CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM E SUAS IMPLICAÇÕES
METODOLÓGICAS NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA
Leidiane Noga (IC-Voluntária -UNICENTRO), Cristiane Malinoski Pianaro
Angelo (Orientador), e-mail: [email protected].
Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências Humanas, Letras
e Artes.
Unidade Universitária de Irati.
Palavras-chave: Concepções de linguagem, leitura, produção escrita,
gramática.
Resumo:
Este artigo tem por objetivos retomar as concepções de linguagem arroladas
pela literatura, estudar as teorias linguísticas subjacentes a elas e verificar
como cada uma dessas concepções orienta as atividades escolares de
leitura, produção escrita e gramática, bem como verificar que concepção de
linguagem parece mais adequada para o trabalho com a Língua Portuguesa
em sala de aula.
Introdução
Em concordância com vários estudiosos da Linguística Aplicada,
compreendemos que a adoção de uma determinada metodologia de ensino
de linguagem está diretamente relacionada ao modo como o professor
pensa a língua/ linguagem. Nesse sentido, torna-se fundamental conhecer
os modos como a linguagem é pensada no curso da história, para entender
o porquê de determinados conteúdos, objetivos, metodologias e
procedimentos de avaliação em voga nas salas de aula e buscar
metodologias de ensino mais condizentes com as necessidades da atual
conjuntura social. Luft (2000, p.51) afirma que “o primeiro requisito de um
professor de língua materna é ter noções corretas sobre linguagem, língua e
fala, e fazer delas o alicerce de suas atividades.” Sendo assim, o professor
deve desempenhar sua função seguramente embasado em concepções de
linguagem para que possa adotar uma postura metodológica produtiva.
Os estudiosos da Linguística Aplicada propõem, basicamente, três
modos de conceber a linguagem: a linguagem como expressão do
pensamento, a linguagem como meio de comunicação e a linguagem como
forma de interação (TRAVAGLIA, 2006; GERALDI, 2006). Percebem-se, no
entanto, abordagens muito breves e simplistas, que pouco contribuem para
que o professor possa tomar consciência acerca da importância de se ter
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clara uma concepção de linguagem, refletir sobre os pressupostos que
embasam a sua atuação em sala de aula e se posicionar quanto à
concepção que julga ser conveniente para o seu fazer pedagógico.
Materiais e Métodos
Trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico, que consiste no exame da
literatura científica, para levantamento e análise do que já se produziu sobre
o tema. Inicialmente, estudam-se as teorias linguísticas que respaldam as
diferentes concepções de linguagem. Em seguida, estuda-se o
entrelaçamento entre essas concepções e o ensino de Língua Portuguesa,
especificamente nas práticas de leitura, produção de texto e gramática e,
finalmente, aponta-se qual concepção de linguagem é mais adequada para
o trabalho com a Língua Portuguesa em sala de aula, a partir de abordagens
de ensino atuais e dos documentos oficiais de ensino, como os Parâmetros
Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) e as Diretrizes Curriculares para a
Educação Básica (PARANÁ, 2007).
Resultados e Discussão
Neste trabalho, buscamos verificar como cada uma das concepções de
linguagem orienta as práticas escolares de leitura, produção escrita e
gramática, bem como verificar que concepção de linguagem parece mais
adequada para nortear o trabalho com a Língua Portuguesa em sala de
aula.
Constatamos que as concepções de linguagem como meio de
expressão do pensamento e como meio de comunicação, embora tenham
sido importantes em um determinado tempo, mostram-se hoje insuficientes
para atender às necessidades comunicativas dos alunos. Já a concepção de
linguagem como meio de interação, ao trabalhar sob uma perspectiva
dialógica e social, aproxima-se das reais necessidades linguísticas dos
alunos.
Cabe ressaltar, ainda, que é também a concepção interacionista de
linguagem que é defendida pelos documentos oficiais de ensino como os
Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) e as Diretrizes
Curriculares para a Educação Básica (PARANÁ, 2006). Esses documentos
são uma importante referência para os professores, principalmente no que
diz respeito à elaboração das suas propostas didáticas, pois sugerem uma
nova abordagem para o ensino da Língua Portuguesa, reestruturando um
programa tradicional de ensino que não estava mais atendendo as reais
necessidades linguísticas dos alunos.
Para esses documentos, os alunos devem ser capazes de empregar
a língua em diferentes situações de uso, sabendo adequá-las a cada
contexto e interlocutor, desenvolver o uso da língua escrita em situações
discursivas, por meio de práticas sociais, reconhecer não apenas a
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importância da norma culta, mas também de outras variedades linguísticas
para tornar-se um aluno capaz de enfrentar as contradições sociais em que
está inserido.
Conclusões
Concluímos que a concepção de linguagem como meio de interação
apresenta-se como a mais adequada para orientar o trabalho com a Língua
Portuguesa uma vez que ao seguir os princípios teóricos dessa concepção,
o foco de ensino deixa de ser somente o desenvolvimento das habilidades
de domínio de regras da gramática normativa para passar a ser o
desenvolvimento da competência comunicativa, possibilitando ao aluno o
domínio pleno das atividades verbais: ler de forma crítica, falar e escrever
“bem”, ou seja, adequando o discurso conforme o contexto, produzindo
assim o efeito pretendido, bem como fazer com que o aluno seja capaz de
refletir sobre a própria língua (BRASIL, 1998).
Acreditamos que as discussões viabilizadas pelo desenvolvimento
dessa pesquisa podem trazer contribuições significativas para os
professores e futuros professores de Língua Portuguesa, pois permitem
maiores esclarecimentos acerca das concepções de linguagem, apontando
pontos positivos e negativos, bem como trazem maior sustentação a
trabalhos futuros que possam refletir e orientar a prática do professor de
Língua Portuguesa em sala de aula, bem como diagnosticar a performance
dos alunos nas atividades de leitura, produção de textos e gramática.
Referências
BRASIL, Ministério da Educação e do desporto. Parâmetros Curriculares
Nacionais: Língua Portuguesa – 5ª a 8ª séries. Brasília, 1998
GERALDI, J.W (org). O texto na sala de aula. 4. ed. São Paulo: Ática, 2006.
LUFT, C. P. Língua e liberdade – por uma nova concepção de língua
materna. 8. ed. São Paulo: Ática, 2000.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da
Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação
Básica. Curitiba: 2007
TRAVAGLIA, L.C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de
gramática. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2006.
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