UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE DEPENDÊNCIA QUÍMICA E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ISAURA AZEVEDO LIMA Orientador Prof. Antônio Fernando Vieira Ney Rio de Janeiro ABRIL 2006 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE DEPENDÊNCIA QUÍMICA E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ISAURA AZEVEDO LIMA Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Gestão de Recursos Humanos 3 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, pelo dom da vida, pela minha família, pelos meus amigos, pelo meu trabalho e por esta oportunidade de aprendizado e de aperfeiçoamento. Ao meu marido, amigo e companheiro, e aos meus amados e queridos filhos pelo que representam em minha existência, pelo apoio, pelo incentivo e pela forma carinhosa, amorosa e compreensiva que compartilharam minha apreensão e ansiedade em concluir este trabalho. A minha sogra pelo apoio, dedicação e presença constante em minha vida e de meus familiares, principalmente nos momentos mais difíceis. Aos meus amigos e companheiros de trabalho, com os quais convivo há muitos anos, em especial, Doralice, Elaine, Fátima Albini, Gomes, Vera A. Lima e Virgínia pela disponibilidade, apoio, e incentivo, tornando possível à realização desta monografia. Aos professores da Universidade Candido Mendes, projeto “A Vez do Mestre”, por terem me auxiliado através do conhecimento e experiências compartilhadas em sala de aula, em especial, ao Professor Antonio Ney, orientador dessa monografia, pelas suas orientações e sugestões que muito contribuíram para o formato final deste trabalho. 4 Aos colegas de curso, especialmente, Bebel, Bianca, Girlei e Priscila, com quem tive a oportunidade de conviver mais de perto, pelos momentos agradáveis que passamos juntas, pela amizade, pelo carinho e experiências compartilhadas. Enfim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para que chegássemos ao final desta nossa etapa. 5 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todos os profissionais engajados e comprometidos com a área de Recursos Humanos, em especial à Dependência Química, e àqueles que, como grande guerreiro, lutam para se manter na sobriedade e para àqueles que a vem buscando. Dedico, ainda, aos meus pais “In Memorian” pelo exemplo de coragem, de simplicidade, de honestidade e de perseverança, pelo amor, pelo carinho, pela atenção e pela compreensão que me dedicaram e pelos valores éticos e morais que me transmitiram. 6 RESUMO A Dependência Química, por suas características peculiares, traduz-se em doença multifatorial, ou seja, é desencadeada por uma série de fatores. É, ainda, uma doença não seletiva pela maneira como atinge as pessoas em todos os campos: pessoal, familiar e laborativo. Com este trabalho o que se pretende abordar são as formas como esta doença pode afetar a Qualidade de Vida das pessoas usuárias de drogas dentro do seu ambiente funcional, bem como a importância dos programas, projetos e iniciativas que podem ser promovidas pelas organizações, pelas empresas, visando a melhoria da Qualidade de Vida no Trabalho. Nossa experiência no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro nos dá o respaldo para afirmar que a valorização do homem e a priorização dos programas de prevenção, acompanhamento e tratamento da dependência química geram bons resultados. Temos como objetivo também ressaltar a importância da relação direta desses Programas com a Qualidade de Vida no Trabalho. 7 METODOLOGIA Esta monografia foi elaborada através de consulta bibliográfica, busca de material na internet, trabalho de pesquisa documental (fichas sociais, histórico funcional, dados estatísticos) e com os usuários de álcool e drogas da empresa em que trabalho, além de depoimentos e entrevistas com estes servidores e com os profissionais desta empresa que militam no campo da dependência química. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I - Dependência Química 12 CAPÍTULO II - Qualidade de Vida no Trabalho 36 CAPÍTULO III – Analisando o fenômeno da Dependência Química 46 no ambiente de trabalho CONCLUSÃO 70 BIBLIOGRAFIA 73 ANEXOS 77 ÍNDICE 88 FOLHA DE AVALIAÇÃO 89 9 INTRODUÇÃO Até bem pouco tempo, as pessoas, de forma geral, não se preocupavam com os problemas sociais advindos pelo uso das drogas. Este assunto era um tabu. A desinformação, os mitos e os preconceitos criavam uma visão distorcida com relação à Dependência Química, que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é classificada como transtorno mental e de comportamento (LEITE e ANDRADE, 1999:32) e não uma fraqueza moral, uma “sem-vergonhice”, como muitos acreditavam. Com o aumento cada vez maior do número de usuários de drogas em todo o mundo ocasionando risco à integridade do Ser Humano, das famílias e da sociedade, causando reflexos na vida produtiva do país, propiciando queda de produtividade nas empresas, elevando o número de acidentes de trabalho, bem como o afastamento dos empregados para tratamento de saúde, gerando custos cada vez mais elevados para a previdência social, para as empresas, para a sociedade como um todo, propiciou uma mudança de mentalidade com relação a esta complexa questão da Dependência Química. “Segundo dados da Associação Brasileira de Estudos sobre o Álcool e outras Drogas (ABEAD), de 1990, o alcoolismo é o terceiro maior motivo para o absenteísmo ao trabalho e a oitava causa para concessão de auxílio-doença pela previdência social. Cerca de 75% dos acidentes de trânsito com vítimas fatais e 39% das ocorrências policiais estão associadas ao uso de álcool. Se a isso for acrescida a destinação de 32% dos leitos hospitalares em psiquiatria e de 40% das consultas psiquiátricas a pacientes com abuso 10 de álcool, é possível estimar que os custos diretos e indiretos com o consumo de álcool possam equivaler a 5,4% do PIB brasileiro” (ABEA, 2005) Hoje, grande parte da sociedade, dentre outros os empresários e os profissionais interessados na área de Recursos Humanos (RH), vem buscando através de estudos cada vez mais aprofundados, minimizar os efeitos da Dependência Química na Qualidade de Vida do Trabalho e na Qualidade de Vida de seus empregados. Sensibilizada que somos com as questões sociais que envolvem o HOMEM em suas relações sociais, respaldada em uma experiência profissional de 27 anos como Assistente Social do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), onde o HOMEM é tido como seu “maior patrimônio”, fez despertar em nós o interesse por estudar a questão da Dependência Química x Qualidade de Vida no Trabalho. Nortearemos nosso estudo a partir da definição de De Marchi, que “Qualidade de Vida é estar saudável, desde a saúde física, cultural, espiritual até a saúde profissional, intelectual e social” (Gazeta Mercantil, 21/dez/98, apud FRANÇA, 2004:43) e da conceituação da OMS, em 1986, de que “Saúde não significa a ausência de doença e sim possuir completo bem-estar bio-psico e social” (OMS, apud FRANÇA, op. cit.:29) ; afirmativas que se interligam. O objetivo de nossa monografia é estudar a relação entre Dependência Química e a Qualidade de Vida no Trabalho, a partir de nossa vivência profissional em uma Organização Militar atípica, onde seu efetivo maior, 85%, é constituído de servidores civis. No primeiro capítulo apresentaremos conseqüências de seu uso e ambiente de trabalho. conceitos sobre a Droga, as suas repercussões no contexto familiar e no 11 O foco do segundo capítulo será o histórico e origem da Qualidade de Vida no Trabalho, assim como a apresentação de conceitos que respaldam nosso estudo. O capítulo final conterá um breve panorama do AMRJ e do Serviço Social, onde são desenvolvidos projetos para a prevenção da Dependência Química e acompanhamento dos servidores civis e militares usuários ou abusadores de drogas. 12 CAPITULO I – DEPENDÊNCIA QUÍMICA 1.1 – Considerações Gerais A sociedade tem visto e ouvido, com grande ênfase, através dos meios de comunicação, alertas sobre as conseqüências do uso das drogas. Os meios de comunicação ao mesmo tempo em que combatem as drogas, contribuem para o seu alastramento, através de propagandas estimulando o uso de bebidas alcoólicas, de tranqüilizantes e de remédios para emagrecer. A Dependência Química, toxicomania ou adicção (terno utilizado por muitos autores) é o modismo e a praga dos últimos trinta anos, apesar de seus malefícios serem de conhecimento de grande parte da população mundial. Poucas indústrias movimentam igual volume de dinheiro e poucas guerras matam tanto quanto a guerra das drogas. O termo Dependência Química em substituição aos termos hábito, uso, abuso, costume, vício, até hoje empregados, surgiu em 1964. O Comitê da Organização Mundial de Saúde (OMS) formulou o conceito dependência enquanto uma espécie de nomenclatura para a denominação da doença desencadeada pelo consumo repetitivo de drogas. Conceituaram dois tipos de dependência : a física e a psíquica. É importante frisar também que existem dois grupos relacionados com o consumo de drogas: os usuários de drogas e os dependentes. Os primeiros podem se valer da droga para o seu deleite e em momentos de angústia. Os segundos, porém, são compelidos para sua ingestão por forças físicas ou psíquicas poderosas, onde as drogas passam a representar o valor soberano na 13 regulação de sua existência. Os usuários de drogas não desenvolvem um processo de dependência física ao contrário dos dependentes (também chamados toxicômanos e adictos) dentre os quais a dependência física exige não apenas o aumento da dose das drogas, mas também a sua substituição por drogas cada vez mais potentes. A dependência faz parte da natureza do Homem, visto que durante a vida , o homem cria relações com objetos, pessoas e situações, sendo que algumas dessas relações são de grande importância para o bem-estar e outras causam prejuízo ou seja causam o “vício”. Na Dependência Química, ocorre um vínculo extremo onde a droga é priorizada em detrimento de outras relações. Segundo a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD, 2002:13) as principais causas para os indivíduos usarem drogas são: para relaxar; diminuir inibições; lidar com problemas; tratar problemas de saúde; pertencer a determinado grupo; obter prazer; realizar rituais religiosos; saciar curiosidade. Na falta da droga, os indivíduos acostumados ao seu uso são dominados por sintomas dolorosos. De acordo com a OMS (ibid), droga significa “qualquer substância natural ou sintética que administrada por qualquer via no organismo, afete sua estrutura ou função”. Existem as drogas lícitas e as drogas ilícitas. Existem, ainda, as 14 drogas depressoras, que abaixam ou reduzem a atividade mental e as drogas estimulantes, que elevam a atividade mental. E os alucinógenos, que produzem desvios e distorções da atividade mental. (ibid) Mas já que, segundo Hobbes, a tendência do homem é fugir do sofrimento, principalmente da morte, por que determinados indivíduos empregam seu tempo com o uso de drogas? O consumo de drogas não se deixa dissociar da procura do prazer e pode tornar-se problemático, precisamente por ser prazeroso. Este prazer pode resultar em sensações de bem-estar ou euforia, de força, de poder, leveza ou serenidade; ou ainda ausência de dor e memória. Esta procura de bem-estar e prazer é natural fazendo parte da vida de todos.Quando se precisa de tais meios artificiais, significa que há algo errado consigo mesmo ou nas relações com os outros. Recorrer a produtos químicos apresenta-se então como uma saída possível como se eles fossem uma “porção mágica” contendo a “solução”. “Todo homem é desejoso do que é bom para ele, e foge do que é mau, mas acima de tudo do maior dentre os males naturais, que é a morte...Não é pois absurdo, nem repreensível, nem contraia os ditames da verdadeira razão que alguém use de todo o seu esforço para preservar e defender o seu corpo e membros da morte e sofrimentos” (HOBBES, 1998:31) Tal consumo é ainda mais facilitado pelo crescimento de opções disponíveis no mercado de drogas. Além das substâncias já conhecidas há muitos anos (álcool, cocaína, maconha, ópio), a moderna indústria farmacêutica desenvolve novos e melhores meios de superar a dor mental e física. A produção e a distribuição de drogas constituem um oásis de riqueza e de trabalho num mundo de pobreza devastadora, onde as mesmas tornam-se mercadorias mágicas imbuídas de valores de uso e troca. 15 Dada a complexidade da problemática do uso de drogas, envolvendo a interação de fatores biopsissociais, o campo das ações preventivas é extremamente abrangente, envolvendo aspectos que vão desde a formação da personalidade do indivíduo até questões familiares, sociais, legais, políticas e econômicas. Em relação ao consumo de drogas pode-se considerar como prevenção tudo aquilo que possa ser realizado para, efetivamente, impedir, retardar, reduzir ou minimizar o uso de drogas e os prejuízos relacionados. De acordo com as características da população-alvo e dos objetivos que se pretendem atingir, podemos classificar a prevenção ao uso de drogas em : 1) Prevenção primária: intervenção junto à população antes do primeiro contato com a droga; seu objetivo é impedir ou retardar o início do consumo de drogas; 2) Prevenção secundária: intervenção que ocorre após o primeiro contato da população com a droga; seu objetivo é evitar a progressão do consumo e minimizar os prejuízos relacionados ao uso; 3) Prevenção terciária: é a intervenção realizada após a instalação de transtornos relacionados a substâncias; seu objetivo é evitar ou minimizar as complicações decorrentes do uso abusivo de drogas. (ANDRADE e BASSIT, 1995 apud SENAD, 2002:311) A prevenção às drogas visa à adoção de uma atitude responsável com relação ao seu uso. Seu objetivo é evitar o estabelecimento de uma relação destrutiva do indivíduo com a droga. Segundo a OMS estão mais sujeitos a usar drogas, aqueles que: 16 não dispõem de informações adequadas; estão insatisfeitos com a sua qualidade de vida; encontram-se pouco integrados à família e na sociedade; têm fácil acesso a estas substâncias. A prevenção deve objetivar, ainda, a educação em favor da formação do indivíduo e de sua inserção na sociedade, a partir da promoção da qualidade de vida e da valorização da vida. 1.2 – Caracterização das Drogas e de suas Conseqüências Neste sub-capítulo será caracterizado o conceito de droga, suas conseqüências para o indivíduo e como a dependência química se instala. Esta caracterização vai permitir compreender os impactos e conseqüências no mundo familiar e profissional do indivíduo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) droga é “sustância que, quando administrada ou consumida por um ser vivo, modifica uma ou mais de suas funções, com exceção daquelas substâncias necessárias para a manutenção da saúde normal”. ( GHODSE, 1995, apud LEITE e ANDRADE, 1999: 26) Entre os tipos de drogas existentes, as psicoativas ou psicotrópicas, foco deste trabalho, “são substâncias que agem no Sistema Nervoso Central, causando modificações nas emoções, no humor, no pensamento e no comportamento.” (OMS, 1995, apud AZEVEDO, 2006:2) As drogas podem ser classificadas, sob alguns critérios básicos, dentre eles origem, legalidade , consumo e mecanismos de ação. A classificação das drogas, sob esses diferentes aspectos, é fundamental para a compreensão de seu desenvolvimento, seus mecanismos de ação e efeitos. 17 No que diz respeito à origem, as drogas psicoativas podem ser divididas em três grupos: 1) Naturais: são aquelas extraídas de uma fonte exclusivamente natural, em geral de plantas. Como exemplo temos os cogumelos e a trombeteira, consumidos sob a forma de chá; 2) Semi-sintéticas: são obtidas em laboratório, a partir de uma matriz natural. É o caso da cocaína, da maconha, do tabaco e do álcool; 3) Sintéticas: são produzidas, unicamente, por manipulações químicas e não dependem para sua confecção de substancias vegetais ou animais como matériaprima. Inclui-se nessa categoria o LSD, Ecstasy, além dos calmantes , barbitúricos ou remédios para dormir. (SENAD, 2002) Com relação ao seu consumo as drogas que podem ser administradas por quatro meios, a escolha da via de administração, em geral, é baseada na conveniência e no desejo de obter rapidamente o início e a duração do efeito. Elas são: 1) Via oral: modo de uso mais comum, sendo caracterizado pela ingestão de comprimidos , líquidos e pastilhas; 2) Via mucosa e pele: a mucosa forma-se em superfícies úmidas da boca, do nariz, dos olhos, da garganta, do reto e da vagina. Determinadas drogas utilizadas embaixo da língua têm rápida e efetiva absorção; já a absorção pela pele é realizada, geralmente, com produtos colocados de forma localizada, como pomadas analgésicas. Atualmente, muitas substâncias, como por exemplo, a terapia de substituição (indicada para o controle dos sintomas da síndrome de abstinência e reposição hormonal), tem sido aplicadas através de adesivos de uso contínuo; 18 3) Inalação: para muitas drogas é o modo mais rápido de administração. A principal desvantagem refere-se a pouca quantidade que pode ser absorvida numa única dose; 4) Injeção: relacionada ao uso de agulhas e de seringas, sob forma subcutânea, intramuscular e intravenosa. Este é o meio que envolve um alto risco de infecções e de transmissão e contaminação de determinadas doenças, como Hepatite C, HIV , entre outras. (SENAD, 2002) Em relação aos aspectos legais, no Brasil, elas podem ser classificadas em: 1) Lícitas: não é crime produzir, usar, nem comercializar. São drogas lícitas muito conhecidas e de uso quase universal o álcool, o tabaco e a cafeína; 2) Ilícitas: são aquelas cuja produção, a comercialização e o consumo são considerados crime, sendo proibidas por leis específicas. A maconha e a cocaína são as drogas ilícitas mais consumidas no Brasil. (SENAD, 2002) A classificação quanto aos mecanismos de ação no Sistema Nervoso Central (SNC) é fundamentada, basicamente, na compreensão de como as drogas produzem os respectivos efeitos. Elas são divididas, em quatros grupos: 1) Depressoras: são assim denominadas porque diminuem a atividade mental, fazendo com que o cérebro funcione de forma mais lenta, prejudicando a concentração e a capacidade intelectual. Fazem parte deste grupo: Tranqüilizantes são sustâncias sintéticas também conhecidas como sedativos e calmantes. Entres seus efeitos se tem o alívio da tensão e da ansiedade, sonolência, fala “pastosa” e descoordenação dos movimentos. Em doses maiores, seu consumo leva à queda de pressão arterial e, se associado ao álcool, pode ser letal. 19 Álcool são bebidas que possuem o álcool como um dos seus componentes. Em doses pequenas causa desinibição, euforia e perda da censura; e em doses maiores causa sensação de anestesia, sonolência e sedação. O uso prolongado e excessivo pode causar doenças como cirrose, pancreatite, atrofia cerebral, entre outras. Inalantes ou solventes são substâncias voláteis, evaporam na temperatura ambiente, que quando inaladas produzem efeitos no cérebro capazes de alterar seu funcionamento. Alguns produtos comerciais , como cola de sapateiro, tintas, tíner, gasolina, éter, benzina, acetona, gasolina, entre outros, contém estes solventes. Como efeito de uso (inalação) se tem a euforia, diminuição da fome, alucinação, confusão mental. Em altas doses podem ocasionar diminuição da respiração e dos batimentos cardíacos, podendo levar ao óbito. Narcóticos extraídos da papoula ou produtos sintéticos. São representados pela heroína, morfina, codeína, entre outros. Seu uso provoca sonolência, torpor, alívio da dor, sensação de leveza e prazer. Em altas doses pode haver queda de pressão arterial, diminuição da respiração e dos batimentos cardíacos, podendo também levar à morte. (SENAD, 2001) 2) Estimulantes: são drogas que uma vez ingeridas, fumadas ou cheiradas, provocam estimulação do Sistema Nervoso Central (SNC), levando o indivíduo a ficar excessivamente “ligado”. Seu uso estimula a atividade física e mental, inibindo o sono e diminuindo o cansaço e a fome. Dentre as drogas de poder estimulante, temos as seguintes: Anfetaminas são substâncias sintéticas como a metanfetamina (“ice”, “bolinha”), moderix e hipofagian. Estas drogas estimulam a atividade física e mental, causando a diminuição da fome, do cansaço e do sono. Pode, ainda, causar taquicardia, aumento da pressão arterial, ansiedade, agressividade, 20 alucinações e convulsões. Seu uso prolongado pode levar a destruição do tecido cerebral. Cocaína extraída da folha de coca, uma planta encontrada na América do Sul, pode ser consumida de três formas: pó (cheirada), pedra/crack (fumada) e pasta ( uso endovenoso). Dentre seus efeitos se tem à sensação de poder, excitação e euforia. Seu uso prolongado pode causar taquicardia, insônia, ansiedade, agressividade, paranóia de cunho persecutório e complicações cardíacas e cerebrais. Tabaco extraído da folha do fumo e consumido em forma de cigarro, charuto ou fumo. Provoca sensação de prazer e reduz o apetite. O seu uso prolongado está associado a problemas cardíacos, respiratórios e a vários tipos de câncer. ( SENAD, 2001) 3) Perturbadora: são drogas capazes de alterar o sentido da realidade, provocando alterações na percepção. Pode-se citar como exemplo: Maconha extraída da planta cannabis sativa. Tem como efeitos a excitação seguida de relaxamento, perda da noção de espaço e tempo, fala em demasia e fome intensa. O uso prolongado pode causar prejuízo da atenção e da memória, paranóia, diminuição dos reflexos e a síndrome amotivacional (desânimo generalizado) Alucinógeno são substâncias extraídas de plantas ou produzidas em laboratório, como o LSD ( ácido lisérgico), mescalina ( extraída de cactos) e o chá de cogumelo. Seus efeitos são os mesmos causados pela maconha, mas muito mais intensos. Podem ocorrer, também, estados de ansiedade, pânico e delírios. Ecstasy substância sintética, derivada da anfetamina (moderador de apetite e “bolinhas”), com propriedade estimulante (aumenta a atividade do SNC) e 21 perturbadora (altera o sentido da realidade). Produz sensação de bem-estar, leveza, plenitude e resistência física. Altas doses podem causar aumento de temperatura e desidratação, podendo levar ao óbito. (SENAD, 2001) 4) Medicações psiquiátricas: incluem drogas utilizadas no tratamento de transtornos mentais crônicos ou não. Como principais exemplos temos: antipsicóticos, antidepressivos e estabilizadores de humor ( SENAD, 2002) Após esta breve caracterização de algumas das drogas mais conhecidas, é importante salientar que o uso de drogas pode evoluir do uso inicial (experimentação), para o uso ocasional, em seguida para o consumo regular, podendo chegar à dependência. A seguir apresentam-se algumas definições: Experimentador: pessoa que experimenta a droga, levada geralmente por curiosidade. É aquele que usa a droga uma ou algumas vezes e em seguida perde o interesse, não repetindo a experiência. (CEBRID, 2006) Usuários ocasional : utiliza, em algumas ocasiões, uma ou várias drogas quando disponíveis ou em ambiente favorável, sem rupturas (distúrbios) afetiva, social ou profissional. (ibid) Usuário habitual: faz uso freqüente, porém sem que haja ruptura afetiva, social ou profissional, nem perda de controle. (C.A.D.A., 2006) Usuário abusador: usa a droga de forma freqüente e exagera, com rupturas dos vínculos afetivos e sociais. (CEBRID, 2006) 22 Escalada: é quando a pessoa passa do uso de drogas consideradas “leves” para as mais “pesadas”, ou quando, com uma mesma droga, passa de consumo ocasional para consumo intenso. (ibid) Poliusuário: pessoa que utiliza combinação de várias drogas simultaneamente, ou dentro de um curto período de tempo, ainda que tenha predileção por determinada droga.(ibid) Tolerância: é a necessidade que a pessoa tem de usar doses cada vez maiores de uma determinada droga, para obter os mesmos efeitos que obtinha em doses menores. (ibid) Síndrome de abstinência: um conjunto de sintomas fisiológicos, quando o uso de droga é interrompido abruptamente, que variam segundo o grau de intoxicação, desde de tremores matinais, náuseas, irritabilidade, até quadros com delírios e alucinações, decorrentes da interrupção do uso abusivo de uma droga. (ibid) Reincidência/Recaída: chama-se reincidência, quando alguém em recuperação reincide (recai), retorna a condição da doença, ou seja, bebe ou faz uso de droga após um período que não mais fazia isto ( período de abstinência) (CAMPBELL e GRAHAM, 1991:19) Negação: é um processo psicológico pelo qual a pessoa se recusa a admitir algo que é penoso ou ameaçador. É um mecanismo mental de defesa que funciona por meio da negativa de que o processo esteja acontecendo.( ibid:24) Dependência: faz parte da natureza do homem, uma vez que toda a existência humana está compreendida entre estados de dependência. Durante a vida, o ser humano cria relações com objetos, pessoas e situações. Algumas dessas relações são importantes para o bem-estar, outras causam prejuízo, perda de autonomia, etc.(CASA DIA, 2006) 23 Dependência química: caracteriza-se por um desejo incontrolável de consumir uma droga, apesar das conseqüências danosas serem evidentes. A Dependência Química é considerada doença catalogada pela Organização Mundial de Saúde. Ela pode ser física e/ou psicológica. ( SECRETARIA ESPECIAL DE PREVENÇÃO À DEPENDÊNCIA QUÍMICA, 2006) Dependência física: é diagnosticada pelo aparecimento de sintomas físicos gerados pela ausência da droga no organismo. Estes sintomas são chamados de síndrome de abstinência e podem aparecer algumas horas ou dias após a interrupção do consumo. (ibid) Dependência psicológica: corresponde a um estado de mal estar e desconforto que surge quando o dependente interrompe o uso da droga. Os sintomas mais comuns são: ansiedade, sensação de vazio, dificuldade de conciliação, que variam de pessoa para pessoa. (CEBRID, 2006) No tratamento de dependentes químicos, a dependência física pode ser tratada com medicamentos, mas a dependência psicológica é mais difícil de ser tratada, sendo a parte mais complexa durante abstinência Para a dependência química se desenvolver é preciso: o indivíduo dependente, o meio social em que ele vive e a droga. Ela só se desenvolve no indivíduo que tem a doença e para isso ela precisa estar num meio que propicie o uso da drogas e a droga em si. Pode acontecer também do indivíduo não ser dependente de alguma droga, mas sofrer danos físicos decorrentes do uso, como por exemplo, um acidente de carro causado pelo excesso de ingestão do álcool. Segundo dados estatísticos da OMS (apud SENAD, 2002:27), somente uma pequena parcela da população, 10%, que experimenta drogas, sejam lícitas (álcool, cigarro) ou ilícitas (maconha, cocaína, ecstasy), irá desenvolver a 24 dependência química. A grande maioria pode usar drogas de forma controlada, depois deste período inicial de uso, abandona espontaneamente a busca pela substância. Segundo a OMS, os usuários podem ser classificados em: Não usuário: nunca utilizou drogas; Usuário leve: usou drogas no último mês, mas o consumo foi menor que uma vez por semana; Usuário moderado: utilizou drogas semanalmente, mas não todos os dias, durante o último mês; Usuário pesado: utilizou drogas diariamente, durante o último mês. (SENAD, 2001) O uso de drogas nasce na sociedade a partir das contradições e dificuldades geradas por ela e de como o indivíduo reage a essas mesmas contradições e dificuldades. É um ato alienado, porque para se anestesiar das suas dificuldades, o indivíduo se droga e se torna alheio às coisas que estão ao seu redor. O que o dependente químico expressa na verdade é um sintoma das dificuldades cotidianas, tendo em vista o fato de que a sociedade que condena o uso de drogas é a mesma que propicia tal comportamento. O usuário compulsivo não vê possibilidade de transformação da sua realidade e adquire uma postura de impotência perante a sua própria vida. Ao invés de tentar mudar a realidade, ele prefere mudar sua percepção sobre ela. “O tempo, de seu ponto de vista, não é um processo, mas um presente eterno e imóvel. Por isso é que, num sentido primordial, coincidíramos o toxicômano doente, pelo caráter 25 anti-histórico de sua concepção da realidade”. (KALINAS, 1999:23) As drogas, nos dias atuais, têm servido para o indivíduo “escapar” da realidade e do enfrentamento dos problemas cotidianos. O consumo de drogas afeta as esferas das relações sociais do homem, estando presente no convívio familiar, na escola e no trabalho. A Família: É por meio da família que se aprende a ser indivíduo e devido a isso é importante que haja uma boa comunicação entre seus membros para que os conflitos individuais sejam resolvidos. Se as drogas vêm de encontro à sociedade trazendo violência, criminalidade e dificuldades de relacionamento; ela atinge em cheio a família, fazendo com que suas funções fiquem prejudicadas. Acredita-se que, em certas famílias, a dependência química pode ser gerada com uma maior facilidade, pois alguns comportamentos podem levar ao uso de substância química. A dificuldade de relacionamento e o distanciamento entre os membros da família, por exemplo, podem ser fatores de risco. Geralmente as famílias negam que algum de seus membros faça uso de drogas. Negam, porque admiti-lo implica em admitir uma possível “falha” na formação de seus membros. Outro motivo é a desinformação em relação às drogas; quando não se tem conhecimento sobre algo é mais fácil negar.Os familiares fazem “vistas grossas” ao consumo, na esperança de que este será interrompido e que, no final, tudo voltará ao normal; o que eles geralmente desconhecem é que o consumo experimental pode evoluir até chegar à dependência e quanto mais tempo se demora em admitir o uso, maior será o comprometimento do dependente. 26 A descoberta do uso demora porque geralmente a família não enxerga as pistas deixadas pelo usuário e não consegue estabelecer uma comunicação direta com ele a respeito de seus problemas. O impacto da descoberta ocasiona uma série de sintomas que se misturam e, diante de tal realidade, é comum que a família não saiba como agir. São quase sempre estes os sintomas iniciais das famílias: Vergonha: não sabe o que fazer; Minimização: diminuir o problema, como uma tentativa de não enfrentar a situação; Preocupação com o futuro: medo do que possa vir a acontecer; Desapontamento: pelas promessas não cumpridas; Culpa: a família desencadeia um processo de autodesvalorização; Mentiras: para proteger o dependente químico; Isolamento social: para ninguém descobrir o problema; Superproteção: colocar o dependente químico numa posição inferior, e tratá-lo como criança que não é capaz de assumir responsabilidades; Frustração: o dependente químico não corresponde às expectativas criadas em torno dele; Ressentimento. (CONTEXTO, 1998) A família “adoece” junto com o dependente químico e vem à tona o que se pode chamar de “mito da harmonia familiar”, ou seja, todos eram muitos felizes até a descoberta do uso de drogas. O dependente químico assume toda a culpa pelos problemas familiares e todos passam a viver em torno dele: só dormem quando ele chega em casa, ficam aflitos se o mesmo não volta e estão sempre à procura de notícias quando ele fica sem aparecer. 27 O uso de drogas pode ocorrer com qualquer membro da família: filhos, pais, marido, mulher, irmãos. A Escola: Estudos sobre a relação entre a adolescência e o uso de drogas apontam o aumento da experimentação, consumo e uso regular cada vez mais cedo. A conseqüência é que os adolescentes e jovens estão expostos a graves problemas de saúde física e mental. A sociedade, família e escola precisam se responsabilizar e acompanhar, atentamente, os jovens que estão consumindo substâncias psicoativas. O contexto escolar tanto pode favorecer ou desfavorecer ao consumo de drogas entre os adolescentes. Entre os fatores de risco presentes na escola, ou seja, os que aumentam a probabilidade de seu uso, pode-se mencionar: a indefinição de normas ou a falta de controle sobre a presença de drogas; a tolerância ao uso do cigarro; a utilização de rótulos para a identificação do aluno como forma de punição ou de exclusão. São fatores de proteção, isto é, aqueles que diminuem a probabilidade de uso de drogas, mais presentes no ambiente escolar : a verbalização de expectativas positivas com relação ao aluno; o estímulo à continuidade dos estudos; o estímulo ao exercício dos princípios de altruísmo, cooperação e solidariedade; a promoção de atividades criativas e extracurriculares para a criação de vínculo entre aluno, escola, pais e comunidade; a atuação da escola como veículo de informação adequada sobre a questão das drogas. 28 A escola tem um papel fundamental no desenvolvimento sadio do adolescente e do adulto, pois contribui para a formação global do jovem e da sociedade. A prevenção ao uso de drogas é uma atitude a ser adquirida desde a infância e promovida durante toda a vida. Assim, o papel da escola na prevenção é educar crianças e jovens a buscarem e desenvolverem sua identidade e subjetividade, promover e integrar a educação intelectual e emocional, incentivar a cidadania e a responsabilidade social, bem como garantir que eles incorporem hábitos saudáveis no seu cotidiano. O Trabalho É no local de trabalho que o empregado convive a maior parte do dia, demonstrando suas mudanças comportamentais ligadas ao consumo de drogas. A atuação do encarregado ou chefia imediata com o pessoal de Recursos Humanos e com profissionais especializados é fundamental para a recuperação do empregado e o incremento da produtividade da Empresa. A empresa é um local privilegiado para a detecção da Dependência Química e pode se constituir num importante instrumento de auxílio no tratamento do dependente químico. Portanto, para se identificar os indivíduos que fazem uso abusivo de substâncias químicas, para orientá-los e para encaminhá-los aos lugares habilitados a prestar a ajuda necessária, é essencial que seus membros estejam atentos às manifestações que possam indicar o uso de substâncias que causam dependência. Para o sucesso de qualquer programa de prevenção e tratamento da dependência química é necessário o comprometimento de todos os membros da organização, especialmente, dos chefes imediatos e/ou encarregados, que, geralmente, estão em melhor posição para avaliar a produtividade no trabalho e para identificar sinais do uso abusivo de drogas. Relaciona-se abaixo, “quesitos” 29 que indicam os padrões de mudança de comportamento, aparência física e produtividade, que sinalizam que o empregado está consumido drogas de forma abusiva. Absenteísmo: ausências não autorizadas; licenças por doença; ausências de curta duração, com ou sem comprovação médica; ausências nas segundas, sextas-feiras e dias que antecedem ou sucedem os feriados; dias de trabalhos extras para compensar ausências; ausências por doenças vagas como resfriados, gripes, enxaquecas. Ausência durante o trabalho: saídas freqüentes do local em que está trabalhando; atraso excessivo após o almoço ou intervalo; idas freqüentes ao bebedouro, estacionamento, banheiro e sala de descanso. Alta taxa de acidentes: acidentes fora do serviço que afetam a produtividade; acidentes de trabalho por negligência; desuso de equipamento de segurança como capacetes, luvas, etc. Produtividade comprometida: diminuição regular da produtividade pela manhã ou pela tarde; queixas dos colegas, clientes, etc; falta aos compromissos; necessidade de tempo sempre maior para realizar sempre menos; desperdícios de materiais, perda/estrago de equipamentos; desculpas esfarrapadas; alternância de períodos de alta e baixa produtividade, que se torna cada vez mais insatisfatória; dificuldades com instruções, procedimentos; dificilmente reconhecem os erros; 30 dificilmente entendem as novas instruções; dificuldade com tarefas complexas; hábitos de trabalho irregulares. Mudanças nos hábitos pessoais: vinda ao trabalho em condições anormais (alcoolizado, vago, confuso, etc); comportamento diferente após o almoço; menos atenção à higiene pessoal; menos atenção à aparência pessoal. Relacionamento ruim com os colegas: reação exagerada às criticas reais ou não; ressentimentos irreais; conversação excessiva com os colegas; estados emocionais muito variados; sempre pedindo dinheiro emprestado; evitando colegas e amigos; irritabilidade crescente; discussões freqüentes; explosões inoportunas de ira, choro, riso. (CAMPBELL e GRAHAM, 1988:116117) Segundo a Hygia Integral – Saúde e Segurança Ocupacional ( 2006): “...A dependência química é uma doença de longa evolução, somente comprometendo a capacidade produtiva do empregado após dez ou vinte anos, quando muito dinheiro já foi investido na sua formação e aperfeiçoamento...O custo do uso de drogas está estimado em 5,4% do Produto Interno Bruto nacional. A dependência química é a terceira maior causa de absenteísmo nas empresas brasileiras, reduz, em média, em 30% a capacidade de trabalho e está envolvido em 40% dos acidentes de trabalho. Ao contrário da crença geral, 31 noventa por cento dos alcoolistas e dos usuários de outras drogas estão empregados e trabalhando. No Brasil, sete por cento das pessoas e, nas grandes empresas, apesar dos complexos mecanismos de seleção de pessoal, cinco por cento dos empregados são dependentes químicos...A recuperação do dependente químico se faz no sentido inverso do seu comprometimento, é no ambiente de trabalho que se percebe imediatamente a melhora; a seguir, na sua vida de relação e, por último, em sua família. Assim, é a empresa a primeira a usufruir as vantagens da recuperação do empregado...” Portanto, é necessário que as empresas administrem o problema da dependência química no ambiente organizacional de forma que o indivíduo possa recuperar a sua saúde bio-psico-social, a sua vida e a sua produtividade. Investir em programas na área da dependência química é a alternativa certa para as empresas, que terão como retorno um empregado mais produtivo, grato e leal. 1.3 – Alcoolismo: Por ser o álcool a substância de maior relevância no universo dos “funcionários” (militares e servidores civis) do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), local de nossa pesquisa, falar-se-á, neste sub-capítulo sobre o alcoolismo e suas conseqüências. Apesar de ser uma droga cujo uso é legalizado, os efeitos do álcool para o organismo de um alcoolista são devastadores. O alcoolismo é uma doença crônica, progressiva que, senão for controlada, é fatal. 32 Por ser lícito, o álcool é, normalmente, a primeira droga de contato para a maioria dos indivíduos, e este contato é aceito socialmente e muitas vezes estimulado pelo meio de convívio. A indústria do álcool procura convencer os indivíduos a usarem seus produtos, para isso utiliza-se de todos os recursos disponíveis de propaganda, introduzindo sua marca em filmes de cinema, propagandas e programas de TV. Os motivos que influenciam ao consumo do álcool são: o seu preço acessível; facilidade e estímulo para sua obtenção através dos meios de comunicação; a “cultura familiar”; é bastante comum que filhos de pais que bebem, adquirem tal comportamento; causas genéticas e ambientais; fatores psicológicos; o álcool utilizado como uma “válvula de escape” para as angústias, medos e frustrações dos indivíduos. (EDWARDS, MARSHALL e COOK, 1999:23) Como já citado, muitos podem ser os fatores que levam o indivíduo a beber, mas o fato é que no decorrer dos anos e com a continuidade, esses fatores iniciais desaparecem, e, para o alcoolista o que fica é a forma de beber compulsivamente. A dependência ao álcool é caracterizada como uma síndrome, por que é constituída por vários sinais e sintomas, e é a freqüência desses sinais e sintomas que levam ao diagnóstico da dependência. Eis alguns deles: Estreitamento do repertório: com a instalação da dependência, o indivíduo cujo consumo varia de acordo com o dia-a-dia e o local que em está inserido, 33 estreita o seu consumo num único tipo de bebida e os padrões de ingestão ficam mais fixos de acordo com a evolução da dependência. “...A pessoa dependente começa a beber a mesma coisa nos dias de trabalho, nos fins de semana ou nos feriados; a natureza da companhia ou seu próprio humor fazem cada vez menos diferença...” (ibid:42) Saliência do beber: prioridade que o alcoolista dá a bebida. Tudo fica em segundo plano, a família, o trabalho, as finanças, a saúde. “O esterótipo do padrão de beber, com o avanço da dependência, leva o indivíduo a dar prioridade à manutenção de sua ingestão alcoólica...” ( Ibid) Tolerância ao álcool: quanto mais tolerância ao álcool o indivíduo tiver, maiores serão suas chances de se tornar um alcoolista; quem tem uma tolerância maior, beberá mais do que aquele que facilmente se embriaga; contudo, no estágio final da dependência, a tolerância adquirida pelo organismo é perdida e o indivíduo pode ficar bêbado com uma pequena dose de álcool. Sintomas de abstinência: são notados pela diminuição dos níveis de álcool no organismo; quanto mais grave for a dependência, mais severos serão esses sintomas, que podem variar desde tremores, náuseas, sudorese, sensibilidade ao som, alterações no humor e no sono, alucinações até chegar ao delirium tremens. “Inicialmente, os sintomas são intermitentes e leves, eles causam pouca incapacidade, e um sintoma pode ser experienciado na ausência dos outros. Na medida que a dependência aumenta, também aumentam a freqüência e a gravidade dos sintomas de abstinência...” ( Ibid:43) 34 Alívio ou evitação dos sintomas de abstinência pelo aumento da ingestão de bebida: é a necessidade que o alcoolista tem de beber para não sentir os sintomas de abstinência; num estágio avançado da doença, o alcoolista tende manter o nível de álcool necessário para não sentir tais sintomas. Percepção subjetiva da compulsão para beber: acontece no momento em que o alcoolista percebe que o seu modo de beber é diferente dos bebedores sociais, que se dê o primeiro gole não conseguirá controlar a quantidade ingerida; é muito difícil para ele aceitar que uma substância que já lhe foi tão agradável, lhe faça mal agora. Reinstalação após a abstinência: o alcoolista passa por um período de abstinência e se depois deste período ele volta a beber, certamente, dentro de poucos dias ou até poucas horas ele voltará a beber como antes. “...Uma síndrome que levou anos para se desenvolver, pode reinstalar-se totalmente dentro de 72 horas de ingestão, e esta é uma das características mais intrigantes da condição.” (Ibid:46) Os consumidores de álcool são classificados como: Bebedor ocasional: são aqueles que ocasionalmente e raramente bebem, por exemplo, uma taça de champanhe no fim do ano ou no dia do seu casamento. Bebedor social: são aqueles que bebem em ocasiões sociais, como festas, batizados e aniversários. Embora não sejam problemáticos, necessitam de atenção. 35 Bebedor habitual: são aqueles que bebem regularmente o álcool, mas ainda tem "um certo" controle de si. São os aperitivos, os barzinhos, a parada no bar ao sair do serviço; bebe para comemorar, bebe para desabafar, etc. Alcoolista: são aqueles que não conseguem mais ficar sem bebida, não bebem por prazer, mas para evitar o desprazer que a falta do álcool provoca como: insônia, irritabilidade, ansiedade e incapacidade de executar tarefas de rotina. Na visão da maioria das pessoas, o alcoolismo e a embriaguez são sinônimos, tendo como causa a falta de caráter ou uma sem-vergonhice, próprios dos indivíduos que usam álcool como muleta para fazer tudo aquilo que não conseguem na normalidade, o que não é verdade. Com base no que foi visto até aqui, pode-se concluir que o dependente químico/ alcoolista é apenas e acima de tudo um indivíduo doente que precisa de ajuda. Não se pode esquecer que atrás de todos eles existe um homem que luta contra a doença, na maioria das vezes, sem saber que é doente, mas acompanhado de muito sofrimento. Conclui-se, ainda, que ao mesmo tempo que a droga traz sensações de prazer, liberdade, poder, ela causa complicações à saúde, ao bem estar, ao ambiente familiar, de trabalho e social daqueles que a utilizam de forma abusiva e que o apoio familiar e das organizações em que estão inseridos, quer sejam elas a importância para a detecção, dependente químico / alcoolista. escola, o seu local de trabalho, são de prevenção, suma tratamento e recuperação do 36 CAPITULO II – QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Para compreender a dinâmica da Qualidade de Vida no Trabalho, torna-se importante fazer uma breve retrospectiva histórica, pois a evolução das relações do homem e do trabalho vem desde os seus primórdios, bem como apresentar alguns conceitos sobre esse tema que respaldaram esta monografia. 2.1 - Origem e Evolução A humanidade se preocupa com a Qualidade de Vida no Trabalho desde o início de sua existência. Segundo Rodrigues “a qualidade de vida no trabalho tem sido uma preocupação do homem desde o início de sua existência com outros títulos em outros contextos, mas sempre voltada para facilitar ou trazer satisfação e bemestar ao trabalhador na execução de sua tarefa.” (RODRIGUES, 1994:76) Já no ano 300 a.c., Euclides, de Alexandria, através de seus ensinamentos sobre os princípios da geometria, aplicados para melhorar os métodos de trabalho dos agricultores à margem do rio Nilo, assim como Arquimedes, em 287 a.c., através da Lei das Alavancas, possibilitando diminuir o esforço físico de muitos trabalhadores, buscavam a melhoria nas condições do trabalho. Nos séculos XVIII e XIX, com a sistematização dos métodos de produção, as preocupações com as condições de trabalho e suas influências na produção e na vida do trabalhador foram estudadas cientificamente. No final do século XIX, ocorre a Segunda Revolução Industrial, trazendo mudanças significativas para o mundo do trabalho. 37 Nesta fase, ocorre o nascimento de novas tecnologias, marcando um grande crescimento industrial com a introdução de máquinas elétricas no processo produtivo, inovações essas que redefiniram a estrutura produtiva e potencializaram sua expansão. O uso da máquina torna-se fator generalizado ao processo de produção tornando “...o trabalhador cada vez mais seu apêndice, reduzindo seu trabalho a gestos repetitivos e organizando o trabalho em equipes” (MATTOSO, 1995:19). A Administração ou Gerência Científica surge a partir do final do século XIX, iniciada por Taylor, enquanto princípios de gerência e de organização do trabalho. Inicialmente, a principal preocupação de Taylor (1979) foi com a racionalização do trabalho. Buscava eliminar os desperdícios e elevar a produtividade, através dos estudos de Tempos e Movimentos. “Os Princípios de Administração Científica...descreviam como a produtividade do trabalho podia ser radicalmente aumentada através da decomposição de cada processo de trabalho em movimentos componentes e da organização de tarefas de trabalho fragmentadas segundo padrões rigorosos de tempo e estudo do movimento...” (HARVEY, 1996:121). A Gerência Científica assume na indústria a função de coordenação e concepção dos processos de produção, com a finalidade de obtenção de maior eficácia e produtividade, através de métodos para ordenar o trabalho, e, ainda, introduz no processo produtivo a separação entre gerência, concepção, controle e execução. Posteriormente, a abordagem de Taylor (1979) caracteriza-se pela análise do aspecto econômico que atinge a produtividade nas operações. Neste período, 38 acreditando que o Homem trabalhava apenas pelo salário percebido, valorizou os trabalhadores através de incentivos salariais, possibilitando condições de ganhos proporcionais a sua produtividade, tendo para tal procurado especializar ao máximo o trabalhador em suas tarefas. Taylor (1979) considerava os trabalhadores incapazes de tomar decisões e saber lidar com situações inovadoras. Chiavenato (1993:112) afirma que “a Administração Científica restringiu-se às tarefas e aos fatores diretamente relacionados ao cargo e à função do operário. Muito embora a organização seja constituída de pessoas, deu-se pouca atenção ao elemento humano”. Apesar das controvérsias, as idéias de Taylor, ainda são, hoje, utilizadas em larga escala em muitas organizações, onde o trabalhador é considerado mero executante de tarefas, incapaz de tomar decisões, simples cumpridor de ordens, facilmente substituível e submetido a constante supervisão. Essas organizações seguem a seguinte máxima: a pessoa certa no lugar correto. Após a primeira Guerra Mundial, o taylorismo não só se expande, como surge uma outra forma de organização do trabalho, articulada com a produção em massa, chamada de fordismo. “O fordismo, enquanto estratégia de organização e racionalização da produção, orientou-se para a produção em massa de produtos tecnologicamente complexos, utilizandose de economias de escala e inovações no produto e técnicas de montagem” (MATTOS, 1995: 35) Ford acreditava na importância de haver aumento salarial e diminuição da carga horária de trabalho. Houve épocas em que os trabalhadores viviam em 39 condições desumanas, com jornadas de trabalho que chegavam há 18 horas diárias, onde suas necessidades básicas não eram consideradas. Segundo Harvey (1996:122), o dia de oito horas e cinco dólares, introduzidos por Ford, tinha como propósito não só obrigar o trabalhador a adquirir disciplina necessária à operação do sistema de linha de montagem de alta produtividade, como também, permitir que os trabalhadores tivessem tempo e renda disponíveis para o lazer e para o consumo. Era importante serem consumidores, além de classe trabalhadora. Contudo, as condições precárias de vida dos trabalhadores não lhes permitiram tornarem-se consumidores dos produtos que produziam, como pretendia Ford. A denominação Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), surge na década de 50, em Londres, no Travistock Institute, com as pesquisas de Eric Trist e seus colaboradores, quando desenvolveram uma série de estudos que deram origem a uma abordagem sócio-técnica em relação à organização do trabalho. Essa expressão “QVT” era utilizada para designar experiências calcadas na relação indivíduo-trabalho-organização, com base na análise e reestruturação da tarefa, com o objetivo de tornar a vida dos trabalhadores menos penosa. (FERNANDES, 1996:40) Segundo Orstman (1984), esse instituto foi criado por uma equipe de investigadores de ciências sociais que tinha resolvido alguns problemas práticos na 2ª Guerra Mundial. O grupo era formado por psiquiatras, psicólogos e antropólogos, que se reuniam para resolver problemas específicos de organizações e relação social, principalmente relações internas entre os próprios trabalhadores e/ou entre trabalhadores e chefia, em diversas empresas de grande porte. (SILVA,2001). 40 No entanto, somente a partir da década de 60, a preocupação com a Qualidade de Vida no Trabalho toma impulso, através de iniciativas de líderes sindicais, empresários, governantes e cientistas sociais, que objetivando minimizar os aspectos negativos do trabalho sobre o trabalhador, buscaram melhores formas de organizar e realizar o trabalho, tendo como base os aspectos de saúde e bem-estar geral dos trabalhadores (VIEIRA, 1996) Apesar da expressão Qualidade de Vida no Trabalho ter sido introduzida, publicamente, por Louis Davis, professor da UCLA, Los Angeles, no inicio dos anos 70, através do seu trabalho sobre delineamento de cargos, esta década se caracteriza pelo início do desaceleramento dos estudos da Qualidade de Vida no Trabalho, em função da crise energética ligada ao aumento do preço do petróleo e a alta inflação que atingiram os paises do ocidente, em particular, os Estados Unidos, fazendo com que as empresas deslocassem sua atenção para a luta pela sua sobrevivência e considerassem de importância secundária os interesses de seus empregados ( CHIAVENATO, 1999 e VIEIRA, 1996) “O termo Qualidade de Vida foi cunhado por Louis Davis na década de 1970 quando desenvolvia um projeto sobre desenhos de cargos. Para ele o conceito de QVT refere-se à preocupação com o bem-estar geral e a saúde dos trabalhadores no desempenho de suas tarefas.” (CHIAVENATO, 1999) Na própria década de 70, em 1979, ressurge o interesse com a Qualidade de Vida no Trabalho, incentivada, principalmente, com a perda da competitividade das indústrias norte-americanas e pelo grande sucesso da indústria japonesa, que apresentava as formas de gerenciamento muito diferentes das ocidentais. Os anos 80 são marcados pela preocupação com uma maior participação dos trabalhadores nos processos decisivos das empresas, quando estes 41 questionam seus direitos trabalhistas, levando as empresas a repensar suas condutas e a buscar novas soluções (NADLER e LAWLER, 1983) Desde então, segundo Búrigo, a Qualidade de Vida no Trabalho, toma um novo conceito “passa a ser vista como um conceito global, como uma forma de enfrentar os problemas de qualidade e produtividade” (BÚRIGO, 1997: 32) Na década de 90, o termo Qualidade de Vida no Trabalho passou a ter uma maior amplitude e a integrar os discursos acadêmicos, a literatura relativa ao comportamento nas organizações, os programas de Qualidade Total, as conversas informais, a mídia em geral, além de ser utilizado tanto na avaliação das condições de vida urbana quanto no que se refere à saúde do trabalhador. ( BOM SUCESSO, 1998: 29) Atualmente, a Qualidade de Vida no Trabalho está disseminada e em franco desenvolvimento em muitos países da Europa e nos Estados Unidos, visando melhor atender as necessidades psicossociais dos trabalhadores, com o objetivo de elevar seus níveis de satisfação no trabalho (FERNANDES, 1996) No Brasil, o interesse pelo tema é recente, porém tem sido objeto de alguns estudos e pesquisas desenvolvidos no sentido de ampliar os conhecimentos sobre Qualidade de Vida no Trabalho e de gerar condições para novas discussões. 2.2- Conceituação Apesar do tema Qualidade de Vida no Trabalho ter surgido há mais de 40 anos e dos diversos estudos, debates e pesquisas desenvolvidas, a Qualidade de Vida no Trabalho possui diversas, distintas e diferentes abordagens, isto é, cada autor a conceitua conforme os elementos que julga mais importante para que haja, efetivamente, Qualidade de Vida no Trabalho. Contudo, todas essas definições 42 têm, praticamente, como ponto comum o objetivo de propiciar maior humanização e melhores condições de trabalho, aumento do bem-estar dos trabalhadores e maior participação destes no contexto das organizações. Como conceito de Qualidade de Vida, destaca-se: Para Walton (1973, apud Fernandes, 1996:44), um dos principais expoentes no estudo da questão, a Qualidade de Vida no Trabalho vem se destacando como forma de resgatar “valores humanísticos e ambientais, que vêm sendo negligenciados em favor do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico”. O seu modelo, que propõe oito variáveis a serem observadas na avaliação da Qualidade de Vida no Trabalho, é calcado na humanização do trabalho e responsabilidade social da empresa, envolvendo reestruturação do desenho dos cargos e novas formas de organizar o trabalho, com ênfase no desenvolvimento pessoal do indivíduo e melhoria do meio ambiente organizacional. Critérios 1- Compensação justa e adequada Indicadores de QVT equidade interna e externa; justiça na compensação; partilha dos ganhos de produtividade; proporcionalidade de salários 2-Condições de trabalho jornada de trabalho razoável; ambiente físico seguro e saudável 3-Uso e desenvolvimento de autonomia; autocontrole relativo; capacidades qualidades múltiplas; informações sobre o processo total do trabalho 4- Oportunidade de crescimento e possibilidade de carreira; crescimento segurança pessoal, perspectiva de avanço salarial; segurança de emprego 5- Integração social na organização ausência de preconceito; igualdade; mobilidade; relacionamento; senso comunitário 6- Constitucionalismo direitos de proteção do trabalhador; privacidade pessoal, liberdade de expressão; tratamento imparcial; direitos trabalhistas 43 7- O trabalho e o espaço total de vida papel balanceado no trabalho; estabilidade de horários; poucas mudanças geográficas; tempos para lazer da família 8- Relevância social do trabalho na imagem da empresa; responsabilidade vida social da empresa; responsabilidade pelos produtos; práticas de emprego Fonte: WALTON apud FERNANDES (1996:.48). Westley (1979, apud Bittencourt e D’Avila) enfatiza que “as melhorias voltadas para a qualidade de vida no trabalho decorrem dos esforços, voltados para a humanização do trabalho, que buscam solucionar problemas gerados pela própria natureza das organizações existentes na sociedade industrial”. O seu modelo (apud Fernandes, 1996) apresenta 04 dimensões que influem na Qualidade de Vida no Trabalho: Econômico equidade salarial remuneração adequada benefícios local de trabalho carga horária ambiente externo Político segurança no emprego atuação sindical retroinformação liberdade de expressão valorização do cargo relacionamento com a chefia Psicológico realização potencial nível de desafio desenvolvimento pessoal desenvolvimento profissional criatividade auto-avaliação variedade de tarefa identidade com a tarefa Fonte: WESTLEY (1979), apud FERNANDES (1996:53) Sociológico participação nas decisões autonomia relacionamento interpessoal grau de responsabilidade valor pessoal Para Westley, os problemas políticos trariam a insegurança, os econômicos a injustiça, os psicológicos a alienação e os sociológicos a anomia. Nadler, Hackman e Lawler (1983) vêem Qualidade de Vida no Trabalho como uma maneira de pensar a respeito das pessoas do trabalho e das organizações. 44 “... a qualidade de vida no trabalho é um modo de pensar sobre pessoas, trabalho e organização. Seus elementos distintos são: 1) a preocupação sobre o impacto do trabalho sobre as pessoas e 2) a participação das pessoas na solução de problemas organizacionais e na tomada de decisões”. ( NADLER e LAWLWER, 1983:38) Esses autores entendem Qualidade de Vida no Trabalho como instrumento que visa tornar os cargos mais satisfatórios e produtivos e, através do enriquecimento dos mesmos, aumentar os níveis de motivação e bem-estar dos trabalhadores Apresenta-se a seguir, quadro comparativo das definições evolutivas de Qualidade de Vida no Trabalho, na visão de Nadler e Lawler: Concepções Evolutivas do QVT 1- QVT como uma variável (1959 a 1972) Características ou Visão Reação do indivíduo ao trabalho. Era investigado como melhorar a qualidade de vida no trabalho para o indivíduo. 2- QVT como uma abordagem (1969 a O foco era o indivíduo antes do 1974) resultado organizacional; mas, ao mesmo tempo, tendia a trazer melhorias tanto ao empregado quanto à direção. 3- QVT com um método (1972 a 1975) Um conjunto de abordagens, métodos ou técnicas para melhorar o ambiente de trabalho e tornar o trabalho mais produtivo e mais satisfatório. QVT era visto como sinônimo de grupos autônomos de trabalho, enriquecimento de cargo ou desenho de novas plantas com integração social e técnica. 4- QVT como um movimento (1975 a Declaração ideológica sobre a 1980) natureza do trabalho e as relações dos trabalhadores com a organização. Os termos administração participativa e democracia industrial eram 45 5- QVT como tudo (1979 a 1982) 6- QVT como nada (futuro) freqüentemente ditos como ideais do movimento de QVT. Como panacéia contra a competição estrangeira, problemas de qualidade, baixas taxas de produtividade, problemas de queixas e outros problemas organizacionais. No caso de alguns projetos de QVT fracassarem no futuro, não passarão de apenas um "modismo" passageiro. Fonte: NADLER e LAWLER (apud FERNANDES, 1996: 42) 46 CAPITULO III – ANALISANDO O FENOMENO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA NO AMBIENTE DE TRABALHO Neste terceiro capítulo, pretende-se elaborar um breve panorama do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, instituição de nossa pesquisa, e do Serviço Social. Posteriormente, traçar o perfil dos seus funcionários e dos usuários abusadores de droga, como também a intervenção do Serviço Social diante da dependência química, através de projetos de prevenção, tratamento e acompanhamento do dependente químico desenvolvidos nesta organização. 3.1– Caracterização da Instituição O Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) é uma Organização Militar (OM) que possui algumas características peculiares em relação as demais. Primeiro, porque apesar de ser uma organização militar, a maior parte de seu efetivo é constituída por servidores civis (85%), principalmente servidores de nível artesanato1, ligados diretamente à área de produção. Segundo, por ser considerado um grande parque industrial, cujas atividades são basicamente a construção e reparos de navios e embarcações para Marinha do Brasil, além da prestação de serviços para outras empresas públicas e privadas. O AMRJ é dotado de verba orçamentária e recursos próprios da administração naval. Sua estrutura física e organização é composta, entre outras, de uma escola técnica, prefeitura, grupo de combate a incêndio, centro telefônico, hospital, policiamento próprio, capela, biblioteca, três agências bancárias. O AMRJ tem o propósito de “realizar atividades técnicas, industriais e tecnológicas relacionadas à construção de unidade de superfície e submarinos e à manutenção dos Sistemas de Propulsão Naval, Geração de Energia, Estrutura 1 Nível artesanato refere-se aos trabalhadores de formação profissional básica ( operários) 47 Naval e Controle de Avarias dos meios navais. Para a consecução de seu propósito, cabe ao AMRJ as seguintes tarefas: desenvolver o projeto de construção na sua fase de detalhamento e construir unidades de superfície e submarinos; administrar e executar atividades de engenharia naval associadas ao detalhamento, e aos processos de construção, produção, conversão, modernização, alteração e nacionalização dos meios navais e as que objetivam o apoio técnico aos meios de serviço, na sua área de competência; administrar e executar a manutenção dos Sistemas de Propulsão Naval, Geração de Energia, Estrutura Naval e Controle de Avarias das unidades de superfície e submarinos; absorver, consolidar, criar e desenvolver tecnologias compatíveis com as necessidades da MB, aplicáveis à manutenção e construção de complexos navios de guerra de superfície e submarinos, bem como dos sistemas existentes nos meios navais; realizar as atividades de controle da qualidade, a coordenação dos serviços de manutenção, as gerenciais e técnicas de abastecimento, e a formação especializada e aperfeiçoamento de pessoal técnico, na sua esfera de competência; auxiliar e subsidiar as Diretorias Especializadas (DE) e demais OM na elaboração de normas, procedimentos, especificações e instruções técnicas para as atividades de engenharia naval relacionadas com os Sistemas de Propulsão Naval, Geração de Energia, Estrutura Naval e Controle de Avarias dos meios da MB; auxiliar as DE na avaliação de desempenho de equipamentos e sistemas navais, fornecendo subsídios aplicáveis ao desenvolvimento de alterações técnicas julgadas necessárias; construir e promover a manutenção, quando determinado, de unidades de superfície e submarinos extra-MB; 48 promover a prestação de serviços ou produção industrial a outras OM e, quando determinado, a clientes extra-MB; promover facilidades portuárias e fornecer recursos necessários às unidades de superfície e submarinos apoiados e estacionados na OM; prover a intra-estrutura de apoio às OM sediadas na área de jurisdição; incrementar a nacionalização de materiais utilizados na construção e manutenção das unidades de superfície e submarinos; administrar os recursos humanos, financeiros e materiais e conservar os recursos industriais sob sua responsabilidade; e administrar e dirigir as parcelas dos Planos e Programas da Marinha sob sua responsabilidade.”( DGMM, 2001 ) Atualmente, o seu contigente é formado por cerca de 2910 servidores públicos federais (regidos pelo Regime Jurídico Único, Lei 8112, de 11/12/1990), 585 militares, além de 648 empregados da Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON), que é uma empresa pública de direito privado, prestadora de serviços, vinculada ao Ministério da Defesa por intermédio da Marinha do Brasil. Considera-se de grande importância apresentar um breve resgate histórico do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, com o objetivo de demonstrar como e de que forma, a história desta grande e antiga instituição está relacionada a fatos importantes do país, desde a sua fundação até os dias atuais. De acordo com material elaborado pela Assessoria de Comunicação Social do AMRJ, Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro: Uma Pequena História, este foi fundado em 1763, pelo vice-rei, D. Antônio Álvares da Cunha, Conde da Cunha, na região costeira, numa área situada entre o Mosteiro de São Bento e a atual sede do 1º Distrito Naval, recebendo o nome de Arsenal Real da Marinha. Naquela época, o Rio de Janeiro torna-se o porto mais importante da Colônia, em virtude da descoberta de ouro, em Minas Gerais. Isso exigia que Portugal 49 prestasse mais atenção ao Brasil, já que metade de seu comércio dependia da Colônia. A atividade principal do Arsenal, naquela época, era o reparo e a manutenção dos navios de esquadra real e dos que aportavam no Rio de Janeiro. Em, 1808, com a chegada do Príncipe Regente, D. João e a Rainha, D. Maria I ao Rio de Janeiro, a cidade tornou-se sede do governo português, o que gerou progresso ao Rio e a ampliação da capacidade do Arsenal para poder apoiar a Esquadra, então sediada na cidade. Apesar dos progressos realizados, o Arsenal Real da Marinha mantinha uma baixa produtividade, em decorrência da falta de capacidade gerencial para conseguir recursos materiais e humanos adequados. Durante o governo de D. João VI, não foram construídos navios de porte no Arsenal. A partir de 1822, com a Independência do Brasil, tornou-se necessária uma Esquadra para manter a unidade nacional. Era preciso reparar os navios existentes e construir novos. Na época, o Arsenal passou a chamar-se Arsenal Imperial da Marinha, mais conhecido oficialmente por Arsenal de Marinha da Corte (AMC). Até 1852, o Arsenal construía apenas navios pequenos de madeira e à vela, cujos projetos eram baseados na prática dos construtores ou então importados , o que ocasionava, inclusive, alguns insucessos, como por exemplo, defeitos nas embarcações. Na segunda metade do século XIX, o ocidente vivenciava uma série de inovações tecnológicas, conseqüentes da Revolução Industrial, porém, os técnicos brasileiros não possuíam capacidade de acompanhar, nem mesmo entender tais inovações. Assim, o Governo enviou pessoas consideradas capazes 50 de vencer o “abismo tecnológico” que os separava dos países desenvolvidos, para estudar Engenharia na Europa, marcando uma nova fase para a construção naval brasileira e, conseqüentemente, o primeiro apogeu do Arsenal de Marinha. No final do século XIX, o Arsenal tinha diversas oficinas localizadas na Ilha da Cobras e no sopé do Mosteiro da São Bento e já havia ingressado na era da propulsão a vapor e do emprego do ferro como material estrutural. Em 1910, começou a ser construído o Arsenal de Marinha na Ilha das Cobras, porém, em virtude da 1ª Guerra Mundial, as obras foram paralisadas e retomadas em 1922. Em 1º de setembro de 1938, foi formalmente criado pelo Decreto-Lei nº 654 , com o nome de “Arsenal de Marinha na Ilha das Cobras”. Durante a 2ª Guerra Mundial, foram construídos diversos navios de guerra no Arsenal de Marinha, entre eles, nove contratorpedeiros classes “M” e “A” e seis corvetas classe “C”, marcando um salto tecnológico. Em 1948, as obras do Arsenal de Marinha foram completadas, passando então a chamar-se Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ). (anexo1) Na mesma época, foi extinto o antigo Arsenal que se localizava junto ao Mosteiro de São Bento. Após a 2ª Guerra Mundial, houve um período sem construções de vulto para o Arsenal. Era mais fácil e aparentemente mais lucrativo, adquirir ou receber por empréstimo navios velhos norte-americanos. Com a finalidade de retomar o rumo na construção naval, na primeira metade da década de 60, foi iniciada a construção de alguns navios hidrográficos e navios patrulha costeiros. 51 Na década de 70, o Arsenal de Marinha retomou, com a construção das Fragatas da Classe Niterói, uma nova fase de atualização tecnológica, que durou até o início dos anos 90. A construção das Fragatas propiciou ao Arsenal progresso material e aprimoramento técnico e gerencial, levando-o a evoluir e vencer progressivamente o atraso tecnológico que existia, principalmente, com relação aos países do Hemisfério Norte. Dando continuidade a esta evolução, o AMRJ construiu o Navio-Escola Brasil e as Corvetas da Classe Inhaúma. A década de 90 é marcada pelo Programa de Construção de Submarinos, que coloca o Brasil como destaque internacional na construção naval militar. O primeiro submarino inteiramente construído no Brasil foi o “Tamoio”, cujas obras foram iniciadas em 1988 e terminaram 1993, tornando-se o primeiro submarino construído no Hemisfério Sul a entrar em operação. Posteriormente, foram construídos mais três submarinos, o “Timbira”, lançado ao mar em 1996, o “Tapajós”, lançado em 1998, e o último, o “Tikuna”, cuja incorporação ocorreu em dezembro/05. Apesar do AMRJ, como outras instituições públicas, sofrer as conseqüências dos grandes cortes orçamentários que tem caracterizado o cenário brasileiro, sempre envidou esforços para o cumprimento de sua Missão, buscando a aquisição de tecnologia, melhorias gerenciais e dos processos industriais, além de implantação e implementações de programas de melhoria da qualidade de vida no trabalho, investindo nas áreas: social, de saúde, educacional, de capacitação e treinamento profissional, de lazer e nutricional. O que pode ser observado, através da Ordem do Dia, alusiva ao 242º aniversário do AMRJ (anexo 2): “...como o desenvolvimento de uma tecnologia dura décadas e sua perda leva, somente, alguns anos, os militares e civis do AMRJ têm procurado com criatividade, dedicação e 52 profissionalismo vencer as dificuldades que se apresentam a cada dia, visando à manutenção da tecnologia adquirida... a melhoria do AMRJ engloba o aperfeiçoamento dos processos produtivos, uma mudança de mentalidade e a realização de investimentos para que as pessoas sejam mais bem qualificadas e trabalhem com mais entusiasmo, dentro de uma infra-estrutura industrial revitalizada...” (PINTO CORREA, 2006) 3.2 - O Serviço Social no AMRJ Segundo a DGPM-501 (1996), a preocupação da Marinha em relação às questões de âmbito social, inicia-se a partir de 1946, com a criação, na Diretoria do Pessoal Militar da Marinha, da Divisão de Conforto e Assistência, que tinha sob sua subordinação as seções de Conforto e Assistência Social. No AMRJ, o Serviço Social começou a atuar em face de uma necessidade sentida pela Administração, ante aos problemas habitacionais apresentados pelos funcionários. Através de um trabalho de pesquisa, realizado por quatro Assistentes Sociais, em 1952, o então Diretor do AMRJ, determinou a implantação do Serviço Social, para “colaborar” com os funcionários na solução de seus problemas funcionais, conflitos familiares, dificuldades financeiras e “desequilíbrios” sociais de qualquer natureza. Em 1968, foi criada a Diretoria de Assistência Social da Marinha (DASM). Em 1977, a DASM foi extinta e criado, em substituição, o Serviço de Assistência da Marinha (SASM). 53 No decorrer deste período, a Assistência Social esteve restrita a algumas áreas de atuação e, somente em 1987, ganhou sua primeira grande estruturação, consubstanciada na expedição de Instruções Permanentes e na elaboração de Programas Sociais, que tinham como objetivo dar unidade à atuação dos Assistentes Sociais lotados em diversas organizações militares (OM) da Marinha. Em 1994, foi criado o Serviço de Assistência Integrada ao Pessoal da Marinha (SAIPM), visando adequar as diversas modalidades assistenciais prestadas pela Marinha do Brasil: jurídica, psicológica, psiquiátrica, religiosa e social, às tendências assistenciais consideradas modernas: o ser Humano visto como um ser holístico, e, ao mesmo tempo, aprimorá-las. A partir de então, o conceito de Assistência Integrada passou a nortear as ações da Marinha no campo da Assistência Social. Em 1996, a DASM foi recriada com a finalidade de contribuir para o bemestar social dos militares e civis da MB, ativos e inativos, dos pensionistas e de seus dependentes. Cabe a DASM, dentre outras, a tarefa de exercer o planejamento e a supervisão técnica dessa nova “filosofia” de trabalho, atuando basicamente como órgão normativo do SAIPM. O Serviço de Assistência Social da Marinha (SASM) passou à subordinação da DASM, sendo transformado em órgão de execução do SAIPM. O Serviço Social insere-se no AMRJ em dois setores: no Hospital do Arsenal (HAMRJ) e na Coordenadoria do Núcleo do Serviço de Assistência Social ao Pessoal da Marinha (N-SAIPM), onde desempenho minhas atividades profissionais desde a sua implantação. Na estrutura organizacional do AMRJ (anexo3), o Hospital do AMRJ é um departamento (de saúde) subordinado à Superintendência de Recursos Humanos e foi criado em julho de 1946. (anexo 4) 54 O HAMRJ é constituído de serviço de emergência, pronto-atendimento, ambulatório e enfermaria, prestando atendimento em várias especialidades, tais como : psiquiatria, odontologia, acupuntura, cardiologia, ginecologia, urologia, oftalmologia, ortopedia, clínica cirúrgica, além de contar com os serviços de fonoaudiologia, fisioterapia, análise clínica, enfermagem, farmácia (venda de medicamentos a preço de custo), medicina do trabalho, entre outros. O Serviço Social está subordinado à Divisão de Apoio Médico e possui duas Assistentes Sociais, tendo como objetivo orientar quanto a direitos e deveres, buscando a melhor forma para satisfação das necessidades apresentadas pelos seus usuários. Desenvolve, dentre outras, as seguintes atividades: participação no grupo de motivação e acompanhamento de dependentes químicos, realização de estudo social nos casos de readaptação profissional e no programa de planejamento familiar, orientação referente a questões de saúde. Já o N-SAIPM do AMRJ foi implantado em junho de 1996 e sua equipe é constituída de cinco Assistentes Sociais, sendo que uma delas ocupa o cargo de Chefe desta Coordenadoria, uma Psicóloga, um Capelão Naval e um Bacharel em Direito, além de duas profissionais na área administrativa e dois auxiliares de serviço gerais. Dentro da estrutura organizacional, o N-SAIPM está subordinado à Vice-Diretoria do AMRJ.(anexo 5) Quanto à rotina de atendimento, os profissionais do N-SAIPM atendem na parte da manhã todos aqueles que comparecem espontaneamente, em forma de plantão, com exceção da assistência psicológica, cujo atendimento é realizado por meio de hora marcada antecipadamente. Na parte da tarde, os horários são reservados para atendimento aos usuários convocados pelos profissionais do núcleo, para elaboração de estudos, relatórios, registros em prontuários e reuniões de equipe. 55 O maior volume de atendimento do Serviço Social é espontâneo e os usuários apresentam as seguintes questões: financeiras, familiares, problemas relacionados com o uso álcool e drogas, e de relacionamento interpessoal nos setores onde trabalham, principalmente, em relação às chefias. Segundo as normas nas quais são pautados os programas e as atividades desenvolvidas pelo N-SAIPM, as atribuições do Serviço Social são as seguintes: Tratar, acompanhar e orientar o usuário, dentre outras, nas situações de : absenteísmo; conflitos familiares; dependência química de álcool e outras drogas; dificuldades financeiras; problemas funcionais; problemas de saúde na família e do próprio. Elaborar estudo social e emitir parecer, dentre outras, para as situações de: absenteísmo; comissão antártica; dependência química/ alcoolismo; empréstimo financeiro; licença por motivo de doença em pessoa da família ( art. 83 da lei 8112/90); processo administrativo disciplinar; remoção ou movimentação por motivo social. Executar projetos vinculados aos Programas de Ação Social da Marinha: Auxilio Educacional; Comissão Antártica; Com Viver; Movimentação/ remoção por Motivo Social; Orientação e Assistência Financeira; 56 Saiba Mais; Vida Qualidade 10; Vida Melhor. A Direção do AMRJ, possui uma postura de investimento no trabalhador, entendendo ser este o “Maior Patrimônio do Arsenal”. Apesar da crise financeira que se abate sobre as instituições públicas, a Direção do Arsenal tem investido nos programas desenvolvidos pelo Serviço Social, entre outras, ações voltadas para o bem-estar do trabalhador e seus dependentes e para melhoria da sua qualidade de vida. 3.3- Perfil dos Funcionários do AMRJ/Usuários do Serviço Social Com objetivo de conhecer um pouco mais dos funcionários do AMRJ, usuários do N-SAIPM, e suas demandas, será traçado um perfil desses trabalhadores, baseado no Relatório Final do Perfil Sócio-Econômico e Cultural da Família Naval (DASM:2004), nos registros de atendimentos (prontuários sociais) e nas informações e observações realizadas no dia-a-dia profissional. Os usuários do Serviço Social do N-SAIPM são constituídos basicamente por servidores civis, principalmente do nível artesanato, o que está em consonância com o efetivo do AMRJ. Estes, desempenham funções ligadas à produção, como por exemplo: carpinteiros e pintores navais, guindasteiros, mecânicos de máquinas, eletricistas, chapeadores, soldadores, serralheiros, maçariqueiros, caldeireiros de cobre, fundidores, dentre outras. Os funcionários do AMRJ/usuários do N-SAIPM são, na sua grande maioria, do sexo masculino, com idade média de 40 a 51 anos, casados, com famílias constituídas de, aproximadamente, quatro pessoas, moradores do subúrbio do 57 Rio de Janeiro, Baixada Fluminense, Zona Oeste, Niterói e São Gonçalo. A escolaridade média é o Ensino Fundamental. Quanto às condições de moradia, a maioria reside em imóveis alugados, seguido dos que possuem imóveis próprios quitados. Observa-se, ainda um número significativo de funcionários que moram em imóveis próprios, ainda em fase de financiamento, adquiridos através da Caixa de Construção de Casas para o pessoal da Marinha (CCCPM), CEHAB e outros. A renda familiar líquida mensal apresenta-se na faixa de R$ 600,00 a R$ 1.000,00. A participação de familiares ou outros recursos para composição da renda não é significativa. O componente maior da renda familiar é o salário da MB. Alguns funcionários têm sob sua responsabilidade financeira filhos com famílias constituídas, que se encontram desempregados ou “subempregados”. A maioria dos trabalhadores atendida no N-SAIPM, demonstra gostar de suas profissões, de realizar suas atividades com prazer e sentem-se orgulhosos pelo trabalho que executam, porém, encontram-se insatisfeitos com os salários percebidos. No que tange aos aspectos funcionais, o número médio de faltas diárias é de 40 servidores e o de impontualidade de 26, o que corresponde, respectivamente, a 1,5% e 0,9% do efetivo do pessoal civil do AMRJ. Em relação a licenças médicas, a média mensal, na área de produção, é de 99 servidores, o que equivale a 6% do efetivo dessa área. Já o número de acidentes de trabalho é de 20 acidentes mensais correspondente a 0,7%. Com relação aos conceitos funcionais, estes variam de 20 a 90 pontos, havendo uma maior concentração na faixa de 70 a 80 pontos As principais demandas apresentadas pelos usuários estão direta e indiretamente relacionadas às questões de ordem econômicas. Vivenciam 58 dificuldades financeiras, estão endividados, possuem problemas familiares, de relacionamento no ambiente de trabalho e com o uso abusivo de drogas e álcool. 3.4 – Perfil dos Usuários de Drogas no AMRJ: dependentes e abusadores Consubstanciado na pesquisa efetuada pelo Serviço Social do HAMRJ (anexo 6), em 2005, com 37 % dos usuários de drogas cadastrados junto àquele setor e dados obtidos junto ao Departamento de Pessoal Civil, Divisão de Segurança do Trabalho e nos atendimentos diários do Serviço Social, traça-se seguir o perfil destes funcionários, que de forma geral não diferem dos demais funcionários do AMRJ, no que tange a faixa etária e salarial, estrutura familiar, condições habitacionais; contudo estes dados se modificam quando se referem à situação funcional ( faltas, atrasos, licenças, conceito funcional...). Nº de cadastrados: 100 Faixa etária: de 40 a 59 anos Estado civil: casados Nº de filhos: dois Local de moradia: município do Rio de Janeiro Grau de escolaridade: Fundamental Profissão: nível artesanato da área industrial (mecânico de máquinas, serralheiro, carpinteiro naval, eletricista, guindasteiro, servente industrial ) Faixa salarial: de R$ 600,00 a R$ 1.200,00 (de 02 a 04 salários mínimos) Tempo de serviço: mais de 20 anos Conceito funcional2: servidores com instabilidade/recaída 50 pontos servidores em sobriedade 75 pontos Média mensal de faltas: 05 dias e 17 servidores 40% dos pesquisados Média mensal de atrasos: 03 dias e 28 servidores 75% dos pesquisados 2 Pontuação referente aos critérios de Avaliação de Desempenho dos servidores públicos federais (escala de 20 a 90 pontos) 59 Média mensal de licenças médicas: 07 dias e 18 servidores 48% dos pesquisados Média mensal de acidentes de trabalho: 01 Nº de aposentados devido ao uso de drogas: 10 Nº de obtados: 05 Tempo médio de freqüência no Grupo Vida Qualidade 10: 01 ano e 8 meses Faixa etária do início de uso: 12 a 17 anos Tempo de uso: 20 anos ou mais Tipo de substância utilizada: álcool/tabaco Existência de familiar dependente químico: 80,5% Recaídas: em média 58 servidores apresentam episódios de recaídas Recaídas: no momento, 15 servidores pesquisados apresentam episódios de recaídas. Os dados acima estão em harmonia com os registros existentes com relação ao uso de drogas, já mencionados na introdução desta monografia, e aqui novamente apontados: é a terceira maior causa das ausências no trabalho; é a oitava causa de concessão, pela Previdência Social,de auxílio-doença; 40% das consultas psiquiátricas são efetuados com pacientes alcoolistas; nos hospitais psiquiátricos, 32% dos leitos são destinados a pacientes usuários de álcool; cerca de 75% dos acidentes de trânsito graves e fatais estão relacionados ao uso de drogas (álcool e outras). (ABEAD) Conseqüências na Empresa: 16 vezes mais licenças; saem mais cedo; prolongam mais seus tempos de almoço e intervalos; rendem menos nos horários vespertinos; 60 tendem a ser mais rígidos em seus hábitos; maior desconforto com mudanças nas rotinas de trabalho; inclinados a reclamações e tumultos; usam mais serviços de saúde; oito vezes mais diárias hospitalares; os familiares utilizam três vezes mais os benefícios saúde; ameaçam a segurança dos colegas e dos clientes; três vezes mais acidentes de trabalho. (CAMPBELL e GRAHAM, 1988:19) 3.5 – Programa de Educação, Prevenção e Orientação para Dependência Química numa Organização Militar Dentre os projetos desenvolvidos pelo N-SAIPM/AMRJ, que objetivam a Melhoria da Qualidade de Vida, através da promoção do bem estar bio-psicosocial e espiritual dos servidores, abordaremos, neste sub-capítulo, os Projetos “Vida Melhor”, “Vida Qualidade 10” e “Com Viver”, que estão voltados para o problema da Dependência Química (álcool e outras drogas). Estes projetos estão vinculados aos Programas de Ação Social (PSS), previstos nas normas da Diretoria de Assistência Social da Marinha, órgão de planejamento e supervisão técnica das atividades do N-SAIPM, através dos seguintes Programas: Programa de Orientação Social visa favorecer o desenvolvimento de um processo reflexivo e de liberação de potencialidades e tem por finalidade: promover ações preventivas para esclarecimento, reflexão e discussão; orientar os usuários para o uso de recursos assistenciais da MB e extra-MB; desenvolver junto aos usuários um processo de reflexão sobre a construção da realidade social em que estão inseridos; estimular e fortalecer a sua integração social. (DGPM, 2002:16-1) 61 Programa de Educação, Prevenção, Detecção Precoce e Orientação para a Dependência Química visa promover a formação de atitudes, mediantes um processo de reflexão e orientação, com relação à prevenção da dependência química, a fim de concorrer para minimizar as circunstâncias que a originam e tem por finalidade: propiciar as condições de acesso à informação sobre a dependência química e suas conseqüentes perdas sócio-econômicas e relacionais; prevenir o uso indevido de substâncias químicas no âmbito da Marinha; sensibilizar os usuários para as perspectivas favoráveis do tratamento precoce da dependência química; orientar o dependente químico, fortalecendo seu engajamento efetivo e consciente ao tratamento; reduzir o estigma ao dependente químico, propiciando sua reintegração ao convívio social, em seus diversos níveis de relacionamento. (DGPM, 2002: 18-1) O Projeto “Vida Melhor” objetiva relacionadas à saúde bio-psico-social desenvolver ações preventivas e espiritual dos servidores e seus familiares, investindo em condições que permitam melhoria de desempenho individual e coletivo no meio funcional e familiar. A metodologia de trabalho consiste em disseminar, de forma dinâmica e participativa, conhecimentos básicos sobre os temas diversos, como: “Stress”, “Compulsão”, “O Trabalho e a sua Vida”, “Relacionamento Interpessoal”, “Drogas e Álcool na Empresa”, “Alimentação Saudável” e “Espiritualidade como parte do desenvolvimento“, através de distribuição de folhetos, notas em boletins internos, apresentação teatral interativo, palestras e grupos de reflexão, onde se utiliza, entre outros instrumentos, projeção de slides e vídeos. Com relação à dependência química, objetiva-se a detecção precoce da situação-problema, procurando evitar conseqüências irreversíveis: dívidas devido à perda financeiras, desagregação familiar e doenças crônicas causadas pelo álcool e outras drogas. Trabalha-se, ainda, com os encarregados imediatos, principalmente, do setor de produção, 62 para que eles saibam lidar com o problema em suas áreas de trabalho. Há, também, um trabalho de multiplicadores onde os funcionários aprendem o que é dependência química, desmistificando muitos preconceitos. O projeto que trata, exclusivamente, sobre a dependência química (álcool e outras drogas) recebeu o nome “Vida – Qualidade 10” é de suma importância, pois a dependência química é uma das doenças de maior índice de incapacidade para o trabalho, gerando grandes perdas funcionais, pessoais, familiares e sociais. Este tem como objetivo geral: assegurar uma melhor qualidade de vida: física, social, profissional, emocional e espiritual aos servidores civis e militares do AMRJ, usuários de álcool e outras drogas, dependentes químicos ou abusadores, e seus familiares e como objetivos específicos, entre outros: esclarecer os servidores sobre as conseqüências do uso abusivo de álcool e outras drogas; alertá-los sobre o uso inadequado de tais substâncias no ambiente de trabalho; detectar usuários de álcool e outras drogas e motivá-los a aceitar o tratamento; encaminhá-los a centros especializados de tratamento em Dependência Química, quando se fizer necessário; acompanhar os servidores que estão realizando tratamento em clínicas especializadas e motivá-los para que dêem continuidade ao tratamento; diminuir o absenteísmo; reduzir o nº de servidores licenciados, de aposentadorias precoces e contribuir para a melhoria da qualidade de trabalho e da vida dos funcionários do AMRJ. A demanda referente à questão da dependência química é espontânea por parte dos próprios servidores, de seus familiares ou por parte de colegas e chefes que já perceberam danos concretos à produção. O atendimento é iniciado com uma entrevista com o servidor, podendo ser encarregados, como uma forma de convocados seus despertá-lo familiares e e de reforçar que seu comportamento está afetando a todos, bem como sensibilizar estes, familiares e encarregados, com vistas à possibilidade de contar com eles no que tange às estratégias de abordagem junto aos funcionários portadores da doença. 63 Vale ressaltar que este projeto é um trabalho interdisciplinar e conta, atualmente, com uma equipe formada de duas assistentes sociais, um médico clínico e um capelão naval, cabendo a cada profissional, de acordo com sua especificidade, atender as demandas apresentadas pelos usuários. A partir do atendimento, verifica-se o estágio que o funcionário se encontra com relação à dependência química. Se o abordado estiver no estágio inicial e aceitar o tratamento, ele é internado no HAMRJ para ser submetido a um processo de desintoxicação e, paralelamente, é encaminhado à tratamento ambulatorial no Conselho Estadual Anti Drogas (CEAD) ou Hospital Central da Marinha (HCM). Se ele já se encontrar no estágio mais avançado é encaminhado, no caso de servidor civil, para internação em clínicas públicas especializadas ( CEAD- Primeira Clínica Popular do Rio de Janeiro, Clinica Nise da Silveira ) e se militar, para a Unidade de Saúde Mental da Marinha (UISM). Todos os usuários de drogas e seus familiares são, ainda, orientados e encaminhados para grupos de mútua-ajuda: A.A. (alcoólicos anônimos), N.A. (narcótico anônimo), AL-ANON (parentes dos alcoólicos) e NAR-ANON (parentes dos narcóticos), ALATEEN (filhos dos alcoólicos) e NARATEEN (filhos dos narcóticos). Com a finalidade de propiciar um espaço de escuta e troca de experiências, para que o servidor possa refletir e buscar esclarecimentos sobre situações vivenciadas em seu dia-dia, é parte integrante deste projeto reuniões de grupo, realizadas duas vezes por semana, com duas horas de duração, contando com a participação dos servidores, abusadores e/ou dependentes químicos, que estejam ou não engajados em programas de tratamento especializado. As reuniões são coordenadas pelas assistentes sociais, especialistas em dependência química, e sua dinâmica consiste na realização de palestras, dinâmicas de grupo, projeções de filmes, depoimentos (de pessoas já há alguns anos em recuperação), histórias pessoais (feitas pelos integrantes do grupo em 64 início de tratamento), leituras baseadas na literatura dos grupos de mútua ajuda , além de relatos da vivência diária de cada membro do grupo. A cada dia que passa este projeto ganha mais sustentabilidade, sendo reconhecido pela direção, alta administração e profissionais dos vários setores do AMRJ, além dos próprios usuários. Não é raro servidores que apresentem problemas relacionados ao uso de drogas serem encaminhados para o N-SAIPM ou Serviço Social do HAMRJ, pelo próprio Diretor do AMRJ, Superintendentes, Gerentes, Chefes e Encarregados Imediatos, além de colegas de trabalho. Registra-se, ainda, o fato de servidores que engajados no tratamento abordam outros colegas que, também, necessitam de ajuda. É desenvolvido, ainda, no AMRJ um trabalho com os familiares dos usuários de drogas, que também necessitam de um espaço para serem ouvidos em suas questões, tendo em vista que eles estão envolvidos emocionalmente e sofrem diretamente as conseqüências da dependência, o projeto “Com Viver” O projeto Com Viver visa capacitar esses familiares a atuar como multiplicadores, prevenindo situações que afetam a saúde do sistema familiar e a diminuição de ocorrências de novos casos. Ele se efetiva a partir de reuniões quinzenais, onde são abordados temas que esclarecem sobre a dependência química e seus sintomas, além de orientá-los no sentido de que possam aprender a conviver com o problema e ajudar o familiar que se encontra doente. Os projetos que vêem sendo desenvolvidos têm propiciado aos servidores, trabalhadores “problemas”, que, na maioria das vezes, apresentam número excessivo de faltas, atrasos e de licenças médicas, aposentadorias precoces, baixa produtividade, problemas de relacionamento com pares e superiores, problemas financeiros e de relacionamento familiar, tornarem-se trabalhadores eficientes, além de melhorias na sua qualidade de vida no trabalho e de sua família. 65 A fim de ilustrar está pesquisa, foram realizadas entrevistas com os servidores usuários de drogas em tratamento (anexo 7) e com a equipe técnica no que tange a melhoria da qualidade de vida dos participantes dos projetos ora desenvolvidos no AMRJ (anexo 8), além de transcrições de depoimentos efetuados nas reuniões de grupo. Entrevista com os servidores: “...na época de ativa sofri muitos danos e perdas, principalmente emocionais e espirituais...minha vida na ativa era sem propósito, sem cor e apática... tive perda gradual da auto-estima, do sentido da vida...a diferença entre a vida no alcoolismo e a vida sóbria é fundamentalmente qualitativa...” (J. F., 53 anos, 10 anos e 1 mês de abstinência) “...minha vida na ativa era muito tumultuada, vivia em função da bebida. Não tinha noção do que era viver sem a bebida. Já tinha me conformado que ia morrer...Estava faltando ao trabalho há uma semana, estava bebendo direto. Um dia minha mulher me trouxe ao HAMRJ. O médico psiquiatra me encaminhou para um grupo de AA que havia no HAMRJ. Fui, gostei e fiquei...O primeiro ganho que a sobriedade me proporcionou foi à saúde e o segundo foi o financeiro... Vivia direto no agiota. Poucas vezes levava dinheiro para casa...Hoje me relaciono bem com os meus familiares e vizinhos...meus chefes me aceitam e me admiram por ter parado de beber...meu rendimento profissional melhorou, os chefes têm mais confiança em mim quando me atribuem uma tarefa...”(M. S., 53 anos, 15 anos e 8 meses de abstinência ) “...a droga não tem nada de bom...na época da ativa sofri todas as perdas que um homem pode ter, só passei a viver quando a abandonei...minha vida era de dor, de sofrimento e 66 de perda...trabalhava dois, três dias e sumia 20 dias...era um servidor que o chefe não queria por perto, hoje recebo elogios...no aspecto financeiro saí do negativo para o positivo...profissionalmente tenho ambição de crescer, fazer faculdade de gastronomia...ontem repugnado, hoje admirado em meu ambiente de trabalho...hoje minha qualidade de vida é 101%, respiro, pratico esporte, me preocupo com minha alimentação, coisas saudáveis em todos os sentidos...” (M.S., 36 anos, 1 ano e 11 meses de abstinência) Depoimentos de participantes das reuniões de grupo: “Depois que parei de beber só estou tendo êxito. Eu adquiri muitas coisas. Comprei televisão de 29’, bicicleta para mim, bicama para meus filhos. Eu e minha família estamos usufruindo de tudo isso, não deixo mais meu dinheiro em bar. ....No bar não tem retorno, só derrota. Estou atencioso com meus filhos e esposa. Só quem já bebeu, sabe dar valor a uma 2ª feira sem álcool” (J.R., 42 anos, 9 meses de abstinência e no grupo do AMRJ ) “...o relacionamento com a família, a condição física, não tem nem comparação...O alcoolista na ativa é meio cego e surdo. Minha vida é muito melhor do que era. As coisas boas estão nas coisas simples. Na ativa fui advertido no trabalho várias vezes.Quando comecei a me tratar, parei de faltar, a qualidade do meu trabalho melhorou e 5 anos depois de estar abstinente fui indicado para funcionário padrão e no ano seguinte fui eleito. Isso me emocionou muito” (J.F., 54 anos, 10 anos de abstinência e 03 anos no grupo do AMRJ) 67 “...a vida muda muito quando se para de beber. É uma vitória. A relação com os filhos muda. O humor melhora. Eu tinha vergonha do meu bafo” (C.T., 49 anos, 11 meses de abstinência e no grupo do AMRJ) Depoimento de familiar: “...Acho que o Serviço Social foi muito importante quando ele se internou aqui no hospital. Lá “fora” ele não procuraria ajuda. A conversa que ele teve com a Assistente Social foi importante para ele tomar a decisão de se tratar” (M.F., 33 anos) Entrevista com a equipe técnica: Assistente Social D. : “Trabalhar com Dependente Químico é acreditar nas possibilidades do ser humano. É acreditar que todos têm direito a uma vida com qualidade, uma vida digna. É acreditar que eles podem sair de uma vida de drogadição, de perda total para uma vida com qualidade em todos os seus segmentos: físico, social, familiar, profissional e espiritual. Os exemplos de recuperação atestam que vale a pena investir ” ( 24 de fevereiro de 2006) Capelão Naval G: “Trabalho de perseverança e paciência. Assim eu defino as qualidades necessárias para quem opta empreender atividades com alguém com a doença da dependência química. Perseverança no aprendizado constante com a natureza humana, sobretudo sob a influência de componentes externos. Paciência porque o tratamento é um 68 processo extremamente longo, marcado por altos e baixos, revelados em períodos de abstinências e na possível recaída. Procurando aliar paciência e perseverança é que podemos dizer que efeitos positivos têm sido percebidos ao lidarmos com a realidade da DQ no âmbito do AMRJ. Lidar com essa realidade requer uma mudança, pois somos imediatistas e esperamos soluções rápidas. Tal não acontece no tratamento do D.Q. Quando envolvidos neste trabalho somos abençoados com a instalação da paciência e esperança de aguardar bons resultados. Na nossa realidade, temos tido o privilégio de colher resultados positivos. Infelizmente, nem todos que precisam aderem ao tratamento. No entanto, podemos constatar uma ótima melhora na qualidade de vida daqueles que, conscientes da sua doença, se engajam na luta contra a D.Q. O resultado é notório na volta do bom funcionário, no cônjuge que passa a valorizar mais a família e, também, na saúde que se restaura a olhos vistos. Mas, o importante é que sempre recomeçamos, seja um recomeço tranqüilo ou dramático. Esse trabalho abre portas para enfoque de temas sobre relacionamento, trabalho e o próximo. Abordamos temas, os mais variados, vendo o homem de forma integral: físico, social, psicológico e espiritual. Neste trabalho aprendemos a valorizar as pequenas conquistas. O dia de hoje passa a ter a importância que ele merece. Aliás, aprendemos que o dia mais importante é o Hoje e o melhor momento da vida é o Agora.” (22 de fevereiro de 2006) Assistente Social V. : “Ao longo desses muitos anos que tenho trabalhado com dependência química, tenho sido testemunha das grandes 69 transformações que ocorrem na vida dos D.Q. que entram em recuperação e na vida de seus famIliares. Desta forma acredito ser o grupo Vida um instrumento viabilizador destas transformações, uma vez que o objetivo primeiro do grupo é auxiliar o D.Q. a parar de se drogar. No entanto acredito que parar de se drogar, embora seja um passo fundamental, não é o suficiente. O objetivo maior do grupo Vida é exatamente auxiliar os envolvidos a melhorarem sua qualidade de vida. Acredito que isso esteja sendo alcançado quando vejo os participantes cuidando de sua aparência, adquirindo bens para seu conforto e de suas famílias, reduzindo o absenteísmo ao trabalho, mostrando-se comprometidos com o mesmo, aproximando-se de suas esposas e filhos, resgatando confiável e sua dignidade, responsável. É tornando-se um um trabalho indivíduo difícil, mas extremamente gratificante. Saber que você, enquanto profissional, foi capaz de ajudar famílias inteiras a se reencontrarem e vislumbrarem a possibilidade de serem felizes. (08 de março 2006) 70 CONCLUSÃO Dependência Química é uma doença multifacetada, envolvendo aspectos orgânicos, sociais, culturais, psicológicos e espirituais. Incide em todas as esferas da sociedade, independente de classe social, raça, gênero, religião, idade e nível de escolaridade. Pode-se, então, considerá-la uma patologia democrática. É uma doença de difícil trato, em função de: a população em geral, incluindo-se o próprio usuário, seus familiares e as organizações em que trabalham, não tem ainda consciência da magnitude do problema e das inúmeras conseqüências advindas do uso abusivo das drogas; a dificuldade do usuário em aceitar que está doente e querer se tratar; só o próprio usuário é quem pode decidir pela sua recuperação, sendo, no entanto a família, a organização onde trabalha e os profissionais especializados importantes instrumentos de ajuda para a sua abstinência e para o seu tratamento; ser crônica e pela sua própria natureza apresenta uma taxa bem elevada de recaídas. O AMRJ não foge a esta realidade. Na maioria dos casos, 58%, ocorre recaídas e fracassos, estando, no momento, em abstinência e em tratamento 40% dos servidores usuários de drogas cadastrados. A Dependência Química todos os segmentos é, ainda, uma doença que afeta o homem em de sua vida, alterando o seu comportamento e desagregando os seus valores éticos e morais. Tem o poder de contagiar as pessoas desses diversos segmentos, entre estes, o ambiente funcional, onde as pessoas tornam-se confusas, estressadas e, muitas vezes, facilitam e escondem o comportamento do usuário, possibilitando o agravamento da doença. Esta atitude, por vezes, leva a acidentes, à tensão no clima organizacional e a 71 baixa qualidade no trabalho, tornado-o uma fonte de dor e sofrimento para muitos, sendo, portanto, imprescindível administrar esse problema, através de programas de prevenção e tratamento da Dependência Química, para que os indivíduos possam recuperar sua Saúde, melhorando sua Qualidade de Vida no Trabalho e sua Qualidade de Vida de um modo geral. Os programas e projetos desenvolvidos no AMRJ têm alcançado resultados positivos no que tange a recuperação da saúde e a recuperação funcional dos servidores, gerando economia de recursos, melhoria no ambiente e no trabalho. Têm contribuído, ainda, sobremaneira para a melhoria da Qualidade de Vida dos seus funcionários, pois estando eles em abstinência e em tratamento são capazes de reformular suas vidas, levando-os a recuperar seu valor junto a suas famílias, aos chefes, encarregados, colegas de trabalho e a sociedade, tornando-os pessoas respeitadas, responsáveis, dignas, capazes e produtivas. As organizações, como já vem fazendo o AMRJ, devem priorizar a Qualidade de Vida de seus empregados, não se preocupando apenas com a qualidade dos seus produtos. Hoje, Saúde e Qualidade de Vida são dois conceitos presentes em todos os contextos, sejam eles a família, o trabalho, a escola, as relações sociais. . As Organizações só obterão avanços significativos em relação a Qualidade de Vida no Trabalho quando derem à saúde e o bem-estar psico-social dos seus empregados o mesmo valor que dão ao fator econômico e produtivo das empresas. À guisa de conclusão constata-se, com base nos dados e depoimentos constantes desta monografia, que apesar de todas as dificuldades e barreiras que se encontram para a implantação e desenvolvimentos de melhorias Qualidade de Vida no Trabalho, vale a pena investir em na Programas de 72 Dependência Química, pois é sempre positivo e significativo para o próprio usuário, sua família, seu ambiente de trabalho e para a sociedade como um todo. Tanto quanto famílias ver pessoas reconstruindo suas vidas e planejando o futuro, voltando a ter um convívio sadio e organizações contando com empregados participativos, comprometidos e produtivos. Acreditando nas potencialidades e na possibilidade de recuperação das pessoas, e, parafraseando Michel Quiost é interessante dizer que: “Não remexa indefinidamente as cinzas; debruce-se imediatamente sobre a brasa vermelha, por menor que ela seja. Alimente-a, sopre e torne a soprar, e logo você verá acendido um braseiro...Isto é, repare no outro o menor esforço, o menor progresso e alegre-se sinceramente. Sua alegria, sua admiração revelarão ao outro as suas possibilidades. Ele acreditará nela com mais segurança, andará mais depressa e mais longe”. 73 BIBLIOGRAFIA ABEAD (Associação Brasileira de Estudo de Álcool e outras Drogas). Disponível no site: www.informcao.srv.br., acessado em 16/11/05. ARSENAL DE MARINHA DO RIO DE JANEIRO (AMRJ). Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro: Uma Pequena História. 2ª ed. Rio de Janeiro: AMRJ, 2001. AZEVEDO, Renata V.S., Profª, Doutora. Drogas Psicoativas. Disponível no site: www.prdu.unicamp.br/vivamais/., acessado em 08/01/2006. 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Revista da Faculdade de Serviço Social da UERJ, nº10, 07/97 77 ANEXO 1 FOTO PANORÂMICA ARSENAL DE MARINHA DO RIO DE JANEIRO 78 ANEXO 2 ORDEM DO DIA 79 ANEXO 3 ORGANOGRAMA ARSENAL DE MARINHA DO RIO DE JANEIRO 80 ANEXO 4 ORGANOGRAMA ARSENAL DE MARINHA DO RIO DE JANEIRO SUPERINTENDÊNCIA DE RECURSOS HUMANOS AMRJ-30 NÚCLEO DE DESENVOLVIMENTO E SISTEMATIZAÇÃO DE PROCESSOS ADJUNTO TÉCNICO AMRJ- 301 AMRJ- 30A DEPARTAMENTO DE SAÚDE DEPARTAMENTO DO PESSOAL CIVIL AMRJ- 31 AMRJ- 32 DEPARTAMENTO DE CAPACITAÇÃO E TREINAMENTO AMRJ- 33 ANEXO 5 DEPARTAMENTO DO PESSOAL MILITAR AMRJ- 34 81 ORGANOGRAMA ARSERNAL DE MARINHA DO RIO DE JANEIRO ANEXO 6 82 QUESTIONÁRIO/ RESULTADO ARSENAL DE MARINHA DO RIO DE JANEIRO DEPARTAMENTO DE SAÚDE SERVIÇO SOCIAL QUESTIONÁRIO – PESQUISA QUANTITATIVA 1) Idade: 20 a 39 anos 03 40 a 59 anos 31 60 a 70 anos 03 2) Estado Civil: Casado 16 Divorciado 12 Solteiro 09 3) Filhos (Sim ou Não/Quantos): Não 03 01 a 02 20 03 a 04 11 05 ou + 03 4) Residência (Própria ou Alugada): Alugada 12 Própria 22 Cedida 03 5) Endereço (Bairro e Cidade): Caxias 01 Rio de Janeiro 20 São João de Meriti 02 Não Respondido 01 Nova Iguaçu 03 São Gonçalo 09 São Pedro da Aldeia 01 6) Grau de escolaridade: Fundamental Completo 16 Fundamental Incompleto 10 Médio Completo 08 Médio Incompleto 02 Superior Incompleto 01 7) Profissão: Almoxarife 01 Agente de Segurança 01 83 Auxiliar Administrativo 01 Chapeador 03 Eletricista 01 Garçon 01 Isolador Térmico 01 Macariqueiro 01 Mecânico de Máquinas 03 Militar 02 Pedreiro Refratário 01 Riscador Naval 01 Servente Industrial 03 Técnico Industrial01 Não Respondido 01 Carpinteiro 01 Comprador 01 Encanador 01 Guindasteiro 02 Jateador 01 Mecânico de Armamento01 Mecânico de Motores 01 Pedreiro 01 Pintor Naval 02 Serralheiro 01 Soldador 02 Torneiro Mecânico 01 8) Salário: 01a 02 salários mínimos 03 02 a 04 salários mínimos 26 04 a 06 salários mínimos 07 9) Sua esposa trabalha? 10) Tempo de trabalho no Arsenal de Marinha: 11 a 20 anos 07 + de 20 anos 30 11) Idade que começou a usar substância química? 11 anos 03 12 a 18 anos 28 19 a 29 anos 05 30 ou + 01 12) Quanto tempo que “utiliza” (utilizou) sustância química? 14 a 19 anos 05 25 a 29 anos 05 35 a 39 anos10 Não respondido 01 20 a 24 anos 06 30 a 34 anos09 40 ou + anos 01 13) Tipo de substância química usada? Álcool 12 Álcool/Cocaína/Maconha 03 Álcool/Maconha/ Cocaína/ Loló 01 Cocaína 01 14) Quantas internações no HAMRJ Nenhuma 07 01vez 13 02 vezes09 Álcool/Cocaína 02 Álcool/Cocaína/Tabaco 03 Álcool/Tabaco 14 Cocaína/Tabaco 01 84 03 a 05 vezes 04 06 a 10 vezes04 15) Quantas internações fora do HAMRJ (clínicas especializadas)? Nenhuma22 01 vez 12 02 vezes02 03 vezes01 16) Já se internou em Hospital Psiquiátrico? Quantas vezes? Nenhuma32 01 vez05 17) Tempo de grupo (ProjetoVida-Qualidade10): 1 a 4 semanas 02 13 a 18 meses 06 25 a 30 meses 0 37 a 42 meses 0 Não freqüentam no momento 15 1 a 12 meses 04 19 a 24 meses 04 31 a 36 meses05 43 a 48 meses 01 18) Já tentou parar de utilizar a substância química alguma vez? Quantas vezes? 01 a 04 vezes18 05 a 09 vezes10 10 ou +06 Não respondido03 19) Tempo de abstinência (caso esteja abstênio): Recaídas 15 01 a 04 meses 06 01 a 04 anos 05 10 a 14 anos 01 01 a 29 dias 04 05 a 11 meses 03 05 a 09 anos 02 15 ou + anos 01 20) Freqüenta grupo de mútua ajuda? Sim 18 Não 19 21) Possui algum dependente químico na família? (Se possuir, qual o grau de parentesco) Avô 01 Avô, mãe, primo e tio 01 Companheira, pai, irmão, tio e primo01 Irmão 02 Irmão e pai 03 Irmão, pai, primo e tio 01 Irmão, primo e tio 01 Mãe 01 Mãe, pai, primo e tio 01 Pai, primo e tio 01 Avô, irmãos e tio 01 Avô e tio 01 Esposa e tio 01 Irmão, mãe , pai, primo e tio 01 Irmão, pai e primo 02 Irmão, pai e tio 05 Irmão e tio 01 Mãe e pai 01 Pai 01 Pai e tio 01 85 Primo 01 Não têm 07 Tios 01 22) Está licenciado? (se estiver, qual o motivo da licença): Não 29 Sim 08 23) Já foi licenciado pelo uso de substância química (síndrome de dependência química)? Não 06 Sim 31 86 ANEXO 7 ROTEIRO DE ENTREVISTA SERVIDOR PARTICPANTE DO PROJETO “ VIDA QUALIDADE DEZ” 1- Nome: 2- Idade: 3- Há quanto tempo você está sóbrio? 4- Na sua época de ativa você sofreu algum dano ou perda? Cite alguns. (faltas ao serviço, desconto financeiro, desagregação familiar). 5- Como você classificaria sua vida de ativa? 6- Existe algum fato nessa época que marcou a sua vida? 7- Hoje, a sobriedade lhe propiciou algum ganho? Ou que vantagem você tem hoje vivendo sóbrio? 8- Hoje, você percebe em sua vida pessoal e profissional alguma diferença em relação a sua vida de ativa? 9- É possível você fazer um paralelo entre a sua vida hoje e a sua vida de ativa, considerando os aspectos: financeiro, familiar e profissional. 10-Descreva como era o seu relacionamento com os pares e superiores, na época da vida de ativa e hoje no processo de recuperação. 87 ANEXO 8 ROTEIRO DE ENTREVISTA PROJETOS VOLTADOS PARA A DEPENDÊNCIA QUÍMICA EQUIPE TÉCNICA 1) Nome: 2) Tempo de serviço no Arsenal: 3) Formação Básica: 4) Cursos de aprimoramento: 5) Quanto tempo participa desses Projetos? 6) Na sua visão de que forma os projetos desenvolvidos vêm contribuindo para a melhoria da qualidade de vida no trabalho dos servidores do AMRJ? 88 ÍNDICE INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I DEPENDÊNCIA QUÍMICA 12 1.1 – Considerações Gerais 12 1.2 – Caracterização da Drogas e de suas Conseqüências 16 1.3 – Alcoolismo 31 CAPÍTULO II QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO 36 2.1 – Histórico e Evolução 36 2.2 – Conceituação 41 CAPÍTULO III ANALISANDO O FENOMENO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA 46 NO AMBIENTE DE TRABALHO 3.1 – Caracterização da Instituição 46 3.2 – O Serviço Social no AMRJ 52 3.3 – Perfil dos Funcionários do AMRJ/Usuários do Serviço Social 56 3.4 – Perfil dos Usuários de Drogas no AMRJ: dependentes ou abusadores 58 3.5 – Programa de Educação, Prevenção e Orientação para Dependência 60 Química numa Organização Militar. CONCLUSÃO 70 BIBLIOGRAFIA 73 ANEXOS 77 ÍNDICE 88 FOLHA DE AVALIAÇÃO 89 89 FOLHA DE AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” Título da Monografia: Dependência Química e Qualidade de Vida Autor: Isaura Azevedo Lima Data da entrega: Avaliado por: Conceito: