VIII Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar AO PO - 13 VALIDAÇÃO DA VERSÃO EM PORTUGUÊS DO BECK DEPRESSION INVENTORY - II (INVENTÁRIO DE DEPRESSÃO DE BECK - II) NUMA AMOSTRA DA POPULAÇÃO GERAL BRASILEIRA Márcio Henrique Gomes de Oliveira, Clarice Gorenstein,Francisco Lotufo Neto, Laura Helena Andrade, Yuan-Pang Wang São Paulo, Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica (LIM-23) - Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: O Inventário de Depressão de Beck (BDI) é um instrumento de autoavaliação composto por 21 itens em escala de Likert que detecta sintomas depressivos e facilita o encaminhamento dos casos de “Depressão” para tratamento. A versão II do BDI foi reformulada por Beck e colaboradores, em 1996, para incluir os principais critérios clínicos para diagnosticar um Episódio Depressivo Maior, de acordo com DSM-IV da Associação Psiquiátrica Americana (1994). Para garantir a aplicabilidade deste instrumento no Brasil, são necessárias evidências empíricas de validade para demonstrar a sua capacidade de avaliar o construto subjacente para o qual foi construído. O objetivo do presente estudo é validar a versão em português do BDI-II a partir da investigação de suas propriedades psicométricas numa amostra não-clínica da população adulta. Material e Métodos: A versão brasileira do BDI-II foi traduzida para português a partir do original em inglês e retrotraduzida para inglês por nativo, de acordo com as normas internacionais. Inicialmente, o BDI-II foi preenchido em sala de aula e repetido após 2 semanas por 60 estudantes universitários. Em seguida, 182 indivíduos (102 mulheres e 80 homens) adultos não-institucionalizados da população geral preencheram o BDI-II, logo após a Entrevista Clínica Estruturada para Transtornos do Eixo I do DSM-IV (SCID-I). Concomitantemente, os seguintes instrumentos psicométricos foram administrados: Self-reporting questionnaire (SRQ-20), escala breve K10, Escala de Avaliação de Depressão de Montgomery-Åsberg (MADRS), Escala de Ansiedade de Hamilton (HAM-A). Após a análise descritiva da pontuação média e desvio-padrão [DP] dos itens do BDIII, foi calculada o coeficiente de consistência interna (método alfa de Cronbach) e a correlação intraclasse (CIC, para os estudantes universitários). Adotando a SCID-I como o padrão-ouro, foram calculados os indicadores de critério: sensibilidade, especificidade. O melhor ponto de corte foi determinado a partir da análise da curva do Receiver Operating Characteristics. A correlação bivariada de Pearson entre o BDI-II e os instrumentos aplicados simultaneamente verificou a sobreposição dos construtos avaliados. A análise discriminante foi executada adotando os pontos de corte propostos por Beck e colaboradores. Resultados e discussão: A confiabilidade teste-reteste do BDI-II entre os estudantes universitários demonstrou um coeficiente CIC de 0,886 (intervalo de confiança [IC] 95% 0,817-0,93). Para a amostra total da população geral, a média do BDI-II foi 9,84 (DP 10,65), sendo 11,37 (DP 11,58) para mulheres e 7,90 (DP 9,03) para homens. As mulheres apresentaram pontuação média de BDI-II significativamente mais alta que os homens (p=0,029). O coeficiente alfa de Cronbach foi 0,92. O ponto de corte de 10/11 no BDI-II para detectar a depressão maior apresentou uma sensibilidade de 70% e especificidade de 84,4%. A correlação do BDI-II com SRQ-20 foi 0,849, K10 0,846, MADRS 0,748 e HAM-A 0,663. O BDI-II discrimina corretamente 81,1% dos casos de depressão ausente/mínima (0-13) e 85,7% dos casos de depressão grave (29–63). Conclusões: A versão em português do BDI-II é um instrumento homogêneo e estável com evidências de validade de critério, concorrente e discriminante. Mais estudos devem ser conduzidos para demonstrar a sua aplicabilidade em outras populações brasileiras. Palavras-Chave: psicometria, validação, BDI-II, epidemiologia, depressão. 12 VIII Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar *O presente estudo recebeu subvenção da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Processo no. 2008/11415-9 E-mail para contato: [email protected], [email protected] 13