G.7.12 - Ensino Superior.
Trajetória e intercâmbio no Brasil: estudantes sulamericanos
Greice Kelli Christovam*1, Darbi Masson Suficier², Luci Regina Muzzeti³
1. Mestranda em Educação Escolar – FCLAr – UNESP *[email protected]
2. Doutorando em Educação Escolar – FCLAr – UNESP
3. Professora e Pesquisadora do Depto. de Didática – FCLAr – UNESP
Palavras Chave: habitus, trajetória, intercâmbio.
Introdução
O presente trabalho apresenta quatro perfis sociológicos de
intercambistas de diferentes países (Argentina, Bolívia,
Colômbia e Uruguai) que estiveram no Brasil no período de
fevereiro a julho de 2013 em uma Universidade Pública
Paulista. Foram selecionadas quatro estudantes em sua
última semana de intercâmbio no Brasil. Baseado no
referencial teórico desenvolvido por Pierre Bourdieu, os
quatro agentes foram entrevistados por meio de entrevista
semiestruturada com o objetivo de analisar, através de seus
relatos, suas trajetórias sociais em forma de perfis
sociológicos
(trajetórias
individuais
analisadas
sociologicamente). A noção de trajetória, compreendida
“como série de posições sucessivamente ocupadas por um
mesmo agente” (Bourdieu, 2003, p. 81), ocupa posição
central na construção dos breves perfis sociológicos. Nesse
sentido, utilizaremos também o conceito habitus proposto
pelo autor (2002), permitindo assim compreender que as
ações não são apenas escolhas individuais, mas resultado
de um processo do presente, passado e da fração de classe
desses agentes, reforçando as relações sociais e atuando
como uma matriz estruturadora e estruturante. Para a
compreensão das trajetórias, utilizamos o conceito de
capital cultural (Bourdieu, 2002), o qual, enquanto capital, é
adquirido inicialmente no ambiente domestico e durante
suas trajetórias, ou seja, conhecimentos, obras de arte,
diplomas, etc., que lhes conferem uma posição na estrutura
social, dentro e fora de sua fração de classe, mas também
lhe conferindo um status próprio para cada espaço social
frequentado.
Resultados e Discussão
Argentina, 23 anos. Possui quatro irmãos, dos quais dois
possuem nível superior. Os pais são casados. A mãe é
profissional liberal atuando na área da saúde em consultório
particular. O pai é técnico de nível médio em instituição
pública e, após a estabilização profissional, concluiu o
ensino superior. Optou em fazer o intercâmbio no Brasil
para complementar a formação acadêmica, conhecer uma
nova cultura e aperfeiçoar os conhecimentos na língua
portuguesa. Boliviano, 24 anos. Possui três irmãos com
ensino superior. Os pais são casados, sendo a mãe donade-casa e o pai funcionário público de nível superior. Optou
em fazer o intercâmbio no Brasil para aprimorar o currículo
acadêmico
e
para
ter
um
amadurecimento
pessoal.Colombiano, tem 28 anos.Possui três irmãos, um
possui nível superior e os outros dois possuem nível
técnico. Os pais são casados, sendo a mãe dona-de-casa
e o pai é técnico em nível médio em uma instituição privada.
Optou pelo intercâmbio no Brasil para complementar o
currículo, tornar-se fluente na língua portuguesa e vivenciar
no cotidiano a língua portuguesa. Uruguaia, tem 23 anos.
Seus pais divorciaram-se no início da sua adolescência. A
mãe, funcionária pública de nível médio, contraiu novo
matrimônio com um operário. O pai é trabalhador autônomo
de nível médio. Optou em fazer intercâmbio no Brasil para
tornar-se fluente na língua portuguesa, vivenciar outras
culturas e concluir um trabalho de campo no qual havia
iniciado no país de origem. As regularidades encontradas
nesse
grupo
foram:
i) um ou mais membros da família possuem nível superior;
ii) uma escolarização sem dificuldades realizada em
escolas particulares; iii) concluíram o ensino médio aos 17
anos de idade e ingressaram em um curso superior
público após concluir o Ensino Médio; iv) Optaram em
cumprir a carga horária acadêmica em uma universidade
brasileira. Com isso, a relação que se estabelece entre a
posse de capital cultural e capital econômico pelas famílias
tende a influenciar o destino escolar dos entrevistados e
possibilitar a vivência do intercâmbio. Em seus percursos
como intercambista, pode-se atentar para: a convivência
com aqueles que vivenciam o mesmo momento (outros
estrangeiros em intercâmbio), a expectativa de uma
experiência no exterior embasada no conhecimento do
idioma local e a posse de capital econômico (familiar e na
condição de bolsistas de suas universidades) que
possibilitou a estadia no Brasil de forma confortável.
Conclusões
Após analisar os dados, concluímos que os entrevistados
são provenientes da classe média. Em todos os casos as
famílias possuem estabilidade econômica, além de
aderirem e transmitirem os valores impostos e legitimados
pela escola, uma vez que estes lhe fazem crer na ascensão
social e no prestígio cultural conquistados por meio da
escolarização.
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BOURDIEU, P. Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 1990.
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________. Razões Práticas: Sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus,
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67ª Reunião Anual da SBPC
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