelo controle da produção, no nível da fábrica. No MRP II clássico, é este o módulo que busca garantir que o que foi planejado será executado da forma mais fiel possível aos planos. Se o módulo de controle de fábrica dos sistemas do tipo MRP II é adequado a algum tipo de sistema produtivo, este tipo é o job-shop. Entretanto, de maneira geral, o uso dos módulos de controle de fábrica dos sistemas MRP II de forma estrita (sem que o sistema seja muito alterado para adequar-se ao usuário) tem sido bastante limitado, tanto no Brasil como no exterior. No nível de controle de fábrica, se acham as funções que mais se utilizarão dos roteiros pelos quais as ordens terão de passar. Além dos roteiros, também são necessárias informações cadastrais sobre os diversos centros de produção e sua capacidade. Todas estas informações devem estar presentes na base de dados do MRP II para permitir o uso do SFC. Poderemos verificar em detalhe como os módulos principais se relacionam conforme nos mostra a figura 6. 42 Figura 6: Inter-relação entre os módulos principais de um sistema MRP II típico Fonte: CORRÊIA e GIANESI. Just in time, MRP II e OPT. São Paulo: Atlas. 1993. 43 4 SISTEMAS ERP Como podemos verificar no capítulo 3, o conceito onde se apóiam os sistemas MRP II nasceu do que hoje é conhecido como o módulo MRP. A partir daí, agregamos os módulos de programação-mestre de produção (MPS), cálculo grosseiro de necessidade de capacidade (RCCP), cálculo detalhado de necessidade de capacidade (CRP), controle de fábrica (SFC), controle de compras (PUR) e, mais recentemente, Sales & Operations Planning (S&OP). O sistema, então, deixou de atender apenas as necessidades de informação referentes ao cálculo de necessidade de materiais para atender às necessidades de informação para tomada de decisão gerencial sobre outros recursos de manufatura. MRP passou a merecer, então, a denominação MRP II, passando a significar sistema de planejamento de recursos de manufatura. Entretanto, a partir desse momento, outros módulos integrados ao MRP II continuaram a ser agregados pelos fornecedores de sistemas e oferecidos ao mercado: um recebimento físico tinha obrigatoriamente que ser informado ao sistema para efeito do MRP II. Para Corrêa, Gianesi e Caon (2001), alguns questionamentos surgiram: Por que não oferecer, então, de forma integrada, também um apoio ao recebimento fiscal, usando possivelmente a mesma tela do sistema? Por que não oferecer também de forma integrada o suporte às transações contábeis que são geradas a partir dos fatos físicos? Dessa forma, os fornecedores gradualmente vão, com objetivo de ampliar o escopo dos produtos vendidos, agregando mais e mais módulos que suportam mais e mais funções, integradamente, aos módulos de manufatura, mas com escopo que passou a transcender em muito o escopo da manufatura. Quando os fornecedores passam a considerar que suas soluções integradas são suficientemente capazes de suportar as necessidades de informação para todo o empreendimento, passam a se autodenominar fornecedores, não mais de sistemas MRP II, mas de sistemas ERP. 44 Não existem registros precisos de quando exatamente os sistemas ERPs foram criados e a partir de quando a palavra ERP passou a ser utilizada. Alguns autores falam que, os ERPs tiveram suas raízes na Europa e na indústria de manufatura, sendo que em 1979 a companhia alemã SAP (abreviatura de “Systeme, Anwendungen, und Produkte in Datenverarbeitung”, ou Sistemas, Aplicações e Produtos em Processamento de Dados) lançou o R/2, uma versão precursora de um software ERP. Outros autores complementam que, por volta da década de 70, algumas empresas de software desenvolveram sistemas procurando, principalmente, implementar as técnicas de MRP (Material Requirement Planning), e posteriormente MRP II, voltadas para a produção. Gradativamente, estas empresas passaram a incorporar mais módulos e funcionalidades aos seus sistemas, passando a contemplar as atividades administrativas e comerciais, dando origem aos ERPs. A sigla ERP, Enterprise Resources Planning, traduzida literalmente, significa algo como “Planejamento de Recursos da Corporação ou Empresa”. Esse termo tem sido cunhado como o estágio mais avançado dos sistemas tradicionalmente chamados MRP II, ou ainda, pode-se dizer que o ERP tem suas raízes no MRP, pois trata-se de um processo evolutivo natural proveniente da maneira com a qual a empresa enxerga seu negócio e interage no mercado. Ainda, os ERPs podem ser considerados como uma plataforma de software desenvolvida para integrar os diversos departamentos de uma empresa, possibilitando a automação e armazenamento de todas as informações de negócios. Apresentam-se, simplificadamente, como sendo uma ferramenta de tecnologia da informação para integrar os processos empresariais e as atividades dos vários departamentos, podendo também integrar todas as empresas da cadeia produtiva. 45 Segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2001), “o sistema ERP tem a pretensão de suportar todas as necessidades de informação para a tomada de decisão gerencial de um empreendimento como um todo”. Por exemplo, um representante de vendas grava um pedido de compra no sistema ERP da empresa. Quando a fábrica começa a processar a ordem, o faturamento e a expedição podem checar o status da ordem de produção e estimar a data de embarque. O estoque pode checar se a ordem pode ser suprida pelo saldo e pode então notificar a produção com uma ordem que apenas complemente a quantidade de itens requisitados. Uma vez expedida, a informação vai direto o relatório de vendas para gerenciamento superior. Segundo Souza (2003), o ERP emprega a tecnologia cliente/servidor, ou seja, o usuário do sistema (cliente) roda uma aplicação (rotina de um módulo do sistema) que acessa as informações de um sistema de gerenciamento de uma base de dados única (servidor). Isto, ao contrário do antigo sistema de main-frame, reflete o conceito de computação descentralizada. O sistema opera então com uma base de dados comum, no coração do sistema. O banco de dados interage com todos os aplicativos do sistema, desta forma, elimina-se a redundância e redigitação de dados, o que assegura a integridade das informações obtidas. Cada sistema de ERP oferece um conjunto de módulos (aplicativos) para aquisição. Estes são os pacotes funcionais, individualizados para cada unidade de negócio dentro da organização (financeiro, engenharia, administração de materiais, contabilidade, etc.), onde poderá ser melhor visualizado na figura 7. 46 Figura 7 - Estrutura típica de funcionamento de um sistema ERP Fonte: DAVENPORT, T. H. Missão crítica: obtendo vantagem competitiva com os sistemas de gestão empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2002. Idealmente, a vantagem de um sistema ERP é a habilidade de necessitar a entrada de informações uma única vez. Muitos sistemas ERP são comercializados em um pacote com os módulos básicos para a gestão do negócio e então oferecem módulos adicionais que podem ser adquiridos individualmente em função do interesse e estratégia da empresa. Todos esses aplicativos são completamente integrados a fim de propiciar consistência e visibilidade para todas as atividades inerentes ao processo da organização. Entretanto, o sistema ERP requer do usuário o cumprimento dos procedimentos e processos como descrito pelo aplicativo. Estes sistemas, no Brasil, são chamados de Sistemas Integrados de Gestão Empresarial, não atuam somente no planejamento. Eles controlam e fornecem suporte a todos os processos operacionais produtivos, administrativos e comerciais da empresa. Todas as 47 transações realizadas pela empresa devem ser registradas, para que as consultas extraídas do sistema possam refletir ao máximo possível sua realidade operacional. A implantação de um sistema ERP exige que a empresa se reorganize, tendo como foco o processo do negócio como um todo, e não mais os limites departamentais, uma vez que o sistema é integrado e as informações que são geradas por um departamento são compartilhadas por outros. Facilita o controle, uma vez que estando todas as informações armazenadas no sistema, pode-se verificar o desempenho das várias áreas da empresa. Por fim, fornece suporte à decisão, através de funcionalidades que gradativamente vêm sendo incorporadas pelos produtores de ERP sob a denominação de Business Intelligence. Estas funcionalidades assemelham-se às existentes nos sistemas de informação executiva, voltados para média e alta gerência, fornecendo consultas sobre informações estratégicas e que facilitam a tomada de decisão. Assim, as atividades básicas do administrador (planejar, organizar, dirigir e controlar), são subsidiadas por informações de alta confiabilidade, consistentes e em tempo real, onde as informações são registradas no sistema no momento em que ocorrem, sendo automaticamente refletidas pelas consultas e relatórios. Em geral, os sistemas ERP não são comprados como outros produtos. A empresa interessada adquire uma licença de uso, vinculada ao pagamento periódico, seja mensal, semestral ou anual de uma quantia destinada a manutenção do produto. A empresa perde o direito de uso do sistema caso interrompa os pagamentos da licença. As políticas comerciais variam de empresa para empresa, mas de forma geral, a empresa fornecedora de ERP inclui como serviço de manutenção a correção de falhas nos programas, aprimoramentos funcionais, atualização tecnológica, atualização legal para atender a mudanças na legislação e suporte técnico. 48 Os sistemas ERP abrangem uma grande gama de funcionalidades e processos empresariais. Logicamente, de acordo com o fornecedor do software ERP, existe variação em amplitude (número de atividades e processos contemplados pelo sistema) e em profundidade (grau de especificidade e flexibilidade com que trata um processo determinado). De forma geral, os sistemas ERP fornecem suporte às atividades administrativas (finanças, recursos humanos, contabilidade e tributário), comerciais (pedidos, faturamento, logística e distribuição) e produtivas (projeto, manufatura, controle de estoques e custos). 4.1 VANTAGENS DE IMPLANTAR UM ERP O principal apelo desse tipo de solução é a possibilidade de as empresas poderem integrar as informações do seu negócio, uma vez que esses sistemas são comercializados em pacotes de aplicativos para automatizar os vários departamentos da companhia. Os ERPs substituem os diversos programas que as empresas usam para processar seus dados. Em muitos casos, esses aplicativos não conversam entre si. Como no atual cenário, as empresas precisam de informações rápidas para tomar decisão, os que não tiverem agilidade para atender seus clientes terão dificuldades para se manter no mercado. A tecnologia de ERP ajuda as empresas a medirem melhor o seu negócio e saber como estão agindo frente à concorrência. Muitas empresas ainda fazem controle de sua operação em planilhas manuais e têm dificuldade para fechar os relatórios mensais porque as informações dos vários departamentos não batem. Segundo os especialistas, existem companhias que levam às vezes mais de 30 dias para fechar o balanço contábil do mês e nem sempre esses dados são confiáveis. 49 Na figura 8, mostraremos as etapas de implementação do sistema ERP, ou seja, o processo pelo quais os módulos dos sistemas são colocados em funcionamento em uma empresa. Figura 8: Etapas de implementação Fonte: SOUZA, Alexandre; ZWICKER, Ronaldo. Ciclo de vida de sistemas ERP. Caderno de pesquisa em administração. v. 1, n. 11, São Paulo, 2000. Segundo a Enciclopédia Livre, as vantagens da implementação de um ERP numa empresa são: • Eliminar o uso de interfaces manuais; • Redução de custos; • Otimizar o fluxo da informação e a qualidade da mesma dentro da organização (eficiência); • Otimizar o processo de tomada de decisão; • Eliminar a redundância de atividades; • Reduzir os limites de tempo de resposta ao mercado; 50 • Reduz as incertezas do lead-time. Porém, ainda seguindo o uso da Enciclopédia Livre, existem algumas desvantagens com a implementação de um ERP numa empresa: • A utilização do ERP por si só não torna uma empresa verdadeiramente integrada; • Altos custos que muitas vezes não comprovam o custo/benefício; • Dependência do fornecedor do pacote; • Adoção de best practices aumenta o grau de imitação e padronização entre as empresas de um segmento; • Cortes de pessoal, que gera problema social; • Torna os módulos dependentes uns dos outros, pois cada departamento depende das informações do módulo anterior, por exemplo. Logo, as informações têm que ser constantemente atualizadas, uma vez que as informações são em tempo real (on-line), ocasionando maior trabalho; • Excesso de controle sobre as pessoas, o que aumenta a resistência à mudança e pode gerar desmotivação por parte dos funcionários. Citemos um exemplo real, e diário, que uma empresa pode vir a passar; imagine uma fábrica que produz suco em garrafinha para venda nas gôndolas dos supermercados e leva um mês para saber como foi o seu movimento de vendas por loja. Ela corre o risco de abastecer de mais ou de menos os pontos de vendas. A falta de seu produto no varejo poderá fazer com que o consumidor não se lembre mais da marca. Ernesto Haberkorn, afirma que o ERP acompanha todo o processo da venda, desde a emissão do pedido, passando pelo estoque até a cobrança. Outra função dos sistemas integrados é avaliar se a empresa está praticando o preço adequado na venda de determinado produto. No exemplo da fabricante de suco, se ela não calcular os custos corretos de sua bebida, poderá perder dinheiro. 51 Para Haberkorn, outros ganhos que um sistema de ERP pode trazer para os negócios: • Maior controle e gerenciamento dos processos internos da empresa; • Agilidade nos negócios com a integração dos processos empresariais e transações em tempo real; • Melhor comunicação interna com a padronização da informação; • Facilidade em integrar outras soluções de negócios como BI (business intelligence) e CRM (relacionamento com o cliente); • Relatórios financeiros com mais precisão para tomada de decisão; • Gestão mais rigorosa sobre o inventário para agilizar giros de estoque; • Redução do custo da mão-de-obra com automação de processos, já que serão necessárias menos pessoas para suportar a operação da empresa. 4.2 PASSO A PASSO DE UM PROJETO ERP Podemos definir algumas fases para o projeto do ERP. Segundo a Enciclopédia Livre, podemos citas em: Fase 1 - Raio X Esta é a fase do projeto onde os processos e as práticas de negócio são analisados. É o momento em que a companhia é profundamente observada e quando é definida a necessidade de uma solução ERP. Fase 2 - Desenvolvimento É neste momento que uma aplicação é escolhida e configurada para uma companhia. Também são definidos o modelo de funcionamento da solução e outros aspectos do ambiente. 52 Fase 3 – Teste Aqui a solução de ERP é colocada em um ambiente de teste. É quando os erros e falhas são identificados. Fase 4 – Treinamento Todos os profissionais são treinados no sistema para saber como utilizá-lo antes da implementação ser concluída. Fase 5 – Implementação O software de ERP é finalmente instalado na companhia e se torna funcional aos usuários. Fase 6 – Avaliação A solução de ERP é avaliada, observando-se o que é necessário melhorar e o que está ou não funcionando adequadamente. Esta é apenas uma avaliação geral do projeto ERP para referências futuras. Uma observação válida em um sistema de ERP é o uso de uma ferramenta de Business Intelligence para que todos os dados gerados sejam transformados em informações gerenciais e assim haver um plano de melhorias e/ou ação. Tal ferramenta é associada ao sistema de ERP e usa os dados contidos para que seja feito esse levantamento de informações necessárias a todos os gerentes, diretores e demais responsáveis administrativos. 53 4.3 PRINCIPAIS FORNECEDORES DE SISTEMAS ERP Existem vários fornecedores de sistemas ERP. Algumas das maiores empresas fornecedoras de sistemas ERP a nível mundial, e também atuantes no Brasil, podem ser observadas suas características na Tabela 1, e suas distribuição no comércio mundial na Figura 9. Tabela 1: Principais fornecedores de sistemas ERP SAP BAAN ORACLE PEOPLESOFT JD.EDWARDS MICROSIGA Fundada em 1972 na Alemanha por cinco engenheiros da IBM. O seu sistema R/3 foi otimizado para gerir os processos de produção e gestão, logística e recursos humanos. É considerada a maior empresa fornecedora de ERP a nível mundial, contribuindo para isso, ter sido uma das pioneiras. A Baan é uma empresa de origem holandesa e comercializa o sistema BAAN IV, sucessor do Triton. O sistema oferece o Orgware que permite aos usuários não-técnicos definir os processos e o software configura automaticamente o sistema de acordo com os requisitos definidos. O BAAN IV é bastante forte no tratamento dos diversos cenários da manufatura e é bem adequado também para o tratamento do que se denomina "Empreendimentos" (Projects). A ORACLE passou de uma empresa que desenvolvia "databases" para uma empresa que desenvolve ERP a partir de 1994. O software apresenta mais de 35 módulos, mas ainda carece de maiores desenvolvimentos. Seu ponto forte é a grande flexibilidade. Esta empresa surgiu a partir de um sistema para Recursos Humanos desenvolvido em uma arquitetura "cliente-servidor". Posteriormente evoluiu para outros módulos, apresentando o primeiro sistema integrado em 1996. Sua principal vantagem competitiva é no tratamento dos recursos humanos. A empresa apresenta o software OneWorld que é bastante flexível e forte em finanças. No aspecto manufatura, o sistema a classifica em duas categorias, BTO ou BTS, que denomina de manufatura processual ou de manufatura modular. A manufatura é tratada dentro do módulo de distribuição e de logística e também apresenta os módulos básicos para o planejamento, programação e o controle da produção. Tem desenvolvido aplicações para a indústria química, notadamente a indústria petroquímica. A MICROSIGA é uma empresa nacional que tem desenvolvido sistemas de controle de gestão desde 1983 e apresenta o SIGA Advanced, sistema de gestão integrado, com módulos que cobrem praticamente todas as operações empresariais. 54 DATASUL A DATASUL está no mercado brasileiro há mais de 10 anos com um sistema empresarial integrado denominado Magnus. Recentemente desenvolveu o sistema EMS – DATASUL, incorporando novas tecnologias incluindo DATAWAREHOUSE, EDI e outras. SISCORP O SISCORP, Sistema Integrado de Administração Corporativa, foi desenvolvido pela empresa Starsoft e tem como características ser Multiempresa, Multi-usuário, Multi-Plataforma. No momento, está sendo desenvolvida uma nova versão do sistema, denominada de Visual Siscorp. Fonte: FRANCISCHINI, Paulino G. LAUGENI, Fernando P. O Tratamento da Manufatura nos Sistemas ERP. In: XIX Encontro Nacional de Engenharia de Produção – ENEGEP. Anais em CDROM, Rio de Janeiro, 1999. Figura 9: Distribuição dos sistemas ERP no mercado Fonte: IMPACTA: Relatório do estudo dos sistemas operativos e bases de dados mais utilizadas em sistemas ERP. 2005 Na figura 9 podemos observar que a SAP é líder mundial (falaremos mais sobre essa empresa no capítulo 5), sendo seguida da Oracle e Datasul. 55 4.4 POPULARIZAÇÃO DO ERP NO BRASIL A tecnologia de ERPs começou a ganhar popularidade no Brasil no final da década de 90 depois da virada do bug do Milênio. No início era mais um privilégio das grandes companhias, como Sadia, Petrobras, Volkswagen, Unilever etc. Mas, aos poucos, os preços desses pacotes foram caindo e as grandes fornecedoras desses produtos criaram programas para descer à base da pirâmide, uma vez que atingiram a maior parte das 500 maiores corporações do País. Agora, o grande alvo dos fornecedores de ERP são as pequenas e médias empresas, segmento com baixa adesão a essa tecnologia. É por isso que as multinacionais SAP, Oracle e a estreante Microsoft no terreno de gestão empresarial estão com programas agressivos para competir com as brasileiras Microsiga e Datasul. Elas querem ganhar penetração nesse setor, oferecendo preços mais acessíveis e linhas de financiamentos para a compra, não apenas dos pacotes de gestão empresarial, mas também do hardware que vai rodar essas aplicações. Ter essa tecnologia não é modismo, mas uma necessidade para garantir a sobrevivência da companhia, afirma Ernesto Haberkorn, um dos fundadores da Microsiga, produtora nacional de ERP focada no segmento de pequenas e médias empresas. Haberkorn, destaca que esses pacotes vêm com ferramentas que automatizam uma empresa de ponta a ponta, abrangendo controle de receita, fluxo de caixa, atendimento ao cliente e controle de estoque, entre outras áreas. A deficiências na gestão é um dos principais motivos de mortalidades dos pequenos negócios. “Pesquisas mostram que de cada dez empresas abertas hoje no Brasil, cinco morrem nos primeiros dois anos. Até o quarto ano, apenas duas sobrevivem”, diz Haberkorn, afirmando que apenas 25% das companhias abertas há 20 anos no Brasil permanecem de portas abertas. As demais fecharam porque não deram lucro. 56 Para saber se a empresa está dando lucro, o especialista diz que o empresário tem de fazer um acompanhamento de perto de tudo o que ele vende e gasta e que o ERP veio para fazer essa tarefa de forma automatizada. Suas ferramentas medem todos os resultados. Por funcionar integrado com todos os departamentos, o ERP traça relatórios diários de clientes que não pagam, mostram produtos que estão dando prejuízos, equipamentos obsoletos, calcula custo de matéria-prima, entregas de pedidos fora do prazo e até deda o funcionário que não chega no horário. Segundo comentário de Haberkorn: Com um ERP, a empresa tem como prever a entrega de um pedido colocado pelo time de venda, pois o sistema mostra se há matéria-prima suficiente para produção. Com seus sistemas informatizados, a empresa sabe quanto está entrando e saindo de dinheiro e passa a controlar o seu negócio com mais eficiência. Atualmente, muitas pequenas e médias empresas mantêm os controles em planilhas de papel. Mas a maiorias dos pequenos empresários usa mesmo os dois bolsos para administrar sua empresa: um que controla os gastos e outro o que entra, diz o especialista da Microsiga. Hoje, com a competição acirrada, os que tiverem mais eficiência são os que conseguirão dar respostas mais rápidas ao mercado. Luiz Banhara, diretor de canais da SAP, multinacional alemã de ERP, completa que a grande vantagem de um sistema de gestão empresarial é que a integração dos departamentos elimina redigitação das informações. Ou seja, um dado digitado uma vez fica disponível em todo o sistema. Os especialistas alertam: há situações em que a tecnologia não dá o resultado esperado porque alguns funcionários continuam fazendo controles no papel e não atualizam os dados no sistema. Assim, a empresa não terá dados em tempo real do seu negócio e o 57 investimento pode ser perdido. O ERP é uma ferramenta para apoiar os negócios, mas desde que seja usado corretamente, avisam os consultores. 4.5 ERP 2 Ao estender suas funcionalidades para a Web, os sistemas ERP ingressam numa nova era. O ERP 2 tem como principal característica, além da integração dos sistemas, a ênfase na colaboração comercial que utiliza a internet. Além de desenvolver produtos e formas de comercialização específicas, ele permite ainda o incremento do fluxo de informações entre as corporações interligando sistemas entre elas, mais notadamente módulos do ERP. Por meio do conceito ERP 2, o papel dos sistemas de gestão é amplificado, o que mostra a evolução contínua da família de sistemas. Se, com o surgimento do termo ERP, nos anos 80, o foco era a otimização dos processos internos e o trânsito de informações restritas com entidades externas, como fornecedores, agora quebram-se algumas barreiras e é tênue a linha entre as ações internas e externas. A filosofia presente no ERP 2 é possível graças à disseminação em larga escala da Internet, principal estrada para que o envio e o recebimento de dados aconteça na dinâmica do tempo real. Assim como foi alimentada pela forma globalizada com a qual a economia mundial atualmente trabalha. A idéia de reunir empresas de um mesmo setor para transacionar, dividir insumos e informações é a soma disto, e só é possível graças ao controle e a integração dos sistemas de gestão com outros softwares. Na segunda metade da década de 90, a moda entre os fornecedores era voltar o seu ERP para a Internet, fazendo com que os módulos pudessem ser atualizados pela grande rede 58 e que trabalhadores remotos conseguissem acessar e alimentar o sistema por ela. As possibilidades que se abriram então foram amplas e não devem cessar. Como podemos comprovar com o uso de web services como conectores entre os sistemas. Através dos web services, por exemplo, as informações de um fornecedor de fibra de carbono localizado na Europa alocadas em um ERP podem ser lidas na Internet com facilidade por um fabricante de barcos localizado no Sul do Brasil, sem que para isso este último possua o mesmo sistema de gestão. A integração, em especial a de perfil externa, ganha assim um aliado poderoso que muito em breve vai ser tão comum quanto o uso de um browser. Segundo artigo extraído da WorldTelecom, de janeiro de 2000, uma recente pesquisa feita nos Estados Unidos pela Advanced Manufacturing Research (AMR) demonstra que 86% das empresas pesquisadas querem estender suas aplicações Enterprise Resource Planning (ERP) aos seus consumidores, empregados e fornecedores através da Web. As justificativas mais comuns incluem a redução de custos, integração de seus processos de negócios e o aumento de serviços ao consumidor. Mostraremos alguns tópicos onde as empresas podem tirar vantagens da Web em seu dia a dia: • Serviços A presença empresarial na Web está deixando de ser institucional e está passando a agregar serviços. Através destes serviços, as empresas estão conseguindo melhorar o relacionamento com seus clientes, agilizar seus processos internos, integrando suas informações e fazendo mais negócios. Como exemplo, citamos algumas possibilidades de serviços já existentes na Web. 59 • e-commerce Muitas pessoas associam o termo e-commerce às lojas virtuais, tão comuns na Internet. O e-commerce é uma nova forma de relacionamento entre Business Partners, independente de ser pessoa física ou jurídica. Os serviços mais freqüentes neste segmento são: Online store É a iniciativa e-commerce mais comum atualmente. O Business to Consumer é hoje um dos segmentos que mais cresce na Internet. Vender através da rede significa, para alguns segmentos de mercado, manter-se vivo no negócio ou perder para a concorrência. Existem previsões de todos os tamanhos e gostos, mas existe um fator em comum a todas elas, que é o forte crescimento de volume de negócios para os próximos dois anos. E-banking O e-banking é a evolução do home banking, que exigia programas locais nos computadores que o acessavam. Apresenta uma variedade de funções financeiras, operadas diretamente pelo internauta. A presença maciça dos bancos na Internet demonstra que os riscos com segurança dos sistemas abertos estão, no mínimo, controlados. Electronic purchasing and catalog Este serviço tem ganhado muitos adepartamentos e força pela agilidade que agrega e também pela sua economia. Através da Web, empresas estão se relacionando com empresas fazendo o Business to Business (B2B) e integrando suas cadeias produtivas de forma automática. Quando a cadeia produtiva da empresa “A” percebe que vai faltar determinado material, o sistema imediatamente prepara, via Web, uma solicitação de compra, via catálogo eletrônico ou não, para a empresa “B”, que toma conhecimento deste pedido já na sua cadeia de produção e faz a programação de entrega. Este evento gera um retorno automático de 60 informação com a previsão de entrega, que passa a ser monitorado pela empresa “A” até seu efetivo recebimento. WebEDI O EDI é hoje uma das mais eficazes ferramentas de relacionamento eletrônico entre empresas. Porém, os custos envolvidos impedem parte do mercado se relacionar nesta modalidade. De olho neste mercado, algumas empresas desenvolvedoras tradicionais de ferramentas para EDI estão criando Web sites de relacionamento entre empresas, com toda a tecnologia EDI, porém com os custos de comunicação de Web. Isso possibilita a empresas de qualquer tamanho se relacionarem através do padrão EDI, com segurança, utilizando os WebEDI sites de relacionamento. Atendimento a clientes A expressão “Sua excelência o cliente” nunca foi tão evidenciada quanto na Internet. Tudo gira em torno do usuário da Web, desde ações que o ajudem a navegar melhor até atos para ganhar sua simpatia. Este segmento tem ganhado muita força, principalmente pela alta disponibilidade da Web, sete dias por semana, vinte e quatro horas por dia. Alguns exemplos de serviços: FAQ O FAQ tem crescido em volume e sofisticação nos Web sites que fazem algum tipo de atendimento. É muito útil para resolver aquelas dúvidas primárias, sem necessitar do atendimento telefônico, que funciona em horário comercial. Qualquer dúvida esclarecida pelo FAQ motiva o cliente a retornar ao site outras vezes. 61 News Manter o cliente atualizado sobre a empresa e seus produtos e serviços é fundamental para manter a fidelidade. O serviço de notícias é um forte aliado nesta linha, pois permite a renovação periódica de informações no site, mantendo-o vivo. Acompanhamento, status de pedido, ocorrências Este é um serviço que traz informação diretamente do sistema ERP para o cliente. Tem sido um grande fator de aumento de satisfação do cliente poder acompanhar um pedido, uma compra ou o andamento de uma solução para um determinado problema. Suporte online Um problema constante para usuários de tecnologia são as dificuldades de uso e/ou os problemas que surgem. Um serviço que está ganhando força é o suporte online, que começa com um FAQ inteligente e pode até cair num chat com um especialista. Em alguns sites, pode-se abrir chamados online, com protocolo e possibilidade de fazer acompanhamento. Call Center Algumas empresas têm estendido seus Call Centers até a Web, oferecendo os serviços básicos que o Call Center tradicional atende, sem a barreira de horário ou de telefone ocupado. Este serviço, se implantado diretamente no ERP, pode disparar ações diretamente, agilizando o processo de atendimento ao cliente, bem como representando um fator de racionalização. Muitas companhias estão implementando intranets para compartilhar informações de forma mais eficiente. Têm seus web sites fornecendo informações atualizadas sobre as 62 direções da empresa, produtos e novidades, atingindo clientes potenciais, clientes existentes, parceiros e investidores. Outras empresas transformam seus web sites em extranets de relacionamento, onde fornecedores e parceiros acessam informações privilegiadas, pertinentes ao relacionamento. Algumas outras criaram sites de comércio, com muita diversidade de sofisticação, permitindo compras on-line. Como resultado, muitas empresas já estão utilizando a tecnologia Web para encadear seus processos de negócios e expandir informações para empregados, clientes e fornecedores. 63 5 O USO DO SISTEMA ERP NAS EMPRESAS Como foi possível observar no capítulo anterior os ERPs podem ser considerados como uma plataforma de software desenvolvida para integrar os diversos departamentos de uma empresa, onde são comercializados em pacotes com os módulos básicos para a gestão do negócio e também possuem módulos adicionais que podem ser adquiridos individualmente em função do interesse e estratégia da empresa. Este capítulo, tem como principal objetivo abordar algumas empresas as quais fazem uso do sistema ERP. Usaremos como exemplo dois fornecedores do software de gestão CIGAM e SAP, os quais possuem como seus clientes, empresas nacionais bem conhecidas, entre elas a Volvo do Brasil, Ipiranga, Jacto. Após descrição do funcionamento do software, citaremos de uma maneira satisfatória a visão dessas empresas em relação ao mercado que as envolve e a utilização e eficácia do sistema ERP. Abordaremos com uma maior descrição, o sistema fornecido pela SAP, na empresa de maquinário agrícola Jacto. Esta maior extensão pela empresa, deve-se ao fato dos integrantes deste TCC trabalharem internamente na empresa, ficando mais fácil desta forma obter as informações necessárias para a realização desse capítulo. As informações técnicas do sistema foram extraída do próprio site da SAP, e a sua utilização em especifico na Jacto veio de conversas com o próprio departamento da empresa. Já os exemplos da CIGAM, servirão somente como um demonstrativo a mais, com a intenção de proporcionar um real entendimento e exemplificação do tema escolhido. As informações foram extraídas do próprio site da empresa. 64 Não podemos confundir a sigla SAP utilizada no primeiro capítulo, que tinha como significado “Sistema de Administração de Produção”, com a sigla utilizada neste, pois aqui SAP é referente à empresa fornecedora do software de gestão, ERP. 5.1 ERP CIGAM Neste tópico usaremos como exemplo, dentre as 1200 empresas possuidoras do sistema CIGAM, duas empresas conhecidas por todos, a Volvo do Brasil e a Ipiranga. Todo o conteúdo deste capítulo foi extraído do próprio site da CIGAM. O ERP CIGAM foi construído visando aumentar a produtividade e ainda auxiliar sua empresa a implementar os melhores conceitos de gestão. Como visto no capítulo anterior, para acompanhar as exigências do mercado, planejar e simular novos cenários, permitindo respostas cada vez mais rápidas e confiáveis é fundamental a utilização de ferramentas de ERP, e é com base nestes conceitos que o CIGAM foi construído, ao implementar o CIGAM são agregados aos negócios do cliente conceitos de gestão, integração da empresa, velocidade e flexibilidade na análise de informações, visões rápidos da empresa através de indicadores de performance, consultas multidimensionais, relatórios e gráficos que podem ser rapidamente criados e, se necessário, modificados para representar de forma muito clara a realidade de cada Empresa. A interface única e a facilidade de parametrização do CIGAM permitem uma navegação fácil entre todos os módulos, reduzindo o tempo de aprendizado e o custo de implementação. A modularidade do CIGAM permite uma implementação por etapas, apresentando os resultados gradual, mesmo para empresas que iniciam apenas com módulos básicos tem 65 acesso às informações gerenciais podendo evoluir a seu ritmo, tirando proveito dos conceitos de gestão que automaticamente são implementados junto com o ERP. A tecnologia utilizada no desenvolvimento do CIGAM é uma das mais velozes em desenvolvimento e execução permitindo acompanhar as rápidas mudanças de mercado usando tecnologia de ponta e com menores custos. Entre suas características estão à possibilidade de parametrização para vários ramos de negócio e ambientes computacionais, podendo ser utilizado com vários sistemas operacionais, redes, internet e bancos de dados, citaremos algumas dessas características a seguir: • Estrutura multicamadas, permitindo a independência entre aplicação, base de dados, Sistema operacional e rede; • Multi-plataforma: Windows, NT, Novel Netware, Sco, Linux, IBM AS/400, IBM RS/6000, HP9000 e Sun; • Banco de dados: Oracle, MS-SQL Server, DB2/400, Pervasive, Btrieve, PostGreSQL; • Acesso local ou remoto através da Internet, Client Server ou ASP; • Dicionário personalizado, permitindo ao usuário alterar labels na telas e relatórios; • Gerador de relatórios, permitindo ao usuário gerar suas consultas, relatório e planilhas dinâmicas, através de ferramentas tradicionais como MS-Office, Open Office, Word, Excel, Explorer, ou qualquer outro editor padrão; 66 • Permite a inclusão de novos campos e filtros pelo cliente através da tecnologia de grupo “TG”; • Arquitetura baseada em componentes, garantindo consistência e interface com outros produtos; • Desenvolvido com a Ferramenta e-Developer Magic de alta produtividade e fácil aprendizado, que pode ser utilizada para desenvolvimentos complementares integrados ou customizações pelo cliente se necessário; • Manuais completos impressos e On-line; • Documentação completa de todas as alterações e novos recursos; • Procedimentos de análise desenvolvimento, suporte e implementação certificados; • Consultoria de negócio e tributária especializada e auditoria periódica; • Interface amigável padrão Windows; • Alto nível de aderência com fácil parametrização no próprio aplicativo; • Multi-empresa e multi-moeda; • Desenvolvimento para a nossa complexa legislação tributária e não “adaptado”. 67 A implementação do ERP CIGAM é uma das etapas mais importantes para o sucesso do projeto, é ela que garante a perfeita aderência do ERP aos processos, necessidades e expectativas de cada cliente. É este o momento de rever processos, conceitos e estrutura de dados, é fundamental o envolvimento da direção e gerencias para definir objetivos maiores da organização. Para que esta etapa seja um sucesso, desenvolvemos uma metodologia baseada na experiência de centenas de implementações, garantindo assim que os objetivos sejam monitorados para que se realizem dentro dos prazos e custos previstos. Seguem os principais pontos da MIC – Metodologia de Implementação CIGAM: 1. Acompanhamento de negócio – Verifica o nível de aderência do CIGAM ao negócio do Cliente; 2. Análise de abrangência – Detalhamento de necessidades especificas do cliente; 3. Reunião de apresentação e Conscientização - Conscientiza empresa das dificuldades de mudança nos processos e trabalho dobrado durante a implementação; 4. Apresentação e elaboração de cronograma – Apresentação macro do sistema e definição dos responsáveis por cada etapa, suas atividades e prazos; 5. Levantamento de objetivos e dados - Detalhamento das prioridades na implementação; 6. Plano de trabalho por módulo – Validação de detalhamento do cronograma; 68 7. Treinamento – Treinamento e validação dos processos em cada Módulo; 8. Preparação do ambiente produtivo – Revisão da base de dados e eliminação dos testes; 9. Entrada em produção - Início do uso do CIGAM; 10. Acompanhamento e Pós Vendas. Para cada etapa são definidos, os responsáveis e os prazos. A coordenação do projeto é feita em conjunto com o cliente periodicamente de forma a manter o trabalho de acordo com o cronograma, e identificando rapidamente se algo estiver fora do previsto, os responsáveis e as ações necessárias para a solução. A informatização das empresas, muitas vezes é confundida com automatização, a preocupação da CIGAM é em oferecer o “Utility Computing” para seus clientes, podendo ser resumida com a relação que se segue. Para conseguir os benefícios adequados, proporcionando desta forma resultados satisfatórios, a empresa nos alerta que, são pequenos detalhes que fazem a diferença entre eles: • Desenvolvido com base em modernos conceitos de gestão empresarial e as melhores práticas do mercado, agregando conceitos ao negócio do cliente; • Interface de uso padronizada e amigável, cadastros e parâmetros pré-configurados, manual e help on-line; são recursos criados para facilitar o processo de aprendizado, reduzindo tempo e custo de implementação; 69 • Integração total entre módulos, arquitetado sem redundâncias, melhorando a comunicação da empresa e eliminando retrabalhos e controles paralelos; • Implementação conduzida por profissionais experientes, com a utilização do MIC (Metodologia de Implementação CIGAM), homologada por centenas de clientes; • Atendimento com suporte local e remoto em todo país por cerca de 200 profissionais; • Consultas em qualquer tela, por qualquer campo, faixa ou ordem de dados, e geração de pesquisas e relatórios, operacionais e gerenciais, analíticos e sintéticos; • Centenas de relatórios prontos e personalizáveis, permitindo ao usuário final formatá-los facilmente através de editores de texto, planilhas eletrônicas e internet (Word, Excel, Internet Explorer, Open Office, etc), assim como enviar por e-mail; • Análise de dados em cubos multi-dimensionais, geração automática de gráficos e planilhas dinâmicas, permitindo ao usuário alterar e salvar vários modelos e visões gerenciais; • Tecnologia de Grupo, que permite a criação e personalização de grupos e filtros diversos, além de traduções para segurança, nomenclatura e comunicação entre empresas e sistemas; • Recursos de configurador de produto, possibilitando o controle efetivo de produtos com características variáveis; 70 • Geração de log’s e segurança de acesso por usuário, grupos, limites, função, data, período, unidade de negócio e portador; • Atualização tecnológica, legislação e conceitos de gestão, com incorporação das melhores práticas do mercado em um produto único, com a experiência acumulada desde 1986, com mais de 1000 clientes; • A cada nova versão um produto melhor, com todas as melhorias disponibilizadas para todos os clientes. Mantendo as configurações de cada negócio garantindo a continuidade e evolução sem custos e re-customizações; • Permite a aquisição de módulos de acordo com a evolução e necessidade do cliente, otimizando a relação custo benefício; • Processos de desenvolvimento, documentação, suporte e implementação certificados; • Desenvolvido com ferramenta de alta produtividade e tecnologia de dados aberta, proporcionando alta escalabilidade; o cliente pode e crescer sem traumas; • Acesso e utilização em diversos bancos de dados de forma nativa, como: Oracle, MS SQL Server, DB2, Btrieve. Além de bancos gratuitos, como o PostgreSQL. Na figura 10 poderemos analisar com detalhamento todos os módulos do sistema e suas ligações, vejamos. 71 Figura 10: Módulos sistema CIGAM ERP Fonte: CIGAM. 5.1.1 Ipiranga Neste ano, o Grupo Ipiranga, completa seus 70 anos. A EMCA é a principal produtora de óleos minerais brancos e fluidos especiais da América Latina, produzindo também fluidos especiais e vaselinas sólidas. A EMCA emprega tecnologia de ponta em refino de frações de petróleo pelo processo de hidrogenação catalítica, coloca a disposição de seus clientes, produtos de elevado grau de pureza e alta performance para aplicações nos mais variados segmentos industriais, tais como: Indústrias Farmacêuticas, Alimentícias, de Cosméticos, de Plásticos, Têxteis, Defensivos Agrícolas, Produtos Veterinários, de Borrachas e de Lubrificantes Especiais. 72 Em março de 2000, a unidade EMCA (Empresa Carioca de Produtos Químicos), do Grupo Ipiranga, adquiriu o ERP CIGAM para automatizar os seus processos. O controle vai desde a área de produção até a gestão do resultado. De acordo com o gerente administrativo Oscar da C. Ferreira, o CIGAM ajudou a EMCA a melhorar seus procedimentos: “a aquisição do ERP CIGAM ajudou e tem ajudado a EMCA na melhoria dos seus processos e na obtenção de informações gerenciais com precisão”, afirma. 5.1.2 Volvo do Brasil Este tópico foi realizado com informações fornecidas pelo Analista de Sistemas da Volvo, Daniel Rugilo. A Volvo do Brasil Veículos, montadora de caminhões, ônibus e autopeças há 24 anos no Brasil e líder nacional no setor de caminhões pesados, adotou o ERP CIGAM 8.i., desenvolvido pela Abyz Informática, software house de Novo Hamburgo, RS, para colocar em prática o seu novo modelo de gestão dos negócios que tem como objetivo integrar as operações de negócios entre as concessionárias no Brasil e a matriz na Suécia. A Volvo já possuía um sistema global de gestão de concessionárias chamado GDS (Global Dealer System), composto de módulos para o controle de peças, serviço e vendas. Para as atividades administrativas, financeiras, fiscais e contábeis a Volvo definiu o CIGAM para o mercado brasileiro, que deverá ser usado por todas as concessionárias em conjunto com o GDS. Para que a integração em tempo real entre os sistemas e as informações fossem transparentes aos usuários, foram desenvolvidas interfaces pelas quais as concessionárias pudessem utilizar o GDS para as áreas de negócios e o CIGAM para os processos financeiros 73 e contábeis. “Antes do sistema CIGAM, a rede de concessionárias Volvo utilizava um sistema padrão sem comunicação on-line entre matrizes e filiais e sem consolidação de dados”, conta Daniel Rugilo, responsável pela implantação do projeto. “O novo ERP trouxe mais agilidade aos negócios porque permitiu a padronização das operações de todas as nossas concessionárias e integrações em tempo real entre as bases de dados das concessionárias com as bases de dados corporativas (técnicas e administrativas) da Volvo”, comenta. O ERP CIGAM 8i está instalado na matriz na Suécia e roda em servidores AS-400 e NT, sendo os dados armazenados em servidores AS 400 (DB2). Conectando on-line a Volvo com todas as concessionárias no Brasil. A operação dos sistemas é centralizada, visando a redução do custo operacional das concessionárias. Um dos principais fatores que pesou na escolha do CIGAM entre diversos softwares do mercado nacional e internacional, foi o fato dele ser multi-plataforma, característica única, possível graça a ferramenta com a qual ele foi desenvolvido, o MAGIC – RADD (Rapid Application Development and Deployment), o que lhe permite atuar em ambientes cliente/servidor e intranet/internet e rodar em servidores IBM AS/400, Windows NT, Linux, Unix ou iSeries, além de poder acessar os vários bancos de dados do mercado, inclusive os 'codefree' como o PostgresSQL e MySQL. Outras características também foram levadas em conta, segundo Daniel Rugilo, como suportar ambientes multi-empresa e multi-filial, apresentar um bom nível de integração amigável entre os seus componentes e permitir que o fluxo de informações fosse agilizado na concessionária". Na avaliação do analista, a implementação do CIGAM foi facilitada devido a grande agilidade na customização do CIGAM às necessidades da rede de concessionárias Volvo, cobrindo plenamente as necessidades propostas pelo projeto GDS, trazendo por conseqüência agilidade as concessionárias no controle das unidades (matrizes e filiais), nas informações de negócio e operações como fechamentos contábeis, fiscais e gerenciais. 74 A solução GDS-CIGAM permitiu, segundo o analista, que outros pontos importantes fossem preconizados pelo novo modelo de gestão proposto, “como a padronização dos processos econômicos e financeiros (implementação de ferramentas padrões, como, por exemplo, plano de conta comum para todas concessionárias), facilitando análises comparativas de desempenho, além de garantir a integração em tempo real entre as bases de dados das concessionárias com as bases de dados corporativas (técnicas e administrativas) da Volvo, fábrica e rede de concessionárias, que obteve um grande beneficio com a implementação do CIGAM, pois todos os processos e indicadores gerenciais foram padronizados, permitindo uma análise e comparação entre os grupos econômicos”. A Volvo do Brasil possui 68 concessionárias no País, pertencentes a 12 grupos econômicos, direcionados à comercialização de caminhões e ônibus. A previsão é de que até o final de 2004 todas essas concessionárias estejam utilizando o CIGAM juntamente com o sistema de gestão - GDS, totalizando cerca de 1.200 usuários no Brasil. A implantação é efetuada por uma equipe conjunta da Volvo e da ABYZ, tem duração média de 3 meses (1 de treinamento e 2 de acompanhamento) para cada concessionária e o suporte aos usuários pós implementação é prestado pela ABYZ. 5.2 SAP De acordo com a Enclicopédia Livre, a SAP é uma empresa alemã criadora do Sistema de Gestão Empresarial. O nome da empresa era a abreviação de que em alemã significava “Systeme, Anwendungen und Produkte in der Datenverarbeitung”; em inglês: “Systems, Applications and Products in Data Processing”, e em português: Sistemas, Aplicativos e Produtos para Processamento de Dados. 75 O SAP foi criado por cinco engenheiros, os quais eram ex-funcionários da IBM, isso ocorreu por volta de 1972 na cidade de Mannheim, na Alemanha. A idéia veio quando decidiram criar sua própria empresa de desenvolvimento de sistema, onde desenvolveriam um sofware com aplicativo padrão para o processamento de negócios em tempo real, a SAP AG (abreviação de Aktiengesellschaft (sociedade anónima em alemão)). Ao longo de três décadas, a SAP evoluiu de uma empresa pequena e regional a uma organização de alcance mundial. Hoje, a SAP é a líder global de mercado em soluções de negócios colaborativas e multiempresas, como pode ser visto na figura 9. O primeiro módulo a ficar pronto foi o de contabilidade financeira, formando assim a base para o contínuo desenvolvimento de outros componentes de software para aquilo que mais tarde veio a ser conhecido como sistema “R/1”. O “R” é a primeira letra de “real-time data processing” ou em português: processamento de dados em tempo real. Na proximidade do fim da década, surge o nascimento do SAP R/2 (Realtime System Version 2), isso ocorreu devido ao exame exaustivo do banco de dados IBM da SAP e do sistema de controle de diálogo, foi considerado como o primeiro produto importante da SAP, era constituido de um conjunto de módulos de software destinado a mainframes. As primeiras aplicações do SAP R/3 foram apresentadas numa conferência em Hanôver (Hannover em alemão), na Alemanha, isso só foi possível a medida que novos conceitos iam surgindo no campo da informática, a SAP ia atualizando seu produto. Na verdade R/2 e R/3 não representam versões de um mesmo sistema, tratam-se de produtos diferentes, ou seja, o R/2 era um conjunto de módulos de software destinado a mainframes, enquanto o R/3 foi desenvolvido para o ambiente em que algumas estações solicitam serviços, os clientes, e outras, os servidores, atendem, realizando determinados tipos de processamento ou compartilhando recursos como impressoras, arquivos e bancos de dados, também conhecido como sistema cliente/servidor. 76 O SAP R/3 é um sistema que oferece um conjunto de módulos com diversas aplicações de negócio. Os módulos são integrados e contém a maior parte das funcionalidades necessárias às grandes corporações, incluindo manufatura, finanças, vendas e distribuição e recursos humanos. Um dos motivos do sucesso da SAP é devido ao montante investido em pesquisa e desenvolvimento e as alianças estratégicas que forma com outros desenvolvedores de sistemas. Estes parceiros criam add-ons (programas complementares) que suprem algumas deficiências do R/3. Este tipo de união permite que a SAP foque seus esforços no seu principal produto. Hoje, a SAP é a maior fornecedora de software para aplicações de negócios do mundo e o quarto maior fornecedor independente de software, em termos absolutos. Mais de 7.500 empresas (mais de 15.000 instalações), em mais de 90 países escolheram os sistemas SAP para mainframe e cliente/servidor para gerenciar funções abrangentes de finanças, manufatura, vendas, distribuição e recursos humanos, essenciais para suas operações. O R/3 é considerado padrão em indústrias como petróleo, química, produtos de consumo e alta tecnologia/eletrônica. Em 1995 o SAP AG chegou ao Brasil, mas para que pudesse ser utilizado no nosso país teve que passar por um processo chamado de customização, ou seja, ter que alterar o sistema de modo a atender a legislação fiscal brasileira. De acordo com o Laboratório Sistema Integrado, a SAP Brasil, subsidiária da SAP AG, líder mundial no fornecimento de soluções para gestão empresarial, encerrou o ano de 98 com um faturamento de US$ 152,5 milhões, resultado 108% superior ao mesmo período do ano anterior (US$ 73,2 milhões: 1997). Os bons resultados de 1998 levaram a SAP a conquistar um pedaço maior do gráfico “pizza de market share” no segmento de ERP. De acordo com dados do IDC, a participação da SAP cresceu de 27,9% em 97 para 34,6% em 98. 77 Com a intenção de inovar para o novo milênio, de acordo com informações extraídas do site da SAP Brasil, a SAP desenvolve o SAP Workplace e pavimenta o caminho para a idéia de um portal corporativo e acesso à informação de acordo com o perfil do usuário. Segundo a SAP Brasil: Atualmente, mais de 12 milhões de usuários trabalham a cada dia com soluções SAP. Agora há 121.000 instalações no mundo todo, mais de 1.500 parceiros SAP, mais de 25 soluções de negócios para indústrias específicas e mais de 41.200 clientes em 120 países. A SAP é o terceiro maior fornecedor independente de software do mundo. Hoje em dia, com base na arquitetura empresarial orientada a serviços e na plataforma de integração e de aplicativos, o SAP NetWeaver, onde sua empresa pode integrar pessoas, informação e processos dentro e fora da companhia. De acordo com a reportagem da Info Corporate On line, de 05 de setembro de 2007, a SAP lançou um segundo pacote suplementar de atualização para seu ERP. Ele inclui novas capacidades operacionais e funcionalidades especificamente concebidas para as indústrias de mídia, telecomunicações, serviços públicos e comércio, anunciada no final de 2006, a estratégia da SAP agora é baseada em pacotes por indústria. Assim, as empresas podem implementar seletivamente as inovações do software e ativar conjuntos de funcionalidades. Isso é possível com a utilização da Arquitetura Empresarial Orientada a Serviços (Enterprise SOA). As empresas têm a possibilidade de dispor de novas capacidades, mantendo as funcionalidades básicas do ERP. Como nos mostra o texto: O pacote recém-lançado inclui aplicações genéricas e outras dirigidas a setores específicos de atividade. Na versão dirigida ao setor de finanças, o SAP ERP Financials racionaliza os processos de planejamento e prognóstico, consolidação financeira, faturamento, créditos, cobrança e gestão de conflitos. A versão dirigida à área de operações inclui novos papéis e centros de trabalho que permitirão aos representantes internos de vendas acessarem 78 informações sobre os clientes. Já as indústrias de manufatura terão suporte às atividades de controle e monitoramento de processos Kanban. 5.2.1 Máquinas Agrícolas Jacto Primeiramente iremos fazer um breve histórico sobre a Jacto, demonstrando sua localidade, política de qualidade, objetivos, tipo de planejamento utilizado pela mesma, e por fim analisaremos o sistema implantado para a boa realização de seus negócios, onde pode ser constatado que até início de 2006 esteve implantado o MRP, sendo atualizado a implantação do ASAP. A empresa está situada a 500 km da Capital São Paulo a Oeste do Estado, região de Marília, na cidade de Pompéia. A Jacto tem como objetivos, ser líder no mercado mundial com produtos que atendam as necessidades dos clientes, e a remuneração do patrimônio dos acionistas. Busca constantemente inovações no sentido de trabalho com uma administração mais humana, voltada para resultados, possuindo objetivos, metas e estratégias bem estruturadas, assim podemos afirmar que a empresa de uma maneira bem sintetizada o objetivo da empresa é criar, produzir, vender e satisfazer com seus produtos todos seus clientes do mercado global. De acordo com o presidente Shiro Nishimura, a política de qualidade da empresa pode ser expressa da seguinte forma: “A Jacto é gente comprometida com o cliente, compreendendo e atendendo as suas necessidades, melhorando continuamente seus processos, produtos e serviços, e buscando tecnologias inovadoras”. A Jacto tem como propósito servir ao agricultor com as melhores tecnologias de mecanização e serviços, contribuindo para sua nobre missão. Afinal é uma empresa multinacional, reconhecida pelo mercado nas áreas de pulverização, adubação e colheita. 79 A empresa não elabora o que se convencionou chamar de “Planejamento Estratégico”, mas sim um planejamento operacional ou orçamento anual. As decisões estratégicas vêm do topo do organograma, que é ligado com o grupo de planejamento e o grupo de administração. Os responsáveis pela elaboração poderiam ser classificados da seguinte maneira: • Coordenação - Grupo de Administração • Elaboração - Todos os Gerentes de Área • Fechamento - Controladoria O Grupo formado por Marketing, Vendas e Consultoria elabora os estudos de mercado com as suas variáveis que afetam os negócios da empresa, tais como política econômica, política agrícola, financiamentos, preços agrícolas, safra, análise da concorrência, tendências tecnológicas entre outros setores da economia. O pessoal envolvido neste planejamento tem que realizar uma projeção de cenários, ou seja, tentar descobrir o que podem acontecer nos próximos anos no segmento de mercado nacional e internacional, para que assim consiga ter um bom aproveitamento no negócio e um mínimo de desperdício. A elaboração do planejamento ocorre nos meses entre outubro e novembro, onde é apresentado ao conselho para aprovação no mês de dezembro, o acompanhamento é feito mensalmente ou sempre que possível. O Departamento de Peças de Reposição, que além de um completo e detalhado sistema de PPCP (Planejamento, Programação e Controle da Produção utilizam o sistema MRP), conta também com uma complexa operação em seu armazém, visando a excelência no atendimento pós-venda. 80 Na figura 11, mostraremos o fluxograma geral de informações do Departamento de Peças dentro da empresa. Figura 11: Fluxograma geral do Departamento de Peças Fonte: Informações extraídas do próprio departamento. Quando o cliente necessita de um produto, ele entra em contato com o Departamento de Vendas via fax, e-mail ou fone para fazer um pedido e desta forma “Vendas” verifica a disponibilidade do produto solicitado no sistema de controle de estoques de peças, onde estão todas as informações sobre a quantidade de peças disponível fisicamente em estoque e se não estiver disponível, qual a sua previsão de entrega. Existe um controle feito pelo Departamento de Peças dos itens que não estão disponíveis para ser faturados para o cliente, pois há os pedidos de cliente com quantidade acima da média vendida, que não estão previstos (pedidos sazonais) que os clientes fazem e devem ser negociados para um atendimento rápido. 81 O item disponível será faturado para o cliente pelo Departamento de Vendas, a nota fiscal juntamente com o pedido, segue com as informações do produto, descrição e localização para o Departamento de Peças. Existe vário tipo de pedidos: • Pedido de Distribuidor: são aqueles com muitos itens (mais de trinta itens) com quantidade mais elevada que o normal. • Pedido de Exportação: Seguem o mesmo conceito que os pedidos de Distribuidor. • Pedido Normal: São os que têm menos itens que os de Distribuidor em média trinta itens e menos quantidade de cada item (uma a três unidades). • Pedido Urgente e de Assistência Técnica: são aqueles que precisam do máximo de agilidade no processo, pois se trata de cliente que necessita com muita urgência da peças, pois a máquina pode estar parada e o cliente precisando que ela esteja trabalhando. O controle destes pedidos é muito importante porque é em função deste bom atendimento na pós-venda que Jacto ganha dos concorrentes diretos. Para o Departamento de Peças de Reposição, todos os itens que chegam ao setor devem ser digitados no sistema de controle de estoques, pois é necessário que a informação seja rapidamente passada para o Departamento de Vendas saber os itens que estão à disposição para ser faturado para o cliente. Os Fornecedores também devem ser informados pelo sistema PPCP (Departamento que administra todas as necessidades de materiais para a fábrica) sobre o recebimento dos itens que foram programados e entregues. 82 A Fábrica utilizou até início de 2006 o sistema MRP (faremos uma análise do uso desse sistema para depois realizarmos um demonstrativo do uso do novo sistema ASAP) de controle da produção (sistema que aciona todas as necessidades para a produção) e pelo mesmo é informada sobre o recebimento no Departamento de Peças dos itens programados. Para que a informação fique disponível no sistema MRP é feita à exclusão da ordem de fabricação no momento que os itens chegam, através do documento feito de acompanhamento de cada item. Através do Acompanhamento de Pedidos, os Separadores anotam o tempo gasto para separar os pedidos, desde o início até o fim da separação. Esse tempo é determinado como tempo de expedição, ou seja, quanto tempo demora a um pedido ser separado. A meta do Departamento de Peças é de que todos os pedidos sejam liberados em um tempo médio de 12 horas. Outras vantagens que esse acompanhamento possui são as informações sobre: número da nota fiscal, quantidade de itens, tipo de pedidos (Distribuidor, Exportação, Urgentes, Normais e Assistência Técnica), problemas de parada (causas), tempo de parada (tempo de espera para o inicio da separação dos pedidos) e tempo total do processo de separação, ou seja, desde a chegada da Nota Fiscal no Setor, até a expedição. Com isso, é possível controlar a eficiência e analisar a performance do Departamento de Peças, em relação ao tempo de atendimento aos clientes. É uma ferramenta utilizada para análise da situação geral no processo de separação de pedidos para o Departamento de Peças de Reposição. O Departamento de Peças tem como filosofia à prática Kaizen, onde pode ser descrita como sendo uma palavra de origem japonesa, que significa estar melhorando continuamente a cada dia. 83 Com a utilização dessa filosofia a empresa cria novas soluções e controla melhor seus processos e sistemas, possui seu objetivo claro e definido, visando assim atender seus clientes nacionais em até 12 horas e 5 dias para as exportações. Internamente, o objetivo do Departamento de Peças é diminuir os custos ao máximo sem perder a qualidade para assim aumentar a obtenção de lucros. Esse procedimento descrito até agora era realizado, como já dito anteriormente, com a utilização do sistema MRP, hoje em dia a Jacto, após a implementação do ASAP no início de 2006, obteve uma melhoria de forma geral em todos os setores da empresa. Os diretores do Grupo Jacto decidiram, em dezembro de 2005, que o SAP (Sistemas, Aplicações e Programas em processamento de dados) seria o instrumento necessário para que facilitassem as futuras expansões do Grupo (aquisições, fusões e novas instalações) de forma integrada e consolidada, além de: - integrar as funcionalidades financeiras, logísticas, comerciais, produção e planejamento das empresas do Grupo; - revisar os processos de negócio atuais (e eliminar o retrabalho); - permitir melhor assertividade nos planejamentos de venda e produção; - permitir um melhor acompanhamento do ciclo logístico dos produtos acabados e matérias-primas críticas; - prover informações mais precisas, consistentes e rápidas para o planejamento dos negócios e operações e, - Permitir a futura integração e automação de toda a cadeia de valor (de fornecedores a clientes). Os benefícios desse sistema auxiliaram no trabalho de muitos colaboradores, pois com o SAP, existe: - diminuição de espaço para armazenar materiais; 84 - equilíbrio do estoque evitando desperdício; - controle preciso e detalhado dos clientes e diminuição da inadimplência; - agilidade na tomada de decisões em vários processos – melhor fluxo de caixa e, - aumento da competitividade junto ao mercado global. De acordo com informações dos próprios funcionários da Jacto, a troca de sistema proporcionou uma grande melhora, pois as tomadas de decisões de hoje em dia tornaram-se mais confiáveis, o que no sistema antigo não acontecia, pois, as informações não eram concretas. O sistema realmente é corporativo, o que o diferencia e o melhora em relação ao MRP utilizado antes. Proporcionando desta forma que as informações fluam de forma mais rápida e em tempo real. O sistema ainda não esta rodando perfeitamente, pois precisa de aproximadamente um ano e meio para estar rodando corretamente, porém, possibilita sempre evoluir de acordo com as necessidades que virão a surgir. Podemos afirmar que ele já esta completamente instalado e configurado. Na implantação do projeto foi utilizada a metodologia ASAP que significa “Acelerated SAP”. A solução ASAP é feita para que a implementação seja rápida e eficiente. Orientada pelo chamado ASAP Roadmap (figura 12), e auxiliada por inúmeras ferramentas, conceitos, e modelos, as informações são criadas e utilizadas de maneira eficiente durante todo o processo de implementação. A metodologia contém um banco de dados de perguntas e respostas (Question and Aswer Database) e uma Lista Mestre de Processos de Negócios (Business Process Master List), que além de auxiliar no desenho conceitual da solução e na fase de realização, também 85 auxilia a equipe de projetos a criar os procedimentos de processos de negócios (Business Process Procedure). Na fase 3-realização, os BPPs (Business Process Procedure), podem ser utilizados para criar os procedimentos finais dos usuários. Na figura 12, mostraremos as fases da metodologia de implementação do ASAP, em uma linha cronologia de meses e anos, vejamos. Figura 12: Metodologia de Implementação. Fonte: Jacto 86 6 CONCLUSÃO Após estudo feito para realização do nosso trabalho de conclusão de curso (TCC), chegamos à conclusão de que, os pequenos e grandes empresários vão encontrar no mercado várias tecnologias para aprimorar o seu negócio. Como podemos verificar em todo o desenvolvimento do trabalho, houve uma perceptível evolução dessa tecnologia, pois com o aumento da necessidade exigida dos clientes para com suas empresas, de cada dia mais estar buscando maior qualidade e rapidez na produção e entrega dos produtos, o mercado tecnológico teve que acompanhar também essas exigências, proporcionando assim uma maior satisfação e eficácia a todos. Para que o sistema de administração da produção, o SAP, consiga atingir os objetivos desejados pela organização, tem que haver um apoio às tomadas de decisões táticas e operacionais, que seriam referentes às questões logísticas básicas, entre elas o que produzir e comprar, quanto produzir e comprar, quando produzir e comprar, com que recursos produzir. Todas as atividades da área de materiais devem estar sempre integradas, concentrando-se assim todas as decisões em um único órgão. Quando se refere às necessidades dos clientes, devemos analisar qual a melhor forma para conseguirmos atende-los de maneira rápida e eficaz, seja a partir dos estoques já existentes ou se haverá a necessidade de iniciar-se um processo de reposição de material por meio da compra, ou ainda se trata de produtos fornecidos por terceiros, pela produção, ou seria o caso de produtos fabricados internamente pela empresa. A partir desse momento, surge a necessidade de ter um sistema que poderá ajudar a empresa a satisfazer as necessidades de seus clientes, vindo a ser criado primeiramente o 87 MRP, que serviu para ajudar no processo de planejamento das necessidades dos materiais ou ainda, no planejamento dos recursos de manufatura. Com o decorrer do tempo, as necessidades aumentaram, surgindo assim o MRP II que abrangeria outros setores da empresa, como por exemplo: setor de mão-de-obra, equipamentos, instalações, entre outras. Sendo definido pelo pai do MRP, como sendo “um plano global”. O MRP II é baseado em um sistema integrado, sua base de dados pode ser acessada por qualquer departamento da empresa, dependendo apenas da necessidade de cada setor. Tecnicamente utiliza-se de ciclo fechado para gerar números financeiros, como já era utilizado pelo MRP. Apesar de sua dependência tecnológica de informação, a qual permite tal integração, o sistema MRP II ainda depende das pessoas para as tomadas de decisões. Com as exigências do mercado aumentando a cada dia, o MRP II foi melhorado, surgindo assim o sistema ERP, que nada mais é que um pacote de ferramentas que integra todos os departamentos de uma empresa. A grande vantagem dessa tecnologia é que todos os dados passam a fluir pela companhia, eliminando relatórios em papel, fornecendo informações em tempo real da operação para a tomada de decisão. Além de mais velocidade para atender o mercado, o ERP reduz custos operacionais e elimina erros e faz com que os negócios sejam melhores controlados. Assim, o sistema ERP será um espelho da prática empresarial. Podemos observar ainda que a implantação de um sistema ERP possa ser bastante complexa e sujeita a turbulência caso não esteja adequada ao ambiente da empresa, em razão das mudanças provocadas. Todos estes riscos podem ser minimizados com a seleção adequada do fornecedor da solução, um bom projeto e bom gerenciamento. 88 Através de alguns exemplos de empresas, podemos verificar na realidade como são realizadas as operações geradas pelo sistema. Assim, como podemos verificar também que, realmente houve uma melhora visível na evolução dos sistemas, facilitando cada vez mais na melhoria e atendimento das empresas para com seus clientes, e também no manuseio e transferências de informações geradas por este. 89 REFERÊNCIAS ABNT. Normas para a apresentação de trabalhos acadêmicos. Osasco: 2002. CORRÊIA, Henrique L.; GIANESI, Irineu G. N.; CAON, Mauro. Planejamento, programação e controle da produção MRP I/II. 4. ed. 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