DESENVOLVIMENTO LOCAL E SUSTENTÁVEL: REVELANDO O ESPAÇO DAS REDES DE COOPERAÇÃO – CONDIÇÕES DE EXISTÊNCIA NA TEORIA E NA PRÁTICA Rudinei José Ortigara* Antoninho Caron** RESUMO As mudanças ocorridas nos últimos tempos criaram novas relações competitivas que desafiam o mercado a encontrar soluções na busca de respostas a desafios para a obtenção de vantagens e até mesmo para a sobrevivência tanto de pequenas como de grandes empresas. Uma dessas soluções está na formulação de redes de cooperação enquanto diferencial competitivo. É o que se pode chamar de competição pela cooperação, em que a competição é realizada pela cooperação na busca de objetivos comuns. Nesse sentido, este trabalho de pesquisa tem como objetivo identificar e mapear características de processos de cooperação e alianças entre pequenas e médias empresas de comércio e prestação de serviços de produtos eletrônicos na Rua 24 de Maio, em Curitiba. Originalmente, trata-se de um aglomerado de mais de 50 empresas que nos últimos 30 anos foram se instalando nessa localização. A partir desses aspectos, pergunta-se: essas empresas atuam estrategicamente de forma independente, autônoma ou estabelecem estratégias de atuação conjunta para conquistar mais eficiência em seus negócios? Para responder a essa pergunta fez-se uma revisão das bases teóricas sobre cooperação, alianças e redes em pequenas e médias empresas. A partir de entrevistas e questionários de pesquisa para levantamento de informações feitos com empresários locais, obteve-se respostas com resultados úteis para os objetivos da pesquisa. Os achados da pesquisa indicam que há poucos processos de cooperação entre as empresas dessa localidade. A maioria absoluta atua isoladamente, vendo o vizinho como concorrente, embora todas as empresas reconheçam que atuar em conjunto é importante. Essa opção estratégica de atuação é muito pouco utilizada por esse grupo de empresas até o final desta pesquisa, isto é, em julho de 2011. Palavras-Chave: Redes de cooperação; estratégias competitivas; desenvolvimento local; pequenas empresas. * Aluno do 7º período do curso de Direito da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2010-2011) da FAE Centro Universitário. Pós-graduado em Fundamentos de Ética pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). E-mail: [email protected]. ** Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professor do Programa de Mestrado Interdisciplinar em Organizações e Desenvolvimento da FAE Centro Universitário. E-mail: [email protected]. Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 339 INTRODUÇÃO A dinâmica econômica está cada vez mais caracterizada e marcada pela crescente interligação das relações interindustriais. Por conseguinte, uma análise mais realística sobre o desempenho competitivo das empresas deve centrar-se nas relações entre empresas ou organizações e não apenas calcar-se na empresa individualmente, fator que ressalta a importância crescente que as redes de cooperação vêm assumindo na realidade empresarial atual. Destarte, no contexto atual é de se ressaltar que a ação em rede configura-se como um fator de diferencial competitivo, uma vez que a união para a cooperação traduz-se em resultados de mútuo ganho entre os participantes da rede. Portanto, outro termo que traduz o conceito de rede é a cooperação com a finalidade de obter ganhos competitivos aos envolvidos nessa relação. Portanto, atualmente não se pode mais pensar uma empresa agindo de forma isolada da realidade em seu entorno. Isso ganha relevância estratégica, uma vez que empresas tanto globais quanto locais buscam, de acordo com suas necessidades, atuar se preparando melhor competitivamente para expandir suas ações. Dessa forma, trabalhar em rede de cooperação é um diferencial e se transforma em benefícios a todos os componentes da empresa. Esse contexto impõe vários desafios de sobrevivência e competitividade. As mudanças vêm se intensificando, se expandindo e ocorrendo de maneira cada vez mais acelerada, exigindo que as empresas busquem estratégias competitivas que melhor se ajustem a esse quadro. A partir desse novo contexto, surge uma questão: é possível que as redes de cooperação interempresariais se tornem um diferencial competitivo e contribuam para o desenvolvimento local de forma sustentável? A partir dessa questão, surge a necessidade de pesquisar se essa relação de cooperação realmente vem ocorrendo em empresas de pequeno porte. Para tal, foi realizada uma pesquisa de campo buscando mapear se está ocorrendo cooperação entre empresas de pequeno porte e de atuação local, cujo resultado será apresentado ao final deste artigo. No decorrer deste trabalho, discute-se a relação das redes para o desenvolvimento das atividades comerciárias e empresárias tanto no contexto das grandes quanto das pequenas empresas. Como destacado, o foco da pesquisa está no contexto da pequena empresa, por isso, o resultado final será a análise da existência ou não de redes de cooperação em pequenas empresas de eletrônicos, localizadas na rua 24 de Maio, no Centro de Curitiba, Paraná. 340 FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA Buscando abrangência na descrição da proposta, este artigo está subdividido em quatro partes distintas. A primeira parte trata da Rede de cooperação como uma nova necessidade estratégica para as empresas. A segunda analisa a Rede de Cooperação no contexto empresarial atual. A terceira considera as Redes de Pequenas e médias empresas. Por fim, a quarta parte apresenta o estudo do caso das empresas de revenda de produtos eletrônicos na rua 24 de Maio, em Curitiba. 1 REDE DE COOPERAÇÃO: NOVA NECESSIDADE ESTRATÉGICA Discute-se, atualmente, a rede de cooperação como alternativa estratégica para o sucesso das empresas, sejam elas pequenas, médias ou grandes. A sobrevivência e o crescimento das empresas já não é um processo autônomo e independente, mas sim um processo interdependente de cooperação e alianças estratégicas. No contexto econômico empresarial atual e globalizado, observam-se cada vez mais estratégias cooperativas entre empresas visando à conquista de vantagens competitivas. No entanto, o processo de buscar estratégias de aliança e cooperação como alternativa estratégica para o sucesso da empresa tem se intensificado a partir da década de 1980, portanto trata-se de um fenômeno relativamente recente como estratégia empresarial. Tradicionalmente, a competição era vista como antítese de cooperação. No entanto, essa nova maneira de pensar estratégias empresariais abandona, paulatinamente, a estratégia do perde/ganha, do vencido/vencedor, para adotar novas alternativas como o ganha/ganha, de coopetição, ou seja, de alianças, parcerias, cooperações e interdependências para conquistar objetivos comuns de sucesso, crescimento, sobrevivência e lucros. Dessa forma, a conjuntura econômica atual induz as empresas a participarem da batalha competitiva em conjunto com outras empresas aliadas. A associação de forças, a interdependência traz mais segurança, cria novas oportunidades de sobrevivência e crescimento (CARON, 1997, p. 82). Esse fenômeno recente de cooperação entre empresas é objeto de estudos de muitos pesquisadores, recebendo diferentes denominações: redes, alianças, parcerias, associação, cooperação. Muitas vezes, tais termos são utilizados para definir o fenômeno recente da cooperação interempresarial. Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 341 Apesar das diferenças possíveis e abordagens distintas que a interpretação desses termos pode trazer, o núcleo central é comum a todas as análises. Esse núcleo central se refere à cooperação entre empresas, sejam de pequeno, médio ou grande porte, tendo em comum processos de interdependência e cooperação para conquista de vantagens competitivas na luta de sobrevivência, crescimento e lucros por meio da participação eficiente nos mercados. Atualmente, a necessidade do trabalho conjunto ultrapassa a simples cooperação empresarial, dessa forma, o termo rede encontra ampla aplicação no campo econômico, social, político, dentre outros. Portanto, esse conceito pode ser aplicado para os mais variados tipos de cooperação, sendo que o enfoque a ser abordado neste trabalho é o das Redes de Cooperação Empresarial. Nesse entendimento, a rede é a união de empresas que buscam um diferencial competitivo diante de um mercado cada vez mais concorrente para buscar vantagens e assegurar condições de desenvolvimento em atuação conjunta. Desse modo, “a recente descoberta das redes é resultado da busca de soluções concretas; ou seja, é a resposta paradigmática a uma sociedade mais complexa e incerta” (BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008, p. 77). Nesse novo contexto, as empresas, mesmo tendo atuação local, passam a ser fenômenos interdependentes com integração e coordenação global. Assim sendo, “as organizações se ajustam para competir no mercado doméstico e passam a entender que ser competitivo internacionalmente é requisito básico para se manter em seu próprio negócio” (CARON, 1997, p. 98). 1.1 Nova Economia em Rede: a mudança do Paradigma1 Tecnológico As estratégias de coligação em rede se configuram, principalmente, como um diferencial competitivo diante de uma realidade de mercado cada vez mais acirrada. Essa busca pela eficiência e melhor aproveitamento de recursos para beneficiar determinado grupo de empresas é um fenômeno que remonta não só ao contexto atual – embora tenha se aprofundado hodiernamente –, mas que se desenvolveu principalmente a partir da década de 70 do século XX. O termo paradigma como atualmente o conhecemos foi cunhado por Thomas Kuhn em sua obra A estrutura das revoluções científicas, na qual utiliza o termo referindo-se à estrutura da ciência. Segundo o autor, a ciência está estruturada em modelos não contínuos. Um modelo ou paradigma é uma forma de fazer ciência que, a certa altura, encontrará limites e abrirá possibilidades para o surgimento de um novo modelo, ou seja, um novo paradigma que orientará, por conseguinte, uma nova forma de se fazer ciência. Atualmente se tem como significado de paradigma um modelo pelo qual se vê e se encara a realidade em seus aspectos políticos, sociais, econômicos, científicos, dentre outros. 1 342 FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA A partir desse período, desenvolve-se essa nova forma de pensar as estratégias entre empresas buscando um diferencial competitivo. O aprimoramento e fortalecimento das tecnologias de comunicação, juntamente com a intensidade de inovações tecnológicas de produtos, de processos e de gestão, são uma ameaça para as empresas autônomas e independentes. A segurança é encontrada nas alternativas estratégicas de interdependência entre empresas para perceber e incorporar as mudanças e tirar proveito estratégico das frequentes, rápidas e intensas invenções e inovações. Essas transformações trouxeram uma gama de modificações que se refletiram em várias frentes na sociedade. A mudança principal ocorreu no campo tecnológico, o que provoca reflexões e alternâncias transformadoras nos mais variados contextos sociais. Castells, em seu livro A Sociedade em rede2, aponta esse fenômeno como um novo paradigma, pois muda um contexto anterior de organização demonstrando que a sociedade contemporânea está centrada no uso e na aplicação da informação e conhecimento, sendo que essas mudanças provocam alterações profundas nas relações sociais, nos sistemas políticos e nos sistemas de valores globais. Essa nova realidade exige uma adaptabilidade às mudanças, uma vez que esse novo contexto impõe ajustes nas formas de organização, produção e gestão de bens e serviços. Acirra-se a concorrência, o que implica a formulação de novas estratégias de sobrevivência, crescimento e cooperação para participar com sucesso nos mercados nacionais e internacionais. Pois, em tempos de globalização, economias abertas e competitivas às estratégias de atuação empresarial não se restringem apenas aos mercados nacionais, mas é cada vez mais a partir da internacionalização dos negócios e oportunidades que as empresas tiram proveito de todas as alternativas de negócios para conquista de lucros e crescimento. É nesse contexto que começa a ser pensado, gestado e desenvolvido o conceito de rede de cooperação entre empresas como forma eficiente de competir no mercado. Esse novo paradigma repercute diretamente na economia industrial, uma vez que traz à tona as múltiplas possibilidades, tanto é que Castells o destaca como uma nova economia, chamando de “[…] informacional, global e em rede para identificar suas características fundamentais e diferenciadas e enfatizar sua interligação” (CASTELS, 2009, p. 119). No entanto, o referido autor destaca que a era da informação, por si só, não é a responsável pelo surgimento da economia informacional. Junto com ela, e com importância semelhante, destaca-se a nova lógica organizacional crescente que vem sendo desenvolvida. De acordo com o autor, CASTELLS, 2006. 2 Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 343 Minha tese é de que o surgimento da economia informacional global se caracteriza pelo desenvolvimento de uma nova lógica organizacional que está relacionada com o processo atual de transformação tecnológica, mas não depende dele. São a convergência e interação entre um novo paradigma tecnológico e uma nova lógica organizacional que constituem o fundamento histórico da economia informacional (CASTELS, 2009, p. 210). A nova lógica organizacional a que Castels se refere diz respeito ao novo modelo de produção capitalista que surge com a reestruturação econômica. Foi a partir dessas mudanças que começaram a surgir novos modelos organizacionais mais flexíveis que ofereciam uma resposta mais efetiva a uma forma mais eficaz de produção e organização econômica. Dentre esses modelos, dá-se ênfase ao caracterizado por conexões entre empresas, ou seja, ao modelo de redes entre empresas. 2 REDES DE COOPERAÇÃO NO CONTEXTO EMPRESARIAL ATUAL Constata-se, no contexto econômico atual, um acirramento da competição, no qual se compete por tudo, com todos e em toda parte. Para enfrentar as forças competitivas dessa nova dinâmica dos mercados e criar vantagens, buscou-se nas redes de empresas a saída para unir parceiros que têm objetivos em comum e, assim, obter diferencial competitivo. Portanto, A interação de atores e organizações, enquanto rede, parece funcionar como uma tentativa de ampliar o leque de parceiros – em quantidade e diversidade –, a fim de viabilizar interesses e projetos comuns. Significa, portanto, um rompimento com os princípios-chave das instituições burocráticas, através da prevenção da heterogeneidade entre os parceiros e da busca da flexibilidade de funcionamento, privilegiando as relações de cooperação, sem contudo eliminar os conflitos e a competição (LOIOLA; MOURA, in: FISCHER, 1997, p. 60). Essa nova estratégia passa a ditar a relação entre as empresas. Sem abandonar a competição, essas empresas aliam-se para complementarem forças na busca de objetivos comuns de redução de custos, aumento de produtividade, aumento de especialização, com intensidade de inovações e invenções para competir nos mercados nacionais e internacionais. 344 FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA 2.1 Rede de Empresas: Cooperação como Diferencial Competitivo As redes de cooperação entre empresas são novas formas de organização do processo capitalista de produção, tendo como objetivo conquistar maior capacidade de inovar, de se especializar, de racionalização de custos, de aumento de produtividade e de ganhos de capacidade de competir. A competição entre empresas é o motor que movimenta o modo capitalista de produção e consumo atual. Dessa forma, compete-se com todos, por tudo e em toda parte. As estratégias de competição estão mudando com rapidez e intensidade nos últimos tempos. Competir está deixando de ser entendido como a busca de lucratividade econômica de forma individual, atuação “solo”, passando, rapidamente, a ser compreendido como processo de cooperação competitiva, de atuar “com”, em interdependência, em parcerias e alianças estratégicas. Esse processo somente se instala e se intensifica entre diferentes atores quando proporciona vantagens aos agentes econômicos envolvidos, sejam eles pessoas ou empresas. Dessa forma, a competição é o motor-chefe, pois as pessoas e empresas concordam em cooperar para obter ganhos competitivos que não conseguiriam alcançar de forma isolada, mas sem deixar de lado os seus interesses estratégicos da organização individual. Portanto, a cooperação tem por sinônimo a geração de benefícios melhores e maiores decorrentes da atuação conjunta do que se a empresa atuasse isoladamente. Há autores, como é o caso de Balestrin e Verschoore, que chamam esse processo de nova competição. Segundo eles, Nas últimas décadas, com a ascensão da nova competição, a cooperação entre organizações assume uma maior importância devido à dificuldade das empresas em atender às exigências competitivas isoladamente. No momento em que duas ou mais organizações percebem a possibilidade de alcançar conjuntamente seus objetivos e obter ganhos mútuos, a cooperação entre elas se desenvolve. Sendo assim, pode-se afirmar que a cooperação interorganizacional decorre do desenvolvimento deliberado de relações entre organizações autônomas para a consecução de objetivos individuais e coletivos (BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008, p. 40). O diferencial competitivo que a cooperação proporciona aos seus participantes está na busca da obtenção de soluções coletivas, como causas compartilhadas. Um dos pontos centrais a ser considerado é que competitividade pela cooperação não significa empresas atuando com a finalidade de dividir lucros e benefícios de forma igual, mas a cooperação em rede se configura em buscar benefícios comuns, os quais nem sempre serão iguais a todos, mas que na rede o resultado é mais satisfatório do que a atuação individual, autônoma e independente. Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 345 Dessa forma, a estratégia de atuação em rede se consolida como um diferencial competitivo, unindo forças para competir, visando à conquista de resultados estratégicos melhores do que seriam obtidos a partir da atuação “solo”. Portanto, “o paradigma da cooperação (jogo de soma positiva) visa à adoção de estratégias coletivas por um conjunto de atores (fornecedores, concorrentes, clientes, etc.) tendo em vista atingir objetivos comuns, habilitando as empresas a competir em estâncias mais elevadas” (BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008, p. 51). Portanto, a cooperação em rede de empresas é essencial para sua sobrevivência, considerando o acirramento da competição no mercado globalizado, aberto e com intensas lutas competitivas em busca de crescimento e lucro, tanto nos espaços global como no local. Sendo assim, para uma rede obter sucesso, é mister que haja um propósito específico em foco e ter claros os meios para alcançá-lo, cooperando com competências específicas de cada um com o nítido objetivo de chegar ao propósito almejado, uma vez que “as empresas mais competitivas serão aquelas que encontrarem meios inovadores de cooperar e colaborar muitas vezes até com seus rivais mais impiedosos” (Maital, 1996, p. 214). Dessa forma, “A sobrevivência do mais competente agora significa sobreviver “com” o mais competente” (MAITAL, 1996, p. 220). 2.2 Redes Estratégicas: Estratégias como Meio de Sobrevivência das Alianças Redes de empresas por si só não garantem o sucesso e o retorno esperado para seus participantes. É necessário que, ao mesmo tempo em que as parcerias são estabelecidas, sejam traçadas estratégias que tenham finalidade clara de competir e trazer benefícios aos participantes do processo. Nesse sentido, Yoshino afirma que: Uma aliança estratégica vincula facetas específicas das atividades-fins de duas ou mais empresas. No fundo, o elo é uma parceria comercial que aumenta a eficácia das estratégias competitivas das organizações participantes, propiciando o intercâmbio mútuo e benéfico de tecnologias, qualificações ou produtos baseados nestas (YOSHINO, 1997, p. 06). As estratégias devem servir para as empresas unirem seus pontos fortes potencializando-os e, principalmente, preencherem as lacunas e superar as fraquezas existentes umas das outras para melhorar o desempenho mútuo e alcançar objetivos comuns. Dessa forma, para o sucesso das alianças é necessário e essencial que essas parcerias sejam ajustadas através de estratégias específicas. 346 FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA Para isso, há alguns aspectos a serem observados, uma vez que fazer parte de uma aliança não garante, necessariamente, vantagens competitivas; é preciso, portanto, uma eficiente coordenação interna para deixar claro os objetivos e as estratégias para as quais foi constituída. 3 REDE DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS Após esse apanhado geral da conceituação e da importância no aspecto competitivo e estratégico das redes de cooperação, percebe-se que essas redes podem se estabelecer em tamanhos, espaços e interesses diferentes. Pode haver uma rede local, rede internacional, redes de redes, e até mesmo dentro de uma rede pode haver redes menores, cada qual com seus objetivos específicos. O interesse desse trabalho não está na análise de todas as formas ou desdobramentos possíveis que uma rede pode ter, mas dentro das várias formas possíveis pretende-se analisar as redes locais de pequenas empresas. Há diferenças marcantes entre redes de grandes e de pequenas empresas. As redes de grandes empresas tendem a ser mais amplas e têm por objetivo número maior de finalidades, uma vez que suas atividades desenvolvidas atingem maior gama de clientes e seu território de atuação é mais amplo. Já as redes de cooperação local tendem a se concentrar num território de atuação mais restrito, tendo por finalidade um número menor de pontos de parcerias. No entanto, independente de ser rede de pequenas ou de grandes empresas, fato comum é que diante do ambiente cada vez mais globalizado, a competição se acirra na mesma proporção gerando e trazendo grandes desafios. Nesse contexto, é importante descobrir e elencar maneiras diferentes e possíveis de mitigar e diminuir os efeitos negativos que recaem sobre essas mesmas empresas. “E quando se passa a falar em negócios e não mais em fábricas isoladas, uma forma de diminuir os riscos e ganhar sinergia é a formação de alianças entre empresas, especialmente as pequenas” (CASAROTTO FILHO; PIRES, 1999, p. 24). 3.1 Desenvolvimento Local e suas Especificidades Cooperativas A rede de cooperação não se constitui, por sua vez, de fato isolado, pressupõe também vários aspectos que se entrelaçam para garantir o desenvolvimento. É interessante notar que “os novos modelos de desenvolvimento local implicam participação de Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 347 toda sociedade” (CASAROTTO FILHO; PIRES, 1999, p. 20). Isso se torna ainda mais relevante quando se fala em pequenas empresas e seu impacto enquanto produtoras de desenvolvimento local em seus mais variados fins, sejam eles econômicos ou sociais. Nesse sentido, “os instrumentos de organização empresarial e as formas de estruturação das redes de empresas requerem um pacto político, estratégico e operativo entre empresas e instituições” (CASAROTTO FILHO; PIRES, 1999, p. 20). Esse processo não é simples. Exigem-se, muitas vezes, esforços concentrados para mudar não só uma realidade física local, como também uma maneira de pensar consolidada na competitividade individualista. Por conseguinte, essa mudança de mentalidade tende a consolidar estratégias empresariais que auxiliem no desenvolvimento local a partir de um “[...] processo de busca permanente por uma nova maneira de ser, pensar e agir competitivamente” (CARON, 2009, p.1). O desenvolvimento local, nessa toada, é quase sinônimo de esforços conjuntos na construção de um ambiente que propicie elementos necessários para sustentar um projeto integrado de desenvolvimento que possa alcançar uma estrutura organizativa mais competitiva e eficaz de atuação e resultados. Nesse sentido, Caron afirma: A capacidade de o local se tornar universal é uma conquista de forças vivas locais que se mobilizam e articulam para se empoderar e desenvolver a partir das potencialidades e competências locais, das habilidades de articulação e negociação dos interesses junto aos poderes de governo e econômicos de outras regiões (CARON, 2009, p. 3). Nesse aspecto, o crescimento pode ser potencializado pela união de esforços na busca de um desenvolvimento continuado e angariado pela união das competências individuais tendo em vista a competitividade colaborativa. A partir dessa constatação é feita uma releitura sobre a importância da pequena empresa para a “saúde” do desenvolvimento local. Sendo assim, O local atua como elemento de transformação sócio-político-econômica, representando o lócus privilegiado para novas formas de solidariedade e parceria entre os atores sociais, em que a competição cede espaço à cooperação, representando, nesse contexto, uma fronteira experimental para o exercício de novas práticas e para o estabelecimento de redes sociais fundadas em novas territorialidades, diante das exigências colocadas por problemas de âmbito global, cujo enfrentamento depende, em grande parte, de intervenções que se realizam em nível local (CARON, 2009, p. 4). A colaboração entre pequenas empresas tem um papel de destaque para o desenvolvimento local, pois “a pequena e a média empresa tem especial importância para a geração de empregos, a interiorização do desenvolvimento e a complementação 348 FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA da ação das grandes empresas” (CARON, 2009, p. 7). Portanto, ações conjuntas entre pequenas empresas podem ter grandes impactos para o desenvolvimento local. Isso somente produz resultados quando cada componente percebe tal ato como soma positiva para todos os membros. Considerando os aspectos da conceituação teórica analisada, parte-se, a seguir, para a análise prática da existência ou não da rede de cooperação em uma região conhecida pela concentração de pequenas empresas de serviços e vendas de produtos eletrônicos. O objetivo é identificar se suas atividades estão baseadas na cooperação local e como ela se desenvolve, caso exista. 4 ESTUDO DE CASO: AS EMPRESAS DE REVENDA DE PRODUTOS ELETRÔNICOS NA RUA 24 DE MAIO, NA CIDADE DE CURITIBA Em sequência, apresentam-se os principais procedimentos metodológicos adotados para o desenvolvimento desta pesquisa. 4.1 Pesquisa de Campo Apesar da importância da cooperação interempresarial, conforme teoricamente destacado, a partir de redes de cooperação para o desenvolvimento de atividades econômicas comuns, essa estratégia nem sempre acontece na prática. Pode-se até afirmar que ainda há um longo caminho a ser percorrido até que várias empresas percebam a importância da cooperação para a competição. Como exposto acima, a finalidade deste trabalho não se detém apenas na teoria de cooperação e redes – apesar de ser embasado nela –, mas colhe elementos da prática para discutir a realidade da cooperação entre empresas por meio de um estudo prático, no qual se busca identificar e mapear se há ou não elementos de cooperação entre empresas de determinado local. Com esse objetivo, formulou-se um roteiro de pesquisa no qual as perguntas foram dispostas buscando encontrar uma resposta objetiva ao problema deste trabalho. Assim, visou-se identificar e mapear a presença ou ausência de características de uma rede de cooperação, ou outra forma, no aglomerado de estabelecimentos de produtos eletrônicos instalados na rua 24 de Maio, centro de Curitiba, estado do Paraná. A crença inicial é de que se trata de um aglomerado de empresas de ramos de negócios similares, mas que não adotam estratégias de colaboração entre si. Apenas estão localizadas na mesma rua por conveniência da proximidade geográfica. Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 349 A historicidade desse aglomerado de empresas conta que, originalmente, uma empresa se fixou nessa rua por haver a disponibilidade de uma área grande para localizar seu negócio. A vinda das demais empresas foi acontecendo por indução do primeiro empresário que convidou empresas complementares, ou até mesmo competidores, para se situar nessa rua, uma vez que muitos clientes, quando não encontravam o produto desejado, procuravam por informações de onde poderiam encontrar. Indicavam-se endereços distantes, havendo, então, reclamações dos clientes na dificuldade de encontrar. Assim, visando facilitar a vida dos clientes, muitas empresas foram convidadas por diferentes empresários para se estabelecer na Rua 24 de Maio, já que havia muita demanda por produtos e serviços por parte de clientelas diferentes e que procuravam suprir suas necessidades de produtos e serviços eletrônicos. Assim, 30 anos após a localização da primeira empresa, hoje se constata a existência de mais de 50 empresas de produtos e serviços eletrônicos na Rua 24 de Maio, e sua vizinhança na mesma quadra. Para levantamento de informações sobre processos de cooperação, alianças e redes, foi elaborado um questionário e entregue nos estabelecimentos comerciais pesquisados. Em vários deles, foram feitas entrevistas pessoais ouvindo histórias da origem das empresas nessa localidade, fatores motivadores da região, e processos de interdependência entre as empresas da rua 24 de Maio. Os questionários foram respondidos pelos empresários e recolhidos diretamente pelo pesquisador da FAE Centro Universitário. As perguntas foram elaboradas de forma fechada, visando facilitar as respostas por parte das empresas informantes e a análise dos dados pelo pesquisador, em atenção aos objetivos da pesquisa de identificar se há ou não estratégias de cooperação e alianças entre as empresas pesquisadas de comércio de produtos eletrônicos na rua 24 de Maio, em Curitiba. Com a pesquisa realizada, procurou-se coletar informações que fornecessem dados qualitativos quanto à presença ou não de características de rede de cooperação entre os estabelecimentos locais, procurando observar se elas trazem alguma melhoria na competitividade. 4.2 Resultados da Coleta de Dados Para a pesquisa de campo foram distribuídos 36 questionários no referido endereço, sendo que destes, dois terços (24 questionários) foram respondidos, e 12 estabelecimentos não deram retorno à pesquisa solicitada. 350 FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA A localidade foco da pesquisa é conhecida por ser um conglomerado de pequenos comércios de distribuição de produtos eletrônicos: produtos para informática, telefonia, sistemas de segurança, sistemas de áudio e vídeo, dentre outros, e prestação de serviços neste mesmo ramo. Pelas respostas colhidas, percebe-se que os estabelecimentos comerciais, instalados no endereço citado, são considerados de pequeno porte. A maioria possui de um a três funcionários (oito estabelecimentos). Um conjunto de sete estabelecimentos têm quatro a seis funcionários. Outros seis estabelecimentos possuem de sete a dez funcionários, e, por fim, apenas três possuem mais de dez. A maioria desses estabelecimentos atua tanto na distribuição de produtos como no fornecimento de serviços de assistência e orientações técnicas. Constatou-se que 22 estabelecimentos atuam na área de distribuição de produtos, e 11 desses estabelecimentos atuam, também, na prestação de serviços decorrentes das exigências técnicas de manutenção e uso dos produtos vendidos. Em relação à localidade onde se encontram instaladas as pequenas empresas, há reconhecimento local de que se trata de um polo de prestação de produtos e serviços na área eletrônica. A percepção individual sobre a presença de outros empreendimentos do mesmo ramo de atuação é vista pela maioria dos entrevistados (15 respostas) como uma possibilidade de suporte competitivo para as atividades econômicas que elas desenvolvem. No entanto, para cinco respondentes, a presença de outros estabelecimentos é vista como uma ameaça competitiva. Apesar dessa constatação, as vantagens de se estabelecer nesse aglomerado, pela percepção das respostas dadas, em sua maioria não é fruto de relações cooperativas com outros estabelecimentos do mesmo ramo. Nesse caso, 17 respostas vão ao encontro de que as vantagens provêm da atuação individual, contra seis respostas que apontam para a possibilidade de cooperação. Aqui encontramos um traço dissonante, uma vez que ao serem questionados se as alianças de cooperação são importantes para o estabelecimento comercial, obtiveramse 20 respostas apontando que é importante, uma resposta afirmando que é muito importante, e apenas duas apontaram para o fato de que é pouco ou não é importante. Diante de tal fato, percebe-se que na prática as alianças não estão acontecendo de forma expressiva. A maioria das empresas pesquisadas afirma que os resultados positivos são conquistas do desempenho individual e não decorrentes de processos estratégicos de cooperação entre as empresas vizinhas. Os empresários afirmam que a cooperação poderia até ser muito positiva, no entanto, não é uma prática habitual entre as empresas pesquisadas. Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 351 Ao perguntar sobre a cooperação entre os estabelecimentos na aquisição de produtos, houve repostas variadas. A maioria (11 respostas) constata que não há cooperação na aquisição de produtos. No entanto, seis respostas apontam que há algum tipo de cooperação na busca de preços menores na aquisição de produtos; cinco respostas caminham no sentido de que a cooperação visa à relação de troca de benefícios; três na forma de pagamento diferenciado; e duas respostas indicam algum tipo de cooperação em função das vantagens nas compras em função da quantidade adquirida. Questionados se há algum tipo de cooperação em desenvolvimento entre os estabelecimentos comerciais, a maioria (12 respostas), aponta que não é realizada nenhuma forma de cooperação. Enquanto 11 estabelecimentos demonstram que há uma pequena cooperação no sentido de troca de produtos entre si; e apenas duas sinalizam que há colaboração na prestação de determinados serviços. Sintetizando todas as respostas dadas pelos empresários pesquisados, constata-se que há consciência de que a cooperação é importante, no entanto, a prática aponta que essa cooperação nem sempre está presente, e que as vantagens de fazer parte de um conglomerado empresarial está no fato de que a proximidade entre as empresas vizinhas é mais uma vantagem para os clientes do que para as próprias empresas. No entanto, estar próximo é, por si só, uma vantagem localizacional que atrai clientes para todas as empresas localizadas na Rua 24 de Maio, em Curitiba. 4.3 Breves Apontamentos Teóricos Observados sobre a Prática Local Ao fim da análise dos dados coletados junto aos comerciantes locais, percebe-se que a realidade de cooperação entre os estabelecimentos pesquisados ainda está longe de ser a ideal. Pode-se afirmar que não existe, de fato, uma rede de cooperação consistente, tendo por finalidade a troca comercial ou a busca de benefícios comuns, sejam estes no sentido econômico ou não. Observa-se claramente a estratégia de atuação individualizada em quase todas as empresas pesquisadas, elas buscam suas próprias soluções independentemente do que os vizinhos estejam fazendo. Há poucos processos de cooperação entre as empresas. Os benéficos comuns são decorrentes das vantagens da aglomeração de vizinhança e não de atuação deliberada de integração e complementação estratégica visando à conquista de benefícios comuns. Mesmo que haja a ideia de que a união estratégica possa ser interessante para o desenvolvimento das atividades comerciais, percebe-se que ainda está presente o receio de maior abertura para pôr em prática essa união cooperativa. 352 FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA Na revisão teórica, demonstrou-se que muitos autores destacam que pode haver ganhos estratégicos e competitivos no estabelecimento de redes de cooperação, em que as empresas se aliam para complementar forças na busca de objetivos comuns, não abandonando as alternativas estratégicas de competição. Entre os achados da pesquisa de campo, percebeu-se que as empresas locais podem se unir na busca de diferenciais competitivos delimitando estratégias que possam ser utilizadas para a busca de benefícios comuns, como na aquisição de produtos, no entanto, é visível que essa união não vem ocorrendo. Por outro lado, constatou-se que a presença de outros estabelecimentos comerciais do mesmo ramo instalados na mesma localidade é vista, pela maioria dos pesquisados, como uma ameaça competitiva para o desenvolvimento de suas atividades. Esse fator destoa de um aspecto fundamental que é elencado por vários autores para a concretização de uma rede de cooperação: a busca de competências e recursos complementares entre os pares. Ao longo da pesquisa, deixou-se claro que o processo cooperativo somente se instala em uma localidade se há trocas de benefícios e se essas trocas proporcionam visíveis vantagens às empresas envolvidas. Nesse aspecto, percebe-se que entre as empresas pesquisadas não se vê como vantajosa a união da atuação cooperativa, ou melhor, não se percebe a colaboração como forma de obter ganhos competitivos atuando em grupo, pois ainda se vê mais vantagens na atuação isolada. Quanto aos ganhos econômicos, Balestrin e Verschoore (2008) afirmam que a união em rede permite aos seus membros ganhos estruturais e em escala, o que permite um maior potencial de negociação e trocas, além de auxiliar na realização de acordos comerciais. Todavia, no local pesquisado, não se observa a prática dessa colaboração, uma vez que não se encontra parcerias visando à aquisição de bens com preços diferenciados. Ao longo da pesquisa de campo, observou-se que, apesar de a cooperação entre as empresas de mesmo ramo não ocorrer na prática, a maioria vê a ação cooperativa como positiva para a atuação local, considerando-a como importante para o desenvolvimento das atividades comerciais. Apesar disso, ainda não se constata a efetivação dessa prática nos estabelecimentos comerciais locais. Uma vez que, também constatado pela pesquisa de campo, as vantagens competitivas e os benefícios na percepção dos comerciantes provêm mais deles estarem estabelecidos numa localidade onde se aglomera pequenos estabelecimentos do que propriamente pela troca de produtos, experiências e outros meios que possam caracterizar propriamente uma aliança de cooperação. Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 353 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo deste trabalho, procurou-se demonstrar os aspectos principais do entendimento de vários autores sobre o desenvolvimento da atividade comercial por redes de cooperação e seus benefícios aos que efetivamente participam dela. Para tal, buscaram-se fundamentos teóricos para demonstrar como o seu entendimento, ou melhor, o entendimento de sua importância se desenvolveu no contexto histórico dos últimos tempos. Portanto, pode-se dizer que a rede é fruto da necessidade de resposta à atuação empresarial e comercial concreta que a mudança dos últimos tempos impôs sobre o modo de gerência e desenvolvimento de atividades econômicas. Por fim, percebe-se que a prática da cooperação pela rede não é fenômeno apenas de determinadas empresas devido ao seu tamanho, porém é um processo cuja importância pode ser aplicada a grandes, médias e pequenas empresas, quando essas buscam a união para obterem vantagens competitivas no mercado cada vez mais competitivo e global. Apesar da vasta gama de autores que defendem a estratégia de atuação em redes de cooperação, constatou-se na pesquisa de campo que os estabelecimentos comerciais pesquisados não adotam sistematicamente estratégias de cooperação e atuação em rede para conquistar benefícios da atuação conjunta. A cultura empresarial local é de atuação individual, autônoma e independente. Sendo assim, a visão dos empresários pesquisados é de que cooperação e alianças são importantes, no entanto, não é prática habitual o uso dessa alternativa de gestão estratégica entre os empresários pesquisados. Considerando os achados da pesquisa e a informações obtidas junto aos empresários, pode-se concluir que a competição pela cooperação é realidade importante para o desenvolvimento de atividades econômicas das empresas em várias frentes. No entanto, a tomada de consciência de sua aplicação, na realidade das empresas pesquisadas, não acontece com frequência e intensidade. Pelos suportes teóricos, é possível afirmar que as redes de cooperação interempresariais se constituem como um diferencial competitivo para contribuir com o desenvolvimento local de forma sustentável. Contudo, as estratégias de atuação em rede em processos de cooperação, integração e complementação econômica são processos deliberadamente desenvolvidos como causas compartilhadas entre os participantes. Não são obras do acaso, mas de interesses comuns compartilhados em busca da maior efetividade para atingir objetivos estratégicos das empresas, tanto individualmente quanto do conjunto, envolvidas no processo de parceria, alianças e rede. A estratégia de Cooperação é fruto da tomada de consciência e da preparação dos membros que querem, deliberadamente, integrar a rede de cooperação. 354 FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA REFERÊNCIAS AUSTIN, James E. Parcerias: fundamentos e benefícios para o terceiro setor. São Paulo: Futura, 2001. BASSI, Eduardo. Empresas locais e globalização: guia de oportunidades estratégicas para o dirigente nacional. São Paulo: Cultura, 2000. BALESTRIN, A.; VERSCHOORE, J. Ganhos competitivos das empresas em redes de cooperação. Revista de Administração USP – eletrônica. São Paulo: USP. v.1, n. 1, jan/jun. 2008. Disponivel em: <http://www.rausp.usp.br/Revista_eletronica/v1n1/artigos/v1n1a2.pdf>. Acesso em: 06 out. 2010. 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( ) 1 a 3 ( ) 7 a 10 ( ) 4 a 6 ( ) Mais de 10 2 – Qual é o ramo de atuação do estabelecimento comercial: ( ) distribuição de produtos; ( ) fornecimento de serviços; ( ) outro. Qual? _________________________________ 3 – Quanto à presença de outros estabelecimentos comerciais do mesmo ramo: ( ) é vista como uma possibilidade de suporte competitivo para as suas atividades econômicas; ( ) é vista como uma ameaça competitiva; ( ) é indiferente, uma vez que não traz nem impactos positivos nem negativos para a atividade desenvolvida. 4 – Seu estabelecimento está implantado em um aglomerado reconhecido de produtos eletrônicos; essa realidade é vantajosa? Se sim: ( ) essa(s) vantagem(ns) provém de atuação individual; ( ) é fruto de relações cooperativas com outros estabelecimentos do mesmo ramo; ( ) não traz vantagem alguma. 356 FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA 5 – Se existir algum grau de relacionamento entre os estabelecimentos de mesmo ramo no local, este pode ser considerado: ( ) baixo ( ) regular ( ) ótimo ( ) excelente ( ) bom 6 – Você considera importante as alianças de cooperação para seu estabelecimento comercial? ( ) não é importante ( )é pouco importante ( ) é importante ( ) é muito importante 7 – Quanto à aquisição de produtos, existe cooperação entre estabelecimentos do mesmo ramo visando: ( ) à relação de troca de benefícios; ( ) vantagens nas Compras em função da quantidade adquirida; ( ) preços menores na aquisição de produtos; ( ) forma de pagamento diferenciada – mais parcelas; menores juros; etc.; ( ) nenhuma das alternativas se aplicam. 8 – Existe algum ganho valorativo dessas alianças? A mesma se dá a nível: ( ) econômico (redução de custos; aumento de prazos de pagamento) ( ) competitivo ( ) outros. Qual? ________________________________ 9 – Quais são as vantagens de se estar instalado em um aglomerado comercial? ( ) Proximidade com clientes; ( ) Facilidade de aquisição de produtos de fornecedores; ( ) Não há vantagem alguma; ( ) Outros. Quais: _______________________________ 357 FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA 10 – Há no momento alguma das atividades descritas abaixo de cooperação desenvolvida entre os estabelecimentos comerciais locais: ( ) Empresas trocam produtos entre si; ( ) Os estabelecimentos se reúnem para avaliar as condições do mercado; ( ) Os estabelecimentos do mesmo ramo se reúnem para reivindicar conjuntamente vantagens junto a órgãos públicos (ex. isenção ou redução de impostos, dentre outros); ( ) Há colaboração na prestação de determinados serviços; ( ) É avaliado em conjunto à aquisição de novos produtos; ( ) Não realiza nenhuma atividade. 11 – Com que frequência e por que acontecem as trocas de informações entre as empresas locais visando apoio e cooperação. Obs.: Marcar com X em todas as opções, nas alternativas correspondentes. ALTA MÉDIA BAIXA NUNCA a) Para a aquisição de novas tecnologias b) Para novos negócios c) Para novas linhas de financiamento d) Para aquisição de incentivos/isenções fiscais e) Compradores/fornecedores novos Muito obrigado pela participação e sucesso! 358 FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA