A PREFEÊNCIA PELO ENSINO SUPERIOR Assim que chegou ao Brasil, D. João VI determinou as primeiras medidas a respeito da educação, no sentido de criar escolas de nível superior para atender as necessidades do momento: formar oficiais do exército e da marinha ( para a defesa da Colônia). Engenheiros, militares, médicos, e abrir cursos especiais de caráter pragmático. Vejamos algumas dessas realizações. Academia Real da Marinha (1808) e Academia Real Militar (1810); após 1832 são anexadas, compondo uma instituição de engenharia militar, naval e civil; depois de sucessivas junções e desmembramentos, a Escola Militar se organiza em 1858 e a Escola Politécnica em 1874, como instituições que preparam para a carreira militar e formam engenheiros civis, respectivamente Cursos médicos –cirúrgicos: a partir de 1808, na Bahia e no Rio, visando formar médicos para a marinha e o exército. Diversos cursos avulsos de economia e agricultura, também na Bahia e no Rio. Cursos jurídicos, surgem após a independência em São Paulo e Recife(1827), mas só se tornaram faculdades em 1854. Mesmo no ensino superior, os cursos, às vezes transformados em faculdades, permanecem como institutos isolados, sem que haja interesse na formação de universidades. De qualquer forma, as medidas reforçam o caráter eletista e aristocrático da educação brasileira, a quem têm acesso os nobre, os proprietários de terras e uma camada intermediária, surgida a ampliação dos quadros administrativos e burocráticos. A camada intermediária procura sobretudo os cursos de direito, não só para seguir a atividade jurídica, mas para ocupar funções administrativas e políticas ou dedicar-se ao jornalismo. Além disso, o diploma exerce uma função de “enobrecimento”. Letrados e eruditos, com ênfase na formação humanística, cada vez mais se distanciam do trabalho físico “maculado” pelo sistema escravista.