1
PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL E TABAGISMO: CONTRIBUIÇÕES DO
SERVIÇO SOCIAL.
Marina Monteiro de Castro e Castro1
Ana Lúcia Vargas2
RESUMO
O presente artigo visa apresentar as atividades desenvolvidas no Programa de Residência
Multiprofissional em Saúde do Adulto para prevenção, tratamento e pesquisa com
tabagismo, que são coordenadas pelo Serviço Social.
Palavras-chave: Tabagismo, Residência, Serviço Social
1
Professora da Faculdade de Serviço Social/Universidade Federal de Juiz de Fora; Mestre em Serviço
Social/UFJF; Doutoranda em Serviço Social/UFRJ; Coordenadora do Serviço Social no Programa de Residência
Multiprofissional em Saúde do Adulto.
2
Assistente social do Hospital Universitário/ Universidade Federal de Juiz de Fora; Mestre em Saúde Coletiva –
IMS/UERJ; Preceptora do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto
2
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência do Serviço Social na
coordenação do eixo transversal de pesquisa e intervenção em Tabagismo desenvolvido no
Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto com ênfase em doenças
crônico degenerativas, realizado no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de
Fora (HU/UFJF).
O tabagismo é um dos principais problemas de saúde pública na contemporaneidade
e a sua dependência encontra-se entre os vinte maiores fatores de risco para problemas de
saúde, estando entre a mais importante causa evitável de morbidade e mortalidade
prematura. Estima-se que ocorra 5 milhões de óbitos anuais no mundo atribuídos ao
tabagismo (OMS, 2008).
Atualmente as ações em tabagismo do HU/UFJF promovem uma interface entre
diferentes setores/programas da Universidade: Serviço Social/HU, Serviço de Psicologia/HU,
Serviço de Clínica Médica/HU, Departamento de Nutrição/ICB, Departamento de
Psicologia/ICH, Faculdade de Serviço Social e dos Programas de Residência em Serviço Social,
Psiquiatria e do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto e com o
Centro de Referência em Pesquisa, Intervenção e Avaliação em Álcool e Drogas (CREPEIA) do
Departamento de Psicologia da UFJF. Estes diferentes setores/programas compõem o
Centro Interdisciplinar em Pesquisa e Intervenção em Tabagismo do Hospital Universitário
da Universidade Federal de Juiz de Fora (CIPIT/HU/UFJF).
As atividades desenvolvidas visam
No que tange às atividades junto ao Programa de Residência em Saúde do Adulto,
destaca-se que são desenvolvidos atividades em dois eixos: assistencial (ambulatorial e
hospitalar) e de pesquisa, e ambos são coordenados pelo Serviço Social.
Entendendo que os Programas de Residência são espaços de excelência para a
formação em saúde e que o trabalho com tabagismo é central no enfrentamento das
3
doenças crônico-degenerativas, este trabalho busca apresentar a experiência do Serviço
Social problematizando as potencialidades e os desafios do trabalho nestes campos.
1. O Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto do HU/UFJF
As Residências em Saúde, tanto em Área quanto multiprofissional, são
regulamentadas pela Lei 11.129 de 2005, que institui a Residência em Área Profissional de
Saúde e cria a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde – CNRMS; e pela
portaria interministerial n° 1077 de 12 de novembro de 2009, que dispõe sobre a Residência
Multiprofissional em Saúde e a Residência em Área Profissional da Saúde, institui o
Programa Nacional de Bolsas para as Residências e a CNMRS.
De acordo com Brasil (2009), as Residências Multiprofissionais e em Área Profissional
da Saúde constituem modalidades de ensino de pós-graduação lato sensu destinado às
profissões da saúde, sob a forma de curso de especialização caracterizado por ensino em
serviço, com carga horária de 60 (sessenta) horas semanais e duração mínima de 2 (dois)
anos.
Os programas de Residência são pautados pelos princípios e diretrizes do Sistema
Único de Saúde e de acordo com o Art. 2º da Portaria n 1077, e orientados a partir das
necessidades e realidades locais e regionais, de forma a contemplar os seguintes eixos
norteadores, dentre outros: cenários de educação em serviço representativos da realidade
sócio-epidemiológica do País; concepção ampliada de saúde que respeite a diversidade e
considere o sujeito enquanto ator social responsável por seu processo de vida, inserido num
ambiente social, político e cultural; política nacional de gestão da educação na saúde para o
SUS; abordagem e estratégias pedagógicas capazes de utilizar e promover cenários de
aprendizagem configurados em itinerário de linhas de cuidado, de modo a garantir a
formação integral e interdisciplinar; integração ensino-serviço-comunidade; integração de
saberes e práticas tendo em vista a necessidade de mudanças nos processos de formação,
de trabalho e de gestão na saúde; estabelecimento de sistema de avaliação formativa, com a
participação dos diferentes atores envolvidos, visando o desenvolvimento de atitude crítica
e reflexiva do profissional, com vistas à sua contribuição ao aperfeiçoamento do SUS; e
integralidade que contemple todos os níveis da Atenção à Saúde e a Gestão do Sistema.
4
Com estes programas busca-se sedimentar um paradigma que supere os pólos saúde
pública/ assistência médica individual, ou prevenção e cura, lutando por uma nova qualidade
da assistência, e para que a população tenha condições de compreender o significado do
direito à saúde e da dimensão das desigualdades sociais (STEPHAN-SOUZA et al, 2001).
No HU/UFJF, o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto com
ênfase em doenças crônico - degenerativas teve início em 2010 contando com a inserção das
seguintes áreas: Serviço Social, Farmácia, Análises Clínicas, enfermagem, nutrição,
psicologia, educação física, fisioterapia.
Tendo duração de dois anos, as atividades práticas dos residentes são assim
organizadas: no primeiro ano, os residentes se dividem em atividades na atenção primária e
secundária e tem como eixo transversal os ambulatórios de diabetes, tabagismo, doenças
infetcto-parasitárias (DIP), hanseníase, fisioterapia cardiopulmonar, além das atividades do
eixo específico de cada área profissional; no segundo ano os residentes se inserem no
espaço hospitalar e o eixo transversal é a terapia nutricional e o tabagismo.
As atividades desenvolvidas visam se constituir enquanto processos de interação e de
trocas de experiências validadas pelo desenvolvimento da consciência crítica e reflexiva, a
partir dos seguintes princípios: integração efetiva e produtiva entre ensino e serviço e
construção coletiva do conhecimento de práticas e saberes da saúde.
2. Tabagismo: questão de saúde pública
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2008) cerca de cinco milhões de pessoas
morrem ao ano por doenças relacionadas ao tabagismo, sendo que a tendência é o aumento
desse número, já que os atuais fumantes desenvolverão problemas devido à utilização do
tabaco.
O tabagismo constitui uma das causas dominantes de morte evitável no mundo
(INCA, 2008). Atualmente o tabagismo é amplamente reconhecido como doença epidêmica.
Essa dependência expõe os fumantes continuamente a cerca de 4.720 substâncias tóxicas,
fazendo com que o uso do tabaco seja o agente causador de problemas relacionados à
saúde, devido aos altos índices de morbimortalidade por câncer, doenças cardiovasculares,
cerebrovasculares e respiratórias (ESCHER et al, 2011).
5
O Brasil, apesar de ser um país em desenvolvimento e um grande produtor de
tabaco, tem investido esforços no combate ao consumo do mesmo, através do Programa
Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT). Esse Programa tem como objetivo reduzir a
prevalência de fumantes em nosso país e a consequente morbimortalidade por doenças
tabaco relacionadas. Para isso, utiliza as seguintes estratégias: prevenção à iniciação ao
tabagismo, proteção da população contra a exposição ambiental à fumaça de tabaco,
tratamento para a cessação de fumar e regulação dos produtos de tabaco através de ações
educativas e de mobilização de políticas e iniciativas legislativas e econômicas.
No que concerne a poluição tabagística ambiental, a Aliança para Controle do
Tabagismo – ACTbr, aponta que nos últimos anos as empresas estão trabalhando na
implementação de políticas de ambientes de trabalho livres do tabaco em todo o mundo.
Estas organizações adotam as ações de controle do tabaco através de programas voluntários
ou para se adequarem às legislações existentes (ACTbr, 2008).
A aplicação de medidas eficazes de proteção contra a exposição à fumaça do cigarro,
previstas no artigo 8º da CQCT – Convenção Quadro pra Controle do Tabaco, preconiza a
eliminação total da fumaça em ambientes fechados, a fim de obter-se um local
absolutamente livre dos efeitos adversos da poluição tabagística.
Segundo dados da ACTbr os fumantes passivos têm um risco 30% maior de
desenvolverem câncer
de pulmão, 25% mais chances de desenvolverem doenças
cardiovasculares e doenças respiratórias dentre outras. O tabagismo passivo é a 3ª causa de
morte evitável no mundo e o maior responsável pela poluição em ambientes fechados
(IARC, 1987).Há evidências que os sistemas de ventilação e de filtragem do ar, bem como as
“áreas especiais para fumantes”, não apresentam eficácia à exposição às substâncias
tóxicas da fumaça ambiental do tabaco nem à seus riscos (ACTbr, 2008).
Neste sentido, os hospitais são centrais, pois atuam como importante meio
disseminador de exemplos e ações para a promoção da saúde e qualidade de vida da
população que atendem (NAZARETH et al, 2008).
O hospital é um ambiente privilegiado, em relação ao fumo, por vários motivos: 1) é
um ambiente de trabalho em que muitas pessoas passam várias horas por dia; 2) é um local
em que a população tem contato com os profissionais de saúde e onde deveria ter acesso a
informações sobre os riscos do fumo; 3) é um local em que os profissionais de saúde
6
deveriam servir como modelos de comportamentos saudáveis, não fumando (LARANJEIRA;
FERREIRA, 2007).
3. O tabagismo enquanto eixo assistencial e de pesquisa
As intervenções em tabagismo no Hospital Universitário da UFJF vêm sendo
desenvolvidas desde o ano de 1997 através de ações de cunho preventivo, educativo e
voltadas aos trabalhadores e pacientes. Em 2007, as ações nesta área foram redefinidas a
partir do “Projeto de Prevenção, Tratamento e Controle do Tabagismo” criado com objetivo
de oferecer aos trabalhadores da instituição e à população de referência do HU/UFJF
prevenção e tratamento do tabagismo, através de abordagem interdisciplinar, pautado nos
moldes do Programa Nacional de Controle do Tabagismo – PNCT do Instituto Nacional do
Câncer/INCA. O projeto passou a incorporar também ações de controle do uso do tabaco no
ambiente hospitalar e capacitação de profissionais e estudantes com vista a formação de
multiplicadores.
O Projeto caracteriza-se como um programa de extensão universitária e o trabalho
desenvolvido por profissionais e acadêmicos de diversas áreas como: psicologia, serviço
social, enfermagem, fisioterapia, educação física, medicina, nutrição, farmácia/bioquímica.
Em 2010, incorporou os residentes do Programa Multiprofissional em Saúde do adulto.
As intervenções acontecem em nível ambulatorial e em média 320 tabagistas já
participaram do programa de tratamento, além de um universo de pessoas que foram
abordadas em atividades de prevenção e educação em saúde.
Dada a amplitude das ações e a relevância tanto para a comunidade acadêmica
quanto para população usuária, a equipe do Ambulatório de tabagismo propôs em 2012 a
expansão do trabalho realizado com a criação e implementação do “Centro Interdisciplinar
de Pesquisa e Intervenção em Tabagismo” - CIPIT. Com essa iniciativa, o HU/UFJF assumiu
um papel relevante na Política nacional de prevenção, tratamento e controle do tabagismo.
Uma das iniciativas do CIPIT foi reorganizar a inserção dos residentes nas atividades
concernentes ao tabagismo, tanto no que se refere ao eixo assistencial como no de
pesquisa.
7
O eixo assistencial do tabagismo no Programa de Residência comporta intervenções
assistenciais direcionadas às duas Unidades do HU/UFJF: Dom Bosco (nível ambulatorial) e
Santa Catarina (nível hospitalar).
No nível ambulatorial (Unidade Dom Bosco) são incorporados os residentes de
primeiro ano - R1.
A dinâmica do tratamento iniciada com cada novo grupo de participantes ocorre
através da divulgação de novas vagas pra tratamento do tabagismo. Os interessados em
parar de fumar devem se inscrever nas datas determinadas e os inscritos são inseridos no
grupo por meio de sorteio. Cada grupo tem no máximo 15 participantes.
O tratamento tem duração de um ano, de maneira que no início as sessões são
semanais (nessa fase inicial são programadas seis sessões), seguidas de sessões quinzenais
(dois encontros) adentrando a fase de manutenção. A partir do terceiro mês os participantes
devem comparecer ao tratamento mensalmente, até completar um ano. Cabe ressaltar que
os profissionais e residentes vinculados à equipe, se dispõem a realizar atendimentos
individuais, partindo do interesse e/ou necessidade dos usuários.
Antes de início das sessões em grupo, todos os participantes são avaliados
individualmente quanto aos aspetos clínicos e psicossociais (momento de anamnese). O
protocolo de tratamento é pautado nos moldes do INCA/MS - Instituto Nacional do
Câncer/Ministério da Saúde.
No âmbito hospitalar (Unidade Santa Catarina) são incorporados os residentes de
segundo ano - R2. Este eixo foi iniciado em 2013.
No que se refere ao tratamento no momento da hospitalização destacamos este
como uma importante oportunidade para encorajar os pacientes tabagistas a deixarem de
fumar, pois durante este período o paciente não tem permissão para fumar nas instalações
hospitalares, conforme legislação vigente no país, e estão em contato com diversos
profissionais de saúde e ficam mais suscetíveis a aceitar uma assistência para cessação em
função da abstinência (RIGOTTI, et al., 2007) e do adoecer. O hospital pode ser considerado
assim um lócus privilegiado para intervenções direcionadas à cessação tabágica.
Por ter iniciado em 2013, as atividades do eixo hospitalar ainda estão em fase de
organização. No entanto, a rotina para acompanhamento de pacientes internados já foi
previamente definida.
8
O paciente será admitido conforme a rotina da instituição, e o registro de dados
administrativos da unidade de internação subsidiará a abordagem inicial do paciente no
leito.
O tabagista será identificado e abordado por meio de visitas diárias aos leitos. Após a
identificação do fumante será investigado seu perfil tabágico, o grau de dependência, a
motivação em deixar de fumar durante a internação, e a existência ou não de doenças
tabaco relacionadas.
Após avaliação da motivação do fumante durante a internação e seu interesse em
receber assistência especializada para a cessação do tabaco será disponibilizada a
intervenção para cessação tabágica no leito, que envolve técnica específica para esse fim,
intervenção cognitivo comportamental e, caso necessário, medicação para aliviar os
sintomas de abstinência.
Assim, caso o tabagista demonstre interesse em deixar de fumar receberá
abordagem breve para cessação do tabagismo, material informativo de apoio e Terapia de
Reposição de Nicotina (conforme critério médico). Se não estiver interessado em parar de
fumar será disponibilizado a oferta de acompanhamento no período de internação e
material de informação.
Na alta, os pacientes e familiares receberão orientações quanto à fase de
manutenção do tratamento. Para o período entre a alta e a marcação da primeira consulta
de acompanhamento ambulatorial, será oferecida Terapia de Reposição de Nicotina.
No caso de residirem em Juiz de Fora, os pacientes serão encaminhados para o
tratamento em grupo (Grupo Pós alta do HU/UFJF).
Nos três (3) primeiros meses da fase de manutenção os pacientes de outros
municípios poderão receber o acompanhamento no município de Juiz de Fora (respeitadas
as limitações clínicas), a fim de não causar interrupção no tratamento medicamentoso.
Pacientes de outros municípios sem condição de locomoção até Juiz de Fora serão
encaminhados para continuidade do tratamento em seu município. Em casos específicos
haverá análise da Coordenação Municipal.
Após a fase de manutenção os pacientes participarão de acompanhamento (via
telefone) em follow up de 3 e 6 meses.
9
Para subsídio das atividades realizadas, o Programa de Residência Multiprofissional
em Saúde do Adulto do HU/UFJF oferece uma atividade teórico/prática, denominada de
Seminário Integrador. No que se refere ao eixo do tabagismo, o seminário acontece às
sextas-feiras, quinzenalmente, e tem como objetivo realizar a preparação, acompanhamento
e debate das atividades desenvolvidas pelos residentes; discussão de casos, leitura e
estudos.
Além do eixo assistencial e teórico/prático, o residente também estará inserido no
eixo de pesquisa, trabalhando com estudos de prevalência de tabagismo em pacientes
internados e trabalhadores, e com estudos que tratam da identificação de ambientes livres
de tabaco.
A pesquisa que está em desenvolvimento tem como título: “Prevalência de
Tabagismo no Ambiente Hospitalar: uma estratégia de promoção/prevenção à Saúde do
Trabalhador” aprovada pelo edital “Qualidade ambiental no Campus/UFJF” 2012/2013 e é
coordenada pelo Serviço Social.
O objetivo da pesquisa é investigar a prevalência de trabalhadores fumantes no
ambiente hospitalar a fim de subsidiar a construção de uma política de prevenção do
tabagismo, com a promoção de Ambientes Livres do Tabaco. Desta forma, pretende-se com
o estudo realizar levantamento e mapeamento do número de trabalhadores fumantes nos
diversos setores do HU/UFJF, conhecer o perfil tabágico e o grau de dependência dos
fumantes trabalhadores do Hospital Universitário (HU/UFJF) e identificar e cadastrar os
ambientes livres de tabaco
O estudo será realizado em 12 meses nas duas Unidades de atendimento – HU/UFJF
Santa Catarina e Dom Bosco. Como estratégia inicial, o projeto prevê um estudo de
prevalência e investigação do perfil tabágico e do grau de dependência de trabalhadores
fumantes do HU/UFJF. Será incluso neste estudo tanto homens quanto mulheres, maiores
de 18 anos, que aceitarem participar da pesquisa através da assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
As etapas previstas para o projeto são: revisão de literatura, estudo da temática,
treinamento para aplicação dos instrumentos para coleta de dados, pesquisa de campo,
análise estatística dos resultados e estudos de associação, construção/atualização do banco
de dados, elaboração de relatórios e artigos, e divulgação dos resultados.
10
Na pesquisa de campo serão utilizados protocolos de avaliação com escalas e
instrumentos consolidados e que serão adaptados para o cenário de pesquisa do presente
estudo. Para a coleta de dados, utilizaremos o Questionário de tolerância de Fagerström
(FTQ que avalia o grau de dependência de nicotina (FAGERSTRÖM; SCHNEIDER, 1989). Este
instrumento apresenta seis questões sobre o hábito de fumar e avalia o grau de
dependência da nicotina em baixo, médio e elevado. O escore total é calculado pela soma de
todas as questões que podem variar entre 0 e 10 pontos. A dependência leve terá escore até
4 pontos, a moderada 5 pontos e dependência elevada de 6 a 10 pontos (HALTY et al., 2002).
Além disso, será utilizada a anamnese clínica de rotina do Ambulatório de Tabagismo do
HU/UFJF com informações sócio- demográficas do paciente e história tabágica.
A partir da realização deste projeto pretende-se: conhecer a prevalência do
tabagismo no ambiente hospitalar; aprimorar as estratégias de intervenção direcionando-as
ao perfil da população atendida, aumentando o alcance das mesmas; conhecer os fatores
facilitadores e dificultadores da cessação tabágica; propor ações mais custo/efetivas para a
saúde pública; disponibilizar conhecimento sobre alternativas de tratamento para o
tabagismo; comparar dados e reproduzir estudo para outros centros acadêmicos; dar
visibilidade institucional através do compartilhamento dos resultados do estudo, em meio
acadêmico, através de publicação de artigos e apresentação de trabalhos em eventos
científicos; cumprir as determinações legais sobre as restrições de uso de tabaco em
ambientes fechados; formar multiplicadores para ações estratégicas em controle do
tabagismo no ambiente de trabalho; desenvolver ações educativas para promover
ambientes de trabalho livres de fumo; e monitorar as ações implementadas.
A inserção dos residentes neste projeto de pesquisa visa contribuir para uma
formação crítica acerca do tabagismo no Brasil tendo como referencial o conceito ampliado
de saúde, como também despertar as potencialidades da investigação científica na formação
profissional em saúde, e contribuir com o desenvolvimento de pesquisadores na área.
11
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tabagismo constitui uma das causas dominantes de morte evitável no mundo
(INCA, 2008). Atualmente o tabagismo é amplamente reconhecido com uma doença
epidêmica. Essa dependência expõe os fumantes continuamente a cerca de 4.720
substâncias tóxicas, fazendo com que o uso do tabaco seja o agente causador de problemas
relacionados à saúde, devido aos altos índices de morbimortalidade por câncer, doenças
cardiovasculares, cerebrovasculares e respiratórias (ESCHER et al, 2011).
Diante do exposto, as atividades desenvolvidas visam contribuir com a proteção e
promoção à saúde dos pacientes e trabalhadores do HU/UFJF. Este é um “locus” privilegiado,
pois concentra grande número de pessoas (usuários internos e externos), é um centro de
formação de recursos humanos, dispõem de equipe profissional atuante na área de controle
do tabagismo e se apresenta como referência, tanto nos aspectos de prevenção, assistência
e pesquisa em tabagismo.
Consideramos assim, que a inserção dos residentes do Programa Multiprofissional
em Saúde do Adulto no eixo tabagismo é de suma importância para a qualificação do
trabalho realizado, como também para o processo formativo dos residentes.
12
REFERÊNCIAS
ACTbr. Ambientes de Trabalho Livres de Fumo. Manual para tornar sua empresa mais segura
e saudável. Traduzido do guia elaborado pela Global Smokefree Partnership (Parceria Global
para Ambientes Livres do Fumo). American Cancer Society, Inc. 2008. Disponível em:
<http://actbr.org.br/pdfs/SmokefreeToolkit.pdf>. Acesso em: 22 set. 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Convenção-Quadro para o
Controle do Tabaco. 1ª Ed.: 58p, 2011.
________. MINISTÉRIO DA SAÚDE. INCA. Ação Global para o Controle do Tabaco. 1º Tratado
Internacional de Saúde Pública. 3ª Ed.:20-24, 2004.
BRASIL. Lei 11.129, de 30 de 3 junho de 2005. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=813&catid=247%3Aresidenciamedica&id=12500%3Alegislacao-especifica&option=com_content&view=article acesso em:
20 de maio de 2012.
________. Portaria Interministerial n°11.177 de 12 de novembro de 2009. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=813&catid=247%3Aresidenciamedica&id=12500%3Alegislacao-especifica&option=com_content&view=article acesso em:
20 de maio de 2012.
CAVALCANTI, T e PINTO, Márcia. Considerações sobre Tabaco e Pobreza no Brasil: Consumo
e
Produção
do
Tabaco.
s/d.
Disponível
em:
http://www1.inca.gov.br/tabagismo/publicacoes/tabaco_pobreza.pdf.
CRISTINA, Ana Paula et al. Prevalência do tabagismo em funcionários de um hospital
universitário. Revista Latino Americana de Enfermagem, jan./fev. 2011.
ECHER, I. C. et al. Prevalência do tabagismo em funcionários de um hospital
universitário.Revista Latino-Americana de Enfermagem, 2011.
GUERRA, Mr.; GALLO, M.; et all Risco de câncer no Brasil: tendências e estudos
epidemiológicos mais recentes. Revista Brasileira de Cancerologia 2005, 51(3): 227-234.
LARANJEIRA, R. FERREIRA, M. P. Como criar um hospital livre de cigarro. Revista da
Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 43, n. 2, p. 169-72, 1997.
NAZARETH, C et al. Frequência do tabagismo no ambiente hospitalar. HU Revista, Juiz de
Fora, v. 34, n. 4, p. 257-262, out./dez. 2008
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório da Organização Mundial da Saúde sobre a
epidemia global do tabagismo. Pacote MPOWE. 2008. Disponível em:
<http://www.inca.gov.br/tabagismo/publicacoes/OMS_Relatorio.pdf>. Acesso em: 22 set.
2012.
13
OPAS. Respira Brasil: as Legislações de Ambientes Livres de Fumo das Cinco Regiões do
Brasil. Brasília, DF: OPAS, 2012.
RIGOTTI, N. A. et al. Smoking by patients in a smoke-free hospital: prevalence, predictors,
and implications. Preventive medicine, 31(2 Pt 1), p. 159-166, 2000.
STEPHAN SOUZA, A et al. Residência em Serviço Social na UFJF: Experiências Inovadoras de
Integração Ensino e Serviço na Rede de Atenção à Saúde do Sistema Único de Saúde.
Cadernos FNEPAS, 2011.
STEPHAN-SOUZA, A; MOURÃO, A.A.A.; AMOROSO-LIMA, M.C.A. Residência em Serviço
Social: um projeto de formação profissional. Revista Libertas. Juiz de Fora, n.1.p. 53-65,
2001.
Download

programa de residência multiprofissional e tabagismo - cress-mg