POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES DO USO DOS RECURSOS AUDIOVISUAIS E TECNOLÓGICOS NO ENSINO DE QUÍMICA EM UMA ESCOLA PÚBLICA DA PARAÍBA Thamyres Ribeiro da Silva (UFPB/CCA – Bolsista PROLICEN) Maria Luana da Silva (UFPB/CCA – Voluntária PROLICEN) Maria Betania Hermenegildo dos Santos (UFPB/CCA – Professora/Coordenadora/ PROLICEN) RESUMO A utilização dos recursos audiovisuais e tecnológicos para o ensino de química é importante visto que eles proporcionam uma forma mais dinâmica no processo de ensino aprendizagem, facilitando a absorção e a memorização de informações. Diante desta importância objetivou-se, neste trabalho, realizar uma sondagem das possibilidades e limitações do uso dos recursos audiovisuais e tecnológicos no ensino de química em uma escola pública da cidade de Areia- PB. Visando à obtenção desses dados utilizaram-se dois questionários: um aplicado ao docente da disciplina de química e o outro aplicado ao funcionário da escola. Com a análise do questionário aplicado ao funcionário observa-se que a escola possuía diversos recursos audiovisuais e tecnológicos, como data show, computadores, TV, DVD e notebook porém alguns desses equipamentos se encontravam quebrados em virtude da falta de manutenção. A partir da apreciação do questionário respondido pelo professor de química da referida escola, notou-se que o mesmo acredita ser de extrema importância o uso dos recursos audiovisuais e tecnológicos no ensino de química, de vez que tornam as aulas muito mais dinâmicas e atrativas estimulando, assim, o aluno, a participar do processo de aprendizagem. Este professor relata que a utilização desses recursos nem sempre é possível devido à falta de estrutura, pequena quantidade de equipamentos utilizáveis e até mesmo pela ausência de preparação dele próprio e dos alunos. Apesar dos problemas enfrentados em sua utilização e manutenção, os recursos audiovisuais e tecnológicos ainda são um dos melhores métodos de auxílio ao ensino de química visto que proporcionam aulas mais dinâmicas, interessantes e atrativas ao aluno, a construção do seu conhecimento, de forma mais inclusiva, o qual será recuperado mais facilmente, haja vista que fará uso de um canal de transmissão de informações (auditivo e visual). Palavras-chave: Ferramenta Didática, Aprendizagem, Escola Pública. 1 1. INTRODUÇÃO Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a química tem função muito importante, do ponto de vista social. Ela proporciona contribuições nas mais diversas áreas tais como a economia e a política e está presente nas mais diversas atividades diárias (BRASIL, 2000). De acordo com Roraima (2012) a química é uma ciência responsável pela inovação e transformação e aprendê-la é aprender a natureza e sua complexidade. Ela está presente de maneira muito evidente no dia-a-dia das pessoas e seus conteúdos, a exemplo da estabilidade, propriedades químicas, velocidade e entalpia da reação proporcionam uma base de conhecimento e compreensão ao cidadão para que o mesmo seja capaz de entender rótulos de produtos, bulas de remédio, embalagens de alimentos, manuais de produtos eletroeletrônicos etc., tornando-o um consumidor consciente e preparado. Segundo Nunes, Adorni (2010) o processo de ensino aprendizagem deve partir sempre de uma reflexão que fundamente decisões relevantes que serão tomadas: que conteúdo ensinar, de que maneira este conteúdo deve ser ensinado e porque ele deve ser ensinado. Esses assuntos devem então, estar vinculados ao cotidiano do discente tendo como foco e prioridade contribuir na sua preparação para a vida, tornando-o um cidadão de competência social. Freire (1996) afirma que o processo de ensino não se dá apenas pela transferência de conhecimento, mas também pelo processo de experimentação e vivência; todavia, este tipo de ensino se encontra longe do esperado. Para Sousa et al (2010) a disciplina de química no ensino médio é vista como algo desinteressante pelos discentes, mesmo contendo assuntos presentes no cotidiano; eles acreditam que são quatro os fatores que proporcionam tal desinteresse: 1) Não possuir ou não utilizar laboratórios; 2) A biblioteca não ser um ambiente com frequentação; 3) Não possuir recursos audiovisuais e tecnológicos nem ter métodos de aprendizagem interessantes; 4) Falta de contextualização, dando a falsa impressão de que são assuntos desnecessários e de pouca utilização, não proporcionando a ligação com o cotidiano do aluno. Damasceno; Wartha; Silva (2009) afirmam ser imprescindível a busca de mudanças no ensino tradicional e conteudista, que enfatiza os aspectos formais da Química e deixa de lado aspectos importantes desta ciência. 2 Segundo Silva et al. (2012) vivemos em um mundo tecnológico, em que diversas informações nos são passadas de maneira simples, ágil, rápida e prática, seja por meio do computador, da televisão, da internet etc.; assim a utilização das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) em salas de aula como recurso didático no processo de ensino - aprendizagem de química pode facilitar o aprendizado e despertar o interesse dos alunos por esta ciência tão presente no seu dia-a-dia. Este é um tipo de ensino eficaz pois proporciona interação entre docente e discentes, facilitação em demonstrações de fórmulas, soluções, reações etc., praticidade para o docente ministrar o conteúdo de maneira diferenciada e maior interesse por parte dos alunos visto que se trata de algo muito comum e utilizado para eles (FERREIRA, 2010) Oliveira et al (2009), evidenciaram que a utilização dos recursos audiovisuais e tecnológicos é importante no processo de ensino-aprendizagem pois eles estimulam, nos alunos, a atenção e o gosto de aprender, reduzem a teoria tradicional da disciplina ministrada, facilitam a comunicação entre docente e discentes e permitem uma troca muito maior de conhecimento, entre ambas as partes. Tendo em vista a magnitude da química e a necessidade de facilitação no seu ensino, propõe-se o levantamento das possibilidades e limitações dos recursos audiovisuais e tecnológicos no ensino de química em uma escola pública da Paraíba. 2. METODOLOGIA Este trabalho é parte da pesquisa vinculada ao Programa de LicenciaturaPROLICEN - desenvolvida no Centro de Ciências Agrárias (CCA)- Campus II- UFPB. 2.1 Localização da Escola Este trabalho foi realizado em uma escola de rede estadual de ensino que conta com os ensinos fundamental e médio, situada no brejo paraibano, na cidade de Areia, PB. 3 2.2 Público Alvo A pesquisa foi direcionada a um funcionário da escola, responsável pelo laboratório de informática outros recursos audiovisuais e tecnológicos e a um professor de química. 2.3 Método Utilizado Foram aplicados dois questionários, ambos com questões objetivas e subjetivas, sendo um com 3 questões, direcionado ao funcionário e o outro com 26 questões, direcionado ao professor. 2.4 Análise dos Dados As respostas dos indagados foram expressas de maneira literal e na forma de Tabela. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Ao analisar os dados dos questionários respondidos pelo funcionário e pelo professor que participaram da pesquisa, foi possível chegar aos seguintes resultados: O funcionário indagado trabalha na escola desde o ano de 2013 e mencionou que a escola possui os seguintes recursos audiovisuais e tecnológicos: 1 microfone utilizável; 2 caixas de som para computador, ambas utilizáveis; 2 caixas de som grandes para microfone, ambas utilizáveis; 1 aparelho de TV utilizável; 1 aparelho de DVD utilizável; 1 lousa digital utilizável; 1 roteador utilizável; 3 data show, sendo todos utilizáveis; 26 computadores de mesa para os alunos com sistema operacional Linux sendo 20 utilizáveis e 6 inutilizáveis; 5 computadores de mesa para funcionários com sistema operacional Linux e Windows, todos utilizáveis; 2 notebooks com sistema operacional Windows, ambos utilizáveis e 1 aparelho de som utilizável. O funcionário relata, ainda, que esses recursos raramente passam por manutenção devido à burocracia para a solicitação junto ao órgão responsável e afirma 4 que alguns equipamentos já chegam à escola apresentando algum tipo de danificação, como no caso dos 6 computadores que se encontram impossibilitados para uso. Esta lista de recursos audiovisuais e tecnológicos citada pelo funcionário é semelhante em quantidade e em tipo, às encontradas por Nascimento et al (2013). O professor participante da pesquisa expõe que possui formação em Química Industrial e em Química Licenciatura pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e afirma lecionar a disciplina há menos 5 anos e menciona que durante sua formação acadêmica alguns componentes curriculares abordavam a utilização dos recursos audiovisuais e tecnológicos no ensino de química e acredita que a utilização desses recursos é de grande influência para o processo de ensino-aprendizagem da disciplina pois os mesmos podem ser um auxílio na metodologia empregada em sala de aula. Resultados similares foram obtidos por Nascimento et al (2013) ao pesquisar a percepção dos professores de química sobre a utilização dos recursos audiovisuais e tecnológicos existentes em uma escola pública da cidade de Areia – PB. O professor indagado relata que durante o tempo em que leciona não passou por nenhum curso de capacitação para utilizar, de maneira correta, esses recursos. Quando questionado sobre se sentir capacitado na utilização dos mesmos como ferramenta didática, o professor se justiçou: O professor declarou utilizar os recursos audiovisuais e tecnológicos em suas aulas, porém só às vezes e afirma que conhece um software educacional que funciona como laboratório virtual de química, chamado Crocodile Chemistry 605 mas que teve dificuldade em aplicá-lo nos computadores e dificuldade em trabalhá-lo com os discentes. Quando foi questionado se a não utilização dos recursos audiovisuais e tecnológicos como ferramenta de aprendizagem tem tornado o ensino de química deficiente o docente respondeu: 5 Quando indagado sobre as vantagens e desvantagens o uso dos recursos audiovisuais e tecnológicos nas aulas de química, nas três séries do ensino médio, o docente relata: Como vantagens: “Estimula os alunos a participarem e no processo de aprendizagem, torna a aula mais dinâmica e interativa”. E como desvantagens: “É necessário infraestrutura para executar aulas que usam recursos tecnológicos, assim como também estar bem preparado para as adversidades”. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir dos dados aqui obtidos pode-se afirma que a escola avaliada dispõe de diversos recursos audiovisuais e tecnológicos, porém sua manutenção é considerada complicada para ser requerida. O professor, apesar de ter cursado, durante sua formação acadêmica, componentes curriculares sobre o assunto, não se sente preparado para utilizar os recursos audiovisuais e tecnológicos em suas aulas e acredita que a utilização desses recursos é de grande importância para o processo de ensino-aprendizagem da disciplina, visto que os mesmos podem ser um auxílio na metodologia empregada em sala de aula. O docente indagado relata que não passou por qualquer curso de capacitação relacionado à utilização dos recursos audiovisuais durante a sua vida profissional e que apenas às vezes utiliza esses recursos em suas aulas. Todavia, essas dificuldades devem ser superadas pelo professor de vez que esses recursos proporcionam um contato muito mais direto entre docentes e discentes, além de uma associação maior da teoria ao cotidiano fazendo com que o aluno tenha uma aprendizagem significativa. 6 5. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais. Ensino médio: ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília, 2000. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf>. Acesso em: 16 de out. de 2014. DAMASCENO, H.C.; WARTHA, E.J.;SILVA, A.F.A. Conteúdos e Programas de Química no Ensino Médio: O que Realmente se Ensina nas Escolas de Itabuna, Região Sul da Bahia. 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