Texto complementar Portugal: 50 anos de ditadura António de Figueiredo HISTÓRIA 1 História Assunto: Ditadura de Salazar em Portugal Portugal: 50 anos de ditadura Salazar transformou a sua União Nacional num partido organizado hierarquicamente e dirigido num esquema burocrático. Como nos Partidos Nazista e Fascista, a grande massa dos aderentes da União Nacional era passiva, na sua maioria funcionários públicos, que tinham respondido à chamada de Salazar aos homens desejosos de oferecer fidelidade à Nova Era [...]. O regime estava, nesta época, edificando os alicerces das instituições repressivas que haviam sido criadas na Alemanha Nazista e na Itália Fascista. A censura temporária tornava-se permanente, e era regulada por um conselho de censores nomeados especialmente. A Polícia de Segurança, calcada e treinada inicialmente pela Gestapo alemã, estava agora em ação com poderes ilimitados, e com uma rede de agentes e informantes em todos os níveis da sociedade, incluindo a Igreja e o exército, e cobria a totalidade de Portugal e as delegações diplomáticas consulares no estrangeiro. [...] Salazar, preferindo manter a direção política em mãos seguras, montou as suas próprias instituições essencialmente similares (as da Alemanha Nazista), tais como a Legião Portuguesa, uma milícia armada, e o seu ramo naval, a Brigada Naval [...]. Querendo criar a sua própria nova geração de nacionalistas, o regime confiou a organização do equivalente português das Juventudes Hitlerianas à Mocidade Portuguesa. [...] Nesse tempo, a primeira geração de alunos da escola primária foi forçada a alistar-se na MP e teve de receber a instrução paramilitar dada por oficiais do exército que eram graduados adultos da MP. Antes das aulas havia um ritual obrigatório, tão totalitário nas suas implicações como os praticados pela Juventude Hitleriana: tanto o professor como os alunos começavam o dia de pé, fazendo a saudação fascista com o braço estendido e a mão aberta. Quando o professor perguntava três vezes Quem vive? e Quem manda? toda a classe tinha de gritar em uníssono: Portugal! Portugal! Portugal! Salazar! Salazar! Salazar!, antes de se sentar para as lições do dia, com os novos textos agora introduzidos. FIGUEIREDO, António de. Portugal: 50 anos de ditadura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976. p. 71-77. 1