14 ■ TERÇA-FEIRA | 6 de maio de 2014 Espaço Jurídico [email protected] Editora: Rosangela Groff Apoio às Turmas Recursais ■ Começou a funcionar na última sexta-feira, em caráter extraordinário, o Gabinete de Apoio às Turmas Recursais (TRs) da Justiça Federal da 4ª Região, para garantir celeridade na tramitação dos processos de competência dos Juizados Especiais Federais (JEFs). O Gabinete de Apoio está instalado junto à Coordenadoria dos JEFs (Cojef). 30 mil recursos extraordinários e pedidos de uniformização pendentes nas TRs. Judiciário em diálogo com a sociedade O papel do juiz em um mundo globalizado foi discutido no 17˚ Congresso Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Conamat), que se encerrou na sexta-feira em Gramado (RS). Para Miguel Carbonell, pesquisador do Instituto de Pesquisas Jurídicas (Unam) do México e doutor em Direito pela Universidade de Madri (Espanha), o tema do evento “Judiciário e sociedade: um diálogo necessário” é de grande atualidade. “O juiz do século XXI tem de saber se comunicar com a sociedade”, destacou. Segundo ele, essa comunicação inclui a presença de magistrados nas redes sociais, como Facebook e Twitter. “Um juiz que não sabe se comunicar está deixando de fazer parte de seu trabalho”, frisou. Carbonell também defendeu que os magistrados façam um esforço para proferirem sentenças mais breves e pedagógicas. “Precisamos de sentenças mais compreensíveis”, afirmou. Ele ainda sustentou que os juízes utilizem o método denominado de “controle de convencionalidade” em suas decisões, fazendo prevalecer as normas internacionais, em especial do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, sobre a legislação interna. Para o pesquisador, o Brasil tem diferenças profundas em relação ao sistema quando deveria continuar sendo protagonista em temas relativos aos direitos fundamentais, a exemplo do que ocorreu no caso da Lei Maria da Penha. “A América Latina precisa do Brasil apoiando os esforços pelos direitos fundamentais. ANAMATRA / DIVULGAÇÃO / CP Conforme Carbonell, é preciso fazer justiça e não apenas aplicar a lei Os juízes precisam aplicar os a inclusão de todos. Não pode princípios que protegem os direi- ser uma sociedade de castas”, acrescentou. Carbonell defendeu tos humanos”, destacou. Carbonell explicou que o juiz ações coletivas que permitam a do século XXI tem de desenvol- solução de muitos problemas ver uma argumentação jurídica com poucos processos. “Os juísofisticada, frente a novos e difí- zes, não somente no Brasil, diviceis temas da atualidade. Nesse dem os mesmos problemas, como a precarização aspecto, disse que a do trabalho. Não são Constituição Federal problemas apenas de 1988 é repleta de princípios, inclusive Um juiz que não do Brasil, mas da com relação aos pró- sabe se comunicar América Latina e da Europa. Parece que prios direitos fundadeixa de fazer o Estado está renunmentais, e não apenas de regras a se- parte do trabalho. ciando os poderes e entregando-os ao porem seguidas. “Os Miguel Carbonell Doutor em Direito der privado”, alerprincípios são mantou. datos de otimização Para o pesquisador, se os proe é necessário aplicar a ponderação de direitos. Há muitos direi- blemas são comuns, as soluções tos que podem entrar em confli- também precisam ser. “O juiz deto, portanto o trabalho do juiz ve fazer parte de uma comunidade além de suas fronteiras”, extem de ser sofisticado”, citou. Ele propõe que o magistrado plicou. “Façam do Brasil e da trabalhe por maior acesso à justi- América Latina lugares mais jusça. “O certo é que o Estado De- tos. É preciso fazer justiça e não mocrático de Direito pressupõe apenas aplicar a lei”, enfatizou. “ Jornada Internacional em Gramado ■ A cidade de Gramado sediará a XIX Jornada Internacional de Direito nos dias 6 e 7 de junho, que será realizada no Serra Azul Centro de Eventos. O evento deverá reunir cerca de 3 mil participantes, entre profissionais e estudantes de Direito. Serão 14 palestrantes, entre eles, o advogado trabalhista Pedro Ruas, que vai versar sobre a “Flexibilização do Direito do Trabalho”. A “Violência Contra a Mulher, Barbárie e Civilização” é um dos assuntos que serão abordados pela advogada Alice Bianchini, de São Paulo. “Aspectos Criminais da Nova Lei Anticorrupção” é o tema do criminalista Lúcio Santoro Constantino. Informações e inscrições no www.jornadadedireito.com.br. CORREIO DO POVO Curso aborda Medicina Legal ■ A Universidade Feevale realizará, dias 10 e 17, o curso de extensão “Tópicos em Medicina Legal para operadores do Direito”. A atividade ocorrerá das 9h15min às 13h30min, no Campus II da Instituição e será ministrada por Tiago Santos Carvalho e Sami El Jundi. As inscrições podem ser realizadas até quintafeira (8) pelo site www.feevale.br/cursoseeventos. In Verbis Mais juízes no primeiro grau ■ EUGÊNIO COUTO TERRA | Presidente da Ajuris O Rio Grande do Sul tem um dos judiciários mais eficientes do país. Recentemente, o Tribunal de Justiça de nosso Estado foi considerado o mais produtivo das justiças estaduais, conforme 3ª edição do Índice de Desempenho do Judiciário (IDJus), divulgada agora no mês de abril. O primeiro grau de jurisdição, em que pese o esforço da magistratura, não conseguiu terminar mais processos do que ingressaram no ano passado. No relatório anual de 2013 do TJ/RS, verifica-se que ficou um resíduo, considerando a jurisdição comum e o sistema dos juizados especiais, de 227.567 processos. Ainda que tenham findado 2.070.217 procedimentos no período. O esforço é grande e muitos magistrados estão chegando ao limite de sua resistência física e psíquica. Um julgador extenuado e pressionado pela necessidade contínua de trabalhar além de sua capacidade normal é algo que não é recomendável para o jurisdicionado nem para a qualidade que a jurisdição precisa. Precisamos que mais magistrados ingressem na carreira. Temos que preencher as vagas de juiz que se encontram abertas, que só no primeiro grau já atingem mais de 170 cargos. Não vamos nem falar a respeito da necessidade de criação de novos cargos de juiz de Direito, pois cresce o número de magistrados pretores que se aposentam e, por se tratar de cargo em extinção, não há substituição por outro, muito embora subsista a prestação jurisdicional que era por ele atendida. O TJ/RS, há que se reconhecer, vem trabalhando para minimizar o problema. Está em andamento um concurso para preencher 60 cargos de juiz de Direito que, muito provavelmente, será ultimado ainda no ano de 2014. Estamos no período de apresentação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o ano de 2015, que é a lei que aponta as diretrizes e metas que deverão ser seguidas quando da elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA). A Ajuris participou recentemente de encontro para apresentação e apreciação das propostas a serem incluídas na LDO do ano vindouro. Em linhas gerais, como é da própria natureza da LDO, pode-se constatar que a administração do Judiciário está preocupada com a necessidade de material humano para que a Justiça possa bem prestar os seus serviços. A proposta do tribunal contempla o indicativo de abertura de concurso para magistrados e servidores. É de vital importância que a diretriz de ingresso de mais magistrados se concretize, pois sem uma recomposição do quadro de juízes não conseguiremos manter a eficiência e qualidade da melhor Justiça do Brasil. E o mínimo que podemos esperar é que no ano de 2015 ingresse o mesmo número de novos magistrados que no ano em curso. INTERNET CÓDIGO DE ÉTICA Qualificação em Direito Digital OAB realiza audiência pública Marco Civil da Internet, crimes eletrônicos e a Lei Carolina Dieckmann serão temas do curso “Direito Digital na Prática”, no dia 23, promovido pela Faculdade Brasileira de Tributação – FBT/Ineje. Prevenção contra crimes digitais no âmbito empresarial, preservação de provas eletrônicas e patrimônio e violação de segredo profissional serão abordados no evento para profissionais das áreas jurídica, de TI e marketing, além de empresários. Rony Vainzof e Renato Opice Blum, especialistas em Direito Eletrônico, são os professores convidados. A atividade ocorre das 9h às 18h30min, com realização presencial (rua Mostardeiro, 88) ou EAD. Inscrições pelo telefone (51) 3388-8023 ou e-mail [email protected]. A OAB/RS realiza na próxima segunda-feira audiência pública para avançar na elaboração do novo Código de Ética e Disciplina da Advocacia (CED). No encontro, às 17h, no Conselho Pleno (rua Washington Luiz, 1110 – 14˚), os advogados poderão propor aditamentos e modificações para o texto. O Grupo de Trabalho responsável pela análise das proposições apresentará os itens já sugeridos pela classe. O presidente do Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da OAB/ RS, conselheiro seccional Fábio Scherer de Moura, destaca que a realização da audiência pública tem por objetivo aprimorar as contribuições que serão levadas ao Conselho Federal da Ordem (CFOAB). “É muito importante estimular o debate e a discussão do projeto, pois os novos dispositivos éticos serão mais fortes quanto mais ligados estiverem à prática e à realidade dos advogados”, assegura. O presidente da OAB/RS, Marcelo Bertoluci, frisa que as mudanças do CED são mais uma demonstração que a Ordem não admite desvios éticos. “Os advogados devem ser exemplos perante à cidadania. Por isso, a advocacia gaúcha deve dar sua contribuição para um dispositivo cada vez mais eficiente”, avalia. O CFOAB, ainda no mês de junho, após receber as sugestões, pretende iniciar a discussão no Pleno. O tema também será debatido na XXII Conferência Nacional dos Advogados, que será realizada em outubro, no Rio de Janeiro, para que, nos meses de novembro e dezembro, o novo CED seja votado.