POR QUE RAZÃO OS SINDICATOS DEVEM SE INTERESSAR? Potencialidades e armadilhas da ESS na atualidade. Insa Ben Said DIA Especialista em Educação de Trabalhadores DWT/CO/Pretoria. África do Sul. 29 de julho de 2014.Campinas.Brasil. Objetivo da apresentação I/ POR QUE RAZÃO ESTE ASSUNTO TAMBÉM NOS INTERESSA? II/ ARMADILHAS DA ESS PARA OS SINDICATOS III/ POTENCIALIDADES DA ESS PARA OS SINDICATOS? IV/ DESAFIOS? I/ POR QUE RAZÃO ESTE ASSUNTO NOS INTERESSA? • • A Economia Social e suas empresas e organizações oferecem meios promissores para colmatar a lacuna entre as economias formal e informal, reduzindo assim os déficits de trabalho decente, melhorando a produtividade e a competitividade e elevando a renda e os lucros. Ao conjugar objetivos sociais com a sustentabilidade econômica e ambiental, as empresas da economia social criam um “triângulo virtual” de oportunidade, empoderamento e proteção. Através da sua adesão a uma organização da economia social, os trabalhadores e operadores da economia informal podem gerar economias abrangentes e de escala, melhorar sua voz e representação, aumentar seu poder de negociação, e alcançar um mínimo de proteção social através de assistência mútua, solidariedade e reciprocidade. • Na África do Sul, o potencial da economia social foi reconhecido com a sua inclusão no New Growth Pact, aprovado pelo Gabinete em 2010, enquanto fator determinante na criação de empregos. I/POR QUE RAZÃO ESTE ASSUNTO NOS INTERESSA? Em primeiro lugar, a pesquisa da OIT revelou que as empresas cooperativas em todo o mundo estão demonstrando uma resiliência à crise: as cooperativas de trabalhadores estão assistindo a um crescimento à medida que as pessoas escolhem essa opção como resposta às novas realidades econômicas. E a taxa de sobrevivência das cooperativas de trabalhadores em diversos países parece igualar ou superar a das empresas convencionais. A economia social e solidária pode ser uma ponte para trabalhadores e empresas saírem da informalidade. Muitas cooperativas começam como grupos de empresas informais e, mais tarde, conforme crescem e se tornam negócios viáveis, elas se registram. Como entidades legais, elas tornam-se parte da economia formal. I/POR QUE RAZÃO? (2) As zonas rurais são o local de residência e trabalho de metade da população mundial e de 75 por cento dos pobres de todo o mundo. Na economia rural, as cooperativas, sociedades mútuas e organizações de microfinança são atores chave na abordagem às metas de redução da pobreza, segurança alimentar e inclusão social. As organizações de trabalhadores nas zonas rurais podem desempenhar um papel na promoção do empreendedorismo rural, na criação de emprego e em assegurar representação para os trabalhadores rurais. POR QUE RAZÃO?(3) A economia social é transversal a todas as quatro dimensões da Agenda de Trabalho Decente da OIT. Em um continente (África) onde entre 80 a 95% da população está empregada no setor informal, a economia social pode desempenhar um papel decisivo no desenvolvimento e transformação gradual deste padrão de vida e trabalho, colocando-o em linha com os elevados padrões de dignidade e proteção social que permitirão a esses atores operar no mercado e dar um contributo decisivo para o desenvolvimento social e econômico da África. II/ARMADILHAS Precisamos de um entendimento mais profundo sobre o que as empresas e organizações da economia social e solidária podem oferecer para assegurar a expansão de oportunidades de emprego decente e produtivo num quadro sustentável. Também precisamos de um melhor conhecimento sobre o que as empresas e organizações da economia social e solidária necessitam para terem a capacidade de fazer algo para e com os trabalhadores. ARMADILHAS (2) Para evitar concorrência entre a ESS e as PME tradicionais, poderá haver a tentação de confinar a economia social a alguns setores negligenciados pelo mercado, mas são poucos os nichos interessantes que valem a pena, tais como o meio ambiente ou determinados serviços às pessoas. Esta abordagem esquece que a economia social é primeiramente uma questão de propósito e modo de organização e não apenas um tipo de atividade. ARMADILHAS (3) Existem áreas mistas entre os diferentes setores econômicos. As mutualidades estão, por exemplo, na fronteira entre a economia social e a economia pública. Se, historicamente, elas foram associações livres de cidadãos, elas estão agora mandatadas pelo governo para operarem no contexto da seguridade social. Do mesmo modo, algumas cooperativas tradicionais tiveram de se aliar a grupos privados ou renunciar às suas especificidades para corresponder ao seu mercado em evolução. Elas estão agora na fronteira entre a ESS e a economia privada capitalista. III/ POTENCIALIDADES • Iniciativas para facilitar a participação de trabalhadores nos negócios e desenvolver formação sobre o conhecimento do mundo da economia social. É uma alternativa viável e representa uma oportunidade para aqueles que desejam envolver-se na criação de empresas de trabalhadores. • Este evento importante pode fazer parte de uma estratégia sindical para considerar as cooperativas e, de um modo mais geral, a economia social como seu aliado natural. POTENCIALIDADES (2) Porque é uma aliança que revive práticas que se inserem nos genes do movimento trabalhista. De fato, o sindicalismo e o que agora chamamos de economia social têm historicamente a mesma essência. Desde o início, a luta por melhores condições de trabalho e remuneração foi acompanhada por um desejo de emancipação econômica. Na França, a economia social de hoje, identificada no que chamamos de mutualidade, cooperativas ou associativismo, deve imenso ao sindicalismo. Se as empresas da economia social nasceram de uma necessidade, num período em que a classe trabalhadora estava tentando escapar da pobreza pelos seus próprios meios, elas decorrem também dos sindicatos que aspiravam gerenciar diretamente a economia. As grandes mutualidades dos funcionários públicos foram criadas pelos sindicatos. POTENCIALIDADES (3) Em todo o mundo, as iniciativas sindicalistas no âmbito da economia social são inúmeras; assumem formas e obtêm resultados muito variáveis, dependendo dos contextos histórico, econômico e social de cada país. Algumas iniciativas falharam. Outras fugiram do controle dos seus promotores. A maioria das que permanecem são, aparentemente, aquelas que se adaptaram às necessidades dos seus sócios e aos desenvolvimentos do mercado, e especialmente aquelas com sistemas de gestão em que o profissionalismo dos seus líderes é tão importante quanto as qualidades dos seus militantes. Os sindicatos e a economia social enfrentam agora novos desafios. IV/DESAFIOS Os sindicatos veem suas ambições deitadas por terra pelas políticas de austeridade; as outras devem mudar a escala para poderem explorar as oportunidades criadas pelo falhanço do modelo empresarial dominante. Cada parte procura novas alianças. Porque não reanimar a parceria histórica que deu lhe origem? Isso deve ser considerado nestas nossas partilhas sobre esta questão, que também é um assunto nosso, em que ainda pensamos ser apenas necessário dar-lhe uma perspectiva sindical integrando os quatro pilares da agenda de trabalho decente, sem os quais qualquer tentativa para aliviar os trabalhadores perante a crise atual poderá ser apenas um alívio temporário para as pessoas e não a procura de soluções para as causas das nossas angústias. IV/DESAFIOS • Incluir a economia social na lista dos atores não-estatais do Acordo de Cotonou para que sejam envolvidos na implementação do Acordo; • Duplicar o financiamento para atores não-estatais nos Documentos de Estratégia Nacional e Regional; • Assegurar que os atores não-estatais, incluindo a economia social africana, são envolvidos nas futuras relações da UE com os países da ACP no período pós-2020; • Incluir cooperativas africanas nas políticas da UE para a cooperação para o desenvolvimento agrícola e rural na África; • Apoiar a economia social africana através de Programas Temáticos: Investir nas Pessoas, e Atores Não-Estatais e Autoridades Locais no Desenvolvimento; • Encorajar a criação e o reforço de redes de atores da economia social (norte-sul e sul-sul).