UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES – CAMPOS MESTRADO EM PESQUISA OPERACIONAL E INTELIGÊNCIA COMPUTACIONAL CRISTIANO GUILHERME ALVES DE OLIVEIRA PROPOSTA DE OTIMIZAÇÃO DE BROMIDRATO DE FENOTEROL GOTAS PARA PRÁTICA INALATÓRIA. CAMPOS DOS GOYTACAZES 2013 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES – CAMPOS MESTRADO EM PESQUISA OPERACIONAL E INTELIGÊNCIA COMPUTACIONAL Cristiano Guilherme Alves de Oliveira PROPOSTA DE OTIMIZAÇÃO DE BROMIDRATO DE FENOTEROL GOTAS PARA PRÁTICA INALATÓRIA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Pesquisa Operacional e Inteligência Computacional, da Universidade Candido Mendes – Campos/RJ, para obtenção do grau de MESTRE EM PESQUISA OPERACIONAL E INTELIGÊNCIA COMPUTACIONAL. Orientador: Prof. Eduardo Shimoda, D.Sc. CAMPOS DOS GOYTACAZES Janeiro de 2013 CRISTIANO GUILHERME ALVES DE OLIVEIRA PROPOSTA DE OTIMIZAÇÃO DE BROMIDRATO DE FENOTEROL GOTAS PARA PRÁTICA INALATÓRIA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Pesquisa Operacional e Inteligência Computacional, da Universidade Candido Mendes – Campos/RJ, para obtenção do grau de MESTRE EM PESQUISA OPERACIONAL E INTELIGÊNCIA COMPUTACIONAL. Avaliada em 18 de janeiro de 2013. BANCA EXAMINADORA Prof. Eduardo Shimoda, D.Sc. – Orientador UCAM-Campos Prof. Aldo Shimoya, D.Sc.- Coorientador UCAM-Campos Prof. Wendell Mattos Pompilho, D.Sc. UFV Prof. Bruno de Castro Jardim, D.Sc. UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ 2013 Dedicatória Dedico este trabalho a minha mãe Rosa Maria Alves da Silva e minha vó Maria Fonseca Alves da Silva, que mesmo após a morte são partes eternas da minha vida. AGRADECIMENTOS Meus singelos agradecimentos ao meu Orientador Professor Shimoda pelo voto de confiança, pela amizade e os conhecimentos adquiridos durante nosso tempo de desenvolvimento deste trabalho. A minha querida esposa Helem Bastos pelo apoio, carinho e paciência durante a jornada deste trabalho. Aos meus amigos Sergio Machado e Rondinelli Carvalho pela coparticipação deste grande trabalho. “Toda substância é um veneno, depende da dose”. Paracelso RESUMO O bromidrato de fenoterol é um fármaco broncodilatador usado no tratamento de doenças pulmonares obstrutivas, sendo amplamente empregado no sistema de saúde pública em inaloterapia de crianças e adultos com pneumopatias. Ocorre que o peso de uma gota pode variar, o que implicaria na possibilidade da administração de doses abaixo (subdosagem) ou acima (sobredosagem) do recomendado. O presente trabalho possui como objetivo estudar a variabilidade do tamanho das gotas do bromidrato de fenoterol, identificando as frequências relativas de subdosagens e sobredosagens. Para tal finalidade, foram realizadas aferições do peso das gotas com o auxílio de uma balança analítica (Gehaka® AG 200), com precisão de décimos de miligrama (0,0001g). O frasco com dispositivo gotejador foi posicionado com uma inclinação formando um ângulo de 90o em relação à superfície e o medicamento pesado gota a gota e anotado o peso. A seguir, as gotas foram agrupadas de 2 a 2 até 27 a 27, sendo realizada análise do coeficiente de variação dos agrupamentos. Considerando-se a dosagem ideal do medicamento recomendado pela literatura e a margem aceitável de variação (±10%), foram determinadas as frequências de subdosagens, dosagens aceitáveis e sobredosagem nos diversos agrupamentos. Ainda, foram obtidas equações de regressão destas frequências em função do número de gotas agrupadas. Os resultados demonstram que a variabilidade dos pesos das gotas diminui com o aumento do número de gotas agrupadas. Também foi observado que a maior frequência estimada de gotas com peso aceitável ocorreu quando estas foram agrupadas de 20 a 20. As menores frequências estimadas de subdosagem e sobredosagem ocorreram quando as gotas formaram grupos com 15 e 25 unidades, respectivamente. Conclui-se que, para o processo de otimização, há a necessidade da constituição de uma “solução de trabalho” com valores de 20 gotas ou 1mL de fenoterol, em que os efeitos de overdose e sub-doses terapêuticas são minimizados. Palavras chave: Bromidrato de fenoterol; conta-gotas; Qualidade estatísticas. ABSTRACT PROPOSAL OF OPTIMIZATION FENOTEROL BROMIDE DROPS TO PRACTICE INHALATION. The fenoterol hydrobromide drug is a bronchodilator used to treat obstructive lung diseases and is widely employed in the public health system in inhalation therapy for children and adults with lung diseases. It happens that the weight of a drop can vary, implying the possibility of dosing below (underdosing) or above (overdose) of recommended. This work aims to study the variability of droplet size of fenoterol hydrobromide, identifying the relative frequencies of underdosing and overdosing. For this purpose, measurements were made of the weight of the drops with the aid of an analytical balance (Gehaka ® AG 200), with an accuracy of tenths of a milligram (0.0001 g). The bottle with dropper device was positioned with an inclination at an angle of 90o to the surface and the drug heavy dropwise and the weight noted. Then the drops were pooled 2-2 until 27-27, being held analysis of the variation coefficient of the groupings. Considering the optimal dosage of the drug recommended by the literature and the acceptable margin of variation (± 10%), were determined the frequencies of underdosing, overdosing and acceptable dosages in different groupings. Further, regression equations were obtained for these frequencies according to the number of droplets together. The results demonstrate that the variability of the weights of the drops decreases with increasing the number of drops grouped. It was also observed that most often estimated with acceptable weight drops occurred when these were grouped 20-20. The lower frequencies estimated underdosing and overdosing occurred when the droplets formed groups with 15 and 25 units respectively. It is concluded that for the optimization process, there is a need to establish a "working solution" with values of 20 drops or 1 mL fenoterol, in which the effects of overdose and sub-therapeutic doses are minimized. Keywords: fenoterol`s Hydrobromide; droppers; statistic`s quality. LISTA DE FIGURAS Figura 1- Estrutura química do Fenoterol..................................................................23 Figura 2- Classificação geral de formas de dosagem oral e abordagens de terapia de dosagem individualizada ...........................................................................................25 Figura 3- Frasco com dispositivo gotejador...............................................................27 Figura 4- Tamanho da massa da gota x ângulo de inclinação do gotejador. ............28 Figura 5- Coeficiente de variação das gotas agrupadas ...........................................33 Figura 6- Frequência relativa de gotas agrupadas ....................................................34 Figura 7- Frequência de subdosagem para as gotas agrupadas ..............................36 Figura 8- Número de gotas aceitáveis para gotas agrupadas ...................................37 Figura 9- Frequência de sobredosagem das gotas agrupadas .................................38 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Relação da dose em função do peso para a “solução trabalho” de fenoterol líquido 20 mL.............................................................................................................40 LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS ACE- Analise custo-efetividade ACU- Analise custo-utilidade AMD- Auxílio Multicritério e Decisão ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária FDA – Foods Drugs Administration EFs- Estudos farmacoeconômicos INMETRO- Instituto Nacional de Metrologia. ISAAC- International Study of Asthma and Allergies in Childhood C1V1- Concentração inicial e volume inicial C2V2- Concetração final e volume final MHC- Hystocompatibility Complex Major SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 12 1.1 1.1.1 Objetivo geral................................................................................................ 14 1.1.2 Objetivos específicos................................................................................... 14 1.2 2 OBJETIVO DA PESQUISA.................................................................................... 14 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO....................................................................... 14 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 16 2.1 FARMACOECONOMIA ......................................................................................... 16 2.2 DOENÇAS OBSTRUTIVAS PULMONARES ......................................................... 18 2.3 FÁRMACOS β ADRENÉRGICOS.......................................................................... 21 2.4 FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS .............................................................. 25 3 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................. 29 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................... 32 5 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 43 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 44 12 1 INTRODUÇÃO As discussões sobre a qualidade dos medicamentos tem se tornado fator preponderante nos órgãos de saúde do Brasil, assim como nos demais países. Desta forma, surge a farmacoeconomia como área de estudo que possui objetivo de dotar a saúde de ferramentas de tomada de decisão que permitem distribuir os recursos de forma igualitária e ética com maior benefício social (VERANO; MASIS, 2006). Os estudos de avaliação farmacoeconômica incluem a área da metrologia, que mede e compara alternativas farmacêuticas em função de seus custos e benefícios, com o intuito de otimizar os custos de tratamentos e na diminuição do acometimento de reações adversas a medicamentos com overdoses ou uso de subdoses com tratamentos ineficazes (ARRUDA; OLIVEIRA, 2009). De acordo com o Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO), não existe controle quanto ao tamanho e ao volume dos utensílios domésticos, como colheres, copos, etc. Devido à imprecisão das medidas provenientes destes utensílios domésticos, copos dosadores, seringas e conta-gotas são considerados alternativos às medidas caseiras, sendo amplamente empregadas na administração de medicamentos líquidos (CUNHA et al., 2010). A literatura cita variações em doses ministradas pelos cuidadores em soluções orais com colheres, conta-gotas e copos dosadores. De forma geral, as menores variações ocorrem quando o medicamento é administrado através de conta-gotas e maiores quando se utilizam copos e colheres (KAIRUS; BALL; PINNOCK, 2006). Entretanto, nas diversas formas de doseamento, verifica-se que 13 uma parcela significativa da população não administra os fármacos na concentração adequada, mesmo quando na forma de gotas (SOBHANI et al., 2008). Ainda, segundo Yin et al., (2010), as formulações líquidas em gotas representam uma forma de fácil diluição e administração das doses principalmente em pediatria, mas necessitam de otimização no processo de fabricação de gotejadores. Em adição, afirmaram que a gota por si só Sklubalova e Zatloukal (2006) não representa uma massa ou volume específico, uma vez que o volume das gotas de diferentes líquidos varia muito entre si. A maioria dos trabalhos relatados sobre controle e uso de gotas refere-se a colírios. O peso das gotas tem influência da marca do colírio (PRATA; PRATA JÚNIOR, 2004) e do ângulo de gotejamento (ESTACIA; TOGNON, 2008), o que implica em diferenças no custo do tratamento para glaucoma. Ainda, Roizenblat Freitas; Belfort Junior (2001) relatam que o volume da gota de colírios nacionais são maiores estatisticamente quando comparados com colírios produzidos nos Estados Unidos, acarretando custos maiores ao tratamento. Santvliet e Ludwig (2004) reportam que a variação do tamanho da gota de colírios pode ser diminuída com aumento da viscosidade do líquido e com verticalização do ângulo de instilação. Gonçalves et al (2009) reportam a variabilidade dos pesos médios em amostras de dipirona gotas em trabalho realizado em Campos do Goytacazes-RJ. Através de métodos estatísticos na análise da qualidade de fármacos observaram a possível existência de 80% de variabilidade com risco de sobredosagem e subdosagem. Os autores, inclusive, propõem uma otimização da quantidade de gotas de acordo com o peso. Dentre os medicamentos utilizados no Brasil que são ministrados através de conta-gotas pode ser citado o bromidrato de fenoterol. Este fármaco é utilizado no tratamento de doença pulmonar obstrutiva crônica, alergias respiratórias, asma, bronquite, bronqueolite e infecções virais respiratórias, sendo que o uso contínuo previne a recorrência do quadro clínico pulmonar (ZANNONI; PALHARES, 2002). A posologia do fenoterol consiste, inicialmente, na diluição do medicamento mediante a utilização de conta-gotas, seguida de nebulização. Após sua inalação seu efeito é imediato e pode durar por 4-6 horas. No entanto, sua comercialização está proibida nos Estados Unidos e há relatos de casos de mortes devido ao seu uso na Nova Zelândia (HOFFMAN, 2003). No Brasil, 22% das crianças com quadro asmático são tratadas com fenoterol (SANTOS et al., 2012). 14 Considerando-se o risco representado por uma administração de dosagem inadequada do fármaco e os estudos realizados com os outros medicamentos, que mostram que o volume das gotas varia muito entre si, o presente trabalho possui como objetivo estudar a variabilidade do tamanho das gotas do bromidrato de fenoterol, identificando as frequências relativas de subdosagens e sobredosagens. 1.1 OBJETIVO DA PESQUISA 1.1.1 Objetivo geral Otimizar a utilização de fenoterol gotas em processos inalatórios. 1.1.2 Objetivos específicos O presente trabalho tem como objetivos específicos: realizar pesquisa bibliográfica relacionada à administração de medicamentos líquidos por conta-gotas, o uso de β-adrenérgicos em pneumopatias; utilizar métodos estatísticos para avaliação da qualidade de produtos farmacêuticos em formulações líquidas por conta-gotas; otimizar a utilização de conta-gotas em formulações liquidas para a terapia inalatória em pneumopatias. 1.2 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO O trabalho está estruturado em 5 capítulos. O capítulo 1, Introdução, apresenta a contextualização do tema, formulação da situação problema e os objetivos da pesquisa. 15 O capítulo 2, Revisão de literatura, apresenta por Farmacoeconomia, Doenças Obstrutivas Pulmonares e quadros obstrutivos, β-adrenérgicos e Formulações Líquidas Orais. O capítulo 3, Metodologia, apresenta como foi feito a pesagem das gotas, como a descrição dos métodos para a análise dos dados. O capítulo 4, Resultados e discussão, apresentam a estatística de variabilidade dos pesos médios das gotas, das curvas de regressão de sobredosagem, subdosagem, gotas aceitáveis e volume otimizado pela solução de trabalho. O capítulo 5, Considerações finais, apresentam as conclusões e a proposta para trabalhos futuros. 16 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 FARMACOECONOMIA A farmacoeconomia é uma especialidade que surge nos países desenvolvidos após a segunda guerra mundial com a tentativa de conter gastos na área de saúde com medicamentos e procedimentos. As pesquisas nesta aérea se baseiam em características econômicas ou politicas. Com finalidades econômicas de evitar o aumento vertiginoso dos gastos em saúde publica (SECOLI et al., 2005). Verano e Masis (2006) afirmam que a melhor forma de obter equitativamente os recursos de forma a produzir o máximo de beneficio para a população é incorporar ferramentas da economia na área de saúde. Quando estas novas ferramentas se aplicam na área de fármaco temos a farmacoeconomia como nova área da saúde. Postma (2009) relata em seu artigo a grande tendência do aumento dos estudos e trabalhos em relação à farmacoeconomia, com grande atividade no campo da saúde publica e ambiental com pesquisas relacionadas ao custo-efetivo de drogas e utilização de vacinas e profilaxia de doenças endêmicas. Verano e Masis (2006) destacam que os sistemas de saúde precisam equacionar três questões: disponibilidade quase imediata de várias intervenções que melhoram e prologam a vida; prover acesso amplo e irrestrito ao sistema a maior parte dos usuários possíveis e conter os custos do sistema dentro de limites aceitáveis. 17 Secoli et al. (2005) comentam que os dados obtidos dos estudos farmacoeconômicos (EFs) determinam a autorização de produção de medicamentos, comercialização, fixação de preço, financiamento público de medicamentos, definição das estratégias de marketing farmacêutico e tomada de decisões clínicas. Youngkong et al. (2012) reportam que o alto custo das intervenções e procedimentos, assim como de produtos farmacêuticos estão cada vez mais a disposição de pacientes, sendo que os custos destas intervenções aumentam de forma com acréscimo da disponibilidade dos serviços. Contudo, técnicas na seleção destes serviços na área de farmacoeconomia como o Auxilio multicritério e decisão (AMD) podem funcionar como ferramenta importante na seleção dos recursos financeiros e sua aplicabilidade em áreas estratégicas de saúde publica. Há uma tendência internacional na utilização de estudos de farmacoeconomia para o desfecho de problemas no protocolo e adesão de fármacos na terapia moderna. Assim árvores de decisão, métodos de critério e decisão, modelos estatísticos, programação matemática, redes neurais e demais ferramentas do campo da matemática e computação vem sendo usadas de forma continua e eficaz na farmacoeconomia (VERANO; MASIS, 2006). Postma (2009) descreve que durante sua tese estudou a dinâmica de intervenções em pacientes com HIV/AIDS para doenças infecciosas. Para tal finalidade, a necessidade de modelos matemáticos que permitam estudar modelos dinâmicos dentro da área de econometria requerem complexos modelos. Desta forma, as áreas de economia e saúde se unem tornando uma área atrativa para produção de trabalhos. Secoli et al. (2005) descrevem os tipos de estudos farmacoeconômicos empregados na indústria: Análise Custo-efetividade (ACE), análise de Custoutilidade (ACU) passam por estudos de sensibilidade e validação dos métodos como criação de protocolos clínicos. Dessa forma, Youngkong et al. (2012) Utilizaram a técnica do AMD para orientar a inclusão de intervenções em saúde no programa de Cobertura Universal de Pacote de Benefícios na Tailândia no período de 2009-2010 obtendo êxito na classificação dos pacotes de benefícios em relação às demais variáveis. Rodbard e Jellinger (2010) descrevem a utilização do algorítimo AACE/ACE em estudos com pacientes diabéticos do tipo II este algorítimo foi desenvolvido por 18 14 endocrinologistas da Sociedade Americana de endocrinologia com intuito selecionar o manejo dos pacientes em função das variáveis como classes terapêuticas, histórico, peso, e demais selecionando a melhor estratégia para o paciente diabético. Ainda, Zhao, Tan e Au (2012) em estudo com pacientes com síndrome de Parkinson, 195 participantes em Singapura apontaram politicas para a diminuição da utilização de fármacos, atendimentos domiciliares e hospitalizações com estudos farmacoeconômicos como ACE e ACU de serviços e tratamento terapêutico. Ocorre a necessidade de estudos de farmacoeconomia para a melhora nas condições de vida de pacientes com pneumopatias. Na avaliação do tratamento farmacológico e nos custos embutidos com efeitos adversos e falha terapêutica de doenças como a asma s broncopatias. 2.2 DOENÇAS OBSTRUTIVAS PULMONARES Os pulmões são órgãos responsáveis por função cardinal da troca de oxigênio entre o sangue e o meio ambiente. Sobre o ponto de vista evolutivo o sistema respiratório se origina da parede do intestino. O sistema se ramifica da traqueia em dois brotos denominados brônquios que se ramificam em bronquíolos, sendo estes isentos de cartilagem e glândulas secretoras de muco suas ramificações terminam em acínios que são esféricos cerca de 7 mm que penetram nos alvéolos permitindo a troca gasosa (HUSSAIN, 2005). A tosse é um processo de ato reflexo com a retirada de partículas do sistema brônquico sendo resultado da obstrução das via aéreas por produtos de bronquites, bronquiectasias, exsudatos e transudados. Existem, portanto, receptores químicos e mecânicos distribuídos na carina principal, laringe e brônquios que ativam mecanismo da tosse (PAULA,1984). A tosse pode ser classificada em tosse produtiva com a expectoração de secreção e tosse improdutiva com irritabilidade das mucosas e sem expectoração produtiva, seca e portando deve ser evitada se diferenciando da tosse produtiva sendo essa estimulada. 19 De acordo com Paula (1984) a tosse improdutiva pode quando acentuada provocar danos à saúde do paciente trazendo efeitos como hérnias de hiato esofagianos, inguinais e umbilicais; prejudica o sono; tosse enetizante (vômitos); insuficiência ventricular esquerda descompensada; dor abdominal; pneumotórax. A importância das pneumopatias, segundo Hussain (2005) tem aumentado na patologia de formal global com incremento da terapêutica moderna no combate ao tabagismo, aumento da poluição dos grandes centros. A bronquite crônica, Doença pulmonar obstrutiva crônica, pneumonias, bronqueolites, asma, síndrome respiratória aguda e enfisema são considerados doenças obstrutivas pulmonares ou pneumopatias. A asma é uma doença multifatorial, em que a predisposição genética é fortemente influenciada pelas pressões externas. Deve ser encarado como um processo inflamatório, estudos se basearam na pesquisa de lavado pulmonar com pesquisa citológica foram identificados neste material de pacientes asmáticos elevadas quantidades de basófilos, eosinófilos e macrófagos. Relatos de 80% dos casos de asma diagnosticados são associados a uma reposta mediada por IgE (resposta alérgica) para alguns estímulos imunológicos presentes no ambiente domiciliar, como ácaros, fungos, epitélios de animais ou pólens (GRAUDENZ; FERREIRA, 2012). Gross, Keidel e Schmitt (2010) descrevem causas microbiológicas para a bronquite crônica como a infecção por Bordetella petrussis, os autores reportam sobre uma linhagem especifica de B. parapertussis que provoca infecções em humanos com tosses convulsas, com quadro de bronquioconstrição intenso pela intensa produção de muco. Korolkovas (2011) caracteriza a asma brônquica como uma doença inflamatória da árvore traqueobrônquica associada geralmente com enfisema e afecção pulmonar. Há duas formas de bronquite: a simples caracterizada pelo aumento da secreção pulmonar e a obstrutiva caracterizada pela diminuição da ventilação pulmonar e suporte de oxigênio levando a dispneia, cianose e a cor pumonale características de doenças obstrutivas pulmonares. Cunha et al. (2012) descrevem que o International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC) em 2012 nos EUA apontam em seus estudos que 24% das crianças em idade escolar possuem asma sendo esta uma doença importante na clínica e na saúde pública. Para Sousa et al. (2012) as pneumopatias 20 estão entre os principais casos de internações nos EUA entre crianças de 15 anos, sendo a afecção mais importante em crianças menores de cinco anos. Este estudo foi realizado entre 2002 e 2011. Ainda Sousa et al. (2012) em estudo de base realizado em São Paulo entre os anos de 2008 e 2009 em crianças através do inquérito domiciliar em 1185 entrevistados, observaram fatores predisponentes como: o baixo nível socioeconômico, aglomeração e baixo padrão de moradia, cor da pele preta e parda esteve associada especialmente com bronquite aguda. Outro achado foi à presença de asma em pessoas com rinite. Pijning, Kort e Hoeve (2011) reportam caso de infecção pulmonar de um menino de 3 meses de idade por Staphylococcus aureus meticiclina resistente (MRSA) e afirmam casos de agentes infecciosos nosocômiais na causa de doenças pulmonares na comunidade. Desta forma, podemos desmembrar a asma em: asma intrínseca causada por fatores alérgicos e asma extrínseca causada por vírus, esforço físico ou exposição rigorosa ao frio (GRIMMINGER; REICHENBERGER; SEEGER, 2010). A hiperatividade do sistema imunológico na asma se classifica por hipersensibilidade imediata do tipo I onde epítopos (alergênos) são reconhecidos pela apresentação de linfócitos T via MHC de classe II por linfócitos B levando, estas células a produzirem anticorpos IgE específicos. Esta exposição continua ao alergêno promove a sensibilização de mastócitos por IgEs especificas aos epítopos que induziram. A formação de complexo antígenoanticorpo-mastócito promove a desgranulação de substâncias vasoativas como a histamina e leucotrienos que provocam bronquioconstrição e vasodilatação. (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2008). Em relato Cebollero, Echegoyen e Santolaria (2005) descrevem a asma com principal forma de acometimento em operários e trabalhadores expostos a uma série de poluentes industriais tais substâncias são citadas como: antibióticos, ácido ptálico, madeira, abesto, formaldeído, níquel, platina prata, ouro e corantes. De acordo com Huang et al. (2013) demonstram que a introdução de um inibidor de tirosinase. Ocorre efeito broncodilatador nos pulmões. Aspectos imunológicos têm sido atribuídos a processos inflamatórios com liberação destes mediadores. A inibição de tirosinase inibe a ação de mediadores no pulmão diminuindo o efeito inflamatório e brônquio-constritor da asma. 21 Outros estudos como de Davoodi et al. (2012) que observaram níveis de interleucina-13 e interferom-gama (INF) mostraram valores estatisticamente iguais entre etnias para pacientes com e sem quadro asmático, evidenciando um possível mecanismo múltiplo de varias citocinas e demais fatores na predisposição genética da asma. Modelos abordam de forma atual o papel dos profissionais no desenvolvimento dos cuidados relacionados à asma, no acompanhamento de pacientes. Na Austrália, Naik-panvelkar et al. (2012) avaliaram através de questionário pacientes asmáticos, onde perceberam que pacientes acompanhados com profissionais de saúde apontavam melhores resultados terapêuticos e menores efeitos adversos com melhora no uso inalatório de fármacos desobstrutivos. Ainda, sobre o manejo de terapias sobre o tratamento com aerossóis existem uma ampla margem de diferentes decisões em diversos países sobre o tratamento de asma crônica e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, Melani et al. (2012) relataram em pesquisa com 634 pacientes italianos o mal uso de forma não otimizada de nebulizadores em terapias caseiras com aerossóis. Estes pacientes apresentaram melhores condições das doenças pulmonares obstrutivas após acompanhamento de profissionais. 2.3 FÁRMACOS β ADRENÉRGICOS Os β-agonista tem ampla utilização na clinica medica como broncodilatadores em doenças pulmonares como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica. A epinefrina foi introduzida no século XX, sendo em 1940 a produção de um β-2 seletivo- o isoproterenol- com menores efeitos cardiovasculares pronunciados em doses terapêuticas (GILMAN, 2003). A esta classe de fármacos com propriedades α-adrenérgica podem ser utilizados para o efeito cronotrópico positivo em doenças cardíacas como choque cardíaco, arritmias e bradicardias. Os principais fármacos β-adrenérgicos possuem ação nos receptores β-1 e β-2 como Isoproterenol e dobutamina, sendo seu tratamento na asma reduzido devido aos efeitos α-adrenérgicos sobre o sistema cardíaco (GILMAN, 2003). 22 Fármacos seletivos foram desenvolvidos para receptores β-2 com propriedades reduzidas em receptores cardíacos α-adrenérgicos, porem em doses mais elevadas esta seletividade fica reduzida com impregnação dos receptores adrenérgicos de forma geral. Os fármacos β-2 dispostos no mercado brasileiro são: fenoterol, terbutalina, formoterol, albuterol e etc. (HOFFMAN, 2003). Os medicamentos β-2 adrenérgicos podem ser divididos de ação curta como salbutamol e o fenoterol e de ação longa como formoterol e o salmeterol. Rubin et al., (2006) comparam a ação de fenoterol e formoterol em 84 pacientes induzidos por 5 minutos de 20% de metacolina de forma inalatória. Obtendo efeito similar entre as formulações farmacêuticas para os efeitos broncodilatadores de ação curta e longa na reversão da bronquioconstrição. Práticas foram adotadas para diminuir os efeitos sistêmicos como a diluição de fármacos em solvente e posterior inalação por nebulização com maior sensibilização de receptores β-2 adrenérgicos pulmonares. Portanto, estes fármacos agem nos receptores dos músculos lisos bronqueolares provocando relaxamento da mucosa e diminuindo a resistência da passagem do ar (HOFFMAN, 2003). Estes fármacos agem em receptores ligados a Adenosina monofosfato cíclico (cAMP) com relaxamento da mucosa brônquica, uterina e vascular. Os efeitos provocam gligoneogênese e gluconeogênese no fígado; produz hipocalemia por ativar a bomba sódio/potássio ATPase. A hipocalemia severa pode induzir arritmias supraventriculares, ventricular sinusal, convulsões e tremores (VALE, 2011). Dentre os medicamentos utilizados no Brasil que são ministrados através de conta-gotas para nebulizações pode ser citado o bromidrato de fenoterol. Este fármaco é utilizado no tratamento de doença pulmonar obstrutiva crônica, alergias respiratórias, asma, bronquite, bronqueolite e infecções virais respiratórias, sendo que o uso contínuo previne a recorrência do quadro clínico pulmonar (ZANONI; PALHARES, 2002). O tratamento da asma é mais eficaz do que a bronquite crônica onde os fármacos mais utilizados para a bronquite se destacam os β-adrenérgicos, as metilxantinas. No tratamento da asma se caracteriza por ação de glicocorticóides, associação com broncodilatadores adrenérgicos. Devem ser evitadas em casos de broncoespasmos medicamentos sedativos, antinflamatórios, acetilcisteina e βbloqueadores (KOROLKOVAS, 2011). 23 Alguns autores como Antonelli et al. (2012) apontam para a associação positiva entre exercícios físicos nas doenças obstrutivas pulmonares com melhora da capacidade de ventilação com potencial no tratamento de asma e bronquite crônica para tratamentos não farmacológicos. O fenoterol Figura 1 é uma mistura de enantiomeros com formula química de C17H21NO4HBr e peso molecular 384,3, estão descritos na Farmacopéia Britânica como solução oral nas formas de sais de bromidrato comercializados na forma de gotas e xaropes e aerossol dosificador (ZAMUNER; CARRION; MAGALHÃES, 2008). Figura 1- Estrutura química do Fenoterol - 1 - (3, 5 - dihidroxifenil)-2-[(R)-4-hidroxi-α-metilfenetilamino) etanol] Fonte: Poisons (2012) Foram demostrados por Ahmet, Turner e Lakatta (2012) que o fenoterol possui formas racêmicas RR e SS com diferente ação sobre receptores cardíacos com menor eficiência ou ineficácia para os isômeros SS, demonstrando menor ação destes isômeros em receptores adrenérgicos. A maioria destas soluções que contêm a substância ativa do fenoterol, nas preparações nos EUA, possui uma base aquosa isotônica, como sódio a 0,9%. O ajuste do pH ocorre bronquioconstrição em devido ao indivíduos fato dos asmáticos aerossóis em ácidos proporção direta causarem com a concentração de íons de hidrogênio. A maioria das soluções nebulizada são acidificadas para pH de aproximadamente 5 para a vida útil dos ativos como o fenoterol e os componentes (ASMUS et al.,1999). A posologia do fenoterol consiste, inicialmente, na diluição do medicamento mediante a utilização de conta-gotas, seguida de nebulização. Após sua inalação 24 seu efeito é imediato e pode durar por 4-6 horas. No entanto, sua comercialização é restrita em países desenvolvidos e no Brasil sua utilização é crescente na faixa pediátrica (SANTOS et al., 2012). Outras formas de aplicação do fenoterol apresentaram pratica no combate a asma crônica como a via transdérmicas citados por Elshafeey et al. (2012) em trabalho com a avaliação de formulações transdérmicas e efeito broncodilatador em musculatura lisa de porcos. Porem custos e ação imediata em receptores brônquicos adrenérgicos para crises agudas o fármaco de escolha aponta para a forma inalatória de fenoterol gotas para relação custo-efetivo das formulações. Apesar das demais apresentações o fenoterol gotas por inalação tem sido a maior empregabilidade no combate as crises moderadas e graves de asma. Sears, et al. (1990) realizaram experimento com 64 pacientes, onde 59 obtiveram diminuição dos ataques de asma na bronquite crônica. A indicação clinica da utilização de fenoterol gotas e necessário no combate a tríade de sintomas clássicos relacionados à asma como tosse, dispneia e sibilo na ausculta pulmonar característicos dos processos obstrutivos (GRIMMINGER; REICHENBERGER; SEEGER, 2010). A administração de broncodilatadores como fenoterol no combate da asma tem sido reconhecida como a principal forma de tratamento das exacerbações dos sintomas, pela ótima disponibilidade, administração do fármaco no local pelas vias aéreas com diminuição dos efeitos adversos (ZANONI; PALHARES, 2002). Korolkovas (2011) apresenta as formas farmacêuticas disponíveis no mercado brasileiro: BEROTEC® (Boehringer Ingellheim) nas formas de 20 comprimidos x 2,5 mg, frascos aerossóis de 10 mL x 0,1mg e10 mL x 0,2mg; frascos líquidos de 20 mL x 5mg e frasco de 120 mL xarope para adultos 5mg/10 mL. O autor destaca que não foram estipuladas doses seguras para tratamento pediátrico. No entanto Santos (2011) destaca ação de bromidrato de fenoterol no combate a DPOC, asma e bronquite com a formulação em gotas para a nebulização associado com o brometo de ipatrópio agente anticolinérgico que provoca a redução da secreção, esta mistura líquida associada apresenta grande aplicabilidade sobre as demais formas farmacêuticas com ação broncodilatadora mais duradoura. Cipolla e Gonda (2011) destacam a necessidade do desenvolvimento de técnicas para a obtenção de drogas que permitam terapias inalatórias de formulações liquidas com segurança. Os autores apontam para utilização futura da 25 via pulmonar para administração de drogas como: antibióticos, insulina, antifúngicos e demais drogas com ação local pulmonar por diminuírem os efeitos sistêmicos e promoverem ação rápida. 2.4 FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS Ferreira e Souza (2007) definem que soluções são preparações liquidas onde ocorre a mistura de uma ou mais substâncias químicas em solvente adequado com miscibilidade de solventes e adjuvantes como: antioxidantes, tampão, agentes sequestrantes e conservantes. As formulações farmacêuticas básicas são divididas em: Soluções, emulsões, suspensões e xaropes. Para faixas etárias como pediatria e idosos ocorre à necessidade de partição de doses com principal forma as formulações liquidas devido às condições orgânicas especificas como imaturidade hepática e senilidade. A flexibilização das formas estão descritas na Figura 2. Formas farmacêuticas Doses acumulativas Sólido Doses partidas Líquido Líquidas Sólido Comprimido Colher Drágeas Peletes Copo Seringa Pipeta Cápsula Granulados Contagotas Colher Figura 2- Classificação geral de formas de dosagem oral e abordagens de terapia de dosagem individualizada (doses partidas x doses acumulativas) Fonte: Wening e Breitkreutz (2011) adaptado. 26 A utilização terapêutica de ativos líquidos como xaropes, soluções e aerossóis é administrada em doses fracionadas. Pode se salientar que para aferição dessa dose fracionada por pacientes em seu domicilio ou por profissionais em determinados ambientes de saúde não ocorre por equipamentos de medida dos laboratórios farmacêuticos. Desta forma recorrem a medidas caseiras como colheres, copos e taças (PRISTA et al., 2002). Medidas provenientes dos utensílios, como a utilização de copos dosadores, seringas dosadoras e conta-gotas, como alternativa as medidas caseiras, tem sido utilizadas nos medicamentos líquidos. A administração de um medicamento líquido por via oral dividido em doses unitárias como gota é de longa tradição. O número de prescrições médicas em gotas é frequente, porém não há uma padronização de conta-gotas de tais medicamentos (LIMA et al., 2007). Líquidos como soluções ou xaropes possuem características homogêneas com desvantagens para as preparações como suspensões e emulsões onde as doses não respondem aos padrões homogêneos. Desta forma, a entrada do contagotas em um recipiente multidose permite a contagem de gotas individuais, especialmente útil para administrar volumes muito pequenos de líquidos por via oral e que garantam certa homogeneidade aos fármacos por dose para crianças muito pequenas e para idosos com necessidade de precisão nas doses (WENING e BREITKREUTZ, 2011). Um relato de um caso de erro de administração de gotas de sulfato de hiosciamina para cólicas numa criança de 9 semanas de vida onde a mãe supostamente administrou 4 frascos do fármaco ao se confundir com dose prescrita de 4 gotas (RUDY, 2012).Demonstra a dificuldade em obter terapia adequada com a aferição de doses liquidas por cuidadores em ambiente domiciliar. De acordo com Prista et al (2002) descrevem que determinados ativos líquidos não são administrados por peso ou volume, sendo utilizados a mensuração da dose pelas gotas. Sendo que o volume das gotas pode ser influenciado por fatores externos como a temperatura, a forma do recipiente, capilaridade e fatores inerentes como a viscosidade e densidade do líquido. Para tal finalidade criou se o conta-gotas padrão. A viscosidade do líquido esta relacionada à força de atração entre as moléculas vizinhas, o modelo de formação de gotas segue modelos matemáticos 27 que descrevem a interação entre as moléculas, entre os recipientes de vidro e demais fatores. O modelo desenvolvido para fluxos suavizados em astrofísica pode ser empregado em partículas de líquidos com similaridade no ramo da indústria, em modelos biológicos e ambientais sendo, mais conhecida como hidrodinâmica de partículas suavizadas (SPH) (MELEAN; SIGALOTTI; HASMY, 2006). Prista et al. (2002) discutem que essa apresentação líquida permite a recorrer pequenas massas de ativo sem a presença de uma balança. Essa operação otimizada pela padronização e uniformidade das gotas permite uma operação rápida e de simples preparo. Ferreira e Souza (2007) descrevem que frequentemente as formulações farmacêuticas não atende a certas classes de pacientes como idosos e crianças para as formulações sólidas, sendo de difícil deglutição. Ferreira (2006) descreve gota como preparação farmacêutica líquida, na forma de solução ou suspensão aquosa ou oleosa, destinada a administração por via nasal, auricular, ocular e oral. Sendo o conta-gotas definido como um tubo com uma extremidade adaptada com um gotejador (Figura 3) Figura 3- Frasco com dispositivo gotejador. Fonte: Ferreira (2009) A equação matemática segundo Ferreira (2009) representa as forças físicas relacionadas ao escoamento de gotas nas formulações líquidas. O escoamento acontece quando a força do peso do liquido ultrapassa a tensão superficial do líquido com o desprendimento da gota do conta-gotas. Assim a massa da gota depende da tensão superficial do liquido e do diâmetro da extremidade do capilar 28 mxg = dx πxσ Onde: m = massa da gota g = constante da aceleração da gravidade (981 cm.s-2) d = diâmetro da extremidade do capilar σ = tensão superficial (dyn.cm-1) π = constante PI (≅3,1416) Ragazzi (2006) relata que outro fator como o ângulo de inclinação do contagotas determina o tamanho da gota que se desprende do gotejador. Sendo que existe uma tendência do aumento do tamanho da massa com aumento do ângulo de inclinação do gotejador (Figura 4). Figura 4- Tamanho da massa da gota x ângulo de inclinação do gotejador. Fonte: Ferreira (2006) Os fabricantes fornecem conta-gotas calibrados, sendo que as especificações seguem a Farmacopéia brasileira 5ª edição que preconiza que um gotejador calibrado na temperatura de 20ºC goteje 20 gotas em posição vertical realizando pelo menos 3 repetições (BRASIL, 2010). 29 3 MATERIAL E MÉTODOS O medicamento bromidrato de fenoterol, em uma das suas formas genéricas, foi adquirido em farmácia comunitária localizada no município de Itaperuna, na forma farmacêutica líquida, comercializado em frasco conta-gota contendo 20 mL, com concentração de 5mg do medicamento por mL (1 mL =20 gotas). Com o auxílio de uma balança analítica Gehaka® AG 200, com precisão de décimos de miligrama (0,0001g). O frasco com dispositivo gotejador foi posicionado com uma inclinação formando um ângulo de 90o em relação à superfície e o medicamento pesado gota a gota e anotado o peso de cada gota totalizando 730 gotas. Foram realizadas pesagens correspondentes a 3 frascos do medicamento de mesma marca e mesmo lote. Realizou-se a pesagem das gotas em ambiente controlado de 25ºC em laboratório de farmacotécnica da Farmácia universitária UNIG campus V. Os dados foram tabulados em planilha do aplicativo Microsoft Office Excel, sendo as análises estatísticas procedidas no aplicativo Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG, versão 9.1). Uma vez tabulados os pesos individuais das gotas, foram somados os pesos de gotas em grupos de 2 até 20 gotas. A seguir, foram considerados para análise os pesos agrupados de forma a totalizar 27 observações de cada grupo. Assim, foram obtidos pesos de 27 gotas individuais, 27 dados de gotas agrupadas 2 a 2, 27 dados de gotas agrupadas 3 a 3, e assim sucessivamente, até as 27 observações referentes às gotas agrupadas 20 a 20. 30 A análise estatística consistiu na obtenção de parâmetros estatísticos descritivos (média e coeficiente de variação) em cada grupo. Além disso, foi testada a existência de tendências no coeficiente de variação, conforme aumentava o número de gotas agrupadas. Para tal, foi obtida uma equação de regressão, sendo o modelo estatístico da regressão escolhido, dentre os disponibilizados pelo aplicativo SAEG, mediante análise dos parâmetros da regressão (significância e coeficiente de determinação). Considerando-se o peso ideal da gota (0,05g) e a variação aceitável (±10%, ou 0,045g a 0,055g) foram determinadas as frequências de subdosagem, dosagem aceitável e sobredosagem em cada agrupamento. Foram obtidas, então, equações de regressão que estimam estas frequências em função do número de gotas agrupadas. A partir destas equações, foram determinados os tamanhos dos agrupamentos que minimizaram a frequência de sub e sobredosagem, bem como os que maximizaram a frequência de dosagens aceitáveis. Para a otimização da utilização do bromidrato de fenoterol foi proposta uma “solução de trabalho” a partir do cálculo da variabilidade média do peso das gotas e a partir dos valores obtidos para as curvas de regressão de gotas aceitáveis, subdosagem e sobredosagem. A solução foi obtida através da diluição da solução de bromidrato fenoterol gotas em solventes como água destilada ou solução fisiológica 0,9% com a elaboração de uma tabela com a dosagem ideal por faixa de peso do paciente. 31 32 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados demonstram a distribuição do peso das gotas quando comparadas ao peso médio das gotas (0,04916±0,00068g). A distribuição das gotas em relação à variação do peso médio gota a gota 0,04994g e o limite de 10% de aceitabilidade reportados por Alcântra et al. (2007) produzem valores de 0,044095g e 0,053893g para gotas aceitáveis, considerando-se subdosagem valores abaixo a 0,044095g e sobredosagem valores acima de 0,053893g. Trabalho realizado por Estacia e Tognon (2008) demonstraram diferenças estatísticas com colírios quando submetidos a ângulos de 45º e 90º. Prata e Prata Júnior (2004) identificaram diferenças estatísticas entre os pesos médios e volumes de colírios de marcas diferentes. A diferença entre os pesos das gotas pode ser observada entre marcas e lotes diferentes do medicamento dimeticona gotas em Anápolis-GO (OLIVEIRA; ARRUDA, 2009). A variabilidade das gotas no presente trabalho esta relacionada ao mesmo lote e marca de fenoterol, num ângulo de 90º do gotejador, tendo que demais trabalhos citados demonstram resultados semelhantes para a variabilidade do peso médio das gotas de diversos fármacos. As gotas agrupadas em 27 grupos apresentaram um coeficiente de variação representada por uma equação hiperbólica de Ŷ = 8,58 + 20,564. X-1, em que ocorre redução do coeficiente de variabilidade de acordo com o aumento do número de gotas agrupadas, mostrando um ponto de inflexão no limite permitido pela farmacopeia de 10% no ponto de 15 gotas agrupadas, abaixo de 5 gotas podem apresentar coeficientes acima de 30% como pode-se observar na Figura 5. 33 Figura 5- Coeficiente de variação das gotas agrupadas Através dos dados da frequência relativa de gotas aceitáveis pela farmacopéia, pode-se obter uma distribuição de gotas aceitáveis, não-aceitáveis (subdosagem) e (sobredosagem), sendo os resultados apresentadas na Figura 6. 34 Sub-dosagem Aceitável Sobre-dosagem Frequência relativa (%) sem agrupar 29,5% 57,1% 13,4% grupos de 2 19,0% 67,8% 13,2% grupos de 3 19,1% 64,7% 16,2% grupos de 4 15,7% 66,7% 17,6% grupos de 5 19,5% 62,2% 18,3% grupos de 6 14,7% 64,7% 20,6% grupos de 7 8,6% 75,9% 15,5% grupos de 8 13,7% 66,7% 19,6% grupos de 9 11,1% 68,9% 20,0% grupos de 10 12,2% 68,3% 19,5% grupos de 11 8,1% 75,7% 16,2% grupos de 12 11,8% 76,5% 11,8% grupos de 13 6,5% 80,6% 12,9% grupos de 14 6,9% 79,3% 13,8% grupos de 15 7,4% 77,8% 14,8% grupos de 16 8,0% 80,0% 12,0% grupos de 17 12,5% 75,0% 12,5% grupos de 18 18,2% 72,7% 9,1% grupos de 19 9,5% 81,0% 9,5% grupos de 20 15,0% 70,0% 15,0% grupos de 25 12,5% 75,0% 12,5% grupos de 30 15,4% 76,9% 7,7% Figura 6- Frequência relativa de gotas agrupadas As distribuições das frequências relativas das gotas não agrupadas (Figura 6) apresentam 57,1% de aceitabilidade, sendo que os valores de aceitabilidade 35 aumentam com o aumento do número de agrupamentos, verificando-se valores de 81% de aceitabilidade quando as gotas foram grupos de 19 unidades. As maiores variações do peso médio das gotas do fármaco ocorrem em menores agrupamentos (entre 0 a 9 gotas agrupadas) com valores que chegam a 19,5% de subdosagem e 20,6% de sobredosagem. Esta faixa de agrupamentos de 0 a 9 gotas corresponde às dosagens pediátricas, em que ocorrem os maiores valores de variabilidade das gotas e maior necessidade de acurácia nas doses. Os fármacos que apresentam concentrações maiores de fármacos por gotas podem levar a quadros de overdose, tanto na faixa mínima para adultas e pediátricas. Tais variações nas dosagens podem ocorrer devido à falta de padronização nos conta-gotas (ALCANTRA et al.; 2007). Sukiennik et al. (2006) reportam em trabalho com antitérmicos no setor de pediatria do Hospital Santo Antônio de Porto Alegre -RS que os gotejadores das diversas apresentações disponibilizam volumes/quantidades diversos, geralmente menores. Os autores são claros em suas conclusões, apontando erros nas medicações pediátricas em conta-gotas. A alta variabilidade nas dosagens de medicamentos de uso pediátrico pode implicar em aparecimento de reações adversas, levando a quadros de hospitalizações (SANTOS et al.; 2012). Ejzenberg (2006) discute os resultados obtidos por Sukiennik et al. (2006) e, mediante a consulta à ANVISA e ao INMETRO, foi informado não haver normas técnicas ou regulamentação sobre a utilização de conta-gotas. Em complemento, a ANVISA afirma que “a dosagem oral via conta-gotas segue as informações definidas nos compêndios farmacopéicos como a Farmacopéia Brasileira, que preconiza que as gotas devem ser contadas em conta-gotas normal, escorrendo o líquido livremente”. O corpo editorial do Jornal de Pediatria de São Paulo dedica nota aos pediatras nas administrações líquidas e a possível variabilidade nos produtos comercializados, relatando a necessidade de uma ação mais rotineira e de medidas de controle mais eficazes. Para a análise das gotas agrupadas em relação ao coeficiente de variação e a frequência de subdosagem, foi obtida uma equação de regressão quadrática Ŷ = 24,1521 – 1,76833. X + 0,0528305. X2 (R2 = 58,2%; P = 0,0003) com ponto de mínima de 15 gotas para os 10% aceitável para a subdosagem como pode-se observar na Figura 7. 36 Figura7- Frequência de subdosagem para as gotas agrupadas Os resultados demonstram que agrupamentos entre 2 a 10 gotas, o risco de subdosagem é alto (Figura 7). A bula do medicamento testado indica que, na faixa etária entre 0 a 5 anos, é recomendável a utilização de 2 a 5 gotas, cuja frequência de subdosagem chega a quase 20%. Segundo Santos et al. (2012) a terapêutica a base de β-2 agonistas pode resultar num controle inadequado da asma levando ao aumento dos casos de mortes e internações. A utilização de subdoses pode provocar a não redução do quadro de broncoespasmos e o aumento das comorbidades. A idade mais crítica, em que ocorrem maiores incidências de internações por dosagens inadequadas ocorre até os 5 anos de idade. Para o número de grupamentos aceitáveis, pode-se obter uma equação de regressão quadrática: Ŷ = 59,0540 + 1,76964.X – 0,0420472.x2 (R2 = 63,6%; P = 0,0001), como o ponto de máxima em agrupamentos de 20 gotas ou 1 mL (Figura 8). Assim, recomendações de dosagens de 20 gotas seriam aquelas em que haveria maior frequência de administração correta da quantidade indicada. 37 Figura 8- Número de gotas aceitáveis para gotas agrupadas Para a análise de sobredosagem, foi obtida uma equação de regressão (Figura 9) cúbica: Ŷ = 12,9869 + 1,43306.X – 0,129659.X2 + 0,00260712.X3 (R2 = 57,5%; P = 0,0012), em que o ponto mínimo foi de aproximadamente 25 gotas. Isto significa que, em casos de recomendação de administração de 25 gotas ocorreria menor frequência de sobredosagens. Um fato a se ressaltar é que, nos casos da utilização de poucas gotas (1 a 10) há alta frequência de sobredosagem, podendo chegar a 20% de consumo demasiado do medicamento. A alta variabilidade em sobredosagem pode provocar como efeitos mais comuns tremores (CAZZOLA; MATERA, 2011). 38 Figura 9- Frequência de sobredosagem das gotas agrupadas De acordo com Vale (2011) os efeitos tóxicos produzidos pela sobredosagem por β-2 agonistas inalatórios podem produzir: tremor, taquicardia sinusal, agitação, convulsões, supraventricular e ventricular arritmias, hipocalemia, hiperglicemia e cetoacidose. Em condições extremas de envenenamento podem produzir alucinações e psicoses. Zanoni e Palhares (2002), relatam o aparecimento de sonolência, agitação psicomotora, náusea, vomito, taquicardia em pacientes pediátricos sobre a utilização de fenoterol 0,5 mg/kg gotas. Os autores afirmam que o procedimento inalatório do fármaco deveria ser controlado em ambiente hospitalar com monitorização clínica. Para a utilização em casa recomendam-se outras formas farmacêuticas como aerossóis (MELANI et al.; 2011). Woo (2008) afirma que a utilização de adrenérgicos agonistas podem provocar arritmias, hipertensão e agravo cardíacos em pacientes com doenças congênitas cardíacas. O autor ainda estabelece a necessidade de reeducação dos pais e da adequação de doses na faixa pediátrica no tratamento da tosse, tais procedimentos vão de encontro com as normas da sociedade de enfermeiros práticos em pediatria dos EUA (PNP) para a diminuição de efeitos de overdose nessa população. Para tal, 39 cuidados com a inaloterapia em crianças devem observar cuidados especiais como recomendado pelo Foods Drugs and Adiministration (FDA) nos EUA para crianças ate 2 anos de idade. De forma geral, a recomendação de dosagens de 20 gotas levaria a altas probabilidades de utilização de quantidades adequadas do medicamento, com baixas chances de sub e sobredosagem. Por outro lado, percebe-se que uma administração de dosagens com menos de 10 gotas leva a altas probabilidades de sub ou sobredosagens, com consequente baixa chance de utilização segura do fármaco. Assim, os maiores valores de não conformidade das gotas agrupadas ocorrem entre 5 e 10 gotas, justamente a faixa etária pediátrica correspondente a 1 a 6 anos (BRASIL, 2012). Belela, Pedreira e Peterlini (2011) remetem que cerca de 8% de erros de medicamentos estão ligados à pediatria são registrados em bases nacionais e internacionais. Os autores destacam que as crianças são mais suscetiveis e com maior vunerabilidade devido à ocorrência de fatores intrinsicos, destacando-se carcterísticas anatômicas e fisiológicas. Porém, para os mesmos autores, os fatores extrínsecos, como a falta de políticas públicas e a falta de comprometimento da indústria farmacêutica podem levar a uma série de problemas, sendo que há necessidade de implementar estratégias para a diminuição de erros na pediatria com eficácia no tratamento nesta faixa etária de pacientes. Belela, Pedreira e Peterlini (2011) afirmam que a probabilidade de erros em medicações em crianças são cerca de 3 vezes maiores que em adultos. A necessidade do cálculo individualizado da dose, baseada na idade, peso e superfície corpórea da criança, envolvendo múltiplas operações matemáticas em várias fases do processo de medicação (prescrição, dispensação, preparo, administração e monitorização) favorece a ocorrência do erro de medicação em crianças. Para Yin et al. (2010) estudos de com foco na padronização de doses pode levar a diminuição de quadros de erros de medicação melhorando a eficacia evitando o agravo de comorbidades e o aumento da segurança com atenuação dos efeitos adevrsos de sobredosagens. Desta forma, estabelece-se a constituição de uma “solução de trabalho” de forma a padronizar as doses de fenoterol gotas para processo de inaloterapia, como forma de otimização da adiministração de acordo com dados obtidos neste trabalho 40 para as curvas de regresssão de gotas aceitaveis, subdosagem e sobredosagem tendo como padrão os pesos médios das gotas agrupadas. Em Brasil (2012), a ANVISA determina que as 20 gotas agrupadas apresentam cerca de 1 mL do medicamento na apresentação de forma líquida de 20 mL, em que 20 gotas correspondem a 5,0 mg de fenoterol, sendo 0,25mg por gota. De acordo com o manual de inaloterapia do consenso brasileiro de asma e manual do hospital da PUC setor de pneumopediatria do hospital Municipal Mario Gati a dose de 1gota/3kg, ou seja, 0,25mg/3kg (0,0834mg/kg) são necessárias para reverter os quadros de pneumopatias relacionadas às bronquioconstrições (PUCC, 2012). Neste, contexto sugere-se o preparo de uma “solução de trabalho”, a partir de uma diluição de 20 gotas ou 1 mL de fenoterol gotas medidos com seringas de 10 mL acrescidos de 9 mL de água destilada ou soro fisiológico. Para a otimização das dosagens utilizou-se o cálculo de doses em função do peso de 0,0834 mg/kg e 1gt/3kg com partida inicial as concentrações e volume iniciais da “solução de trabalho” utilizando cálculo de volume final do diluído a ser utilizado por peso com CiVi=CfVf, obteve-se a Tabela 1 para as dosagens otimizadas por peso da solução de trabalho. Tabela 1- Relação da dose em função do peso para a solução trabalho de fenoterol líquido 20 mL. Peso (kg) Dose (mg) Solução de trabalho (mL) 1a3 0,25 0,5 4a6 0,5 1,0 7a9 0,75 1,5 9 a 11 1,0 2,0 12 a 14 1,25 2,5 15 a 18 1,5 3,0 10 a 21 1,75 3,5 21 a 25 2,0 4,0 Para Rascati (2010) a avaliação da efetividade de qualquer intervenção de assistência à nova saúde, inclusive a de medicamentos, é fundamental para determinar seu papel na pratica clínica. Desta forma, a proposta deste trabalho possui a função de produzir uma forma segura na utilização clinica do fenoterol 41 gotas para os quadros de broncoespasmos, em que os níveis de dosimetria das doses possam garantir os 10% de variabilidade mínima reportada pela farmacopéia. Cipolla e Gonda (2011) relatam que vários sistemas de nebulização obtêm vários resultados diferentes com inerentes fatores a controlar. Desta forma, Há a necessidade de técnicas e medidas na padronização de drogas inalatórias. A elaboração da “Solução de Trabalho” visa à padronização de doses com margem a evitar os efeitos adversos, principalmente os efeitos adrenérgicos cardíacos provocados pelo excesso de droga circulante. Esses efeitos são descritos de forma evidente por Vale (2011) como arritimias supraventriculares e ventriculares. A otimização das doses com a solução trabalho permite garantir que a variabilidade mínima do peso médio das gotas não provoque a redução do efeito terapêutico, consequentemente um efeito sub-clínico com complicações e agravos dos efeitos bronconstritores com aumento do risco de insucesso terapêutico e agravo do quadro clinico do paciente. A falha terapêutica pela não conformidade do fenoterol gotas é descrita pelos autores Santos et al. (2012) em trabalho com crianças asmáticas de Salvador-Ba. Segundo Rascati (2010), a farmacoeconomia mede o benefício trazido por uma intervenção com o custo adicionado ao processo e como este processo apresenta um custo-efetividade que permita a mudança de protocolo e procedimentos. O emprego da “Solução de trabalho” traz o mínimo custo para as instituições de saúde sendo requerido para seu manuseio seringa de 10 mL e solução salina 0,9% ambos, disponíveis nos serviços de saúde e na pratica médica ambulatorial dos hospitais, assim como nos postos de saúde, prontos-socorros e presente em todas as farmácias comunitárias. De acordo com Brasil (2012) recomenda a administração de fenoterol gotas para os quadros de broncoespasmos com a utilização de 3 vezes ao dia em inaloterapia e nebulização, permitindo que a diluição da “solução de trabalho” possa ser reutilizada nas demais sessões sem perda do principio ativo quando em solução. Desta forma, a “solução de trabalho”, representa a otimização do processo de utilização de fenoterol gotas em broncoespasmos para nebulizadores ou administração oral, com uma proposta na mudança de protocolo na adoção de novas técnicas que assegurem a segurança da utilização de fármacos em faixas etárias como idosos e crianças. 42 Tais intervenções na utilização de técnicas no tratamento de pacientes pediátricos apontam com os aspectos relacionados pelo FDA no Safety and innovation act que trata da necessidade de uma nova abordagem da prescrição de fármacos em populações e faixas etárias órfãs como os idosos e crianças (EUA, 2012). A proposta da utilização da “solução de trabalho” tem como objetivo trazer à luz as preocupações do Jornal de Pediatria de São Paulo, segundo Sukiennik (2006) e promover debate sobre a resposta enviada a Revista de Pediatria de São Paulo como reportado por Ejzenberg (2006) pelo INMETRO e ANVISA sobre a utilização de medicamentos conta-gotas em crianças. 43 5 CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos, conclui-se que, de acordo com a variabilidade do peso médio das gotas, os resultados obtidos demonstram que existe a necessidade de otimização da utilização de fenoterol gotas, no tocante a uniformidade das doses administradas pelo peso do paciente. A maior variabilidade de gotas esta ligada a faixa pediátrica de 0 a 9 gotas, sendo suscetíveis ao acometimento de reações adversas provocadas por sobredosagem ou ao aumento da crise de broncoespasmo por subdosagem com aumento das comorbidades da falta de efeito farmacoterapêutico. Para a otimização da utilização de fenoterol gotas propõe-se a criação de uma solução trabalho com a dose estipulada pelo peso do paciente. Com os 10% de variabilidade dos pesos médios das gotas segurando o efeito terapêutico e evitando as reações adversas pertinentes às sobre dosagens. Propondo-se a utilização de métodos estatísticos na qualidade de produtos farmacêuticos na obtenção de doses otimizadas para administração de fármacos de baixo índice terapêutico em conta-gotas este trabalho pretende contribuir para uma nova proposta para a avaliação da eficácia terapêutica em populações órfãs onde a seguridade terapêutica traz evidentes benefícios à saúde pública. 44 REFERÊNCIAS ABBAS, Abbul K.; LICHTMAN, Anndrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Celular e Molecular. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 564 p. 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