MARA SUYANE MARQUES DANTAS
RENDIMENTO E QUALIDADE DE FRUTOS DE MELANCIA
CULTIVADA SOB PROTEÇÃO DE AGROTÊXTIL COMBINADO
COM “MULCHING” PLÁSTICO
Dissertação
apresentada
à
Universidade Federal Rural do SemiÁrido, como parte das exigências para
obtenção do título de Mestre em
Agronomia: Fitotecnia.
ORIENTADOR:
Prof. D.Sc. LEILSON COSTA GRANGEIRO
MOSSORÓ-RN
2010
Livros Grátis
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Ficha catalográfica preparada pelo setor de
classificação e catalogação da Biblioteca “Orlando
Teixeira” da UFERSA
D192r Dantas, Mara Suyane Marques.
Rendimento e qualidade de frutos de melancia cultivada sob
proteção agrotêxtil combinado com Mulching plástico / Mara
Suyane Marques Dantas. -- Mossoró, 2010.
50 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Fitotecnia: Área de concentração
em Práticas Culturais) – Universidade Federal Rural do SemiÁrido. Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação.
Orientador: Profº. D. Sc. Leilson Costa Grangeiro.
1. Citrillus lanatus. 2. Cobertura do solo. 3. Cultivo protegido.
4. Modificações microclimáticas. I. Título.
CDD: 635.615
Bibliotecário: Sale Mário Gaudêncio
CRB-15/476
MARA SUYANE MARQUES DANTAS
RENDIMENTO E QUALIDADE DE FRUTOS DE MELANCIA
CULTIVADA SOB PROTEÇÃO DE AGROTÊXTIL COMBINADO COM
“MULCHING” PLÁSTICO
Dissertação
apresentada
à
Universidade Federal Rural do SemiÁrido, como parte das exigências para
obtenção do título de Mestre em
Agronomia: Fitotecnia.
APROVADA EM:___ de Julho de 2010
Prof. D. Sc. Leilson Costa Grangeiro
Orientador
Profa. D. Sc. Maria Zuleide de Negreiros
Conselheiro
D. Sc. José Robson da Silva
Conselheiro
À JESUS, aos meus pais,
Cícero Dantas Neto e
Maria
do
Socorro
Marques Dantas e à
minha tia Antônia de
Araújo
Dantas
pelo
amor incondicional.
Dedico
AGRADECIMENTOS
À JESUS por ser a razão maior em minha vida.
À Universidade Federal Rural do Semi-Árido pela oportunidade em
participar do Programa de Pós-graduação de Fitotecnia;
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), pela concessão da bolsa de mestrado;
Ao Professor Leilson Costa Grangeiro, pela orientação, ensinamentos e
paciência;
À banca examinadora: Maria Zuleide de Negreiros e José Robson da Silva
pela valiosa contribuição.
Aos meus pais Cícero e Socorro, à minha tia Toinha, e às minhas irmãs
Narinha e Raquel pelo amor, amizade e companheirismo.
Aos amigos e colegas de curso pela amizade, principalmente Vericia,
Aline, Frederico.
Aos colegas da equipe de trabalho orientada pelo prof. Leilson, pela ajuda
nos experimentos, Saulo, Reinaldo, Augusto, Cláudia, Ana Paula e Carmélia.
Aos funcionários da horta, Sr. Antônio, Sr. Josivan e Sr. Auderi, pelo apoio
ao longo da condução dos experimentos;
Ao funcionário do laboratório de pós-colheita do Departamento de Ciências
Vegetais Sr. Monteiro.
Aos professores que contribuíram ao longo da minha vida acadêmica,
Glauber Henrique de Sousa Nunes, José Torres Filho e Francisco Cláudio Lopes de
Freitas.
À empresa WG Fruticultura na pessoa do Sr. Wilson Galdino.
E a todos que, de uma forma ou de outra contribuíram para a realização
deste trabalho.
Muito Obrigada!
RESUMO
DANTAS, Mara Suyane Marques. Rendimento e qualidade de frutos de
melancia cultivada sob proteção de agrotêxtil combinado com mulching
plástico. 2010. 50f. Dissertação (Mestrado em Agronomia: Fitotecnia) –
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Mossoró-RN, 2010.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o rendimento, qualidade dos frutos e
modificações microclimáticas da melancia cultivada sob proteção agrotêxtil
combinado com mulching plástico. Para tanto foram conduzidos dois
experimentos, sendo o primeiro na horta didática do Departamento de Ciências
Vegetais da UFERSA em Mossoró-RN, no período de setembro a dezembro de
2008 e o segundo na Empresa WG Produção e Distribuição de Frutas Ltda em
Baraúna-RN, no período de setembro a novembro. No primeiro experimento o
delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados completo em
esquema fatorial 3 x 3, com quatro repetições. Os tratamentos resultaram da
combinação de diferentes tipos de mulching plástico (preto, branco e prata) e da
cobertura das plantas com agrotêxtil (1º cultivo, 2º cultivo e 3º cultivo). No
segundo experimento o delineamento experimental utilizado foi em blocos
casualizados completo em esquema fatorial 3 x 3 + 1 com quatro repetições. Os
tratamentos consistiram da combinação de três mulching plástico (preto, branco e
prata) e da cobertura das plantas com agrotêxtil (1º cultivo, 3º cultivo e sem
cobertura com agrotêxtil) e a testemunha (sem muching e sem agrotêxtil). Os
principais resultados apresentados: no primeiro experimento o efeito do agrotêxtil
no rendimento da melancia cultivar Mickylee foi mais evidente do que o mulching
plástico, com destaque para o agrotêxtil de 1º cultivo que proporcionou maior
número de frutos por planta e produtividade de frutos comercial. Com relação à
qualidade dos frutos, os agrotêxteis de 1º e 2º cultivos favoreceram maior sólido
solúveis, enquanto não houve influencia do mulching plástico. No segundo
experimento a cobertura do solo com mulching plástico e a proteção das plantas
com agrotêxtil proporcionaram maior rendimento de frutos de melancia ‘Quetzale’
em relação ao solo descoberto e sem a proteção com agrotêxtil; A qualidade dos
frutos, não foi afetada pela cobertura do solo com mulching plástico e proteção das
plantas com agrotêxtil e a utilização do mulching plástico como cobertura do solo
combinado com a proteção das plantas com agrotêxtil modificou as condições
microclimáticas de cultivo.
Palavras Chave: Citrullus lanatus L., cobertura do solo, cultivo protegido,
produção, modificações microclimáticas.
ABSTRACT
DANTAS, Mara Suyane Marques. Yield and quality of watermelon fruits
cultivated under the protection of polypropylene combined with plastic mulching.
2010. 50f. Dissertation (Master Degree in Crop Science) - Universidade Federal
Rural do Semi-Árido (UFERSA) Mossoró-RN, 2010.
The objective of this study was to evaluate the yield, fruit quality and microclimate
modifications of watermelon grown under row cover protection combined with
plastic mulching. Therefore, two experiments were carried out being the first one in
the vegetable garden of the teaching Department of Vegetable Sciences of
UFERSA in the city of Mossoró-RN, from September to December, 2008 and the
second experiment was carried out at the enterprise W.G Production and
Distribution of Fruits Ltda, nearby the town of Baraúna-RN, from September to
November. The first experiment was in blocks completely in the factorial scheme 3
x 3 with four replications. The treatments resulted from the combinations of
different types of plastic mulching (black, white and silver) and also from the
covering of the plants with row cover with polypropylene (1st crop, 2nd crop, and 3rd
crop). The second experiment was completely randomized in blocks in the factorial
3 x 3 + 1 with four replications. The treatments consisted of a combination of three
plastic mulching (black, white and silver) and the covering plants with row cover
(1st crop, 3rd and no cover crop with row cover) and a witness ( with no muching
and without polypropylene). The main results presented: in the first experiment the
effect of row cover with polypropylene on the yield of watermelon hybrid
Mickylee was more evident than the plastic mulching, pointing out the
polypropylene of 1st row cover crop that provided the greatest number of fruits per
plant and productivity fruit trade. Concerning the fruit quality, the polypropylene
of 1st and 2sd crops favored higher soluble solid (Brix), while there was not
influence from the plastic mulching. In the second experiment soil covered with
plastic mulching and plant protection with row cover (polypropylene) showed
higher fruit yield of watermelon hybrid 'Quetzal' compared to bare soil and no
protection with polypropylene; The fruit quality was not affected by plastic
mulching ground cover and row cover (polypropylene ) pant protection and the use
of plastic mulching as soil covering together with the row cover and
cover(polypropylene ) plants protection modified the climate conditions of
cultivation.
Key words: Citrullus lanatus L., Soil cover, protected cultivation, production,
microclimate changes.
LISTA DE TABELA
Tabela 1 - Valores médios para produtividade comercial (PC) e total (PDT) de
frutos de melancia, cultivar Mickylee. UFERSA. Mossoró – RN, 2008...................
26
Tabela 2 - Valores médios para números de frutos por planta (NFP), massa média
de fruto (MMF), produtividade de frutos não comercial (PNC) e massa seca de
planta (MSP) de melancia, cultivar Mickylee. UFERSA. Mossoró – RN, 2008....... 28
Tabela 3 - Valores médios para sólidos solúveis (SS), acidez titulável (AT) e
relação SS/AT. UFERSA. Mossoró – RN, 2008.......................................................
30
Tabela 4 - Valores médios para números de frutos por planta (NFP), massa média
de frutos (MMF), produtividade de frutos não comercial (PNC), comercial (PC) e
total (PDT) e massa seca de planta (MS) de melancia, cv. Quetzale. UFERSA.
Baraúna – RN, 2009................................................................................................... 31
Tabela 5 - Valores médios para números de sólidos solúveis (SS), acidez titulável
(AT), relação SS/AT e massa seca de planta de melancia, cv. Quetzale UFERSA.
Baraúna – RN, 2009................................................................................................... 35
Tabela 6 - Temperaturas extremas do ar observadas no período sob proteção com
agrotêxtil, nos diferentes tratamentos em melancia cv. Quetzale, Baraúna, 2009....
37
Tabela 7 - Temperaturas extremas do ar observadas no período sem proteção
com agrotêxtil, nos diferentes tratamentos em melancia cv. Quetzale, Baraúna,
2009...........................................................................................................................
39
Tabela 8 - Temperaturas extremas do solo observadas no período sob proteção
com agrotêxtil, nos diferentes tratamentos em melancia cv. Quetzale, Baraúna,
2009...........................................................................................................................
40
Tabela 9 - Temperaturas extremas do solo observadas no período sem proteção
com agrotêxtil, nos diferentes tratamentos em melancia cv. Quetzale, Baraúna,
2009...........................................................................................................................
41
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Experimento realizado na Horta didática do Departamento de
Ciências Vegetais-UFERSA. Mossoró, 2008....................................................
20
Figura 2. Experimento realizado na WG Fruticultura. Baraúna, 2009...............
22
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................
10
2 REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................
12
2.1
UTILIZAÇÃO
DE
AGROTÊXTIL
NA
PRODUÇÃO
DE
HORTALIÇAS.................................................................................................
12
2.2 COBERTURA DO SOLO NO CULTIVO DE HORTALIÇAS.................
14
3 MATERIA E MÉTODOS............................................................................
19
3.1 PRIMEIRO EXPERIMENTO.....................................................................
19
3.2 SEGUNDO EXPERIMENTO.....................................................................
21
3.3 CARACTERÍSTICAS AVALIADAS.........................................................
23
3.4 ANÁLISES ESTATÍSTICAS............................................................
25
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................
26
4.1 PRIMEIRO EXPERIMENTO.....................................................................
26
4.1.1 Características de produção..................................................................
26
4.1.2 Características de qualidade..................................................................
29
4.2 SEGUNDO EXPERIMENTO.....................................................................
31
4.2.1 Características de produção..................................................................
31
4.2.2 Características de qualidade..................................................................
35
4.2.3 Características microclimáticas ...........................................................
37
5 CONCLUSÕES ...........................................................................................
43
REFERENCIAS...........................................................................................
44
10
1 INTRODUÇÃO
A melancia destaca-se no cenário nacional como a quarta hortaliça de
maior importância, com uma área cultivada de 89 mil hectares e uma produção de
1.4 milhão de toneladas de frutos. Os maiores produtores nacionais são os estados
do Rio Grande do Sul, Bahia, Goiás, São Paulo, Pará, Pernambuco e Rio Grande
do Norte (IBGE, 2008).
Nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará o cultivo da melancia tem
despertado o interesse dos produtores, principalmente aqueles que cultivam melão,
pois há uma demanda crescente no mercado internacional por frutos sem sementes
e do tipo Personal size. Entretanto, por pertencer à mesma família do melão o seu
cultivo na região não é uma tarefa fácil, pois é atacado por pragas em praticamente
todas as suas fases fenológicas. Esse fato faz com que sejam utilizadas grandes
quantidades de defensivos agrícolas para o controle de pragas e doenças. Estima-se
que sejam feitas até 25 aplicações de agrotóxicos durante um ciclo da melancia, o
que corresponde uma aplicação a cada dois dias.
Uma das alternativas encontradas pelos produtores foi a utilização da
cobertura com agrotêxtil, que além de aumentar a produtividade, diminui o número
de aplicações de agroquímicos, por permitir que a cultura permaneça sem contato
com o meio externo, durante parte do seu ciclo (MEDEIROS et al., 2008).
O agrotêxtil também conhecido como “não-tecido” de polipropileno é um
material usado como cobertura para proteção da planta e do solo. É bastante leve,
poroso, permitindo a passagem de água e gases, bem como 85% da radiação que
chega a sua superfície, confeccionado a partir de longos filamentos de
polipropileno que são colocados em camadas e moldadas entre si por temperaturas
apropriadas, constituindo-se em um material leve e de resistência suficiente para
ser utilizado na agricultura, na gramatura de 16 a 25 gm-² (ABINT, 2000).
O agrotêxtil mais utilizado na região do Agropolo Mossoró/Assu é de
coloração branca e gramatura de 15gm-², sendo reutilizados por até três ciclos
consecutivos. Entretanto, apesar do beneficio que o agrotêxtil tem proporcionado
às culturas de melão e melancia na região, há necessidade da realização de
11
pesquisas com a finalidade de estudar os efeitos do seu uso no desempenho,
qualidade do fruto e incidência de pragas. Outro fato também desconhecido é se
após a reutilização por vários ciclos, o agrotêxtil tem a mesma eficiência no
controle das pragas e seus efeitos no rendimento e qualidade dos frutos.
A cobertura do solo passou a ser utilizada mundialmente, em grande
escala, com o surgimento dos filmes plásticos, tendo em vista as vantagens que
trazem aos cultivos.
No Brasil, teve início nos anos 1970 na cultura do morango, (GOTO,
1997). No Nordeste, especialmente nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará, a
cobertura do solo com filme plástico é utilizada desde 2001, associada ao agrotêxtil
com o objetivo principal de evitar o desenvolvimento das plantas daninhas. Os
materiais mais utilizados são os plásticos de dupla face, preto/preto, branco/preto e
prata/preto. Além da diferença no preço é sabido que em função da cor do
mulching utilizado, podem ocorrer mudanças no comportamento da cultura no
campo. O mulching tem sido utilizado juntamente com o agrotêxtil no cultivo do
melão e da melancia na região produtora do Rio Grande do Norte e Ceará.
Diante desse contexto o objetivo do trabalho foi avaliar o rendimento e a
qualidade de frutos de melancia, e as modificações microclimáticas, quando
cultivada sob proteção do agrotêxtil combinado com mulching plástico.
12
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 UTILIZAÇÃO DE AGROTÊXTIL NA PRODUÇÃO DE HORTALIÇAS
O agrotêxtil surgiu como uma alternativa encontrada pelos produtores para
fugir das condições climáticas desfavoráveis para o crescimento das plantas e ainda
melhorar a qualidade das hortaliças. A maneira, mas conhecida de se fazer isso é
construindo uma estufa ou túnel revestido com plástico ou outro material. No
entanto, os materiais normalmente utilizados são caros e representam um
investimento elevado, e o agrotêxtil surgiu como uma alternativa mais barata, uma
vez que pode ser usado diretamente sobre as plantas sem necessidade de nenhuma
estrutura de sustentação, sendo utilizado como cobertura para proteção de plantas e
do solo. Como cobertura de plantas o agrotêxtil é utilizado formando pequenos
túneis, na gramatura de 16 a 25 gm-2 na coloração branca (ABINT, 2000). Como
mulching para proteger o solo utiliza-se um material tratado para evitar a
degradação pela incidência dos raios solares, na gramatura entre 40 e 60 gm-2, e a
coloração preta é a mais recomendada (ABINT, 2000).
O agrotêxtil modifica o ambiente sob proteção, atuando como uma barreira
mais ou menos permeável à água, à radiação e à ventilação, que separa a cultura do
ambiente externo, vindo a gerar uma série de modificações microclimáticas. Pode
reduzir a transpiração da planta por aumentar a resistência ao fluxo de vapor da
planta para a atmosfera, implicando na redução da evapotranspiração da cultura
(MEDEIROS, et al., 2007).
No Brasil os primeiros relatos de sua utilização foi em Ponta Grossa (PR),
no ano de 1998, com o principal objetivo de otimizar o cultivo das hortaliças
durante o ano todo, mesmo nas estações onde o cultivo é prejudicado por
adversidades climáticas desfavoráveis ao cultivo. O agrotêxtil nessa região
possibilita a produção de várias hortaliças com respostas positivas mesmo na
estação de inverno. Na região do agropólo Mossoró/Assu o agrotêxtil é utilizado
como proteção de plantas contra pragas desde o ano de 2001.
Na região de Ponta Grossa o uso do agrotêxtil apresenta como principal
13
vantagem proteger as plantas contra geadas. No cultivo do repolho, Reghin et al.,
(2002) observaram que o mesmo protegeu as plantas contra a geada e contribuiu
para o crescimento mais rápido das plantas possibilitando colheita precoce, pois
aumentou a temperatura do ambiente sob proteção.
A intensidade das modificações como o aumento da temperatura do ar no
ambiente protegido com agrotêxtil, depende da época do ano, desenvolvimento da
cultura e da espécie cultivada (OTTO et al., 2000). No cultivo do feijão-vagem sob
proteção de agrotêxtil, Pereira et al.(2003) observaram que a temperatura do ar sob
agrotêxtil foi maior que em ambiente natural durante todo o ciclo da cultura, e que
a medida que evoluía a fase fenológica da cultura, essa diferença de temperatura
era menor, aos 25 dias após a semeadura a diferença foi de 4,8ºC e na fase final de
1,37ºC.
Nas
regiões
frias
a
utilização do
agrotêxtil
possibilita
melhor
desenvolvimento das plantas em função desse aumento de temperatura. Feltrim et
al. (2003), estudando o cultivo da alface em clima subtropical úmido, observaram
que o microclima no agrotêxtil foi mais favorável para o desenvolvimento da
planta, principalmente quanto à temperatura, uma vez que em ambiente aberto os
dias com temperaturas baixas retardam o desenvolvimento da planta. Da mesma
forma, Sá e Reghin (2008), avaliando o desempenho de duas cultivares de chicória
em três ambientes de cultivo, túnel, agrotêxtil e ambiente natural, observaram que
as plantas provenientes do cultivo em túnel e agrotêxtil, apresentavam folhas tenras
e limpas e um maior incremento de massa fresca, e a máxima temperatura do ar foi
registrada nos ambientes com agrotêxtil e túnel.
O agrotêxtil além de apresentar eficiência em regiões frias, mostrou-se
eficiente em regiões de temperaturas elevadas. Nas condições de Mossoró/RN de
elevadas temperaturas, Barros Júnior et al. (2004) pesquisando o cultivo da alface
em túneis baixos observaram que os mesmos podem ser utilizados na proteção das
plantas, como uma alternativa para minimizar os efeitos das altas temperaturas e
luminosidade, melhorando a produtividade e qualidade do produto. Do mesmo
modo, Oliveira et al. (2006), no cultivo da alface com proteção de agrotêxtil em
condições de altas temperaturas e luminosidade observaram, que a utilização do
14
agrotêxtil na forma de túnel baixo, independentemente da cultivar, proporcionou
maior produtividade, massa fresca e seca da parte aérea da planta por tornar
mínimo o efeito das altas temperaturas.
Uma das funções do agrotêxtil é a proteção contra pragas e doenças, desse
modo Furiatti et al, (2008), comparando agrotêxtil e inseticidas no controle da
mosca minadora (L. huidobrensis) na cultura da batata, observaram que o uso do
agrotêxtil diminuiu o índice de infestação em relação a campo aberto. Em outro
experimento realizado nas condições do México na cultura da abóbora Ibarra et al.
(2001), estudando o efeito do mulching plástico combinado com o agrotêxtil no
controle da mosca branca, observaram efeitos positivos quanto a rendimento,
antecipação de colheita e controle praticamente total da incidência de pragas.
Na região de Mossoró /RN onde o cultivo do melão e melancia sofrem
severos ataques de pragas principalmente a mosca minadora, Medeiros et al.
(2007), estudando o uso do agrotêxtil na cultura do melão nessa região, observaram
aumento do número de frutos comercializáveis e totais e atribuíram esse
incremento às plantas terem permanecido livres de pragas durante parte do ciclo,
principalmente a mosca minadora proporcionando maior massa foliar e
consequentemente aumento da eficiência fotossintética.
2.2 COBERTURA DO SOLO NO CULTIVO DE HORTALIÇAS
Denomina-se mulching a aplicação de qualquer cobertura na superfície do
solo que constitui uma barreira física à transferência de energia e vapor d'água
entre o solo e atmosfera (ROSENBERG, 1974).
A cobertura do solo é um artifício aplicado há muitos anos pelos
agricultores com a finalidade de proteger as culturas e o solo da ação das
intempéries (sol, ventos e chuvas), que compactam o solo, comprometem a
qualidade dos frutos e provocam a lixiviação. Esta técnica é apresentada com
vantagens por vários autores por ser de fácil aplicação e apresentar excelentes
resultados, na maior parte das culturas, promovendo assim incrementos no
rendimento, uma vez que suprime as plantas invasoras, diminuindo assim a
15
necessidade de capinas (PRIMAVESI, 1992). Também Medeiros et al. (2007)
mencionam eficácia da utilização do mulching na eliminação da evaporação direta
da superfície do solo.
De acordo com Pereira (2002), vários são os fatores que determinam a
temperatura do solo, dentre eles estão os fatores externos e os fatores intrínsecos.
Os fatores externos são aqueles relacionados aos elementos meteorológicos e desse
modo afetam o balanço de energia. Já os fatores intrínsecos são determinados pelo
tipo de cobertura do solo e a presença dessa cobertura vegetal ou sintética que
atuam modificando o balanço de energia, uma vez que interceptam a radiação antes
de chegar até o solo.
Existem vários tipos de materiais utilizados na técnica do mulching, entre
os orgânicos têm-se os diferentes tipos de resíduos culturais (palhas e/ou folhas
secas, compostos, serragens e materiais similares) ou inorgânicos (pedras,
cascalhos, plásticos, etc.). Com o surgimento da indústria petroquímica, a partir da
década de 1950, materiais mais baratos, como o filme de polietileno preto, foram
propostos para utilização como mulching.
Os primeiros relatos da utilização do mulching plástico na agricultura foi
em 1951 no Japão. No Brasil, esta técnica só ganhou repercussão no início dos
anos 1970 com a utilização de filme de polietileno na cultura do morango em São
Paulo (GOTO, 1997). Na região Nordeste, especialmente no Polo Agrícola
Mossoró/Assu, na cultura do melão, a cobertura do solo com mulching plástico é
utilizado desde 2001, principalmente por médias e grandes empresas exportadoras
de melão (MEDEIROS et al. 2007).
Os tipos de materiais plásticos que podem ser usados como coberturas do
solo são: os transparentes, brancos, pretos, prata e opacos e estão disponíveis no
mercado e são utilizados com diferentes objetivos na agricultura. De acordo com a
coloração, opacidade ou transparência, o mulching plástico apresenta maior ou
menor capacidade de transmitir radiações caloríficas e visíveis sendo que escolha
da cor vai depender das condições climáticas (SGANZERLA, 1997).
Os plásticos dupla face como branco/preto apresentam vantagem adicional
por possuir uma face preta, que controla melhor as plantas daninhas e face branca
16
que apresenta a vantagem de refletir praticamente toda luz incidente, iluminando
mais o cultivo, principalmente na estação do outono. O plástico prata apresenta
melhor resposta na estação de verão. O plástico preto por apresentar menor
reflexão (9%), absorve (91%) da radiação que incide sobre ele, elevando assim a
temperatura do solo, podendo até causar queimaduras nos tecidos das plantas que
entram em contato com o plástico. Este deve ser usado principalmente na estação
de inverno (VALENZUELA e GUTIERREZ 1999).
As radiações solares e terrestres são absorvidas, refletidas, e transmitidas
em proporções diferentes de acordo com as propriedades ópticas de uma superfície.
O grau de aquecimento dessa superfície nesse caso o solo depende, em parte, do
grau de contato entre plástico e solo e a escolha do plástico deve ser guiada pelos
efeitos desejados acima e abaixo da superfície do solo, que são determinadas pelas
propriedades ópticas do material plástico, pelo contato do mulching com o solo, e
pela geometria do mulching nos camalhões e/ou leiras. Em regiões de climas
quentes, a exposição do solo por longos períodos de aquecimento sob um plástico
preto pode ser indesejável; sendo indicados os plásticos brancos e prateado uma
vez que são mais reflexíveis. Os mulching preto e os claros elevam a temperatura
do ambiente acima do solo, enquanto plásticos brancos e prateados podem
aumentar ou diminuir ligeiramente a temperatura do solo (TARARA, 2000).
Em regiões frias, é indicado o uso de cobertura de cor preta ou transparente,
uma vez que essas elevam a temperatura do solo, sendo esse aumento dependente
da estação, tipo de solo, quantidade e intensidade luminosa e da umidade do solo
(SAMPAIO e ARAUJO, 2001).
A maior parte dos raios solares é refletida quando o solo está coberto com
filmes prateados, os quais transmitem pouca energia ao solo, evitando o
aquecimento, sendo um dos materiais sintéticos mais adequados para regiões
quentes (SGANZERLA, 1997). A temperatura do solo é um fator fundamental,
pois atua na germinação de sementes, no desenvolvimento e atividade das raízes,
na absorção de água, na atividade microbiana e no desenvolvimento de doenças
(BERGAMASHI, 1993).
17
Almeida Neto, (2004) trabalhando com cobertura de solo nas cores
amarela, preta, prata e marrom, na cultura do melão, observou que o plástico
amarelo foi o que apresentou maior temperatura do ar durante o dia, e esse
aumento na temperatura provavelmente se deve ao plástico amarelo ter apresentado
maior radiação refletida entre os plásticos estudados nesse experimento. Do mesmo
modo, Araújo (2000), estudando o comportamento do plástico preto, prata, palha
de carnaúba e solo descoberto na cultura do melão, verificou que a temperatura do
solo foi maior quando utilizou os plásticos. O autor atribuiu esse aumento na
temperatura, possivelmente porque os filmes plásticos de polietileno reduzem o
fluxo de calor latente e aumentam o fluxo de calor sensível para o solo,
proporcionando um maior aquecimento do solo em relação a outros tipos de
cobertura como palha de carnaúba e o solo descoberto.
Temperaturas mais elevadas dos solos com cobertura plástica e o teor de
umidade constante favorecem a maior mineralização do nitrogênio orgânico,
aumentando a disponibilidade deste nutriente para as plantas nas camadas mais
superficiais do solo (SAMPAIO et al., 1999). As condições de temperatura e
umidade criadas no solo proporcionam economia de fertilizantes pela maior
disponibilidade de nutrientes no solo. De acordo com López e Hernández (2004),
estudando a influência da cobertura plástica na produção de pimenta malagueta
quanto à umidade do solo, observaram que os solos cobertos com plástico
apresentaram tensões de umidade do solo menor que solos descobertos, uma vez
que a cobertura plástica reduz a evaporação de água no solo.
A cobertura do solo com mulching plástico nas mais variadas culturas, visa
aumentos na qualidade e no rendimento dessas culturas. Em cucurbitáceas vários
resultados foram encontrados. Na cultura do melão, quanto à produtividade e
qualidade de frutos (MIRANDA et al., 2003 e MEDEIROS et al., 2006 e 2007),
número, peso médio e produtividade de frutos comerciáveis (ARAÚJO et al.,
2003), maiores teores de sólidos solúveis totais (CÂMARA et al., 2007),
precocidade de colheita (CANTAMUTTO et al., 2000). Na cultura do pepino
foram observadas maiores fertilidade do solo, precocidade de colheita e aumento
da massa seca (IBARRA-JIMÉNEZ et al., 2008), rendimento (IBARRA-JIMÉNEZ
18
et al., 2004).
Na cultura da melancia foram observados maiores rendimentos
comercial e total (IBARRA-JIMÉNEZ et al., 2005).
Como desvantagens do mulching plástico, alguns autores citam o elevado
custo do filme e a falta de conhecimento mais precisa para manejar a irrigação,
quer seja na estimativa da evapotranspiração para essas condições, quer seja na
definição de sua frequência e problemas de poluição ambiental em função do
descarte dos plásticos, sendo necessárias políticas de reciclagem ou a utilização de
plásticos fotodegradáveis.
19
3 MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizados dois experimentos: o primeiro no ano agrícola de 2008 e
o segundo no ano de 2009. O primeiro experimento foi conduzido na horta didática
do Departamento de Ciências Vegetais da Universidade Federal Rural do SemiÁrido, Mossoró/RN, no período de setembro a novembro e 2008. O segundo
experimento foi realizado na Empresa WG Produção e Distribuição de Frutas
Ltda., (Baraúna - RN), no período de setembro a novembro de 2009.
3.1 PRIMEIRO EXPERIMENTO
O experimento foi conduzido em solo classificado como Argissolo
Vermelho-amarelo Eutrófico (EMBRAPA, 1999), cujo resultado da análise
química apresentou pH (água 1:2,5) = 7,7; P (mgdm-3) = 20,29; K = 0,16; Ca =
3,40; Mg (Cmolcdm-3) = 1,10; Na = 0,18; Al = 0,00.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados
completos em esquema fatorial 3 x 3, com quatro repetições. Os tratamentos
consistiram da combinação de três mulching plástico (filme de polietileno duplaface preto-preto, preto-branco, preto-prateado) e da cobertura das plantas com
agrotêxtil branco (agrotêxtil de primeiro cultivo, agrotêxtil reutilizado pela
primeira vez e agrotêxtil reutilizado pela segunda vez). Cada parcela experimental
foi composta por três fileiras de 6,0 m de comprimento e espaçadas de 2,0 m
perfazendo um total de 36 plantas. A área útil por parcela foi de 10,0 m2,
correspondendo as 10 plantas da fileira central, desprezando-se as duas plantas da
extremidade.
Os filmes de polietileno de baixa densidade utilizados na cobertura do solo
-2
tinham espessura de 5,25 mm e gramatura de 480 g m com 1,2 m de largura. O
-2
polipropileno ou agrotêxtil branco tinha gramatura de 15 g m e largura de 1,20 m.
O preparo do solo constou de aração e gradagem, seguida do sulcamento
em linhas espaçadas de 2,0 m e com profundidade de 0,30 m. A adubação foi
20
realizada com base na análise do solo, sendo colocado em fundação 10 t ha-1 do
adubo orgânico polifertil e 500 kg ha-1da formulação comercial 06-24-12.
Os filmes plásticos foram colocados sobre o solo e posteriormente,
perfurados no espaçamento de 0,50 m.
A semeadura foi direta utilizando a cultivar Mickylee e após a emergência,
nos tratamentos com agrotêxtil, as plantas foram cobertas com o agrotêxtil e
permaneceram por um período 21 dias (início de florescimento da melancia)
(Figura 1).
Figura 1- Canteiros cobertos com agrotêxtil branco durante o período de 21 dias após a
semeadura-UFERSA. Mossoró, 2008.
21
A irrigação foi realizada por gotejamento, com emissores espaçados de 0,5
m e vazão de 1,6 L h-1 e as lâminas foram determinadas com base na
evapotranspiração da cultura (ALLEN et al., 1998), sendo que foi aplicada durante
todo o ciclo uma lâmina de 302 mm. A adubação de cobertura foi realizada via
água de irrigação utilizando-se 142 kg ha-1 de N, 34,6 kg ha-1 de P2O5 e 135 kg ha-1
de K2O, nas formas de ureia, nitrato de cálcio, ácido nítrico, MAP, ácido fosfórico
e cloreto de potássio. Como fonte de micronutrientes foi aplicado aos 38 dias após
a semeadura, 0,6 kg ha-1 da formulação comercial contendo 5,0% de B, 1,5 de Cu,
4% de Fe, 5,4 de Mg, 4,0% de Mn, 0,1% de Mo, 3,0% de S e 1,5% de Zn.
A colheita dos frutos foi iniciada aos 62 dias após a semeadura, sendo
realizadas três colheitas com intervalos de sete dias. Em seguida dois frutos da
primeira colheita foram levados ao laboratório de pós-colheita do departamento de
Ciências Vegetais da UFERSA para as avaliações de qualidade.
3.2 SEGUNDO EXPERIMENTO
O experimento foi conduzido na Fazenda Sumidouro, no município de
Baraúna, RN, pertencente à empresa WG Fruticultura, em solo classificado como
Cambissolo Haprico (EMBRAPA, 1999), cujo resultado da análise química
apresentou pH (água 1:2,5) = 7,5; P (mgdm-3) = 47,8; K = 288,6; Ca = 60,3; Mg
(Cmolcdm-3) = 1,8; Na = 6,3; Al = 0,00.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados
completos em esquema fatorial 3 x 3 + 1 com quatro repetições. Os tratamentos
consistiram da combinação de três mulching plástico (filmes de polietileno dupla
face preto-preto, plástico preto-branco, preto-prateado) e da cobertura das plantas
com agrotêxtil branco (agrotêxtil de primeiro cultivo, agrotêxtil reutilizado pela
segunda vez e sem cobertura com agrotêxtil) e a testemunha (sem mulching e
agrotêxtil). Cada parcela experimental foi composta por três fileiras de 6,0 m de
comprimento e espaçadas de 2,0 m perfazendo um total de 36 plantas. A área útil
por parcela foi de 10,0 m2, correspondendo as 10 plantas da fileira central,
desprezando-se as duas plantas das extremidades .
22
O preparo do solo constou de aração e gradagem, seguida do sulcamento
em linhas espaçadas de 2,0 m e com profundidade de 0,30 m.
A adubação foi realizada com base na análise do solo, sendo colocado em
fundação 156 kg ha-1 de P2O5 na forma de fosfato monoamônico. A semeadura da
cultivar Quetzale, foi realizada em bandejas de poliestireno expandido para 128
mudas, preenchidas com substrato comercial plantmax. As mudas foram
transplantadas aos 12 dias, após a semeadura. Após o transplantio, nos tratamentos
com agrotêxtil, os canteiros foram cobertas com o agrotêxtil, onde permaneceram
por um período de 21 dias (início de florescimento das plantas de melancia)
(Figura 2).
Figura 2. Canteiros cobertos ou não cobertos com agrotêxtil branco durante o período de 21
dias após o transplantio das mudas de melancia. WG Fruticultura. Baraúna, 2009.
23
A irrigação foi realizada por gotejamento, com emissores espaçados de 0,5
m e vazão de 1,6 L h-1 e as lâminas foram determinadas com base na
evapotranspiração da cultura (ALLEN et al., 1998), sendo que foi aplicada durante
todo o ciclo uma lâmina 313 mm. A adubação de cobertura foi realizada via água
de irrigação utilizando-se 165 kg ha-1 de N, 82,5 kg ha-1 de P2O5 e 189 kg ha-1 de
K2O, nas formas de uréia, nitrato de cálcio, ácido nítrico, MAP, ácido fosfórico e
cloreto de potássio. Como fonte de micronutrientes foi aplicado aos 38º dias após a
semeadura, 0,6 kg ha-1 da formulação comercial contendo 5,0% de B, 1,5 de Cu,
4% de Fe, 5,4 de Mg, 4,0% de Mn, 0,1% de Mo, 3,0% de S e 1,5% de Zn.
A colheita dos frutos foi iniciada aos 56 dias após transplantio, sendo
realizadas duas colheitas com intervalos de cinco dias.
3.3 CARACTERÍSTICAS AVALIADAS
- Massa seca da parte aérea (g planta-1): após a retirada das coberturas com
agrotêxtil branco, foram coletadas duas plantas por parcela de cada tratamento. As
plantas foram colhidas ao nível do solo e colocadas em estufa com circulação de ar
forçada a 65º C até atingir massa constante.
- Número médio de frutos por planta: foi obtido pela contagem do número total de
frutos da área útil da parcela.
- Massa média de frutos comerciais (kg): O valor da massa média dos frutos
comerciáveis foi obtido dividindo-se a massa dos frutos pelo número de frutos
comerciáveis de cada tratamento.
- Produtividade de frutos comerciais (t ha-1): foi obtida por meio da pesagem dos
frutos da área útil da parcela que se enquadram nos padrões de comercialização
(mercado interno e externo).
- Produtividade de frutos não comerciais (t ha-1): foi obtida por meio da pesagem
dos frutos da área útil da parcela que se não enquadram nos padrões de
comercialização (mercado interno e externo).
- Produtividade total de frutos (t ha -1): foi quantificada pelo somatório das
produtividades comerciais e não comerciais de frutos.
24
- Sólidos solúveis (ºBrix): foram retiradas porções da polpa de diferentes regiões
do fruto, as quais foram homogeneizadas extraindo o suco. As leituras foram
determinadas em refratômetro digital.
- Acidez titulável: foi determinada, utilizando uma alíquota de 20 ml do suco da
polpa, ao qual foram adicionadas três gotas de fenolftaleína 1%. Em seguida foi
realizada a titulação até o ponto de viragem com solução de NaOH (0,1N),
previamente padronizada.
- Relação SS/AT: foi determinada mediante o cálculo da relação dessas duas
variáveis.
- Temperatura do ar (ºC): foram realizadas leituras de temperatura de bulbo seco e
bulbo úmido por meio de psicrômetros ventilados. Os mesmos foram instalados em
uma parcela de cada tratamento, a 0,30 m de altura acima da superfície do solo,
próximo às plantas. Os termopares dos psicrômetros foram conectados ao
datalogger, o qual constava de um sistema de garantia de fornecimento de energia
(bateria ligada ao carregador elétrico), fonte de energia para os ventiladores dos
psicrômetros.
- Temperatura do solo (ºC): Para determinação da temperatura do solo foram
instalados sensores tipo termopares de cobre-constantan a 5 cm de profundidade,
sendo esses sensores envolvidos com espaguetes para evitar a oxidação dos
mesmos. Em cada tratamento foi colocado um sensor.
Os dados foram armazenados em dataloggers Campbell CR 1000, que são
sistemas automáticos de medidas e armazenamento de dados que permitem a
realização de leituras a partir de um segundo. Nesse estudo, ambos os dataloggers
foram programados de modo que os dados fossem registrados já nas unidades
desejadas. Assim, foi possível obter para todos os parâmetros, leituras a cada 10
segundos e médias a cada 10 minutos. Cada sistema de aquisição de dados foi
alimentado por uma bateria de 12 V, recarregada por um painel solar modelo MSX
10; e semanalmente, os dados micrometeorológicos armazenados na memória
interna dos dataloggers foram transferidos para um módulo de armazenamento e
daí para um microcomputador, onde foram processados.
25
3.4 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Todas as características foram submetidas a análises de variância e as
médias comparadas pelo o teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade,
utilizando o programa SISVAR.
26
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 PRIMEIRO EXPERIMENTO
4.1.1 Características de produção
Verificou-se efeito significativo da interação “mulching” plástico e
agrotêxtil branco para as características produtividade comercial (PC) e
produtividade total (PDT), demonstrando assim que os tratamentos proporcionaram
diferentes condições para o desenvolvimento das plantas (Tabela 1).
Tabela 1 - Valores médios para produtividade comercial (PC) e total (PDT) de
frutos de melancia, cultivar Mickylee. UFERSA. Mossoró – RN, 2008.
1º
PC (t ha-1)
Agrotêxtil
2º
3º
cultivo
cultivo
cultivo
79,62 Ba
87,04 Aa
92,09 Aa
84,58 Aa
84,32 Aa
75,53 Bb
10,72
79,76 Aa
72,19 Ab
75,28 Ab
Mulching
Prata
Branco
Preto
C.V.(%)
1º
(PDT (t ha-1)
Agrotêxtil
2º
3º
cultivo
cultivo
cultivo
88,05 Aa
92,39 Aa
93,16 Aa
80,10 Aa
87,94 Aa
78,38 Bb
6,31
82,71 Aa
74,64 Ab
75,42 Ab
*Médias seguidas pela mesma letra minúscula, na linha, e pela mesma letra maiúscula, na
coluna, não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade.
Analisando o mulching dentro do agrotêxtil para a característica PC,
observou-se que no agrotêxtil de 1º cultivo os mulching preto e branco, mostraramse superiores ao mulching prata, com aumento da PC na ordem de 15,7 e 5,8%,
respectivamente. No agrotêxtil de 2º cultivo os mulching prata e branco não
diferiram entre si, apresentando-se superior ao preto, com incremento de 10,7%
para o mulching prata, e 10,4% para o mulching branco. No agrotêxtil de 3º cultivo
27
não houve diferença entre os mulchings, sendo obtida uma produção média 75,74 t
ha-1 (Tabela 1).
Considerando o agrotêxtil dentro do mulching para a característica PC,
observou-se que no mulching prata não houve diferença entre os agrotêxteis, sendo
obtida uma produtividade comercial média de 81,32 t ha-1. No mulching branco os
agrotêxteis de 1º e 2º cultivos, foram superiores ao de 3º cultivo, com um
incremento na ordem de 16,8 e 20,6%, respectivamente. No mulching preto o
agrotêxtil de 1º cultivo foi maior em relação ao de 2º e 3º, proporcionando um
incremento de 18,1% (Tabela 1).
Para a PDT, os agrotêxteis de 1º e 3º cultivos não apresentaram diferenças
entre os mulching, já no agrotêxtil de 2º cultivo, os mulching prata e branco foram
superiores ao preto, sendo estes maiores em cerca de 2,15 e 10,8%,
respectivamente (Tabela 1).
Não houve diferença significativa na PDT no mulching prata entre os
cultivos, obtendo-se uma produtividade total média de 83,62 t ha-1. Para o mulching
branco, as maiores PDT ocorreram nos agrotêxteis de 1º e 2º cultivos, sendo
verificado valor médio superior ao agrotêxtil de 3º cultivo em cerca de 17,2%. No
mulching preto o agrotêxtil de 1º cultivo proporcionou 14,5% a mais que os
agrotêxteis de 2º e 3º cultivos (Tabela 1).
Estudos desenvolvidos utilizando cobertura com mulching plástico em
cucurbitáceas têm evidenciado efeito positivo do uso dessa técnica, com resultados
satisfatórios sobre parâmetros produtivos das culturas. No entanto, com relação às
cores de mulching plástico na literatura são encontrados resultados divergentes.
Negreiros et al. (2005) e Medeiros et al. (2007) não observaram diferenças na
produtividade total do meloeiro quando utilizaram plástico preto ou prateado,
enquanto que Ibarra - Jiménez et al. (2005) constataram maior produtividade na
melancia com os plásticos transparentes e pretos. Esses resultados demonstram que
as respostas das culturas à cobertura plástica do solo é variável em função da
espécie cultivada e das condições ambientais.
28
Não houve interação significativa para número de frutos por planta (NFP),
massa média de frutos (MMF), produtividade de frutos não comerciais (PNC) e
massa seca da parte aérea (MSP) entre os fatores mulching e agrotêxtil (Tabela 2).
Tabela 2 - Valores médios para números de frutos por planta (NFP), massa média
de fruto (MMF), produtividade de frutos não comerciais (PNC) e massa seca de
planta (MSP) de melancia, cultivar Mickylee. UFERSA. Mossoró – RN, 2008.
Mulching
NFP
MMF
PNC
-1
MS
(kg)
(t ha )
(g planta-1)
Prata
1,97 A
4,14 A
2,96 A
59,46 A
Branco
2,04 A
4,10 A
3,72 A
69,46 A
Preto
1,97 A
4,30 A
2,70 A
60,65 A
CV (%)
10,68
8,44
62,00
23,75
Agrotêxtil
1º cultivo
2,15 A
4,12 A
2,90 A
62,41 A
2º cultivo
1,92 B
4,24 A
3,33 A
61,13 A
3º cultivo
1,90 B
4,16 A
3,20 A
66,02 A
CV (%)
10,68
8,44
62,00
23,75
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula, na coluna, não diferem entre si pelo teste de
Duncan a 5 % de probabilidade.
Não se observou efeito significativo do mulching para as características
NFP, MMF, PNC, e MSP, sendo observados valores médios de 1,99 e 3,13 t ha-1,
para NFP e PNC, respectivamente, e 4,18 kg para MMF, e 63,19 g planta-1 para
MS. Esses resultados corroboram os obtidos Araújo et al.(2003), Negreiros et al.
(2005), Medeiros et al. (2007) e Câmara et al. (2007), ao trabalharem com o
meloeiro utilizando o mulching plástico de cores preta, prata, amarela, branca e
solo descoberto.
29
Considerando que a cultivar Mickylee é cultivada nas empresas
exportadoras de melão e melancia da região, a MMF foi de 4,18 kg, estando dentro
da faixa de massa exigido para o mercado de exportação (2,3 a 6,0 kg).
Para as mesmas características verificou-se efeito significativo apenas para
NFP, no qual o agrotêxtil de 1° cultivo proporcionou maior número de frutos,
sendo superior em 11,1% quando comparado com os 2º e 3º cultivos (Tabela 2).
Na literatura são escassas ou não existem pesquisas sobre reuso do
agrotêxtil, sendo encontrados apenas estudos envolvendo cultivo na presença ou
ausência desse material. Medeiros et al. (2007) trabalhando com a cultura do
meloeiro verificaram maiores valores dos parâmetros de produção, com o uso do
agrotêxtil. Desta forma, o fato de não ter havido diferença significativa para
maioria dessas variáveis, pode ser atribuído à diminuição dos efeitos das altas
temperaturas, demonstrando assim que mesmo no 3º cultivo, o material utilizado
apresentava-se ainda em boas condições de uso.
4.1.2 Características de qualidade
Para as características de qualidade dos frutos apenas houve efeito
significativo do fator agrotêxtil para sólidos solúveis (SS). Neste os agrotêxteis de
1º e 2º cultivos, proporcionaram maiores valores, em relação ao agrotêxtil de 3º
cultivo, apesar do mesmo não diferir do agrotêxtil de 2º cultivo (Tabela 3).
30
Tabela 3 - Valores médios para sólidos solúveis (SS), acidez titulável (AT) e
relação SS/AT. UFERSA. Mossoró – RN, 2008.
Mulching
SS
AT
( Brix)
(g ácido cítrico/100 ml de suco)
Prata
10,7 A
0,117 A
92,2 A
Branco
10,6 A
0,115 A
92,2 A
Preto
10,5 A
0,117 A
91,4 A
3,82
11,76
10,16
O
CV (%)
SS/AT
Agrotêxtil
1º cultivo
11,0 A
0,117 A
93,3 A
2º cultivo
10,5 AB
0,114 A
93,4 A
3º cultivo
10,4 B
0,119 A
89,0 A
CV (%)
3,82
11,76
10,16
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula, na coluna, não diferem entre si pelo teste de
Duncan a 5% de probabilidade.
Para o mulching não houve efeito significativo para nenhuma das
características (Tabela 3). Na cultura do melão Araújo (2000), Ferreira (2001),
Gondim et al. (2003) e Câmara et al. (2007), não observaram influência das
coberturas de solo sobre o teor de sólidos solúveis. Entretanto, Almeida Neto et al.
(2003), observaram diferenças entre os tipos de cobertura (preto, prateado,
amarelo, marrom e solo descoberto) para teor de sólidos solúveis, em que o
plástico marrom apresentou a maior média para esta característica.
31
4.2 SEGUNDO EXPERIMENTO
4.2.1 Característica de produção
Não houve interação significativa entre os fatores “mulching” plástico e
agrotêxtil para nenhuma das características avaliadas. A massa média de frutos
(MMF), produtividade não comercial (PNC), comercial (PC), total (PDT) e massa
seca da parte aérea (MSP) foram influenciadas pelos fatores “mulching” e
agrotêxtil, porém não se observou efeito significativo para número de frutos por
planta (NFP) (Tabela 4).
Tabela 4 - Valores médios para números de frutos por planta (NFP), massa média
de frutos (MMF), produtividade de frutos não comercial (PNC), comercial (PC) e
total (PDT) e massa seca de planta (MS) de melancia, cv. Quetzale. UFERSA.
Baraúna – RN, 2009.
“Mulching”
NFP
MMF
PNC.
(t ha )
(kg)
-1
Prata
1,44 A
3,70 A
Branco
1,58 A
Preto
-1
PC
PDT
-1
MS
(t ha )
(t ha )
(g planta-1)
1,36 B
89,39 A
90,75 A
45,78 B
3,41 A
2,82 A
82,26 A
85,07 A
52,39 AB
1,34 A
3,54 A
0,54 B
87,68 A
88,22 A
58,94 A
Testemunha
1,30 A
2,80 B
3,35 A
57,54 B
60,89 B
21,52 C
CV (%)
25,25
12,34
72,20
9,78
8,94
14,45
(t ha )
-1
Agrotêxtil
1o cultivo
1,55 A
3o cultivo
3,47.A
1,19.AB
86,33.A
87,52 A
57,30 A
1,39.A 3,64.A
3,05 A
87,27.A
90,32 A
61,30 A
Sem agrotêxtil
1,41.A 3,52.A
0,49 B
85,72.A
86,21 A
38,52 B
Testemunha
1,30.A 2,79.B
3,35 A
57,54.B
60,89 B
21,52 C
CV (%)
24,53
64,90
6,78
6,88
7,62
12,04
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula, na coluna, não diferem entre si pelo teste de
Duncan a 5 % de probabilidade.
32
Para o fator mulching, os menores valores de MMF, PC e PDT foram
observados no tratamento testemunha, enquanto que os maiores valores foram
observados nos tratamentos com mulching plástico, não sendo observada diferença
entre as cores de mulching. Comparando-se os valores médios obtidos com a
utilização do mulching, com a testemunha, verificou-se diferença percentual na
ordem de 21,1, 23,3 e 30,8% para MMF, PC e PDT, respectivamente (Tabela 4).
Negreiros et al. (2005) e Medeiros et al. (2006) obtiveram respostas positivas na
cultura do meloeiro, de forma que os maiores parâmetros foram obtidos no cultivo
com mulching plástico. No entanto, Araújo et al. (2003) e Miranda et al. (2003)
não obtiveram respostas significativas, demonstrando assim que a resposta das
culturas à cobertura do solo é variável em função da cultura estudada e das
condições ambientais de cultivo.
Para PNC foram observados os maiores valores no mulching branco e na
testemunha, com valores médios entre estes de 3,10 t ha-1, e os menores valores
nas cores de mulching prata e preto, com PNC média de 1,0 t ha-1. Apesar de não
ter havido diferença significativa entre o mulching branco e a testemunha, verificase em valores absolutos uma maior PNC na testemunha em cerca de 15,8% em
relação ao mulching branco. Essa maior PNC ocorrida no tratamento testemunha
deve-se ao elevado número de frutos classificados como refugos nesse tratamento
(Tabela 4).
Provavelmente essa superioridade obtida pelo uso da cobertura plástica
deve-se à manutenção da umidade do solo ao longo do dia, permitindo assim
absorção de água pelas plantas, enquanto que no solo descoberto ocorreu uma
maior variação da umidade do solo ao longo do dia em virtude da maior
evaporação.
Os maiores valores de massa seca da parte aérea das plantas (MS) foram
observados no mulching preto que não diferiu do branco, seguido pelo mulching
prata, apesar de ter havido diferença percentual entre este de 12,6%. O menor
valor ocorreu no tratamento testemunha, sendo inferior em cerca de 61,3% em
comparação com a média obtida nos mulching branco e preto (Tabela 4). Esse
aumento da massa seca pode ser atribuído à maior capacidade dos filmes plásticos
33
em refletir o espectro solar, promovendo aumento da fotossíntese, uma vez que as
folhas do terço inferior e do interior da planta podem ser beneficiadas com
radiação refletida (TSEKLEEV, et al., 1993; CHRISTOFFOLETI et al., 1999).
Estes resultados demonstram que o efeito da cobertura do solo é variável
de acordo com a característica estudada. Araújo (2000) utilizando mulching de
diferentes cores na cultura do melão, não verificou diferença significativa entre os
tratamentos. Entretanto, Ferreira (2001), Medeiros et al. (2007) obtiveram
resultados semelhantes aos obtidos neste trabalho, não observando diferença entre
as cores de mulching, e os menores valores em solos descobertos.
Outro fator que pode ter contribuído para a obtenção desses resultados, foi
a maior incidência de plantas daninhas ocorrida no solo descoberto, acarretando
assim uma maior competição por água, luminosidade e nutrientes destas com a
cultura.
Considerando o agrotêxtil, observou-se efeito significativo para a massa
média de frutos, produtividade comercial e total, produtividade não comercial e
massa seca da parte aérea das plantas (Tabela 4). Para a massa média de frutos, os
maiores valores foram obtidos nos tratamentos com agrotêxtil de 1º e 3º cultivos e
sem agrotêxtil (apenas com mulching), obtendo uma média entre este de 13,54 kg
fruto-1, superior em 21,3% em comparação com a testemunha. A diferença
verificada no tratamento sem agrotêxtil e a testemunha deve-se provavelmente ao
conjunto de fatores envolvendo a umidade do solo e incidência de plantas
daninhas, visto que na testemunha não havia proteção de plantas nem cobertura do
solo.
Para PC e PDT foram observados comportamentos semelhantes ao obtido
para MMF, com menores valores na testemunha, de forma que ocorreu entre os
tratamentos com agrotêxtil de 1º e 3º cultivos e sem agrotêxtil uma produtividade
média de 86,46 e 88,0 t ha-1 para PC e PDT, respectivamente, correspondente a
uma superioridade em relação à testemunha na ordem de 33,4% para PC e de
30,8% para PDT (Tabela 4).
Provavelmente este comportamento ocorreu porque a testemunha não
recebeu proteção contra as pragas (agrotêxtil) e controle de plantas daninhas
34
(mulching), o que dificultou o crescimento das plantas de melancia, uma vez que
aumentou em muito a competição por água, luz e nutrientes e esse efeito de
competição, permite perceber a diferença dos tratamentos com cobertura do solo e
proteção de plantas em relação à testemunha.
A menor PNC ocorreu no tratamento sem agrotêxtil, não diferindo do 1º
cultivo, enquanto que os maiores valores foram obtidos no agrotêxtil de 3º cultivo e
na testemunha. Apesar de não haver diferença significativa entre o agrotêxtil de 1º,
3º cultivo e a testemunha, verifica-se uma diferença em termos absolutos de 62,8%
entre a média do 3º cultivo e testemunha em comparação com o agrotêxtil de 1º
cultivo (Tabela 4).
Para MS, as maiores médias foram observadas com o uso do agrotêxtil
independente do tempo de cultivo, sendo obtido entre o 1º e 3º cultivo uma média
de 59,3g planta-1. Valor este superior em 35% em relação ao cultivo sem agrotêxtil
e 63,7% em relação à testemunha. As plantas das parcelas que receberam o
agrotêxtil desenvolveram-se até os 21 dias após o transplantio, sem a infestação de
pragas, principalmente da mosca minadora, o que contribuiu para uma boa
qualidade de área foliar e consequentemente maior eficiência fotossintética,
resultando em maior massa média da parte aérea da planta, uma vez que as plantas
atacadas pela mosca minadora apresentam lesões em função das galerias que as
moscas fazem na folha, promovendo uma redução significativa da área
fotossintética, o que pode causar secamento e queda prematura das folhas,
reduzindo assim a produção de fotoassimilados afetando a qualidade dos frutos.
Na cultura do melão, Medeiros et al.(2007), verificaram que o uso do
agrotêxtil proporcionou aumento significativo no número de frutos e na
produtividade, enquanto, Dias et al. (2006) e Braga et al. (2009) não verificaram
efeito significativo do uso de agrotêxtil na produtividade dessa hortaliças.
35
4.2.2 Características de qualidade
Para os parâmetros de qualidade de frutos, não houve efeito significativo da
cobertura do solo com mulching plástico e proteção das plantas com agrotêxtil
(Tabela 5). Foram observados valores médios de 9,52 ºBrix e 0,687 g ácido
cítrico/100 ml de suco para SS e AT, respectivamente.
Tabela 5 - Valores médios para números de sólidos solúveis (SS), acidez titulável
(AT), relação SS/AT e massa seca de planta de melancia, cv. Quetzale UFERSA.
Baraúna – RN, 2009.
Mulching
Prata
Branco
Preto
Testemunha
CV (%)
SS
(O Brix)
9,34 A
9,72 A
9,74 A
9,27 A
3,80
1º cultivo
3o Cultivo
Sem agrotêxtil
Testemunha
CV (%)
9,69 A
9,65 A
9,46 A
9,27 A
3,44
AT
(g ácido cítrico/100 ml de suco )
0,675 A
0,683 A
0,717 A
0,675 A
5,88
Agrotêxtil
0,717 A
0,667 A
0,692 A
0,667 A
5,17
SS/AT
13,84 A
14,23 A
13,58 A
13,73 A
7,80
13,51 A
14,47 A
13,67 A
13,89 A
7,04
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula, na coluna, não diferem entre si pelo teste de
Duncan a 5 % de probabilidade.
Altos teores de SS em frutos de melancia são bastante desejáveis, pois esse
índice é um parâmetro muito importante na aceitação do produto pelo mercado
consumidor. No presente trabalho, os valores de SS estão acima de 9,0o Brix que
são considerados frutos com boa quantidade de açúcares, e com boa aceitação no
mercado consumidor (Grangeiro et al., 2006).
Esses resultados concordam com Araújo et al.,(2000) e Ferreira et al.,
(2001), os quais não observaram influência da cobertura do solo em melão sobre o
36
teor de sólidos solúveis. Costa et al., (2002), no entanto, não encontrou efeito da
cobertura do solo sobre esta característica.
Foram desenvolvidos dois experimentos, em locais diferentes, e as
diferenças observadas entre ambos podem ser atribuídas às condições ambientais, à
cultivar, à conservação do agrotêxtil e à pressão de pragas nas áreas experimentais.
No que se refere à cultivar, no primeiro experimento foi utilizada a cultivar
Mickylee e no segundo a Quetzale. Em relação à conservação do agrotêxtil foi
variável de um experimento para o outro, uma vez que estes agrotêxteis
apresentavam condições de conservação diferenciadas, pois a qualidade do
agrotêxtil reutilizado depende muito do cuidado que o funcionário tem com esse
material. Analisando quanto à pressão de pragas, como o primeiro experimento foi
desenvolvido na horta didática da UFERSA e o segundo na Empresa WG
Fruticultura existiu diferenças entre os dois ambientes.
Na horta da UFERSA como não existiam plantações de cucurbitáceas nas
proximidades, a incidência de pragas nessa área foi praticamente nula, sendo
necessárias apenas três aplicações durante o ciclo para controle de pragas. O
experimento realizado na WG Fruticultura, como a empresa é produtora de melão
para exportação, a pressão de pragas nessa área foi maior, sendo necessária a
realização de 19 aplicações, considerando os tratamentos que não receberam
proteção do agrotêxtil, nos tratamentos cobertos com agrotêxtil foram necessárias
apenas oito aplicações para o controle de pragas principalmente a mosca minadora.
Em locais onde não há incidência de pragas seria desnecessário a utilização
do agrotêxtil, porém em locais onde há uma grande pressão de pragas não seria
possível produzir melancia sem a utilização do agrotêxtil. Os tratamentos que não
receberam proteção com o agrotêxtil e o mulching, apresentaram produtividades
inferiores.
Considerando os resultados obtidos nos experimentos pode-se dizer que o
agrotêxtil se bem conservado poderá ser utilizado em até três ciclos, sem prejudicar
a qualidade e rendimento da cultura.
37
4.2.3 Características microclimáticas
Dados referentes à temperatura do ar coletados durante o período em que as
plantas ficaram sob proteção de agrotêxtil (21 dias) são mostrados na Tabela 6.
Tabela 6 - Temperaturas extremas do ar observadas no período sob proteção com
agrotêxtil, nos diferentes tratamentos em melancia cv. Quetzale, Baraúna, 2009.
Temperatura período sob proteção com agrotêxtil (o C)*
Tratamentos
Máx.
Máx. absoluta Min. Média Min. absoluta
média
M. preto + A.1º cultivo
40,3
46,9
M. preto + A.3º cultivo
39,6
44,4
21,0
19,4
M. preto sem agrotêxtil
39,8
36,7
20,6
18,8
M. branco + A.1º cultivo
41,1
47,7
21,2
19,8
M. branco + A.3º cultivo
40,4
46,7
21,2
19,7
M.
37,5
45,1
20,6
18,9
M. prata + A.1º cultivo
41,6
48,6
20,9
18,7
M. prata + A.3º cultivo
41,1
49,6
21,1
18,7
M. prata sem agrotêxtil
36,2
38,6
20,8
19,0
Testemunha
36,2
39,6
20,6
18,8
branco
sem
21,1
19,2
agrotêxtil
*Período de 1- 21 dias após o transplantio.
As maiores temperaturas máximas foram observadas nos tratamentos sob
proteção de agrotêxtil, com valores médios de 40,7ºC, e as menores temperaturas
máximas ocorreram nos tratamentos sem agrotêxtil. Considerando as diferentes
cores do mulching, os menores valores da temperatura máxima ocorreram no
38
mulching” preto, independente do tempo de uso do agrotêxtil, e nestes o uso do
agrotêxtil novo proporcionou temperatura maior que o agrotêxtil de 3º cultivo em
0,7ºC. Esta diferença entre os agrotêxteis provavelmente ocorreu porque o material
componente do agrotêxtil deprecia-se com o tempo de uso, de forma que pode ter
ocorrido uma maior circulação do ar.
A menor temperatura máxima pode ser atribuída, provavelmente à maior
capacidade que o mulching prata possui em refletir os raios solares, com isso
aquece mais o ar. Já o mulching preto absorve a radiação solar e com isso aquece
menos o ar e mais o solo. Almeida Neto (2004), trabalhando com cobertura do
solo nas cores amarelo, preto, prata e marrom, observou que o plástico amarelo foi
o que promoveu maior aquecimento da temperatura do ar durante o dia. Esse
aumento na temperatura do ar provavelmente ocorreu em função do mulching
amarelo ter apresentado no mesmo trabalho maior radiação refletida dos raios
solares entre todos os mulching estudados.
Com relação às temperaturas mínimas, ocorreu pouca variação nos
tratamentos analisados, verificando-se a mínima de 20,6ºC nos tratamentos
mulching sem agrotêxtil, mulching branco sem agrotêxtil e testemunha. A máxima
temperatura mínima ocorreu nos tratamentos mulching branco (1º e 2º cultivo) e
no mulching prata (3º cultivo), conforme mostrado na Tabela 6.
Na Tabela 7 são mostradas as temperaturas máximas e mínimas do ar
obtidas após a retirada do agrotêxtil (22 aos 57). Pode-se verificar em todos os
tratamentos, que as temperaturas máximas foram inferiores às obtidas com as
plantas cobertas com agrotêxtil (Tabela 7).
39
Tabela 7 - Temperaturas extremas do ar observadas no período sem proteção com
agrotêxtil, nos diferentes tratamentos em melancia cv. Quetzale, Baraúna, 2009.
Tratamentos
Temperatura período sem proteção com agrotêxtil (o C)*
Máx. média Máx. absoluta Min. Média
20,8
Min. absoluta
M. preto + A.1º cultivo
37,3
44,0
18,6
M. preto + A.3º cultivo
37,0
42,7
21,1
19,1
M. preto sem agrot.
36,8
40,5
21,2
18,9
M. branco + A.1º cultivo
37,5
43,3
21,1
18,7
M. branco + A.3º cultivo
37,1
42,4
21,2
19,3
M. branco sem agrotêxtil
37,0
41,3
20,7
18,0
M. prata + A.1º cultivo
37,0
40,2
21,1
18,9
M. prata + A.3º cultivo
36,3
39,3
21,0
19,0
M. prata sem agrot.
37,0
40,6
20,0
18,1
Testemunha
36,6
40,0
20,9
18,0
*Período de 22 a 57 dias após o transplantio.
Observou-se uma pequena variação nas temperaturas máximas e mínimas
em função dos tratamentos. Analisando todos os tratamentos, a máxima registrada
foi de 37,5ºC no mulching prata de 1º cultivo. A máxima temperatura observada
no mulching preto foi registrada no agrotêxtil de 1° cultivo com 37,3ºC; no
mulching branco, a máxima foi de 37,5ºC no agrotêxtil de 1º cultivo e no prata, a
máxima foi de 37,0ºC nos de 1º cultivo e sem agrotêxtil.
A temperatura do ar no período em que as plantas permaneceram
descobertas foi pouco influenciada pela cor do mulching, provavelmente porque as
plantas já estavam em pleno desenvolvimento e desse modo absorviam muita
radiação para o processo fotossintético e essa radiação não mais chegava
totalmente até o mulching (Tabela 7). Analisando todos os tratamentos, a mínima
foi registrada no mulching prata sem agrotêxtil. As temperaturas mínimas
40
observadas nos mulching preto, branco e prata foram 20,8, 20,7 e 20,0ºC,
respectivamente. Segundo Sganzerla (1997), os mulching plásticos prateados e
brancos, são os mais reflexíveis e refletem a maior parte dos raios solares,
transmitindo pouca energia ao solo, evitando um maior aquecimento, sendo um
dos materiais sintéticos mais adequados para regiões quentes.
Analisando a temperatura do solo no período que as plantas estavam
protegidas com o agrotêxtil, observou-se que no mulching preto o agrotêxtil de 1º
cultivo foi o que apresentou a máxima temperatura (36,0ºC) e mínima (26,1ºC) no
tratamento sem agrotêxtil.
No mulching branco, a máxima registrada foi no
agrotêxtil de 3º cultivo com 37,4ºC e a mínima de 26,0ºC no tratamento sem
agrotêxtil. No mulching prata a máxima foi de 37,4ºC no agrotêxtil de 1º cultivo e a
mínima de 26,1ºC no tratamento sem agrotêxtil. Com relação à testemunha
observou-se a máxima de 38,6ºC e a mínima de 23,4ºC (Tabela 8).
Tabela 8. Temperaturas extremas do solo observadas no período sob proteção com
agrotêxtil, nos diferentes tratamentos em melancia cv. Quetzale, Baraúna, 2009.
Tratamentos
Temperatura período sob proteção com agrotêxtil (oC)*
Máx. média Máx. absoluta Min. média
Min. Absoluta
M. preto + A.1º cultivo
38,1
42,0
28,6
26,4
M. preto + A.3º cultivo
36,5
38,8
28,1
26,5
M. preto sem agrotêxtil
33,8
36,3
26,1
25,3
M. branco + A.1º cultivo
35,5
38,7
27,5
25,3
M. branco + A.3º cultivo
36,0
39,6
28,6
26,1
M. branco sem agrotêxtil
33,3
36,3
26,0
25,2
M. prata + A.1º cultivo
37,4
40,5
27,7
24,9
M. prata + A.3º cultivo
36,4
39,6
29,0
26,4
M. prata sem agrotêxtil
32,8
35,5
26,1
25,1
Testemunha
35,6
38,6
24,3
23,4
*Período de 1- 21 dias após o transplantio.
41
Dentre todos os tratamentos, a máxima registrada foi de 38,1ºC no
mulching preto com no agrotêxtil de 1º cultivo e a mínima foi de 24,3ºC na
testemunha. Esse comportamento da temperatura do solo em função da cor do
mulching era esperado, uma vez que o mulching preto absorve mais radiação e
com isso gera maior quantidade de calor, promovendo assim maior aquecimento
nas camadas do solo. Araújo et al. (2000) trabalhando com mulching de diferentes
cores, observaram que o filme plástico prata promoveu menos aquecimento do
solo a 5 cm de profundidade, que o plástico preto e solo descoberto.
Na Tabela 9 são mostrados os dados de temperatura do solo durante o
período em que as plantas estavam descobertas. Analisando todos os tratamentos, a
máxima registrada foi de 33,6ºC nos mulching branco e prata no agrotêxtil de 1º
cultivo, enquanto que a temperatura mínima registrada dentre todos os tratamentos
foi de 24,2ºC na testemunha.
Tabela 9 - Temperaturas extremas do solo observadas no período sem proteção
com agrotêxtil, nos diferentes tratamentos em melancia cv. Quetzale, Baraúna,
2009.
Tratamentos
M. preto + A.1º cultivo
M. preto + A.3º cultivo
M. preto sem
agrotêxtil.
M. branco + A.1º cultivo
M. branco + A.3º cultivo
M.
branco
sem
agrotêxtil
M. prata + A.1º cultivo
M. prata + A.3º cultivo
M. prata sem agrotêxtil
Testemunha
Temperatura período sem proteção com agrotêxtil (oC)*
Máx. média
Máx.
Min. Média Min. absoluta
absoluta
32,0
34,9
27,6
26,6
32,9
35,6
27,9
26,6
32,9
34,9
26,7
25,5
33,6
32,7
32,8
35,3
35,0
35,8
27,8
28,3
27,1
26,9
27,2
26,2
33,6
33,2
31,8
32,1
39,5
35,0
33,7
39,1
27,6
28,4
26,9
24,2
26,5
27,1
25,9
20,5
*Período de 22 - 57 dias após o transplantio.
42
Pode-se observar que no mulching preto a temperatura máxima foi
registrada nos tratamentos de 3º cultivo e no sem agrotêxtil com uma temperatura
de 32,9ºC e a mínima de 26,7ºC no tratamento sem agrotêxtil. No mulching branco
a máxima foi de 33,6ºC no agrotêxtil de 1º cultivo e a mínima de 27,1ºC no
tratamento sem agrotêxtil. Para o mulching prata a máxima foi no agrotêxtil de 1º
cultivo com 33,6ºC e a mínima de 26,9ºC no sem agrotêxtil. A testemunha
registrou a menor temperatura, mostrando que o solo descoberto tem maior
facilidade de dissipar o calor durante a noite, já que os tratamentos no plástico
dissipam o calor com menor facilidade, uma vez que o mulching funciona como
uma barreira contra a dissipação do calor. O mulching plástico se comporta como
um filtro de duplo efeito que acumula calor no solo durante o dia e durante a noite
parte desse calor é dissipado (VALENZUELA e GUTIERREZ 1999).
A temperatura do solo depois que as plantas foram descobertas, no geral,
apresentou uma pequena variação entre as temperaturas em função dos tratamentos
com 1,8ºC de diferença entre os tratamentos, já que as mesmas foram descobertas
aos 21 dias após o transplantio e sua cobertura vegetal já cobria praticamente todo
o mulching, assim, a cobertura plástica pouco influenciava na refletância dos raios
solares. Segundo Pereira (2002), vários são os fatores que determinam a
temperatura do solo, dentre eles os fatores intrínsecos que são determinados pelo
tipo de cobertura. O tipo de cobertura do solo é um fator microclimático e a
existência de cobertura vegetal ou sintética modifica o balanço de energia, pois a
cobertura intercepta a radiação solar antes de atingir o solo. Desta forma, solos
descobertos são mais sujeitos a grandes variações térmicas diárias nas camadas
mais superficiais em dias de alta irradiância.
43
5 CONCLUSÕES
Experimento 1:
- O efeito do agrotêxtil no rendimento e qualidade da melancia Mickylee foi mais
evidente do que o mulching plástico.
- O agrotêxtil de primeiro cultivo proporcionou maior número de frutos por planta
e produtividade de frutos comerciais.
- O uso do agrotêxtil de primeiro e segundo cultivo favoreceu maior teor de sólidos
solúveis.
Experimento 2:
- A cobertura do solo com mulching plástico e a proteção das plantas com
agrotêxtil proporcionaram maior rendimento de frutos de melancia ‘Quetzale’.
- A qualidade dos frutos, não foi afetada pela cobertura do solo com mulching
plástico e proteção das plantas com agrotêxtil.
-A utilização do mulching plástico como cobertura do solo combinado com a
proteção das plantas com agrotêxtil modificou a temperatura do ar e do solo.
Em locais onde não há incidência de pragas seria desnecessária a utilização
do agrotêxtil, porém em locais onde há uma grande pressão de pragas não seria
possível produzir melancia sem a utilização do agrotêxtil. Os tratamentos que não
receberam proteção com o agrotêxtil e o mulching, apresentaram produtividades
inferiores.
Considerando os resultados obtidos nos experimentos pode-se dizer que o
agrotêxtil, se bem conservado poderá ser utilizado até três ciclos, sem prejudicar a
qualidade e rendimento da cultura.
44
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rendimento e qualidade de frutos de melancia cultivada sob