Clipping Fonte: O Popular – Economia – Goiânia – 10/01/2010 --------------------------------------------------------------------------- FGTS quita consórcio da casa própria Quem adquiriu imóvel por meio de consórcio agora pode quitar o saldo devedor com o fundo de garantia Lúcia Monteiro Celso Rodrigues mostra contrato de consórcio de imóvel: “Medida veio numa hora preciosa” Logo que soube que os consorciados poderão utilizar recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para quitar imóveis adquiridos por consórcio, a partir deste ano, o comerciário Celso Rodrigues de Souza procurou a empresa onde comprou sua cota em busca de informações. “Essa medida veio numa hora preciosa para o trabalhador. Vou usar o FGTS para quitar meu saldo devedor de R$ 13 mil”, comemora Celso. Casado e pai de três filhos, ele conta que paga uma prestação mensal de mais de R$ 700 e a quitação do saldo devedor deve aliviar muito o apertado orçamento da família. Além de beneficiar os atuais consorciados, a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac) prevê que as novas regras para utilização do FGTS nos contratos também incrementem em 10% a procura por cotas este ano. Isso porque o sistema de consórcios deve ganhar mais competitividade frente aos financiamentos habitacionais. Parcelas Os trabalhadores poderão utilizar o FGTS para quitar ou amortizar dívida de consórcios imobiliários abatendo parcelas. A regulamentação do uso do FGTS para consórcios foi aprovada no dia 15 de dezembro pelo Conselho Curador do fundo, que prevê que mais de 500 mil pessoas possam usar esses recursos para liquidar ou reduzir a dívida. A expectativa é que a medida entre em vigor no mês de março, quando as instruções para operacionalização forem definidas pela Caixa Econômica Federal. A medida já começou a movimentar o mercado. Depois que soube das novas regras, o analista de sistemas Ludson Souza resolveu adquirir um consórcio para aquisição de uma carta de crédito no valor de R$ 110 mil. “Só estou comprando um consórcio por causa disso. Quero usar meu FGTS para dar um lance e ter acesso mais rápido ao imóvel”, justifica Ludson. Para ele, as novas regras ajudarão muita gente a conseguir a casa própria sem precisar pagar juros de um financiamento. Para o presidente da Abac, Paulo Roberto Rossi, as novas regras fecham o ciclo de possibilidades de uso do FGTS em consórcios. Antes, era permitido o uso para lance ou complemento do valor da carta de crédito para compra de um imóvel de maior valor. Agora, será possível também amortizar ou liquidar o saldo devedor. Até outubro do ano passado, o País já contava com 530 mil consorciados de imóveis. “Realmente fechamos 2009 com uma excelente notícia, que deve ajudar a incrementar o mercado imobiliário”, prevê Rossi. A diretora geral da Govesa Administradora de Consórcios, Elisrégia Alves dos Reis, diz que a medida atende um pleito antigo das administradoras de consórcios. Segundo ela, a expectativa é de um aumento da procura por novas cotas de consórcios de imóveis e da quitação de contratos vigentes, já que os recursos podem ser usados para quitação ou amortização do saldo a cada dois anos. “Desde o anúncio das novas regras, tivemos um incremento de atuais consorciados em busca de informações e também de novas adesões”, destaca. Para o gerente geral do Consórcio Saga, Mário Roquette, a possibilidade de usar o FGTS para quitar parcelas dará uma maior mobilidade ao sistema de consórcios. Isso porque o cliente poderá quitar seu consórcio, e não apenas o financiamento habitacional, como antes, e adquirir um novo consórcio para investimento. “A medida deu igualdade e nos deixou mais competitivos”, acredita Roquette, lembrando que a taxa de administração mensal está em 0,14% para 140 meses e os juros do consórcio não são capitalizados. “Ela é abrangente, beneficiando atuais e futuros consorciados”, completa. Medida impulsionará mercado imobiliário Lúcia Monteiro Se as expectativas das administradoras de consórcios se confirmarem, com o aumento do número de consorciados e quitação de contratos, as novas regras para o uso do FGTS devem impulsionar o mercado imobiliário. Para o presidente do Sindicato da Habitação em Goiás (Secovi), Marcelo Baiocchi, dentro do consórcio o FGTS continuará cumprindo seu objetivo de facilitar a aquisição da casa própria. Para ele, a medida deve elevar a utilização de cartas de crédito para aquisição de imóveis, que hoje é pequena. O gerente da Racon Consórcios em Goiânia, Sérgio Tischler, acredita que a medida beneficiará principalmente as classes C e D, público que usa mais o FGTS para a aquisição do primeiro imóvel. Ele prevê que o sistema de consórcios ganhará um grande injeção extra de credibilidade, principalmente no mercado goiano, que sofreu com a atuação errada de algumas administradoras no passado. “Só na capital, a procura cresceu entre 20% e 25% nas últimas semanas com essa notícia”, informa Sérgio. Ele lembra que as novas regras beneficiarão muita gente que não possui recursos para dar um lance e ser contemplado. “O FGTS rende pouco e, hoje, com o Programa Minha Casa, Minha Vida, as construtoras estão investindo mais em imóveis de menor valor para atender as classes mais baixas, que precisam mais dos recursos do fundo para ter a casa própria”, ressalta o gerente. O diretor executivo da Rodobens Consórcio, Sebastião Cirelli, também prevê um impacto positivo sobre o sistema de consórcios e toda a economia. Para ele, as novas regras dão paridade de condições entre os consórcios e financiamentos de imóveis. Com isso, a expectativa é de um crescimento de 10% a 15% na procura por consórcios. “Com a economia mais estabilizada, as pessoas podem se programar melhor com consórcios”, diz Sebastião Cirelli.