‘Aumento do investimento: Considerações sobre a gestão do investimento público’ COMENTÁRIOS DE ENRIQUE BLANCO ARMAS, BANCO MUNDIAL MAPUTO, 11 DE MARÇO DE 2013 Estrutura dos comentários Por que razão a gestão do investimento público nos interessa tanto? A experiência internacional com a reforma da gestão do investimento público Qual é a situação de Moçambique hoje? Por que razão a gestão do investimento público nos interessa tanto? A literatura que examina a relação entre investimento público e crescimento é inconclusiva, em parte porque nem todo investimento público aumenta o capital público produtivo – desperdício, ‘elefantes brancos’ Quando ajustados em função da eficiência do investimento público, os stocks de capital são muito mais baixos A eficácia do investimento público depende de factores institucionais, como a qualidade da selecção, gestão e avaliação de projectos e os marcos regulatório e operacional Por que razão o investimento público não se traduz no acréscimo do capital público? Indícios de baixa eficiência Qualquer que seja o nível de rendimento do país Custos excessivos são um problema em diversos países Viés optimista, cronograma pouco realista na análise ex ante Problemas mais comuns em ambientes de baixo rendimento: Má selecção de projectos (“elefantes brancos” com desperdícios) Atrasos no desenho e na execução dos projectos Descaso na operação e manutenção dos activos criados Subexecução crónica de projectos de investimento Áreas problemáticas do sistema de gestão do investimento público Interferência política indevida no processo de gestão do investimento público Falta de critérios objectivos para a selecção de projectos Indefinição das linhas de responsabilidade e prestação de contas Escassez de competências em matéria de análise de projectos, adjudicação de contratos públicos e gestão Falta de coordenação entre os diferentes níveis de governo e jurisdições Ciclo de gestão do investimento público Medição da gestão do investimento público – Índice PIMI O PIMI mede a gestão do investimento público em quatro dimensões: análise, selecção, execução e avaliação. Aumento do investimento – Investir na capacidade de investir? Um sistema melhorado de gestão do investimento público aumenta a produtividade e, desse modo, terá um impacto contínuo sobre o crescimento Isto envolve diversos aspectos ― capacidade do país de efectuar a análise e selecção de projectos numa base tecnicamente sólida e sem interferência política; mecanismos apropriados de execução, supervisão e monitoria de projectos de investimento; avaliação ex post. A transparência e a prestação de contas dessas funções e processos contribuem para garantir o apoio ao investimento público produtivo GIP na Coreia – O mais alto padrão Estudo de pré-viabilidade obrigatório para projectos acima de USD 50 milhões ou com participação pública (autarquias, PPPs) superior a USD 30 milhões Reavaliação da viabilidade (novo estudo) quando o sobrecusto ultrapassar 20%, decisão sobre a continuidade ou não do projecto (com ênfase na busca de alternativas para a redução de custos) Modelo de tomada de decisão com critérios múltiplos, claros e de fácil utilização, contendo informações quantitativas e qualitativas – o que evita decisões arbitrárias. A decisão final sobre a análise e o financiamento dos projectos cabe ao MF/MPD, enquanto os ministérios sectoriais são responsáveis pela sua identificação, preparação e implementação. Exame/avaliação independente das análises de projectos pelo Instituto de Desenvolvimento da Coreia (KDI), cuja opinião é respeitada e acatada pelo governo do país Convite a terceiros para que participem do processo de análise e tomada de decisão – evitam-se assim debates posteriores desnecessários sobre o exame ou a decisão. Orientações normalizadas/manual para a elaboração de projectos Coreia: Estudo de pré-viabilidade confiado a um órgão independente (KDI) Procedimento do estudo de pré-viabilidade Ministério sectorial Apresenta os possíveis projectos para o EPV Estudo de viabilidade ou descarte Ministério de Estratégia e Finanças KDI (PIMAC) Selecciona os projectos para o EPV Solicita o EPV Organiza as equipas/ Realiza o EPV Toma a decisão de investimento Apresenta o relatório sobre o EPV Anúncio Fluxo de trabalho da gestão do investimento público - Chile Estratégias diferentes em países diferentes ‘Centros de Excelência’ para a análise de projectos. É o caso do Chile, da Coreia e da Irlanda. ‘Centro de Poder’ – tomada de decisão/monitoria centralizadas no gabinete do PM ou na Presidência, como consequência de tentativas frustradas no passado – p. ex. Brasil, Serra Leoa, Vietname. Subcontratação de determinadas etapas (p. ex. análise de projectos, revisão) – Chile, Coreia Transparência: tornar o sistema mais transparente, por exemplo através da publicação das decisões e das características dos principais projectos; acesso público à totalidade da base de dados (p. ex. no Chile) ou inclusão das comunidades locais no processo de decisão (p. ex. Vietname). Qual é a situação de Moçambique hoje? Primeiros passos no processo de reforma: Organização institucional: Comité de Coordenação e Selecção de Projectos Públicos, Departamento de Análise de Investimento, Direcção Nacional de Monitoria e Avaliação Ferramentas: Manual e orientações para a análise e selecção de projectos, Programa Integrado de Investimento Capacitação: Um núcleo de altos funcionários dos principais ministérios económicos e sectoriais beneficiou de iniciativas de capacitação. Próximos passos no processo de reforma Desenvolver um sistema/fluxo de trabalho compatível com a organização institucional e as capacidades do país Continuar a fortalecer o quadro institucional para a análise e selecção de projectos. Qual será o papel do Comité de Coordenação e Selecção de Projectos Públicos? Qual será o papel do Ministério da Planificação e Desenvolvimento? Reforçar outros aspectos do ciclo de gestão do investimento público: monitoria e avaliação, planificação, orçamentação – ligação mais estreita com a análise de sustentabilidade da dívida. A revisão transparente e independente é de vital importância nos casos mais bem sucedidos (Chile, Coreia) Investimento significativo na capacitação Anexo I – Principais aspectos do PIMI 1. Orientação estratégica e análise de projectos Natureza da orientação estratégica e disponibilidade de estratégias sectoriais Transparência das normas de análise de projectos Observação da realização das análises ex ante Exame independente das análises realizadas 2. Selecção de projectos e orçamentação Existência de um quadro de planificação a médio prazo e sua integração ao orçamento Inclusão no orçamento (ou método semelhante) de projectos financiados por doadores Integração das despesas correntes e de investimento ao orçamento Natureza do controlo e do financiamento outorgado pelo poder legislativo e por suas comissões Acesso público às informações orçamentais básicas 3. Implementação de projectos Grau de concorrência aberta na adjudicação de contratos Natureza dos mecanismos de contestação dos contratos públicos Fluxos de financiamento durante a execução do orçamento Existência e eficácia dos controlos internos, tais como os controlos sobre a cabimentação de despesas Eficácia dos sistemas de auditoria interna 4. Avaliação e auditoria de projectos Grau de realização de avaliações ex post Grau de realização de auditorias externas atempadas e do seu controlo pelo legislativo Manutenção de registos dos activos e/ou do valor dos activos.