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Texto: Marta Almeida Carvalho
Fotos: Virgínia Ferreira
Alargamento de horários
em análise
Em Agosto, o Governo
aprovou um decreto-lei que
prevê o alargamento dos
horários das grandes
superfícies ao domingo,
medida que poderá,
de acordo com Vieira
da Silva, ministro
da Economia, beneficiar
consumidores e concorrência.
Várias autarquias que
integram a Junta
Metropolitana do Porto já
demonstraram uma posição
relativamente à questão.
O diploma, que já tinha sido aprovado na generalidade pelo Executivo em Julho teve a aprovação
final do Conselho de Ministros depois de ouvidos
os parceiros sociais. Segundo Vieira da Silva, esta
alteração legislativa permite que o processo de licenciamento de estabelecimentos comerciais passe a estar regida sob o mesmo enquadramento legal
que atribui às autarquias a responsabilidade de estabelecer o regime de horário dos estabelecimentos
comerciais, pondo fim à excepção que até agora
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abrangia as grandes superfícies, superiores a dois
mil metros quadrados e que, por lei estavam impossibilitadas de abrir nas mesmas condições que
todos os outros estabelecimentos comerciais. “Excepção a que uma minoria de estabelecimentos –
cinco por cento na área alimentar – estava sujeita
enquanto que a esmagadora maioria dos estabelecimentos tinham o regime fixado pelas autarquias,
com possibilidade de abertura em todos os dias da
semana”, referiu o ministro.
A decisão do Governo pretende “corrigir esse desequilíbrio e desigualdade”, trazendo “vantagens para
os consumidores e para uma concorrência mais eficaz
e uma melhor utilização dos recursos disponíveis”.
Reacções diversas
Entretanto, várias reacções surgiram já, vindas dos
mais diversos quadrantes. Numa ronda pelos municípios do Porto, algumas das autarquias já se pronunci-
aram enquanto que outras preferem aguardar a publicação do decreto-lei em Diário da República (DR). A
Câmara da Maia assumiu que irá autorizar o funcionamento dos hipermercados aos domingos e feriados à
tarde, enquanto que a de Matosinhos diz só decidir
após ouvir os agentes económicos. Gondomar prefere
esperar pelos pedidos de extensão de horário enquanto
o Porto aguardará pela publicação do diploma legal.
Os hipermercados com mais de dois mil metros quadrados são actualmente obrigados a fechar aos domin93
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gos e feriados à tarde, o que irá ser alterado logo após
a publicação no DR da decisão governamental de permitir o seu funcionamento todos os dias entre as 06h e
as 24h, salvo indicação autárquica em contrário.
O município da Maia – com pelo menos três hipermercados, dois dos quais em centros comerciais justificou a intenção camarária de expandir os períodos de funcionamento por entender que a abertura em
horário alargado será geradora de emprego. De acordo
com fonte da autarquia a “localização dos hipermercados no concelho não irá gerar impacto negativo no
comércio tradicional”.
Em Matosinhos, o presidente Guilherme Pinto, preferiu agendar um conjunto de reuniões com os agentes
económicos do concelho antes de tomar qualquer decisão. “Entendemos que é através do diálogo com
todos os intervenientes que se conseguirá alcançar
uma solução consensual e benéfica para todos”, referiu o autarca. De referir que Matosinhos foi o primeiro
concelho do país a receber um hipermercado em 1985,
e é um dos municípios da cintura do Porto com mais
estabelecimentos deste tipo. Acolhe não só hipermercados clássicos, mas também de áreas especializadas, incluindo a filial de uma multinacional sueca de
mobiliário, a IKEA.
No Porto só existe um hipermercado com mais de
dois mil metros quadrados de superfície, ancorado num
centro comercial nas Antas. A autarquia portuense esclareceu, através do Gabinete de Imprensa, que só se
pronunciará sobre a matéria do alargamento de horários
após a publicação da decisão em Diário da República.
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Gondomar, que tem o seu maior hipermercado ancorado num centro comercial da freguesia de Rio Tinto, só decidirá quando lhe chegarem os pedidos dos
agentes interessados. De acordo com Valentim Loureiro, presidente da autarquia, ainda nenhuma empresa de hipermercados solicitou qualquer alteração nos
horários que têm vindo a praticar. “Logo que solicitados, decidiremos”, referiu.
Em cima da mesa está a possibilidade dos municípios do Grande Porto concertarem posições sobre a
matéria no âmbito da Junta Metropolitana.
Novas oportunidades de emprego
Luís Reis, administrador da Sonae SGPS afirmou
que a abertura das grandes superfícies aos domingos
e feriados, durante todo o dia, terá um impacto positivo nas receitas totais do grupo, mas poderá prejudicar
algumas das suas marcas. De acordo com o administrador, o grupo será o sétimo operador a beneficiar
desta medida em termos proporcionais. “Os seis operadores que mais irão beneficiar, em termos relativos,
com esta medida são o El Corte Inglês, Auchan, Media
Markt, Decathlon, Leroy Merlin e Ikea”, disse, salientando que “todos são concorrentes” da Sonae e que
irão “beneficiar mais em termos proporcionais”. No
entanto, Luís Reis prevê que esta decisão do Executivo irá eliminar uma “séria distorção que existia no
mercado de retalho” mas que o impacto mais importante será na qualidade de vida do consumidor e nas
novas oportunidades de emprego que irá criar. Q
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