Análise Complexa e Equações Diferenciais 2o Exame - 29 de Janeiro de 2009 LEAmb, LEMat, MEBiol e MEQ Resolução 1. 1 2 4 i −1i 1i 2 −2i 1i 4 1 4 1 2 1 −4i Os planos z e 1z . A imagem da recta que passa na origem é uma recta que passa na origem, porque se a original passa em zero a imagem passa em infinito, e se a original passa em infinito a imagem passa em zero. Como os os argumentos dos , os argumentos dos pontos não pontos não nulos da recta original são π4 e 5π 4 π 5π nulos da recta imagem são − 4 e − 4 . A imagem da circunferência que passa na origem é uma recta, porque se o original passa em zero a imagem passa em infinito. Como a circunferência original passa em 14 e 4i , a recta imagem passa nos inversos, 4√ e −4i. O ponto da circunferência original mais distante da origem fica a 42 unidades de comprimento, √ portanto o ponto da recta imagem mais perto da origem 4 fica a √2 = 2 2 unidades de comprimento. A imagem da recta que não passa na origem é uma circunferência, porque se a original não passa em zero a imagem não passa em infinito. Como a recta original passa em infinito, a circunferência imagem passa na origem. Como a recta original passa em 1 e i, a circunferência imagem passa em 1 e −i. √ O ponto da recta original mais próximo da origem fica a 22 unidades de comprimento, portanto √ o ponto da circunferência imagem mais distante da origem fica a √22 = 2 unidades de comprimento. Finalmente, a imagem da circunferência que não passa na origem é uma circunferência, porque se o original não passa em zero a imagem não passa em infinito. Os pontos da circunferência original mais perto e mais distante 2 Resolução do exame de ACED - 29.1.09 √ √ da origem ficam a 42 e 22 unidades de comprimento, portanto os pontos da √ √ circunferência imagem mais distante e mais perto da origem ficam a 2 2 e 2 unidades de comprimento, respectivamente. Como a circunferência original é simétrica em relação à bissectriz do primeiro quadrante, a circunferência imagem é simétrica em relação à bissectriz do quarto quadrante. 2. a) Seja D := {z ∈ C : 0 < ℜz < 2π, 0 < ℑz < 2π} o domı́nio de f . A função f tem derivadas parciais contı́nuas, pelo que é diferenciável como função de ]0, 2π[2 em R2 . Portanto f é diferenciável no sentido complexo nos pontos em que satisfaz a equação de Cauchy-Riemann: fx = −ify ⇔ 1 − i cos x = −i(cos y + i) = 1 − i cos y ⇔ cos x = cos y. Atendendo a que tanto x como y pertencem a ]0, 2π[, esta condição é equivalente a x = y ∨ y = 2π − x. Logo, f é diferenciável em {z ∈ D : ℜz = ℑz ∨ ℑz = 2π − ℜz}. Nos pontos de diferenciabilidade, a derivada de f é f ′ (x + iy) = fx (x + iy) = 1 − i cos x. b) Tem-se f x + i π2 = (x + 1) + i π2 − sin x , f (x + iπ) = x + i(π − sin x), f (π + iy) = (π + sin y) + iy. 2πi 3π i 2 πi πi 2 π 2 π 3π 2 2π 3 Resolução do exame de ACED - 29.1.09 c) Tem-se fx π + i π2 = 1 + i e fy π + i π2 = i. Por outro lado, fx (π + iπ) = 1 + i e fy (π + iπ) = −1 + i. O ponto π + iπ é um ponto de diferenciabilidade de f . Neste ponto |fx | = |fy | e argfy = argfx + π2 . O ponto π + i π2 não é um ponto de diferenciabilidade de f . 3. Z iπ π 1 + eiz z iπ log z − ieiz π dz = π π −π iπ −π −e −1 . = ln π + i − ln π − ie + ie = i 2 2 4. a) Tem-se f (z) := (z 2 1 1 = g(z), 2 − 1) (z − 1)2 com g(z) = 1 . (z + 1)2 Ora 2 2·3 , g ′′ (z) = , 3 (z + 1) (z + 1)4 e facilmente se prova por indução que g ′ (z) = − g (k) (z) = (−1)k (k + 1)! . (z + 1)k+2 . O desenvolvimento de g em série de Assim, g (k) (1) = (−1)k (k+1)! 2k+2 Taylor em torno do ponto 1 é g(z) = ∞ X g (k) (1) k=0 k! ∞ X k+1 (z − 1) = (−1)k k+2 (z − 1)k . 2 k=0 k Este desenvolvimento é válido em {z ∈ C : |z − 1| < 2} porque este é o maior disco aberto centrado em 1 e contido na região de holomorfia de g. Conclui-se ∞ X k+1 (−1)k k+2 (z − 1)k−2 f (z) = (z − 1) g(z) = 2 k=0 −2 ∞ X 1 k+1 1 − + (−1)k k+2 (z − 1)k−2 , = 2 4(z − 1) 4(z − 1) 2 k=2 para z em {z ∈ C : |z − 1| < 2}. A função f tem um pólo de segunda ordem em z = 1. Resolução do exame de ACED - 29.1.09 4 R b) Para calcularmos |z−1|=1 f (z) dz basta integrarmos a série de Laurent 1 da alı́nea anterior. O integral de 4(z−1) 2 é zero pelo Teorema Fundamen1 tal do Cálculo porque esta função é a derivada de − 4(z−1) . O integral da série de potências de z − 1 é zero pelo Teorema de Cauchy porque a série de potências é uma função holomorfa em {z ∈ C : |z − 1| < 2}. Logo, Z Z 1 1 πi f (z) dz = − dz = − 2πi = − . 4 2 |z−1|=1 |z−1|=1 4(z − 1) 5. a) O polinómio caracterı́stico é λ2 + 2λ =λ(λ + 2) pelo que os valores 1 próprios são 0 e −2. O vector v1 = 1 é próprio associado a 0, e o 1 vector v2 = −1 é próprio associado a −2. Assim, 1 1 −1 1 1 1 0 0 1 1 √ =√ = SΛS −1 . 1 −1 0 −2 2 1 −1 2 1 −1 A solução geral do sistema do enunciado é 1 x0 1 1 1 0 Λt −1 X(t) = Se S X0 = [v1 v2 ] y0 1 −1 0 e−2t 2 1 x0 + y0 = [v1 e−2t v2 ] x0 − y0 2 1 1 x0 −y0 −2t x0 +y0 . + 2 e = 2 −1 1 b) Começamos por restringir a nossa atenção aos espaços próprios. O vector associado a X = v1 é AX = Av1 = λ1 v1 = 0. De igual modo o vector associado a X = v2 é AX = Av2 = λ2 v2 = −2v2 . Seja c ∈ R. Mais geralmente, o sistema associa a X = cv1 o vector λ1 cv1 = 0 e a X = cv2 o vector λ2 cv2 = −2cv2 . Imaginemos uma partı́cula que na posição X tem a velocidade X ′ = AX. Se a partı́cula começar numa posição pertencente ao espaço próprio associado a v1 , então a partı́cula vai permanecer em repouso, porque a velocidade da partı́cula é nula. Se a partı́cula começar numa posição pertencente ao espaço próprio associado a v2 , então a partı́cula vai manter-se sobre esse espaço próprio, porque a velocidade da partı́cula também pertence ao espaço próprio associado a v2 e vai mover-se em direcção à origem. Para uma partı́cula com uma posição inicial genérica X0 decompomos X0 na base dos 5 Resolução do exame de ACED - 29.1.09 vectores próprios da matriz. Quando o tempo aumentar, a componente de X0 na direcção de v1 vai manter-se, enquanto a componente de X0 na direcção de v2 vai diminuir. y y x x 6. a) Esboço do campo de direcções e dos gráficos das soluções. y y t t b) A equação y ′ = ty 2 é separável: y′ = t. y2 Reconhecemos no primeiro membro a derivada de − y1 . Integrando ambos os membros de 0 a t e usando a condição inicial, 1 1 t2 2y0 d 1 =t ⇔ − + = ⇒ y(t) = . − dt y y(t) y(0) 2 2 − y0 t2 Esta expressão final também é válida para y0 = 0, embora os passos intermédios não o sejam. 6 Resolução do exame de ACED - 29.1.09 c) Se y0 ≤ 0 as soluções são globais, ou seja estão definidas em R. Se y0 > 0, então as soluções q existem enquanto o denominador não se anula, ou seja para |t| < y20 . 7. a) A extensão ı́mpar de y é −y(−t) para t ∈ [−l, 0[, z(t) = y(t) para t ∈ [0, l]. Com vista à prova de diferenciabilidade de z em zero, calculamos y(t) − y(0) z(t) − z(0) = lim+ = y ′ (0), t→0 t→0 t−0 t−0 −y(−t) + y(0) y(s) − y(0) z(t) − z(0) = lim− = lim+ lim− t→0 s→0 t→0 t−0 t−0 s−0 = y ′(0). lim+ Assim, z é diferenciável em zero e z ′ (0) = y ′(0). Portanto, derivada de z é ′ y (−t) para t ∈ [−l, 0[, ′ z (t) = y ′ (t) para t ∈ [0, l]. Esta função é contı́nua em [−l, l] porque y ∈ C 1 [0, l]. Logo, z é de classe C 1 . b) Como z é ı́mpar, o desenvolvimento de z em série de Fourier é z(t) = com 2 bn = l Z 0 l z(t) sin ∞ X nπt bn sin l n=1 nπt l 2 dt = l Z 0 l nπt dt. y(t) sin l (1) (2) Esta série converge uniformemente para z porque a extensão periódica, de perı́odo 2l, de z a R é uma função de classe C 1 (R). De facto, tal como se verificou que z tem derivada contı́nua numa vizinhança de 0, pode verificar-se que a extensão de z tem derivada contı́nua numa vizinhança de l. c) Em [0, l] as funções y e z coincidem pelo y é dada pelo lado direito de (1) com os bn ’s como em (2). Integrando por partes, usando os 7 Resolução do exame de ACED - 29.1.09 factos de y(t) e sin bn se anularem em 0 e l, e −y ′′ = λy, Z l nπt nπt 2 ′ dt = dt y(t) sin y (t) cos l nπ 0 l 0 Z l Z l nπt nπt 2lλ 2l ′′ dt = 2 2 dt y (t) sin y(t) sin = − 2 2 nπ 0 l nπ 0 l l2 = λ 2 2 bn . nπ 2 = l Z l nπt l 2 2 Há duas possibilidades. Ou bn = 0 ou λ = n l2π . Como por hipótese y não é identicamente nula, deve existir algum n tal que esta segunda igualdade se verifica. Claro que esta segunda igualdade apenas se po2 2 derá verificar para um valor de n. Assim, existe n ∈ N1 tal que λ = n l2π e nπt y(t) = c sin , com c ∈ C \ {0}. l