1 2ª.edição Rio de Janeiro 2011 Autor: Co-participação: Revisora pedagógica: Revisão Ortográfica: CLC : Sidnei Esteves Pereira 2ON Thiago de Lima Nascimento Patrícia Meirinho Garcia Bordoni Pereira Maria Regina Moirinha Lopes Depósito legal na Biblioteca Nacional : Nº Registro: 574548; Livro: 1097; Folha: 119 efetuado em 19 de setembro de 2012. IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL 2 Moveu-nos, na feitura desta apostila, a vontade imperiosa de termos um livro-texto que atendesse todos os currículos do CIAGA e CIABA nesta área, bem como que viesse a servir como fonte de consulta aos interessados. Como toda obra didática, esta também poderá dar origem a controvérsias, visto tratar de assunto eminentemente técnico e restrito. Para tal, colocamo-nos, desde já, a disposição dos leitores para que, através de suas críticas, muito possam colaborar com o aprimoramento da obra que não se pretende definitiva, uma vez apostila. Queremos agradecer aos mestres, presentes e ausentes, que nos legaram o conhecimento através dos anos e que forjaram o nosso interesse pelo transporte marítimo. Um agradecimento especial faz-se mister: ao honrado e saudoso mestre dos mestres, Capitão-de-Longo-Curso Carlos Rubens Caminha Gomes, por haver-nos apoiado, incentivado, orientado e concedido o uso de sua brilhante apostila Arquitetura Naval Para Oficiais de Náutica, sem a qual esta obra estaria incompleta. Esta apostila, além de atender a disciplina de Estabilidade, atende também grande parte da disciplina Arquitetura Naval e serve de base para a disciplina Técnica de Transporte Marítimo, atendendo também aos oficiais de náutica em formação de cursos expeditos, tais como, Adaptação para Segundo Oficial de Náutica (ASON); Acesso a Segundo Oficial de Náutica (ACON); Aperfeiçoamento para Capitão-de-Cabotagem (APNT) e Atualização para Oficial de Náutica (ATNO); servindo para dirimir dúvidas nos diversos assuntos tratados. Cônscios de havermos tentado preencher uma lacuna existente em nossa querida Escola, aí está, para o uso de todos os alunos e profissionais do ramo, a nossa APOSTILA DE ESTABILIDADE PARA EMBARCAÇÕES MERCANTES. 3 Agradecemos a colaboração nesta obra dos: Capitão-de-Longo-Curso Amândio Pereira Chaves Professor José Carlos da Silva Coelho (1ª Edição) Desenhista Reinaldo José Souza Bastos (1ª Edição) Digitador 2ON Thiago de Lima Nascimento (2a Edição) Revisão CLC Sidnei Esteves Pereira Coordenador de Embarcação (Técnico de Estabilidade Senior) Kleber Luiz Bordoni Pereira (PETROBRAS) Professor/CMG Mauro Francelino Barbosa Professor/CLC Adilson da Silva Coelho In Memorian Capitão de Longo Curso Professor Desenhista Capitão de Longo Curso Amâncio Amaro Esteves William Saab Euvaldo Felix Sales Amândio Pereira Chaves 4 5 Capítulo 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 CONCEITOS BÁSICOS 10 Definição e classificação da estabilidade Dimensões lineares dos navios Dimensões volumétricas dos navios Pesos Coeficientes de forma Qualidades e planimetria dos navios Fórmulas para cálculo de áreas e volumes dos navios Sociedades Classificadoras 11 14 17 26 34 36 40 44 Capítulo 2 PONTOS NOTÁVEIS DA ESTABILIDADE 2.1 Pontos notáveis da estabilidade 2.2 Denominações dadas às distâncias entre os pontos notáveis 2.3 Definição dos pontos notáveis da estabilidade 2.4 Determinação da posição do Centro de Gravidade 2.5 Detalhamento para obtenção do Centro de Gravidade 2.6 Centro de Gravidade 2.7 Experiência de estabilidade 50 51 51 51 52 53 54 56 Capítulo 3 MUDANÇA DE POSIÇÃO DOS PONTOS NOTÁVEIS DA ESTABILIDADE 3.1 3.2 3.3 3.4 Lugar geométrico do Metacentro 3.5 Mudança de posição do Centro de Gravidade 3.6 Efeitos da Remoção 3.7 Embarque de Pesos 58 59 59 60 61 62 65 66 Capítulo 4 ESTABILIDADE TRANSVERSAL ESTÁTICA INICIAL 4.1 Estados de equilíbrio dos navios 4.2 Análise dos estados de equilíbrio 4.3 Braços de estabilidade 4.4 Momentos de estabilidade 4.5 Estabilidade de formas e estabilidade de pesos 67 67 70 71 75 75 Capítulo 5 SUPERFÍCIE LIVRE 5.1 Noção de momento de inércia 5.2 Noção de momento de inércia em relação a um eixo 5.3 Efeito da superfície livre 5.4 Fórmula para o cálculo da elevação virtual do Centro de Gravidade 5.5 Como atenuar o efeito de superfície livre 76 77 78 78 79 81 6 Capítulo 6 BANDA PERMANENTE 6.1 Banda permanente devido a descentralização de pesos 6.2 Banda permanente devido a GM = 0 6.3 Banda permanente devido a altura metacêntrica inicial negativa 6.4 Correção da banda permanente 6.5 Processos de correção da banda 82 83 83 86 89 92 Capítulo 7 CURVAS DE ESTABILIDADE 7.1 Determinação do braço de estabilidade pelo método de Atwood 7.2 Curvas cruzadas de estabilidade 7.3 Construção da curva de braços de estabilidade 7.4 Curvas de momentos de estabilidade 7.5 Correções à curva de braços de estabilidade 7.6 Variação do momento de estabilidade devido a movimentação de pesos 93 94 96 97 102 102 119 Capítulo 8 ESTABILIDADE LONGITUDINAL 8.1 Conceitos preliminares 8.2 Centro de Flutuação 8.3 Graus de liberdade de um navio 8.4 TPC- Toneladas por centímetro de imersão 8.5 Variação de calado devido a variação do trim 8.6 MTC Momento para variar o trim de 1cm 8.7 Efeito da remoção de pesos 8.8 Efeito de embarque ou desembarque de pequenos pesos 8.9 Determinação do calado em embarque ou desembarque de peso considerável 8.10 Embarque de peso com variação do calado apenas em uma das extremidades 8.11 Correções ao calado de um navio 8.12 Correção para o calado devido à deflexão do casco 121 121 121 122 123 124 126 128 129 131 135 137 141 Capítulo 9 9.1 Introdução 9.2 Diferença terra-bordo 9.3 Passos no draft survey 9.4 Documentos de bordo necessários 9.5 Aproximação nos cálculos 9.6 Leitura dos calados nas marcas 9.7 Densidade da água 9.8 Pesos a bordo que não a carga 9.9 Constante do navio 9.10 Consumíveis 9.11 Cálculos 9.12 Apêndice A 2ª correção para o trim 143 144 145 145 145 146 146 147 149 149 151 152 156 7 Capítulo 10 LINHAS DE CARGA 10.1 Introdução 10.2 Convenção Internacional para Limites de Carga 1966 10.3 Determinação das bordas-livres mínimas 10.4 Determinação dos deslocamentos correspondentes às Linhas de Carga 10.5 Efeito da densidade sobre o calado 10.6 Demonstração da fórmula da permissão para água doce 10.7 Permissões envolvendo água salobra 10.8 Estudo sobre carregamento máximo 166 166 167 168 170 171 171 172 173 Capítulo 11 PLANOS OPERACIONAIS 11.1 Planos Operacionais 11.2 Plano de Capacidade 11.3 Plano de Curvas Hidrostáticas 11.4 Plano ou Diagrama de Compasso (Trim) 11.5 Plano de Curvas Cruzadas 11.6 Caderno (Manual) de Estabilidade 11.7 Plano de Arranjo Geral 11.8 Plano de Segurança 11.9 Plano de Aparelhos de Carga 11.10 Plano de Docagem 179 179 180 181 182 182 182 183 183 183 184 Capítulo 12 ESTABILIDADE EM DOCAGEM ENCALHE E AVARIAS 12.1 Docagem 12.2 Encalhe 12.3 Alagamento 12.4 Permeabilidade 185 185 190 191 195 Capítulo 13 ESTABILIDADE DINÂMICA 13.1 Importância da estabilidade dinâmica 13.2 Medida da estabilidade dinâmica 13.3 Fórmula de Moseley 13.4 Área sob a curva de braços de adriçamento 13.5 Determinação da estabilidade dinâmica 13.6 Critérios de Estabilidade 198 198 199 199 201 203 205 Capítulo 14 ESFORÇOS 14.1 Resistências estruturais 14.2 Esforços longitudinais 14.3 Esforços transversais 14.4 Cálculo analítico da Força Cortante e do Momento Fletor 14.5 Exemplo de cálculo dos esforços longitudinais 212 212 214 215 217 222 8 Capítulo 15 EXERCÍCIOS 225 15.1 Parte I - Exercícios sobre Estabilidade Transversal 15.2 Parte II - Exercícios sobre Estabilidade Longitudinal 15.3 Respostas dos exercícios parte I e parte II Bibliografia Anexos: 9 225 230 236 240 241 CONCEITOS BÁSICOS Nesta parte são apresentados os aspectos básicos da nomenclatura e definições que são imprescindíveis ao estudo da estabilidade. Por isso, é necessário que os aspectos aqui apresentados sejam bem assimilados para o estudo posterior da estabilidade transversal, longitudinal dinâmica e o estudo dos esforços. 10 1.1 DEFI NIÇ ÃO E CL ASSIFIC AÇ ÃO DE ESTABI LID ADE 1.1.1 Definição Estabilidade é a propriedade que tem o navio de retornar à sua posição inicial de equilíbrio, depois de cessada a força perturbadora que dela o afastou. Estas forças perturbadoras podem ser: as vagas, provocando balanços, um rebocador puxando o navio para um dos bordos, a movimentação de pesos por guindastes, paus de carga, cábreas, etc. A Estabilidade é estudada sob vários aspectos, a saber: Inicial: ângulos de inclinação até 12º Estática Transversal Grandes balanços: ângulos de inclinação maiores que 12º Estabilidade Dinâmica Longitudinal E S TA B I L I D AD E T R A N S V E R SA L Estuda o comportamento do navio no sentido transversal, isto é, de bordo a bordo. E S TA B I L I D AD E L O N G I T U DI N A L Estuda o seu comportamento longitudinal, isto é, no sentido de proa a popa. E S TA B I L I D AD E E S TÁ T I C A Estuda as forças que afastam o navio da posição inicial. E S TA B I L I D AD E D I N Â M I C A Estuda a estabilidade sob os efeitos das vagas e influências externas. Considera-se o trabalho necessário parar levar o navio a uma determinada inclinação. C O M P R I M E N T O é a medida linear unidimensional compreendida entre os dois pontos de referência. Unidade: m, Km, pé, etc. P E S O grandeza originada pelo produto da massa de um corpo com a aceleração local da gravidade. VOLUME Espaço tridimensional ocupado por um corpo. É o número de unidades cúbicas contidas no objeto. Conhecendo-se o volume de um corpo e o seu respectivo peso específico, basta multiplicá-lo por este para encontrarmos o seu peso ou multiplicá-lo pela densidade para obtermos a sua massa. P M V V D E N S I D A D E A B S O L U T A de um corpo sólido ou líquido massa do corpo e a unidade do volume. 11 é a relação existente entre a D E N S I D A D E R E L A TI V A igual volume de água doce. relação entre a massa específica da substância e a massa de FORÇA É tudo aquilo capaz de produzir ou modificar o estado de repouso ou de movimento retilíneo uniforme de um corpo. O peso de um corpo é uma força. EQUILÍBRIO Um corpo permanece em equilíbrio quando a resultante de forças que sobre ele atua é nula. I N É R C I A Propriedade pela qual um corpo não pode por si só modificar seu estado de repouso ou de movimento. M O M E N T O B I N Á R I O Seja um binário, de duas forças iguais, paralelas e de sentidos opostos. O momento desse binário é igual ao produto de uma das forças pela menor distância entre elas. P R E S S Ã O A água exerce um pressão de baixo para cima, essa pressão é proporcional à profundidade e a superfície que atua de acordo com o Teorema de Pascal (todo aumento de pressão é transmitido igualmente em um líquido). Muitas pessoas pensam que pressão é sinônimo de força, porém a pressão leva em conta não apenas a força mas também a área em que a força atua. Pressão Força Área A água exerce uma pressão perpendicular à superfície. Quando um corpo está imerso, a pressão do líquido é em direção perpendicular à superfície imersa. EMPUXO Um líquido exerce um empuxo sobre um corpo flutuante ou imerso nele porque a pressão na parte inferior do corpo é maior que a pressão na sua parte superior. A força de empuxo só depende da diferença de pressões entre a face inferior e superior do corpo. Não depende da profundidade, portanto o valor do empuxo é igual ao peso do líquido deslocado. P R I N C Í P I O D E A R Q U I M E D E S : (Fig.1.1) Todo corpo mergulhado num líquido recebe um empuxo deste de baixo para cima igual ao peso do volume de massa líquida deslocada. Observe a figura 1.1 para melhor entender essa definição. 12