Escola Secundária Manuel Cargaleiro Curso Científico- Natural Técnicas Laboratoriais de Física – Bloco II Princípio de Arquimedes Professora:________________________ Avaliação:_________________________ __________________________________ Observações:_______________________ __________________________________ Este trabalho foi elaborado por: - Nuno Valverde n.º14 - Pedro Valverde n.º16 - Pedro Andrez n.º17 - Pedro Correia n.º18 Índice Pág. 1.Introdução__________________________________________________________ 3 2.A vida de Arquimedes (287-212 a.C.) ____________________________________ 4 3.O Principio de Arquimedes ____________________________________________ 6 3.1.O Barco na banheira ______________________________________________________ 9 4.Curiosidades _______________________________________________________ 11 5.Experiências _______________________________________________________ 13 6.Bibliografia ________________________________________________________ 16 Técnicas Laboratoriais de Física - Bloco II Princípio de Arquimedes 2/16 1.Introdução Uma fábula da Rússia conta a pequena história de um camponês bem simplório que morava à beira-mar. Todas as vezes que via passar ao largo um belo navio, corria até a praia, apanhava uma pedra, e atirava-a à água. A pedra, naturalmente, afundava. O bom homem, olhando admirado para imensa massa metálica do navio que flutuava magnificamente, sacudia os punhos e bradava: "Por que ele flutua, sendo tão pesado, e a pedra não?" De modo mais ou menos semelhante, quando em 1787 Jonh Wilkinson lançou no rio Severn, na Inglaterra, a barcaça feita de ferro, as inúmeras pessoas que presenciavam o acontecimento não podiam acreditar que aquilo flutuasse. Tinham-se reunido ali por divertimento, preparadas para rir do desconsolo de Wilkinson quando sua chata fosse ao fundo. Mas, a embarcação flutuou, com grande espanto e frustração dos presentes, tornando-se assim a precursora dos modernos navios de aço. Pode-se compreender que o homem comum da Inglaterra, há duzentos anos atrás, não levasse a sério a possibilidade de um navio de metal flutuar, posto que as aparências sugeriam a madeira como único material adequado à construção de barcos. Entretanto, não há razão para que os princípios elementares, que explicam o fenómeno da flutuação, não devam ser entendidos por todos nos dias de hoje. Actualmente é banal a construção de navios pesando muitos milhares de toneladas, que não só flutuam perfeitamente no mar, como transportam outras milhares de toneladas de mercadorias a bordo. Trata-se de uma banalidade porque os seus projectistas e construtores conhecem perfeitamente a lei estabelecida por volta do ano 250 a.C. pelo sábio grego Arquimedes. O seu enunciado refere que "todo o corpo imerso num fluido (líquido ou gás) perde uma quantidade de peso igual ao peso da quantidade de fluido deslocado"; ou, em outras palavras, "um corpo imerso num fluido recebe um empuxo vertical, de baixo para cima, igual ao peso do fluido deslocado". Certamente, muitos dos construtores de barcos anteriores a Wilkinson conheciam também essa lei. Mesmo que não a conhecessem, poderiam recorrer a cientistas ou técnicos para os quais as aplicações eram claras. No entanto, havia restrições muito mais sérias, em outros ramos da técnica. A aplicação de muitos princípios demorou mais de dois mil anos. A inexistência de chapas de ferro ou aço, por exemplo, era a razão suficiente para tanto. Técnicas Laboratoriais de Física - Bloco II Princípio de Arquimedes 3/16 2.A vida de Arquimedes (287-212 a.C.) Arquimedes foi um proeminente matemático e inventor grego, escreveu importantes trabalhos sobre a geometria plana e sólida, aritmética e mecânica. Sem dúvida o maior génio da Antiguidade clássica e um dos maiores de todos os tempos, Arquimedes reúne todas as características que o imaginário popular atribui a um verdadeiro sábio. Arquimedes nasceu em Siracusa, Sicília, e foi educado em Alexandria, Egipto. No campo das matemáticas puras ele antecipou muitas das descobertas da ciência moderna, assim como o cálculo integral, através dos seus estudos acerca de áreas, volumes de sólidos e de áreas de figuras planas. Arquimedes provou ainda que o volume de uma esfera é dois terços do volume de um cilindro que circunscreve a esfera. Na mecânica, Arquimedes definiu o princípio da alavanca sendo também creditado com a invenção da roldana. Fascinado pela ciência dizia - " Dêem-me um ponto de apoio e levantarei o mundo". Durante a sua estadia no Egipto, criou a hélice hidráulica com o objectivo de levar água de um nível baixo a um nível alto. Arquimedes é mais vulgarmente conhecido pela sua descoberta da lei da hidrostática, chamada de Princípio de Arquimedes ou Princípio da Impulsão, que refere que um corpo emergido num fluido desloca esse mesmo fluido numa quantidade igual ao seu próprio volume. Esta descoberta, foi realizada por Arquimedes, dizem que enquanto este tomava banho na sua banheira e percebeu como o seu corpo fazia deslocar a água. Sabe-se que saiu de casa gritando “Eureka, Eureka!” quando a meio do banho descobriu o Princípio da Impulsão. E conta-se que se esquecia completamente de comer quando estava absorvido nas suas reflexões. Arquimedes passou grande parte da sua vida na Sicília, e dedicou toda essa mesma vida à descoberta e à experimentação. Durante as tentativa de conquista da Sicília por parte dos romanos ele colocou todos os seus bens à disposição do estado, e a maior parte das suas descobertas na mecânica foram utilizadas na defesa de Siracusa. Inventou inúmeras máquinas de guerra e outras, para mecânica, hidráulica, astronomia , e para outros fins. Dentre as armas de guerra atribuídas a Arquimedes estão a catapulta e o, talvez legendário, sistema do espelho para focar os raios de sol sobre os barcos dos invasores e incendiá-los. Após a conquista de Siracusa ( Segunda guerra púnica, 212 a.C. ), Arquimedes foi morto por um soldado romano que o descobriu enquanto ele desenhava figuras matemáticas na areia, pois sempre absorto nos seus Técnicas Laboratoriais de Física - Bloco II Princípio de Arquimedes 4/16 cálculos escrevia por toda a parte onde encontrasse uma superfície lisa, fosse ela na parede ou no chão, na areia ou na terra batida ou até na cinza de uma fogueira. Pela narrativa da sua morte, vemos que ele só se apercebeu que Siracusa havia sido tomada, ao ver a sombra do tal soldado romano projectada sobre a figura que esboçara no chão e que analisava. “Não apagues os meus círculos!”- gritou-lhe Arquimedes irritado, antes de ser trespassado pela espada romana; uma civilização prosaica e utilitária destruía violentamente outra mais frágil, mas que lhe era infinitamente superior! Recorrendo aos fabulosos engenhos inventados por Arquimedes, Siracusa resistira durante 3 anos ao cerco dos romanos. Técnicas Laboratoriais de Física - Bloco II Princípio de Arquimedes 5/16 3.O Principio de Arquimedes Impulsão Um corpo mergulhado num fluido, parcial ou totalmente, sofre pressões em toda a extensão de sua superfície em contacto com o fluido. Então, existe uma resultante das forças aplicadas pelo fluido sobre o corpo que é chamada impulsão. Essa força é direccionada verticalmente para cima e opõe-se à acção da força - peso que actua no corpo. Princípio de Arquimedes "Todo corpo imerso, total ou parcialmente, num fluido em equilíbrio, dentro de um campo gravitacional, fica sob a acção de uma força vertical, com sentido ascendente, aplicada pelo fluido; esta força é denominada impulsão, cuja intensidade é igual à do peso do fluido deslocado pelo corpo." A impulsão calcula-se da seguinte forma: II I II = II P II – II Pap II (peso aparente) Ou ρC . Vc . g = ρ f . Vf . g (corpos em equilíbrio) Onde: I = impulsão ρf = densidade do fluido Vf = volume do fluido deslocado. g = gravidade (9.8 m/s2) P = Peso do corpo ρc = densidade do corpo Vc = volume do corpo. Nota: O valor do impulso não depende da densidade do corpo imerso no fluido; a densidade do corpo (ρc ) é importante para se saber se o corpo flutua ou não no fluido. dc < df => O corpo pode flutuar na superfície do fluido (no caso de líquido). dc = df => O corpo fica em equilíbrio no interior do fluido (com o corpo totalmente imerso). dc > df => O corpo não flutua no fluido. Técnicas Laboratoriais de Física - Bloco II Princípio de Arquimedes 6/16 Peso aparente Quando um corpo é totalmente imerso num fluido de densidade menor do que a sua, o peso tem intensidade maior do que a impulsão. A resultante dessas forças é denominada peso aparente (Pap): dc > df => P > I e Pap = P – I ou II I II = II P II – II Pap II Fig.1– exemplo do peso aparente de um corpo. Onde: I = impulsão P = peso do corpo Pap = peso aparente do corpo Nota: O peso aparente pode, também, ser medido com um dinamómetro. Corpos em equilíbrio Um corpo na superfície de um líquido, quando abandonado, se a densidade do corpo for menor do que a do líquido este flutua. Na posição de equilíbrio, o empuxo e o peso devem ter a mesma intensidade, em valor absoluto: Logo: I = Pf = mf . g = ρf . Vf . g I = ρ f . Vf . g Fig.2– exemplo de um corpo em equilíbrio. Onde: I = impulsão ρf = densidade do fluido Vf = volume do imerso no fluido g = gravidade (9.8 m/s2) Técnicas Laboratoriais de Física - Bloco II Princípio de Arquimedes 7/16 P = ρC . Vc . g Onde: P = Peso do corpo ρc = densidade do corpo Vc = volume do corpo. G = gravidade (9.8 m/s2) Se: P=I Então: ρC . Vc . g = ρ f . Vf . g Obs.: ρc. Vc = mc; e ρf . Vf = mf portanto: mc = mf Caso o corpo esteja em equilíbrio entre vários líquidos, tem-se: I 1 + I2 + In = P ou g.[( ρf . V1 )+ ( ρf2 . V2 )+ ( ρn . Vn )]=g . ρc . Vc Fig.4- exemplo de um corpo em equilibro entre vários líquidos. Obs.: A impulsão que actua num corpo é tanto maior quanto maior for a quantidade de líquido deslocado. Fig.5- quanto maior o a quantidade de líquido deslocado, maior a impulsão. Técnicas Laboratoriais de Física - Bloco II Princípio de Arquimedes 8/16 3.1.O Barco na banheira Considere-se agora um barco, não o que foi descrito por Eça, porque esse tem problemas de estabilidade, mas, por exemplo, uma boa e robusta fragata da marinha. Apesar de ser feita de ferro, a fragata flutua no mar alto, porque o seu bojo foi construído de modo a ocupar um grande volume. Pode porém, em vez da imensidão do mar («o mar alto sem ter fundo»), considerar-se uma banheira um pouco maior do que a fragata ou, o que na prática é bem mais simples, uma fragata pequena, do tamanho aproximado de uma banheira normal. Seja uma fragata de brinquedo mergulhada na água contida numa banheira um pouco maior do que o respectivo casco. A escala não interessa para este problema. Consideremos que a banheira está cheia de água e que se coloca devagarinho a fragata lá dentro. Entorna-se, como é evidente, muita água, mas o barco cabe na banheira. Pergunta-se: o barco flutua ou não? Há quem pense que o barco não pode flutuar porque não existe água suficiente à sua volta. Fica, de facto, muito pouco espaço preenchido com água entre o barco e a banheira. Mas o barco flutua. Para o barco flutuar, a impulsão tem de ser igual ao peso do barco. A impulsão é igual ao peso da água deslocada e não ao peso da água que fica. Se recolhermos toda a água que entornou e a colocarmos numa balança, o respectivo peso equilibra o peso do barco. Já se fizeram várias perguntas muito fáceis e é agora a altura de fazer uma pergunta menos fácil. Que é que pesa mais: uma banheira cheia de água ou uma banheira cheia de água com um barco? Pesam exactamente o mesmo. Coloquemos, pois, num dos lados de uma balança de pratos uma banheira com água e no outro uma banheira com água e um barco. De um lado, o esquerdo, por exemplo, tem-se o peso da banheira e da água. Do outro, o direito, tem-se o peso do recipiente, da água (que agora é menos) e do barco. Do lado direito tem-se menos água e mais barco. Os dois pratos ficam equilibrados, porque o peso da água que está a mais do lado esquerdo é o peso do barco que está a mais do lado direito (a impulsão Técnicas Laboratoriais de Física - Bloco II Princípio de Arquimedes 9/16 equilibra o peso, segundo Arquimedes). Podemos, portanto, colocar, num dos pratos da balança a água que o barco entorna e no outro o barco em seco. Verificamos, como não podia deixar de ser, a lei de Arquimedes. Deve chamar-se, porém, a atenção para o perigo da frase «o barco dentro de água não pesa nada, uma vez que o respectivo peso é equilibrado pela impulsão». Do ponto de vista do barco, de facto, o peso é equilibrado pela impulsão. Mas o peso do barco é transmitido à água e, portanto, à banheira e ao prato da balança. A seguinte história serve para ilustrar a lei de Arquimedes. Era uma vez um príncipe alemão que resolveu mandar construir um aqueduto para ligar dois lagos nos Alpes bávaros, de modo que os barcos pudessem navegar ao longo de um canal sobre o aqueduto, de um lago, no cimo de um monte, para um outro, no cimo de outro monte próximo. Encomendou a obra ao engenheiromor da Corte, com a recomendação expressa de que pretendia uma construção barata. Repetiu várias vezes que não queria gastos supérfluos (não era, pelos vistos, um príncipe rico!). Perante esta ordem, o engenheiro mandou construir pilares cuja estrutura era apenas suficiente para aguentar o canal cheio de água. Terminada a obra, explicou ao seu patrão como é que tinha conseguido poupar o máximo. O príncipe respondeu, depois de pensar um pouco, que havia engano, pois não tinha sido considerado o peso dos barcos que iam passar no canal. Se passar um barco, logo na inauguração, o aqueduto vai aguentar ou não? Vai. Quem estava enganado era o príncipe, porque uma banheira com água pesa o mesmo que uma banheira com água e um barco! Técnicas Laboratoriais de Física - Bloco II Princípio de Arquimedes 10/16 4.Curiosidades Como mergulha um Submarino? Arquimedes, quando descobriu que todo corpo sólido, mergulhado em um meio líquido, sofre um empuxo de baixo para cima igual ao peso do volume líquido deslocado, abriu o caminho para a conquista do mundo submarino. Vamos começar dizendo que o submarino é, antes de mergulhar, um navio (normalmente) preto, misterioso, diferente dos demais. E, é claro, fascinante! Esse navio possui um casco resistente, em forma de charuto, dentro do qual coabitam homens e equipamentos. O casco externo, ou envolvente, é o grande segredo: ele é repartido, basicamente, em diversos tanques de lastro, parcialmente alagados pela água do mar quando está na superfície. Forçada pelo peso do navio, a água entra naturalmente pelas aberturas de alagamento, distribuídas no fundo, mantendo um colchão de ar na parte superior desses tanques, o qual se chama reserva de flutuabilidade. Dito isso, soa o alarme de imersão: baúa, baúa, mergulhar! mergulhar! Para fazer o navio mergulhar é simples: basta torná-lo tão pesado que afunde. Para que isto ocorra é necessário expulsar aquele colchão de ar que ficou represado. Ao abrir válvulas especiais denominadas suspiros, localizadas no topo dos tanques de lastro (e comandadas hidraulicamente de dentro do submarino), ouvir-se-á um forte e característico ruído. A água invadirá todos os espaços dos tanques e o navio, adquirindo flutuabilidade negativa, submergirá. Entretanto, se não se tivesse o conhecimento do Princípio de Arquimedes, jamais seria possível aos tripulantes desse navio que o “afundassem”. Por isso, a fim de evitar que ele vá literalmente a pique, é preciso fazê-lo adquirir flutuabilidade neutra, ou seja, fazer o seu peso igual ao da massa líquida destacada. Isso é obtido por meio de três providências: 1º- tão logo o navio mergulha, um tanque especial chamado tanque de rápida imersão (e que está sempre alagado na superfície) é esgotado a ar comprimido, de modo a subtrair determinada quantidade de água; Técnicas Laboratoriais de Física - Bloco II Princípio de Arquimedes 11/16 2º- com o uso de bombas hidráulicas, o Oficial de Águas efectua manobras de transferência de água em tanques especiais internos, os tanques de compensação e os tanques de trímagem, a fim de equilibrar o peso total e a sua distribuição longitudinal; 3º- o uso dos lemes horizontais à vante e à ré, bem como o concurso dos eixos propulsores tornam o navio capaz de navegar submerso, com a imprescindível sustentação. A vinda à superfície, ou emersão, é a manobra inversa: obter a flutuabilidade positiva. Para tal, mantém-se os suspiros dos tanques de lastro fechados, basta ordenar: ar aos lastros! A água é então expulsa por meio, de ar comprimido de alta pressão e o submarino sobe com o auxílio das máquinas propulsoras e lemes horizontais para cima. Assim, navio transformou-se num verdadeiro submarino. Técnicas Laboratoriais de Física - Bloco II Princípio de Arquimedes 12/16 5.Experiências Suponhamos que Arquimedes está à beira de um lago e segura, preso por um fio, um saco de plástico cheio de água (com, digamos, 10 kg de água) que se encontra mergulhado dentro de água. Qual é a força que Arquimedes tem de fazer para segurar o saco de água? (Perdoe-se o anacronismo de Arquimedes segurar numa coisa - um saco plástico - que ainda não existia na época; os plásticos só surgiram, realmente, neste século). Se se ignorar o peso do fio e do saco de plástico, essa força é rigorosamente nula. Até o filho mais pequeno de Arquimedes pode com 10 kg de água, desde que esses 10 kg estejam mergulhados em água. E quem diz 10 diz 100, ou mesmo 1000 kg de água. A água dentro de água, graças à impulsão e à lei de Arquimedes, «não pesa nada»! A água «não pesa nada» porque a impulsão é igual ao peso do volume de água deslocada. A quantidade de água deslocada pela introdução do saco de plástico dentro de água é precisamente igual à quantidade de água dentro do saco. O peso do líquido deslocado é o mesmo que o do saco cheio de água. Se, em vez de água, o saco contivesse gasolina (que também não existia na recuada época de Arquimedes), o saco subiria até à tona da água, só ficando dentro de água um certo volume menor do que o total: o volume cujo peso, em água, fosse igual ao peso total do saco cheio de gasolina. A densidade da gasolina é 0,66 g/cm3, portanto inferior à da água. Se contivesse glicerina, o saco iria, tal qual o navio deitado que fica «mais pesado do que a água», irremediavelmente para o fundo. A glicerina é mais densa do que a água (a sua densidade é 1,26 g/cm3). Que aconteceria se o saco de água inicial estivesse mergulhado em gasolina? A impulsão, que teria o valor do peso de gasolina deslocada, seria então menor do que o peso da água do saco. O saco iria ao fundo! E se o saco estivesse mergulhado em glicerina? O saco, seria empurrado para cima pela impulsão devida à glicerina. É que a impulsão, neste caso o peso de glicerina deslocada, seria então superior ao peso da água. O saco emergiria , só ficando dentro da glicerina um volume cujo peso em glicerina fosse igual ao peso total do saco com água. Até parece complicado mas é mais simples do que simples. Se contivesse água doce, o saco ainda flutuaria quando fosse mergulhado em água salgada, porque a água salgada é um pouco mais densa do que a água doce. Por isso é que o casco de um barco a navegar no mar alto aparece mais à mostra do que num rio e por isso é que um banhista no salgadíssimo mar Morto fica sempre a flutuar à tona de água, mesmo que não saiba nadar. Técnicas Laboratoriais de Física - Bloco II Princípio de Arquimedes 13/16 Consideremos agora que, em vez de um saco de água, Arquimedes segura uma pedra algo pesada, com uma massa de, por exemplo, 10 kg. Também se pode dizer que o peso da pedra é 10 kg-força. Os físicos costumam distinguir entre massa, que é a quantidade de matéria, e peso, que é a força de atracção pela Terra, mas o valor do peso em quilogramas - força é igual ao valor da massa em quilogramas. No caso da pedra, Arquimedes já tem de exercer uma certa força para a segurar. A força por ele exercida é menor do que o peso da pedra, porque a impulsão vem em seu auxílio. Se essa força deixar de existir, a pedra vai certamente ao fundo. Afunda-se, como o barco descrito por Eça quando fica «mais pesado» que a água. Suponhamos, como exemplo, que a pedra de 10 kg está imersa a 1 m de profundidade. Arquimedes exerce uma certa força, digamos 8 kg (isso significa que a água deslocada é 2 kg e que o volume da pedra é 2 l = 2 000 cm3). Consideremos que a pedra é descida para 3 m de profundidade. Será que o sábio grego tem agora de fazer mais ou menos força para aguentar a pedra? Nem mais nem menos: a mesma. Isto acontece porque a lei de Arquimedes não refere a que profundidade a pedra está imersa. A impulsão é a mesma a qualquer profundidade. A lei de Arquimedes não fala em profundidade da pedra, nem na idade de quem a segura, nem se o experimentador é grego ou é romano: só fala de peso do volume de líquido deslocado, e o volume deslocado, quando se mergulha uma pedra dentro de água, é o mesmo qualquer que seja a profundidade. No entanto, toda a gente sabe que a pressão exercida por um líquido em torno de um objecto é tanto maior quanto maior for a profundidade desse líquido. Trata-se de um efeito devido ao peso do líquido das camadas superiores . Quanto mais líquido existir por cima, maior será o peso exercido em baixo. É por isso que os mergulhadores têm maior dificuldade em permanecer dentro de águas mais profundas. Não deveria a impulsão sobre um objecto ser maior quanto mais fundo ele estivesse? Não. A impulsão tem realmente a ver com a pressão exercida pelo líquido sobre o corpo imerso. A impulsão é o resultado das forças de pressão (sabe-se hoje que estas últimas são devidas, em última análise, a um bombardeamento intenso de moléculas do líquido sobre a superfície do objecto). Contudo, a impulsão é a mesma a qualquer profundidade, porque a impulsão resulta da soma das forças de pressão exercidas sobre todos os pontos da superfície do objecto. As forças de pressão laterais equilibram-se (o efeito da água da direita é igual ao da água da esquerda), enquanto a diferença entre as forças de pressão na parte de baixo e na parte de cima do corpo dá origem a uma resultante para cima. Trata-se do resultado total, do resultado «líquido»! Um objecto situado a maior profundidade está sujeito a uma pressão maior, tanto na sua parte de cima com na sua parte de baixo. A força de pressão resultante - a impulsão - é porém a mesma qualquer que seja a profundidade. Verifica-se Técnicas Laboratoriais de Física - Bloco II Princípio de Arquimedes 14/16 que é assim: as leis da física, como a de Arquimedes, resultam da observação repetida e cuidada. As coisas não são realmente assim se a observação for muito precisa. Existe uma pequena diferença entre a impulsão experimentada por um objecto a pequena e a grande profundidade, que é devida ao facto de a água a maior profundidade ser ligeiramente mais densa. Isso faz com que o peso de igual volume de água deslocado seja maior a maior profundidade. Esta diferença é pequena, uma vez que a densidade da água não varia muito: diz-se que a água é pouco compressível, não pode ser «apertada» (as suas moléculas não «gostam» de se aproximar demasiado). Um gás, como o ar, é bastante mais compressível do que a água. As suas moléculas estão, em média, mais afastadas umas das outras, podendo ser reunidas com alguma facilidade. Qualquer corpo mergulhado num gás está também sujeito a uma força de impulsão, pelo que a lei de Arquimedes deve ser enunciada papagueando: «Todo o corpo mergulhado num fluido bla-blabla» (um fluido tanto é um líquido como um gás). O próprio Arquimedes fora de água está sujeito à força impulsiva que descobriu, uma vez que, quando sobe para cima de uma balança, lê um valor que é um pouco menor do que a força com que a Terra o atrai. Não lê o peso - força de atracção da Terra - mas o peso descontado da impulsão devida à presença do ar. Nunca lemos o nosso peso certo... Para fazer subir um balão de ar basta aquecer o ar lá dentro. O ar quente é menos denso, a impulsão domina o peso e o balão sobe. Os balões de ar flutuam no ar devido à impulsão: quando imóveis lá no alto, o seu peso é igual à impulsão, tal como um saco de água dentro de água. Um balão de hidrogénio ou hélio sobe no ar tal qual um saco cheio de água sobe dentro da glicerina ou um saco cheio de gasolina sobe dentro de água. Os balões devem ter um volume muito grande para receberem uma grande impulsão, uma vez que o ar é «pouco pesado» (mais exactamente, a sua densidade é 0,0013 g/cm3, cerca de mil vezes menor do que a da água). Um balão a pequena altitude sofre uma impulsão ligeiramente maior do que a grande altitude, porque o ar é mais denso perto da Terra do que na alta atmosfera. Tudo se passa como no caso da pedra a maior profundidade, que está sujeita a uma impulsão ligeiramente maior do que uma pedra a pequena profundidade. A impulsão tanto vale na água como no ar. Técnicas Laboratoriais de Física - Bloco II Princípio de Arquimedes 15/16 6.Bibliografia Técnicas Laboratoriais de Física - Bloco II Princípio de Arquimedes 16/16