Scientiarum Historia II – Encontro Luso-Brasileiro de História das Ciências – UFRJ / HCTE & Universidade de Aveiro Instituições e políticas científicas no século XX português. Uma aproximação político-institucional à história da ciência Tiago Brandão1 1 Doutorando do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. A desenvolver tese intitulada A Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (1967-1974). Organização da Ciência e Política Científica em Portugal. Email: [email protected] Palavras Chave: Políticas Científicas, Instituições Científicas, História da Ciência, Portugal. Introdução Pretenderá esta comunicação descrever os desenvolvimentos político-institucionais das estruturas de apoio às actividades de investigação no século XX português, até à Revolução de Abril de 1974, procurando ainda deixar algumas considerações quanto ao seu perfil político-institucional. Resultados e Discussão As guerras mundiais, o exacerbamento dos ciclos económicos (Grande Depressão e crescimento económico) e o processo de construção do Estado moderno são, sem dúvida, alguns dos principais factores que contribuíram para que a ciência ganhasse uma amplitude inédita durante o século XX. A dinâmica de organização da ciência existiu já antes da Segunda Guerra Mundial, tendo-se criado logo durante toda a primeira metade do século XX, em diversos países, várias instituições de apoio e promoção da investigação científica. Em Espanha, a título de exemplo, desde logo em 1907, a Junta para Ampliación de Estudios y Investigaciones Científicas, reformulada, depois da Guerra Civil, em 1939, no Consejo Superior de Investigaciones Científicas.1 Portugal, por seu lado, não deixaria de acompanhar a cadência da história do ponto de vista da organização da ciência. Por um lado, a reforma do ensino superior de 1911, já no quadro republicano, veio introduzir o modelo de universidade de investigação.2 No quadro do regime republicano semearam-se alterações qualitativas importantes, nomeadamente por intermédio do pensamento de diversas personalidades – lembre-se algumas figuras como Celestino da Costa, Simões Raposo ou mesmo António Sérgio. Portugal viria então a acertar o passo com a dinâmica de organização da ciência em 1929, já no contexto da Ditadura Militar, quando se criou, enfim, a Junta de Educação Nacional. Também a II Guerra Mundial teve um impacto decisivo na ciência. Enquanto se vivia, então, um período de “infância” da política científica (1945-1957)3, em Portugal, por seu lado, tiveram lugar debates públicos sobre a função da investigação científica, como, por exemplo, na Assembleia Nacional, em 1950. De facto, entre o segundo pós-guerra e o crepúsculo do regime do Estado Novo encetar-se-ia um período de diversos desenvolvimentos institucionais, desde transformações na esfera da Alta Cultura e da Educação Nacional até à criação da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (1967), que já deveria dar corpo a uma verdadeira e moderna politica científica. Conclusões Em relação à história político-institucional da ciência e da investigação em Portugal, durante o período do século XX que decorre até 1974, podem colocar-se algumas considerações. Em primeiro lugar, emerge a ideia de que houve uma profusão de medidas por parte do poder politico, de modo a montar uma estrutura de promoção da investigação científica; no entanto, e em segundo lugar, fica também a percepção de que, apesar disso, os benefícios retirados dessa estrutura conduzem a uma certa decepção em relação à eficiência dessas estruturas enquanto sistema. A partir destas duas impressões procurar-se-á adiantar uma resposta esclarecedora. Referências e Notas 1 Menéndez, Luís Sanz, Estado, ciencia y tecnología en España, 1939-1997, Madrid, Alianza, 1997. Carvalho, Rómulo de, História do Ensino em Portugal. Desde a fundação da nacionalidade até ao fim do regime Salazar-Caetano, Lisboa, Fundação Gulbenkian, 1986, p. 688; Caraça, João, «Ciência e investigação em Portugal no século XX» in Panorama da cultura portuguesa no século XX, coord. por Fernando Pernes, 1º vol., p. 218; Costa, Augusto Celestino da, «Fomento e organização da investigação científica. O caso português», Ciência e Cultura, 3, n.º 3, 1951, p. 199 e s.. 2 2º Congresso de História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia – 28 a 30 de outubro de 2009 Scientiarum Historia II – Encontro Luso-Brasileiro de História das Ciências – UFRJ / HCTE & Universidade de Aveiro 3 Salomon, Jean-Jacques, «Science policy studies and the development of science policy» in Science, Technology and Society, org. por Ina Spiegel-Rosing e Derek de Solla Price, 1977, p. 48 e ss.. UFRJ – Scientiarum Historia – 1º Congresso de História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia – RJ / 2008 2