Verdades sobre o ICMS da gasolina Darcy Francisco Carvalho dos Santos Auditor de Finanças Públicas Antes da redução do preço, a gasolina era vendida na refinaria por R$ 1,08. Dentro desse valor estavam PIS/Cofins e demais taxas cobradas pelo Governo Federal, na ordem de 0,615. Com a redução de preço, as refinarias passaram a vender a gasolina a R$ 0,81, ficando o Governo Federal com uma importância de R$ 0,50, através da taxa denominada “Cide”, que substituiu as contribuições e taxas ad-valorem, referidas. Em resumo, somente R$ 0,31 fica com a refinaria. . O Governo Federal, embora tenha preservado sua parte de maneira não muito ética, porque o fez através de uma contribuição fixa, também reduziu sua parcela em quase 20% (de R$ 0,615 para R$ 0,50). Mas isso nada interessa, quanto à formação do preço final. O que interessa é o custo do produto na refinaria, que passou de R$ 1,08 para R$ 0,81, com uma redução de 25%. Atribuir a causa da não redução do preçobase à União porque esta criou a “Cide” é um sofisma, é usar de artifícios para a enganar a opinião pública. O Governo do Estado do RS costuma dizer que não tem preço-base, mas margens de valor agregado. Seja como for, o valor sobre o qual é cobrado o ICMS passou de R$ 2,02 para R$ 1,86. Com isso, o ICMS cobrado por litro de gasolina passou de R$ 0,505 para 0,465. Aliás, antes das alterações da última reunião do CONFAZ, entre 15 estados da Federação, o Rio Grande do Sul possuía o mais alto preço sobre o qual incide o ICMS, sendo 19% superior ao Estado do Ceará, que mantinha o menor preço-base. Tal situação deve ter permanecido ou até piorado. Se o preço da bomba ficar em R$ 1,60, o ICMS cobrado de R$ 0,465 representará um alíquota de 28,75%. Se baixar o preço na bomba, como é esperado, para R$ 1,50, a alíquota nominal passará para 30,7%, ou seja, 5,7 pontos percentuais acima do que é autorizado por lei. A alíquota efetiva neste caso (quando calcula da sobre o preço do produto não acrescido do ICMS), será de 44% (Ver tabela anexa). Outra inverdade é que a arrecadação do Estado cairá em R$ 100 milhões com a redução de 8% na base de cálculo do ICMS. A gasolina representa 12% da arrecadação (todos os combustíveis, sim, representam 22%). Então 8% de 12% representa 0,96%, que aplicado aos 7,2 bilhões de previsão para 2002, representa menos de R$ 70 milhões. Mas quanto o Governo economizará nos seus gastos com combustíveis? Como podemos acusar o Governo Federal por ter baixado o preço da gasolina, quando houve redução do preço do petróleo e da cotação do dólar? Pois isso, é uma reivindicação histórica e generalizada. E, sempre se dizia que só valia para aumentar o preço e nunca para sua redução, se ocorresse o fenômeno inverso. Quando ocorrem aumentos de preços dos produtos e serviços administrados pelo Governo Federal e os Estados se beneficiam com o crescimento da arrecadação resultante, aí está tudo bem, mesmo que represente um ônus para o consumidor. Isso foi o que ocorreu nos três últimos anos, onde a explosão do crescimento da arrecadação do ICMS teve origem nos combustíveis, telefones e energia elétrica, tanto pela expansão das quantidades ofertadas/consumidas como pelo aumento de seus preços. Agora, quando ocorre a baixa de um preço administrado, o Governo Federal tem que ressarcir os Estados pela perda de arrecadação. Assim sendo, o Governo Federal fica impedido de baixar preços para não reduzir a arrecadação dos Estados, o que está a demonstrar que os interesses dos Estados enquanto poder público estão em contradição com os interesses do povo, que clama por redução de preço. Além disso, pode-se dizer que estão propugnando pela volta da inflação, pois só assim aumentam sua arrecadação e escondem sua ineficiência na gestão financeira dos negócios públicos. Bancada do PPS A.Legislativa ALÍQUOTAS NOMINAIS E EFETIVAS DO ICMS MANTIDA O VALOR FIXO POR LITRO DE 0,465 PREÇO BOMBA A 1,86 1,85 1,84 1,83 1,82 1,81 1,80 1,79 1,78 1,77 1,76 1,75 1,74 1,73 1,72 1,71 1,70 1,69 1,68 1,67 1,66 1,65 1,64 1,63 1,62 1,61 1,60 1,59 1,58 1,57 1,56 1,55 1,54 1,53 1,52 1,51 1,50 ICMS DEVIDO B= A x 25% 0,4650 0,4625 0,4600 0,4575 0,4550 0,4525 0,4500 0,4475 0,4450 0,4425 0,4400 0,4375 0,4350 0,4325 0,4300 0,4275 0,4250 0,4225 0,4200 0,4175 0,4150 0,4125 0,4100 0,4075 0,4050 0,4025 0,4000 0,3975 0,3950 0,3925 0,3900 0,3875 0,3850 0,3825 0,3800 0,3775 0,3750 ICMS COBRADO PELO ESTADO C= 1,86 x 0,25 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 0,4650 ICMS COBRADO ALÍQUOTA NOMINAL VALOR BOMBA ALÍQUOTA A MAIOR DO ICMS SEM ICMS EFETIVA ICMS D= C-B E= C/A F=A-C G=C/F 0,0025 0,0050 0,0075 0,0100 0,0125 0,0150 0,0175 0,0200 0,0225 0,0250 0,0275 0,0300 0,0325 0,0350 0,0375 0,0400 0,0425 0,0450 0,0475 0,0500 0,0525 0,0550 0,0575 0,0600 0,0625 0,0650 0,0675 0,0700 0,0725 0,0750 0,0775 0,0800 0,0825 0,0850 0,0875 0,0900 25,00% 25,14% 25,27% 25,41% 25,55% 25,69% 25,83% 25,98% 26,12% 26,27% 26,42% 26,57% 26,72% 26,88% 27,03% 27,19% 27,35% 27,51% 27,68% 27,84% 28,01% 28,18% 28,35% 28,53% 28,70% 28,88% 29,06% 29,25% 29,43% 29,62% 29,81% 30,00% 30,19% 30,39% 30,59% 30,79% 31,00% 1,3950 1,3850 1,3750 1,3650 1,3550 1,3450 1,3350 1,3250 1,3150 1,3050 1,2950 1,2850 1,2750 1,2650 1,2550 1,2450 1,2350 1,2250 1,2150 1,2050 1,1950 1,1850 1,1750 1,1650 1,1550 1,1450 1,1350 1,1250 1,1150 1,1050 1,0950 1,0850 1,0750 1,0650 1,0550 1,0450 1,0350 33,33% 33,57% 33,82% 34,07% 34,32% 34,57% 34,83% 35,09% 35,36% 35,63% 35,91% 36,19% 36,47% 36,76% 37,05% 37,35% 37,65% 37,96% 38,27% 38,59% 38,91% 39,24% 39,57% 39,91% 40,26% 40,61% 40,97% 41,33% 41,70% 42,08% 42,47% 42,86% 43,26% 43,66% 44,08% 44,50% 44,93% OBSERVAÇÃO: A alíquota nominal chega a 31% quando a gasolina for vendida na bomba por 1,50. Como fica a Lei que determina 25%. A alíquota real passa para 44,9%, no caso da venda a 1,50. Darcy F.C.Santos Preço gasolina_ICMS Hipóteses