REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE O NOSSO COMPROMISSO É COM O POVO, PONTO DE PARTIDA E DESTINATÁRIO DO NOSSO PROGRAMA DE GOVERNAÇÃO DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE MOҪAMBIQUE FILIPE JACINTO NYUSI Senhores Governadores Provinciais, Excelências, Esta cerimónia de tomada de posse dos Governadores Provinciais constitui uma das fases importantes na Constituição do Governo da República de Moçambique saído das V Eleições Gerais e das Assembleias Provinciais. O juramento que acabam de prestar representa um compromisso de grande responsabilidade perante o Chefe do Estado e a Nação. Um compromisso de servir o Estado e a Pátria Moçambicana. Ao assumir as funções de Governador Provincial, cada um de vós tem plena consciência da dimensão e da complexidade da missão que vos é atribuída. É na Província e, particularmente nos distritos que dela fazem parte, onde o manifesto eleitoral sufragado pelo povo moçambicano deve ser traduzido em acções concretas. 1 A vossa nomeação baseia-se na confiança que temos de que, com a experiência e conhecimentos que possuem, serão capazes de dinamizar com necessária criatividade e espírito inovador o desenvolvimento acelerado da província que cada um vai dirigir. Reiteramos que o nosso compromisso é com o povo, ponto de partida e destinatário do nosso Programa de Governação. O povo espera de vós uma acção governativa que traga resultados concretos na melhoria progressiva das suas condições de vida. Acompanharemos permanentemente o desempenho de cada um de vós. Na avaliação do vosso trabalho procuraremos, em cada momento, aferir a vossa capacidade de se assumirem como verdadeiros líderes na promoção do desenvolvimento acelerado das províncias. Na verdade, este é um compromisso de desempenho que assumem perante quem vos nomeia e vos empossa. 2 Para o sucesso da vossa missão é importante aprofundar o conhecimento da província que vão dirigir nos seus aspectos económicos, sociais, culturais e políticos. Cada um de vós deve ser especialista da sua própria província. Inspirem-se na sabedoria do povo. Saibam comunicar de forma efectiva, sem preconceitos, isto é, sem vaidade nem arrogância, mas com genuína simplicidade, aglutinem o povo. Encontrem no saber multissecular de uso dos sistemas indígenas do conhecimento, uma inspiração para a solução local de problemas locais. São sistemas de conhecimento que resultam da acumulação de experiências ao longo do tempo. 3 Eles devem ser valorizados e partilhados dentro da província, no intercâmbio com outras províncias e na interação com as instituições do ensino superior com vista a sua elevação ao nível do conhecimento universal. A existência, em todas as províncias de universidades e instituições técnico-profissionais, acesso às novas tecnologias de informação e comunicação tornam os cidadãos mais activos e mais atentos à actuação dos governantes e agentes do Estado. Não pensem, portanto, que ficam imunes do olhar público. De igual modo, invistam na formação e capacitação dos vossos colaboradores, funcionários e agentes do Estado para que se sintam motivados a assumirem o seu papel de facilitadores e dinamizadores do desenvolvimento. Liderem através do bom exemplo no cumprimento da Lei e na observância dos princípios da ética governativa, de integridade, imparcialidade, humildade e honestidade. 4 Transmitam confiança aos demais membros da equipa do governo provincial, administradores distritais, chefes de posto administrativo e presidentes de localidade. Cultivem um relacionamento harmonioso com os demais órgãos do Estado e outros actores públicos. Sejam proactivos e arrojados na busca de parcerias para a materialização do Programa Quinquenal do Governo. Mobilizem os cidadãos a apropriarem-se da nossa visão de desenvolvimento. Senhores Governadores, A descentralização constitui um dos pilares fundamentais na prossecução dos objectivos da boa governação. 5 Devem assegurar acção coordenada e integrada das instituições da administração pública para que sejam mais eficientes e produtivas. Vamos acelerar a aplicação da Lei dos Órgãos Locais, no escalão de província, relativamente ao modelo integrado de governação que já está sendo implementado nos distritos. Quando dizemos que cada Governador Provincial deve ser proactivo estamos a dizer que não deve ficar à espera de orientações superiores na busca de soluções que impulsionem o desenvolvimento da província. Cada província é um território definido, detentor de imensas potencialidades em recursos naturais e, sobretudo, de uma população trabalhadora. Não empossamos mensageiros do povo para o Governo Central e vice-versa. 6 O Governador deve ter iniciativas para tirar vantagens das oportunidades existentes, não só para resolver os problemas da província, mas também para atrair mais investimentos, mais turistas, tornando a província um modelo e um exemplo de referência. Sejam principais actores na atracção de investimentos e promoção do empresariado local a fim de alargarem as oportunidades de emprego, sobretudo para jovens. Trabalhem para assegurar que as vias de acesso sejam transitáveis entre distritos, postos administrativos e localidades em toda a época do ano, e tenham em todos os actos a capacidade de prevenção e antecipação sobre os diferentes fenómenos. Dinamizem o aumento da produção e da produtividade, acompanhado de acções de educação das comunidades, para garantir a segurança alimentar e nutricional das populações, bem como a criação de excedentes para a comercialização e aumento da renda das famílias. 7 Redobrem esforços para o combate das doenças de notificação obrigatória nas vossas províncias, elevando a qualidade da prestação dos cuidados de saúde às populações. Priorizem o abastecimento de água potável e o saneamento do meio nas zonas urbanas, suburbanas e rurais como factor importante na promoção da saúde pública. Devem promover a melhoria da habitação das populações para reduzir a vulnerabilidade em relação as intempéries, educando as comunidades a fazer melhor aproveitamento das técnicas e dos materiais locais. Assegurem um melhor ordenamento dos assentamentos humanos sobretudo nas zonas rurais e suburbanas, promovendo a sua progressiva infraestruturação. Mobilizem sinergias para que, de forma progressiva, nas salas de aula, nenhuma criança estude sentada no chão. 8 Assegurem uma exploração responsável e sustentável dos recursos naturais, em particular a terra, as florestas e fauna bravia, os recursos marinhos e os minerais. Prossigam com a expansão e melhoria da rede de energia eléctrica e de telecomunicações tanto para os centros urbanos como para as zonas rurais. Promovam o envolvimento das comunidades nos investimentos públicos e privados assegurando a observância dos seus direitos. Nenhum projecto deve ocorrer no vosso território sem a vossa compreensão e acompanhamento. Sejam os principais guardiões dos valores da harmonia, da paz e tranquilidade, da concórdia e da justiça no seio das famílias e das comunidades. Não deve haver gente ou parcelas do território onde vocês não priorizam o crescimento. 9 Respeitem e busquem um maior envolvimento dos líderes tradicionais e comunitários, das autoridades religiosas, dos partidos políticos e demais organizações da sociedade civil. Sejam sempre realistas e evitem prometer o impossível. Saibam definir metas e prioridades. Não vacilem perante os problemas e as dificuldades. A essência da vossa missão é exactamente resolver problemas muitos deles difíceis. Como dirigentes, valorizem sempre as boas práticas das instituições e a meritocracia dos funcionários e agentes do Estado. Entretanto, não hesitem em tomar medidas adequadas para desencorajar atitudes que atentem contra os princípios da ética governativa e a boa imagem do Estado. 10 Senhores Governadores, Neste novo ciclo de governação, nós assumimos o compromisso de construir um Moçambique mais unido, mais coeso, de harmonia e justiça social. Um dos desafios da nossa governação é a redução das assimetrias existentes entre províncias e dentro de cada província. Cabe-vos assegurar que, na elaboração e implementação dos planos de desenvolvimento provinciais e distritais, busquem reduzir essas assimetrias. No domínio das infraestruturas públicas, priorizem as zonas de maior potencial económico, sem prejuízo do desenvolvimento equilibrado de cada província, para a partir destas produzir riquezas para todas outras e tornar sustentável o bem-estar do povo. Confio nas vossas capacidades e no vosso patriotismo. Vão para cada uma das províncias com firmeza e determinação de que podem fazer a diferença. 11 Não sejam governadores para explicar ou justificar os incumprimentos ou omissão dos mesmos. Convosco celebraremos acordos rigorosos de prestação regular de contas. Assim nós todos com o nosso patrão - o merecedor povo moçambicano, temos a responsabilidade de criar no seio das nossas famílias um ambiente de harmonia, que permita que elas sejam um importante suporte moral para o sucesso da vossa acção governativa. As minhas palavras de ontem, na cerimónia de investidura dos Ministros e Vice-Ministros, são extensivas ao Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi. Aproveito esta oportunidade para sublinhar que Moçambique conta com a acção do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação no alargamento de políticas externas cada vez mais sólidas para o aprofundamento de laços de amizade e cooperação, com destaque para os países da SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral), da União Africana, da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), da CommonWealth, da ONU (Organização das Nações Unidas) e de outros organismos internacionais. 12 É ainda nossa responsabilidade reforçar a participação de Moçambique nos esforços da Paz e do desenvolvimento internacional assegurando a defesa dos mais altos interesses de Moçambique." Quero desejar-vos sucessos no cumprimento da nobre missão que acabam de assumir. Aos cônjuges, esperamos o apoio que sempre deram aos esposos para merecer a confiança que hoje conduz os empossados. Esta confiança que origina do povo e tem o fim de ser para o povo. Gostaria de propor um brinde à nossa saúde, à consolidação da paz e da unidade nacional e ao reforço das nossas relações de confiança e trabalho. Maputo, aos 20 de Janeiro de 2015 13