BRASIL: Informações Gerais sobre as diferentes regiões O Brasil encontra-se política e geograficamente dividido em cinco regiões distintas, que possuem traços comuns no que se refere aos aspectos físicos, humanos, econômicos e culturais. Os limites de cada região - Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste - coincidem sempre com as fronteiras dos estados que as compõem. Esse critério é utilizado como referência pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a coleta e processamento dos dados estatísticos oficiais do Governo brasileiro. Região Norte - Com uma área de 3.869.637,9 km2, que corresponde a 45,27% do território brasileiro, a região Norte é formada pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará Rondônia, Roraima e Tocantins. Sua área está localizada entre o maciço das Guianas ao Norte, o planalto Central ao Sul, a cordilheira dos Andes a Oeste e o Oceano Atlântico a Noroeste. De clima equatorial, é banhada pelos grandes rios das bacias Amazônica e do Tocantins. Seu relevo tem três patamares de altitude - igapós, várzeas e baixos platôs ou terra firme - definidos pelo volume de água dos rios, em função das chuvas. Os igapós são áreas permanentemente inundadas, com vegetação adaptada a permanecer com suas raízes sempre debaixo d'água. As várzeas encontram-se em terreno mais elevado e são inundadas apenas na época das cheias dos rios. A seringueira é um bom exemplo do tipo de árvores existentes nessa área. Os baixos platôs ou terra firme estão localizados nas partes mais elevadas e fora do alcance das cheias dos rios. Nessa área encontram-se as grandes árvores de madeira de lei e as castanheiras. A região Norte possui 10.597.305 habitantes, 7% da população total do país. Sua densidade demográfica é a mais baixa dentre todas as regiões geográficas, com 2,73 habitantes por km2. A maior parte da população da região Norte (57,8%) é urbana, sendo Belém, capital do Estado do Pará, sua maior metrópole. A economia da região Norte baseia-se no extrativismo vegetal de produtos como látex, açaí, madeiras e castanha; no extrativismo mineral de ouro, diamantes, cassiterita e estanho; e na exploração de minérios em grande escala, principalmente o ferro na serra dos Carajás, Estado do Pará, e o manganês na serra do Navio, Estado do Amapá. Duas ferrovias viabilizam o escoamento dos minérios extraídos da região: a Estrada de Ferro Carajás, que vai de Marabá, Estado do Pará, a São Luiz, capital do Estado do Maranhão (região Nordeste), que leva o ferro para os portos de Itaqui e Ponta da Madeira; e a Estrada de Ferro do Amapá, que transporta o manganês extraído na serra do Navio até o porto de Santana, em Macapá, capital do Estado do Amapá. Em algumas partes da região a energia é fornecida por usinas hidrelétricas e em outras o abastecimento depende de geradores a óleo diesel. No rio Tocantins, Estado do Pará, encontra-se a usina hidrelétrica de Tucuruí, a maior da região. Existem ainda usinas menores, como Balbina, no rio Uatumã, Estado do Amazonas, e Samuel, no rio Madeira, Estado de Rondônia. O Governo Federal oferece incentivos fiscais para a instalação de indústrias no Estado do Amazonas, especialmente montadoras de produtos eletrônicos. Esse processo é administrado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus e os incentivos deverão permanecer em vigor até, pelo menos, o ano de 2003. Região Nordeste - Inclui os estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, ocupando área de 1.561.177,8 km2, o que corresponde a 18,26% da área total do país. A maior parte de seu território é formada por extenso planalto, antigo e aplainado pela erosão. Em função das diferentes características físicas que apresenta, a região Nordeste encontra-se dividida em quatro sub-regiões: Zona da Mata, Agreste, Sertão e o Polígono das Secas. A faixa de transição entre o sertão semi-árido e a região Amazônica denomina-se meio-norte, apresentando clima bem mais úmido e vegetação exuberante à medida que avança para o oeste. A vegetação natural dessa área é a mata dos cocais, onde se encontra a palmeira babaçu, da qual é extraído óleo utilizado na fabricação de cosméticos, margarinas, sabões e lubrificantes. A economia local é basicamente agrícola, predominando as plantações de arroz nos vales úmidos do Estado do Maranhão. Na década de 80, no entanto, teve início o processo de industrialização da área, com a instalação de indústrias que se constituem extensões dos projetos minerais da Amazônia. A economia da região Nordeste baseia-se na agroindústria do açúcar e do cacau. O petróleo é explorado no litoral e na plataforma continental e processado na refinaria Landulfo Alves, em Salvador, e no Pólo Petroquímico de Camaçari, também no Estado da Bahia. O setor de turismo, que tem demonstrado grande potencialidade de desenvolvimento na região Nordeste, vem crescento consideravelmente nos últimos anos e apresenta perspectivas otimistas para o futuro. A população da região Nordeste totaliza 43.792.133 habitantes, o que representa 28,9% do total do país. Sua densidade demográfica é de 28,05 habitantes por km2 e a maior parte da população se concentra na zona urbana (60,6%). As principais metrópoles regionais são as cidades de Salvador, capital do Estado da Bahia, Recife, capital do Estado de Pernambuco, e Fortaleza, capital do Estado do Ceará. Zona da Mata - Estende-se do Estado do Rio Grande do Norte ao sul do Estado da Bahia, numa faixa litorânea de até 200 km de largaura. Possui clima tropical úmido, com chuvas mais freqüentes na época do outono e inverno, exceto no sul do Estado da Bahia, onde se distribuem uniformemente por todo o ano. O solo dessa área é fértil e a vegetação natural é a Mata Atlântica, já praticamente extinta e substituída por lavouras de cana-de-açúcar, desde o início da colonização do país. Agreste - É a área de transição entre a Zona da Mata, região úmida e cheia de brejos, e o sertão semi-árido. Nesta sub-região os terrenos mais férteis são ocupados por minifúndios, onde predominan as culturas de subsistência e a pecuária leiteira. Sertão - Extensa área de clima semi-árido, nos Estados do Rio Grande do Norte e Ceará chega até o litoral. Os solos desta sub-região são rasos e pedregosos, as chuvas escassas e mal distribuídas e as atividades agrícolas sofrem grande limitação. A vegetação típica do sertão é a caatinga. Nas partes mais úmidas existem bosques de palmeiras, especialmente a carnaubeira, também chamada "árvore da providência", por serem todas as sua partes aproveitadas. O rio São Francisco é o maior rio da região e única fonte perene de água para as populações que habitam as suas margens. Nele existem várias represas e usinas hidrelétricas, como a de Sobradinho, em Juazeiro, Estado da Bahia, e a de Paulo Afonso, na divisa dos Estados da Bahia e Pernambuco. A economia do sertão nordestino baseia-se na pecuária extensiva e no cultivo de algodão em grandes propriedades de terra, com baixa produtividade. Polígono das Secas - Delimitada em 1951 para combater as secas do Nordeste, essa área abrange praticamente todos os estados do Nordeste, com exceção do Maranhão e o litoral leste da região. As secas de 1979 a 1984 e 1989 a 1990 atingiram 1.510 municípios do Nordeste brasileiro. O combate tradicional às secas vem sendo feito com a construção de açudes e distribuição de verbas aos prefeitos dos municípios atingidos. Recentemente, no entanto, o Governo Federal começou a implementar projetos na região, que visam à solução definitiva do problema de convivência do homem nordestino com a seca. Dentre tais projetos destaca-se o projeto Áridas, financiado pelo Banco Mundial. Região Sudeste - Formada pelos Estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, ocupa 10,85% do território brasileiro, com área de 927.286,2 km2. Situa-se na parte mais elevada do Planalto Atlântico de sudeste, onde se encontram as serras da Mantiqueira, do Mar e do Espinhaço. Sua paisagem típica apresenta formações de montanhas arredondadas, chamadas "mares de morros" e os "pães de açucar", que são montanhas de agulhas graníticas. O clima predominante no litoral é o tropical atlântico e nos planaltos o tropical de altitude, com geadas ocasionais. A mata tropical que existia originalmente no litoral, foi devastada no período de ocupação do território, dando lugar a plantações de café. No Estado de Minas Gerais predomina a vegetação de cerrado, com arbustos e gramas, sendo que no vale do rio São Francisco e norte do Estado, encontra-se a caatinga. O relevo planáltico do Sudeste fornece grande potencial hidrelétrico à região, quase todo aproveitado. A maior usina existente é a de Urubupungá, localizada no rio Paraná, divisa dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Encontram-se ainda na região Sudeste as nascentes de duas importantes bacias hidrográficas do país: a bacia do rio Paraná, que se origina da união dos rios Paranaíba e Grande, próxima à região conhecida como Triângulo Mineiro, no Estado de Minas Gerais, e a do rio São Francisco, que nasce na serra da Canastra, também no Estado de Minas Gerais. A região Sudeste é a de maior população no país, somando 64.603.032 habitantes, o que corresponde a 42,63% do total. É também a região com maior densidade demográfica (69,66 habitantes por km2) e mais alto índice de urbanização: 88%. Abriga as duas mais importantes metrópoles nacionais, as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, localizadas em Estados que levam os mesmos nomes. A cidade de Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais, é considerada importante metrópole regional. A economia da região Sudeste é a mais desenvolvida e industrializada dentre as economias de todas as regiões, nela se concentrando mais da metade da produção do país. Possui ainda os maiores rebanhos bovinos, além de significativa produção agrícola, que inclui o cultivo de cana-de-açúcar, laranja e café em lavouras que apresentam bom padrão técnico e alta produtividade. Possui ainda reservas de ferro e manganês na serra do Espinhaço, Estado de Minas Gerais, e petróleo em quantidade razoável na bacia de Campos, Estado do Rio de Janeiro. Região Sul - Com 577.214,0 km2, é a região que apresenta menor área, ocupando apenas 6,75% do território brasileiro. Formada pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, tem clima sub-tropical, exceto na região norte do Estado do Paraná, onde predomina o clima tropical. Caracteriza-se pela diversidade de temperaturas nas diferentes áreas que a compõem. As regiões de planaltos mais elevados apresentam temperaturas baixas, com nevascas ocasionais, e na região da planície dos Pampas, mais ao sul, as temperaturas são elevadas. A vegetação acompanha essa variação da temperatura, ou seja, nos locais mais frios predominam as matas de araucárias (pinhais) e nos pampas os campos de gramíneas. A região possui grande potencial hidrelétrico, destacando-se a usina de Itaipu, localizada no rio Paraná, na fronteira com o Paraguai. A população da região Sul totaliza 22.653.700 habitantes, o que representa 14,95% da população do País. A densidade demográfica é de 39,24 habitantes por km2 e 74,1% da população vivem no meio urbano. São encontrados traços marcantes da influência da imigração alemã, italiana e açoriana na região. Inicialmente baseada na agropecuária, a economia da região Sul desenvolveu importante parque industrial nas últimas décadas, cujos centros se encontram nas áreas metropolitanas da cidade de Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul, e Curitiba, capital do Estado do Paraná. A produção agrícola utiliza modernas técnicas de cultivo, destacando-se o trigo, soja, arroz,milho, feijão e tabaco entre os principais produtos comercializados. Na pecuária encontram-se rebanhos de linhagens européias (hereford e charolês). A suinocultura é praticada no oeste do Estado de Santa Catarina e no Estado do Paraná, onde ainda é significativa a prática do extrativismo, com extração de madeira de pinho. No Estado de Santa Catarina explora-se o carvão mineral ao sul e se encontra grande número de frigorícos, que produzem não apenas para o mercado interno, mas também para exportação. Região Centro-Oeste - Ocupa 18,86% do território brasileiro, numa área de 1.612.077,2 km2 e é formada pelos Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e o Distrito Federal. Localizada em extenso planalto Central, seu relevo caracteriza-se pela predominância de terrenos antigos e aplainados pela erosão, que deu origem a chapadões. Na parte oeste do Estado de Mato Grosso do Sul e sudoeste do Estado de Mato Grosso encontra-se a depressão do Pantanal Matogrossense, cortada pelo rio Paraguai e sujeita a cheias durante parte do ano. A vegetação do Pantanal é extremamente variada e sua fauna de uma riqueza muito grande. Já na região de planalto, predomina a vegetação de cerrado. O clima da região é tropical semi-úmido, com freqüentes chuvas de verão. A população da região Centro-Oeste totaliza 9.871.279 habitantes, com densidade demográfica de 6,12 habitantes por km2. Representa 6,5% da população total do país e se concentra, em sua maioria, na zona urbana: 81,3%. A economia da região Centro-Oeste baseou-se inicialmente na exploração de garimpos de ouro e diamantes e foi, gradativamente, sendo substituída pela pecuária. A transferência da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, em 1960, e a construção de ferrovias que facilitaram o acesso em direção ao oeste, aceleraram o povoamento região, contribuindo para o seu desenvolvimento. Encontram-se nesta região as maiores reservas de manganês do país, localizadas no maciço de Urucum, no Pantanal. Devido ao difícil acesso ao local, tais reservas ainda são pouco exploradas. O turismo como atividade econômica vem se desenvolvendo rapidamente na região, atraindo visitantes de várias partes do mundo, que procuram desfrutar da riqueza da flora e da fauna do Pantanal, bem como da paisagem das chapadas encontradas nos Estados de Goiás e Mato Grosso. Plano Plurianual 1996/99 O Plano Plurianual é um conjunto de conceitos, políticas, estratégias, diretrizes de ação e metas que, de forma coordenada, determina o perfil dos investimentos que o Governo do Brasil define para um período de quatro anos. Esse período abrange os três últimos anos de um governo e o primeiro ano do governo seguinte. O Plano Plurianual para o período 1996/99 (PPA 96/99) foi aprovado e instituído pelo Congresso Nacional, em 09 de maio de 1996, pela Lei 9.276. Os projetos e ações que o integram envolvem recursos públicos e privados estimados em R$ 459 bilhões. Desse total, R$ 304,5 bilhões, cerca de 66% do valor total, serão aplicados em programas de cunho social. Este é um dos maiores volumes de recursos destinados no Brasil, em todos os tempos, para a área social. Estratégias e diretrizes de ação O PPA 96/99 tem como premissa básica a necessidade de consolidação da estabilidade econômica conquistada com a implantação do Plano Real, em 1994. Esse esforço deverá ser acompanhado pela retomada gradual dos investimentos produtivos, deflagrando uma nova fase sustentada de desenvolvimento econômico e social do Brasil. Isso já pode ser percebido com o recente lançamento do programa "Brasil em Ação", que elencou 42 projetos e programas considerados pelo Governo Federal como de realização prioritária no biênio 1997/98. As estratégias estabelecidas pelo PPA 96/99 são as seguintes: a) Construção de um Estado moderno e eficiente - Construir um Estado moderno e eficiente depende não apenas de recursos, mas também da melhoria do corpo de servidores, para que as políticas públicas possam ser bem concebidas, adequadamente implantadas e rigorosamente monitoradas. Com isso, procura-se diminuir erros conceituais, de diagnóstico, de execução e fiscalização que têm caracterizado o uso dos recursos públicos no Brasil. As diretrizes associadas a essa estratégia são: - consolidação do processo de saneamento das finanças públicas; - descentralização das políticas públicas para Estados e Municípios, setor privado e organizações não-governamentais; - aumento da eficiência do gasto público, com ênfase na redução dos desperdícios e no aumento da qualidade e da produtividade dos serviços; - aprofundamento do programa de desestatização; - reformulação e fortalecimento da ação reguladora do Estado, inclusive nos serviços públicos privatizados; - modernização dos sistemas de previdência social; - modernização das forças armadas e de seus níveis operacionais; e - modernização da Justiça e dos sistemas de Segurança e Defesa Nacional. b) Redução dos desequilíbrios espaciais e sociais - Essa redução é uma antiga aspiração brasileira. A inflação sob controle e a retomada do crescimento permitirão impulsionar esse processo. Para isso, serão estimuladas as vocações regionais, fortalecido o processo de descentralização e ampliados os recursos para a área social. As diretrizes associadas a essa estratégia são as seguintes: - criação de novas oportunidades de ocupação da força de trabalho; - redução dos custos de produtos de primeira necessidade; - aproveitamento das potencialidades regionais, com o uso racional e sustentado dos recursos; - fortalecimento da base de infra-estrutura das regiões menos desenvolvidas; - redução da mortalidade infantil; - ampliação do acesso da população aos serviços básicos de saúde; - melhoria educacional, com ênfase na educação básica; - melhoria das condições de vida, trabalho e produtividade do pequeno produtor e do trabalhador rural; - melhoria das condições de vida nas aglomerações urbanas críticas (segurança pública, saneamento, habitação, transporte coletivo, outros serviços urbanos, desporto e cultura); - mobilização da sociedade e de todo o governo para a erradicação da miséria e da fome; e - fortalecimento da cidadania e preservação dos valores nacionais. c) Inserção competitiva e modernização produtiva - A modernização da estrutura produtiva brasileira exige, de um lado, a qualificação da mão-de-obra e a flexibilização das relações trabalhistas. A maior inserção competitiva do Brasil será obtida com a ampliação da infra-estrutura, a redução do "Custo Brasil", o fortalecimento do papel do setor privado nos investimentos e o estímulo a setores com potencial de inserção internacional. Por sua vez, a qualificação da mão-de-obra exige a melhoria educacional - com ênfase na educação básica - e mudanças nas relações trabalhistas. As diretrizes associadas a essa estratégia são as seguintes: - modernização e ampliação da infra-estrutura; - aumento da participação do setor privado em investimentos para o desenvolvimento; - fortalecimento de setores com potencial de inserção internacional e estímulos à inovação tecnológica e à reestruturação produtiva; - melhoria educacional, com ênfase na educação básica; e - modernização das relações trabalhistas. Políticas e reformas para o desenvolvimento A manutenção da estabilidade não requer apenas uma gestão competente da política econômica de curto prazo. É necessário criar condições para maiores investimentos e para o aumento da competitividade dos bens e serviços produzidos internamente. Para isso, faz-se indispensável alterar dispositivos constitucionais que vedam a entrada de capital estrangeiro e que implicam rigidez orçamentária, ao lado de um sistema tributário que onera investimentos e termina por "exportar impostos". A alteração de tais regras está contida nas propostas de emendas constitucionais enviadas pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional, relacionadas com a reforma tributária, administrativa, da previdência, além das emendas sobre as finanças públicas a serem enviadas e sobre a ordem econômica, já promulgadas ou em fase de apreciação pelo Senado Federal. Essas reformas deverão contribuir para a remoção de entraves à competitividade, para o avanço do Programa Nacional de Desestatização, para a promoção dos investimentos, bem como para a reforma do Estado. Projetos e ações prioritários O Governo do Brasil trabalha com a expectativa de uma participação importante do setor privado e das outras esferas de governo para viabilizar os investimentos e ações definidos pelo PPA 96/99. A programação de investimentos estima em R$ 17,3 bilhões os recursos de governos estaduais e municipais; em R$ 24,3 bilhões, os recursos externos; R$ 39,3 bilhões, os recursos oriundos da iniciativa privada; e R$ 59,6 bilhões de empresas estatais, fundos públicos e outras fontes. Em algumas áreas, como é o caso da infra-estrutura, espera-se uma significativa participação do setor privado nos investimentos previstos. Isso significa profunda mudança em relação ao padrão de financiamento do passado, caracterizado pela quase exclusividade dos investimentos públicos. Os projetos e ações prioritários foram divididos em três grupos, observados seus efeitos dinamizadores e estruturadores de outros projetos e ações dos setores público e privado: I) Projetos e ações estruturadores - Conjunto de projetos e ações voltado para a eliminação de gargalos ao crescimento e à melhoria da eficiência do sistema econômico, incluindo empreendimentos que reduzam o "Custo Brasil". II) Projetos e ações para a redução dos desequilíbrios espaciais - Objetivam fortalecer e consolidar os eixos de desenvolvimento, caracterizados pela nova geografia econômica do Brasil. Tratam-se de empreendimentos complementares aos projetos e ações em energia e em comunicação, integrando, portanto, o conjunto dos esforços para a reconstrução e modernização da infra-estrutura econômica do país. Os investimentos estão dirigidos para cinco eixos de integração nacional e dois de integração continental, além de algumas áreas especiais: 1) Eixo de Integração Norte-Sul - Envolve o oeste da Bahia, o sudoeste do Piauí, o sul do Maranhão, o estado do Tocantins e parte do estado de Goiás, por intermédio da Ferrovia Norte-Sul, Hidrovia do Araguaia-Tocantins e restauração das rodovias BR 153 (Belém-Brasília) e da BR 153/PA 153 (Marabá a São Geraldo, no estado do Pará). 2) Eixo de Integração Oeste - Cobre a fronteira agrícola do Brasil, ligando os estados do Acre e de Rondônia com a Região Centro-Sul e Sul, passando pelos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A cargo da iniciativa privada está a Ferronorte, entre esses dois últimos estados. A cargo do Governo está a construção de ponte rodoferroviária sobre o Rio Paraná, articulando a Ferronorte à rede de ferrovias do estado de São Paulo. 3) Eixo de Integração do Nordeste - Os principais projetos para essa região do país são a recuperação da Hidrovia do Rio São Francisco (entre Pirapora, no estado de Minas Gerais e Juazeiro, no estado da Bahia), ampliação da ferrovia Transnordestina e ampliação do Porto de Suape, em Recife, capital do estado de Pernambuco. 4) Eixo de Integração Sul - Objetiva melhorar as malhas de transporte da região, articulando-a com a Região Sudeste. Os principais projetos são: duplicação das BR 116/376/101, entre São Paulo e Florianópolis; estado de Santa Catarina; recuperação de 1.400 km nas principais rodovias federais da região; implantação da ferrovia Ferroeste, entre Guarapuava, no estado do Paraná, e Dourados, no estado do Mato Grosso do Sul. 5) Saída para o Caribe - Procura consolidar as rodovias que ligam o Brasil aos mercados do Caribe e Atlântico Norte. Os principais projetos são a conclusão da pavimentação da BR 174, entre Manaus, no estado do Amazonas, e Caracaraí, estado de Roraima, numa extensão de 624 km, chegando até à fronteira da Venezuela; a pavimentação da BR 401, entre Boa Vista, estado de Roraima, e Bonfim, na divisa com a Guiana, que permitirá o acesso ao porto de Georgetown, naquele país, constituindo alternativa comercial, inclusive, para o Mercado Comum Europeu. 6) Saída para o Pacífico - Objetiva integrar o Brasil ao Peru e Bolívia, permitindo o acesso aos portos do Pacífico. Os principais projetos são a recuperação de 350 km da BR 317, no estado do Acre, ligando a capital, Rio Branco, a Assis Brasil, na fronteira com o Peru; recuperação de 90 km da mesma estrada federal no estado de Rondônia, ligando Abunã a Guajará Mirim, na fronteira com a Bolívia; e melhorar as condições de navegabilidade na Hidrovia do Rio Madeira, que interliga os estados do Amazonas e Rondonia. Serão realizados investimentos em áreas especiais como recursos hídricos para a região Nordeste, com previsão de conclusão de 19 projetos de irrigação, quatro barragens e duas estações adutoras nesta região do semi-árido brasileiro; ações federais no estado do Rio de Janeiro, objetivando a revitalização da economia desse importante estado brasileiro, com a implantação do Porto de Sepetiba, do Teleporto da cidade do Rio de Janeiro, e maior aproveitamento do petróleo e gás natural da Bacia de Campos; e infra-estrutura para o turismo, visando ao desenvolvimento da atividade turística no Brasil, através do estímulo aos programas regionais de turismo como o Prodetur, voltado para a região Nordeste e que prevê a reforma e ampliação dos aeroportos de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte; de São Luís, capital do estado do Maranhão; de Fortaleza, capital do estado do Ceará; de Aracaju, capital do estado de Sergipe; e de Porto Seguro, cidade do litoral sul do estado da Bahia. Ações semelhantes serão executadas na Amazônia e no Pantanal Mato-grossense, voltadas para o turismo ecológico. III) Projetos e ações para a redução das desigualdades sociais - O compromisso principal do Governo Federal e um dos seus maiores desafios é o desenvolvimento de políticas voltadas ao oferecimento de serviços públicos essenciais. Os objetivos dos investimentos nessa área (R$ 304,5 bilhões) consistem em: a) melhorar a qualidade dos serviços oferecidos pelo Governo - aumentar a oferta e melhorar a qualidade de serviços nas áreas de educação e infra-estrutura urbana; b) priorizar programas e ações que permitam a geração de mais empregos e de maior renda. Os principais projetos na área social são: - para geração de empregos, renda e qualificação para o trabalho: o restabelecimento de linhas de crédito para programas de habitação e saneamento, utilizando recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS e empréstimos externos; o apoio a micro e pequenos empreendimentos, a trabalhadores autônomos, cooperativas e associações, facilitando o acesso a linhas de crédito; o fortalecimento da agricultura familiar; a educação para o trabalho; o atendimento ao trabalhador desempregado, intermediando mão-de-obra, capacitando profissionalmente e concedendo seguro-desemprego; e a implantação e consolidação de projetos de assentamento rural. - para a promoção e defesa dos direitos e assistência social - aperfeiçoamento e integração das entidades que atuam no setor, buscando a garantia dos direitos das crianças, adolescentes e portadores de deficiência; municipalização e implementação de associações civis de defesa do consumidor; pagamento de benefícios a idosos e portadores de deficiências; apoio às associações de assistência à família pobre. - para a promoção da igualdade de oportunidades e proteção contra riscos prioridade para o ensino básico; descentralização dos serviços de saúde; modernização da gestão previdenciária e reforma do sistema de Previdência Social; combate à mortalidade por programas e ações de assistência à saúde da mulher e ao recém-nascido, suplementação alimentar e informação sobre reidratação oral; e aumento do número de agentes comunitários. O programa Comunidade Solidária, criado especialmente pelo governo Fernando Henrique para coordenar programas sociais, é peça fundamental na estratégia de sua atuação nesse setor. Por intermédio desse programa serão mobilizados maiores recursos e instituídos novos métodos de gestão para que os desafios possam ser melhor enfrentados. O princípio básico da atuação do Comunidade Solidária é a parceria entre sociedade e governo em suas diferentes esferas. Comunidade Solidária Ao decidir iniciar um plano de erradicação da pobreza, o governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso optou por um modelo pouco convencional para os padrões brasileiros de atuação na área social: a substituição do assistencialismo e do clientelismo pelo atendimento aos direitos básicos da cidadania. A tarefa prevê a ação conjunta de órgãos federais, organizações não-governamentais, governos estaduais e municipais e o envolvimento da população para a efetivação do programa denominado Comunidade Solidária. A metodologia de trabalho está calcada na parceria e na solidariedade, ponto crucial, segundo os coordenadores do Programa, para o fim do assistencialismo. O papel do governo no desenvolvimento do Programa será basicamente o de monitorar a aplicação eficiente dos recursos federais destinados ao combate à pobreza. A intenção é evitar a pulverização de recursos, submeter a assistência financeira a critérios transparentes de aplicação e priorizar os bolsões de miséria e os grupos marginalizados da população. O Programa Comunidade Solidária é conduzido principalmente pelo Gabinete Civil da Presidência da República e tem uma Secretaria Executiva, cujo principal papel é coordenar e promover a articulação com todos os setores envolvidos nesse plano de combate à exclusão social. O Comunidade Solidária tem também um Conselho, nomeado pelo Presidente da República, integrado por Ministros de Estado das áreas intimamente ligadas aos objetivos do Programa. Dele também fazem parte personalidades da sociedade civil. O Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso elegeu cinco áreas de atuação prioritária do Comunidade Solidária: saúde, alimentação e nutrição; serviços urbanos; desenvolvimento rural; emprego e renda; e defesa de direitos. Como vários órgãos federais já atuam em cada uma dessas áreas, a gestão do Programa será um sistema articulado, de forma a eliminar a centralização. Recursos - Na área de saúde, alimentação e nutrição, o plano dá ênfase ao combate à mortalidade infantil, alimentação escolar e do trabalhador, e distribuição emergencial de alimentos. A parte relativa aos serviços urbanos prioriza os programas de moradia e saneamento. A área de desenvolvimento rural também é alvo da ação prioritária do governo, assim como a geração de emprego e renda. Em oposição às políticas sociais praticadas até a eleição do Presidente Fernando Henrique Cardoso, o atual governo adotou a estratégia da parceria e coresponsabilidade entre os mais diversos atores sociais, para obter sucesso no combate à pobreza. Esta foi a maneira encontrada pelo governo para complementar os recursos do Programa com as contrapartidas fornecidas pelos estados e municípios. Segundo estimativas do relatório sobre "Estratégias de Combate à Fome e à Miséria", será estimulada a captação de recursos adicionais junto aos mais diversos setores da sociedade, como empresas, sindicatos, universidades, igrejas, ONG´s e cidadãos, bem como junto a agências nacionais e internacionais de financiamento e cooperação. Os programas federais já existentes para atendimento da área social, que compõem o Comunidade Solidária, têm um "selo de prioridade". Esses programas já fazem parte das políticas governamentais para o setor nas áreas dos Ministérios da Saúde, Educação, Trabalho e Planejamento. A cada um dos órgãos federais envolvidos no Comunidade Solidária cabe aprovar propostas que impliquem a "otimização do apoio financeiro ou material da União, valendo-se das normas existentes e de outras recomendações para o atendimento dos pleitos encaminhados por estados e municípios. Abrangência - De acordo com o documento de intenção do governo para o Programa Comunidade Solidária, a atuação desdobra-se em duas fontes: melhoria do gerenciamento e da abrangência dos programas federais selecionados e concentração em áreas geográficas escolhidas com base em indicadores de concentração de pobreza. O Comunidade Solidária atuou, em 1995, em 302 pequenos municípios que apresentam grande percentual de pobres e em concentrações de miséria, especialmente nas capitais e regiões metropolitanas. Em 1996, a atuação foi ampliada para 1.111 municípios. Nos bolsões de miséria do interior do país, o Comunidade Solidária estimula a elaboração e execução de propostas de atuação em conjunto com os governos estaduais e municipais e a comunidade. Nos demais casos são incentivadas as iniciativas que já vêm sendo desenvolvidas em parceria com a comunidade. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), órgão do Ministério do Planejamento e Orçamento, e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), auxiliaram na formação dos indicadores e no fornecimento de informações à Secretaria Executiva do Comunidade Solidária sobre as condições de vida da população em todos os municípios, com o objetivo de identificar aqueles com maior concentração relativa de miséria dentro de cada estado. Essas informações serviram de base para a seleção daqueles que têm sido alvo prioritário do Comunidade Solidária". Critérios - Como uma das exigências desse programa governamental é a parceria, o governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso fixou como responsabilidade dos estados e municípios, em conjunto com as organizações não-governamentais e membros da comunidade, a definição das necessidades prioritárias nos bolsões de pobreza e a elaboração de propostas de ação no âmbito local. As propostas são analisadas pelos órgãos competentes dos estados juntamente com a sociedade civil, e o governo somente as apoia se obedecerem aos seguintes critérios: a) localização em bolsões de pobreza; b) participação da sociedade civil e da comunidade no controle e no gerenciamento das ações; c) impacto no combate à pobreza; d) integração entre diferentes ações governamentais; e e) viabilidade técnico-financeira. Embora atue fortemente no âmbito financeiro do programa, o governo se autodenomina "parceiro" no Comunidade Solidária. Autoridades governamentais salientaram que a decisão do Presidente Fernando Henrique Cardoso, de criar o Conselho vinculado à Casa Civil da Presidência da República "exprime o reconhecimento de que o Estado precisa da participação dos cidadãos e de que são necessários novos canais de parceria Estado-sociedade". Ao divulgar os objetivos do Programa Comunidade Solidária, sua Secretária Executiva salientou que "a melhoria do gerenciamento dos programas selecionados é o maior desafio que se propõe a enfrentar. Por isso, a ênfase nas expressões parceria e solidariedade". O governo ressaltou que "é necessário evitar a centralização, a fragmentação e o clientelismo que redundam em ineficiência, descontinuidade e desperdício de recursos". A Educação no Brasil Breve histórico A história da educação no Brasil começa em 1549 com a chegada dos primeiros padres jesuítas, inaugurando uma fase que haveria de deixar marcas profundas na cultura e civilização do País. Movidos por intenso sentimento religioso de propagação da fé cristã, durante mais de 200 anos, os jesuítas foram praticamente os únicos educadores do Brasil. Embora tivessem fundado inúmeras escolas de ler, contar e escrever, a prioridade dos jesuítas foi sempre a escola secundária, grau do ensino onde eles organizaram uma rede de colégios de reconhecida qualidade, alguns dos quais chegaram mesmo a oferecer modalidades de estudos equivalentes ao nível superior. Em 1759, os jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas colônias, abrindo um enorme vazio que não seria preenchido nas décadas subsequentes. As medidas tomadas pelo Ministro de D. José I - o Marquês de Pombal - sobretudo a instituição do Subsídio Literário, imposto criado para financiar o ensino primário, não surtiram nenhum efeito. Só no começo do século seguinte, em 1808, com a mudança da sede do Reino de Portugal e a vinda da Família Real para o Brasil-Colônia, a educação e a cultura tomariam um novo impulso, com o surgimento de instituições culturais e científicas, de ensino técnico e dos primeiros cursos superiores (como os de Medicina nos Estados do Rio de Janeiro e da Bahia). Todavia, a obra educacional de D. João VI, meritória em muitos aspectos, voltou-se para as necessidades imediatas da Corte Portuguesa no Brasil. As aulas e cursos criados, em diversos setores, tiveram o objetivo de preencher demandas de formação profissional. Esta característica haveria de ter uma enorme influência na evolução da educação superior brasileira. Acrescente-se, ainda, que a política educacional de D. João VI, na medida em que procurou, de modo geral, concentrar-se nas demandas da Corte, deu continuidade à marginalização do ensino primário. Com a Independência do País, conquistada em 1822, algumas mudanças no panorama sócio-político e econômico pareciam esboçar-se, inclusive em termos de política educacional. De fato, na Constituinte de 1823, pela primeira vez se associa sufrágio universal e educação popular - uma como base do outro. Também é debatida a criação de universidades no Brasil, com várias propostas apresentadas. Como resultado desse movimento de idéias, surge o compromisso do Império, na Constituição de 1824, em assegurar "instrução primária e gratuita a todos os cidadãos", confirmado logo depois pela Lei de 15 de outubro de 1827, que determinou a criação de escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e vilarejos, envolvendo as três instâncias do Poder Público. Teria sido a "Lei Áurea" da educação básica, caso tivesse sido implementada. Da mesma forma, a idéia de fundação de universidades não prosperou, surgindo em seu lugar os cursos jurídicos em São Paulo e Olinda, em 1827, fortalecendo o sentido profissional e utilitário da política iniciada por D. João VI. Além disso, alguns anos depois da promulgação do Ato Adicional de 1834, delegando às províncias a prerrogativa de legislar sobre a educação primária, comprometeu em definitivo o futuro da educação básica, pois possibilitou que o governo central se afastasse da responsabilidade de assegurar educação elementar para todos. Assim, a ausência de um centro de unidade e ação, indispensável, face às características de formação cultural e política do País, acabaria por comprometer a política imperial de educação. A descentralização da educação básica, instituída em 1834, foi mantida pela República, impedindo o Governo Central de assumir posição estratégica de formulação e coordenação da política de universalização do ensino fundamental, a exemplo do que então se passava nas nações européias, nos Estados Unidos e no Japão. Em decorrência, se ampliaria ainda mais a distância entre as elites do País e as camadas sociais populares. Na década de 1920, devido mesmo ao panorama econômico-cultural e político que se delineou após a Primeira Grande Guerra, o Brasil começa a se repensar. Em diversos setores sociais, mudanças são debatidas e anunciadas. O setor educacional participa do movimento de renovação. Inúmeras reformas do ensino primário são feitas em âmbito estadual. Surge a primeira grande geração de educadores - Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Almeida Júnior, entre outros, que lidera o movimento, tenta implantar no Brasil os ideais da Escola Nova e divulga o Manifesto dos Pioneiros em 1932, documento histórico que sintetiza os pontos centrais desse movimento de idéias, redefinindo o papel do Estado em matéria educacional. Surgem nesse período, as primeiras Universidades Brasileiras, do Rio de Janeiro-(1920), Minas Gerais-(1927), Porto Alegre-(1934) e Universidade de São Paulo-(1934). Esta última constitui o primeiro projeto consistente de universidade no Brasil, daria início a uma trajetória cultural e científica sem precedentes. A Constituição promulgada após a Revolução de 1930, em 1934, consigna avanços significativos na área educacional, incorporando muito do que havia sido debatido em anos anteriores. No entanto, em 1937, instaura-se o Estado Novo outorgando ao País uma Constituição autoritária, registrando-se em decorrência um grande retrocesso. Após a queda do Estado Novo, em 1945, muitos dos ideais são retomados e consubstanciados no Projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, enviado ao Congresso Nacional em 1948 que, após difícil trajetória, foi finalmente aprovado em 1961 (Lei nº 4024). No período que vai da queda do Estado Novo, em 1945, até a Revolução de 1964, quando se inaugura um novo período autoritário, o sistema educacional brasileira passará por mudanças significativas, destacando-se entre elas o surgimento, em 1951, da atual Fundação CAPES (Coordenação do Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior), a instalação do Conselho Federal de Educação, em 1961, campanhas e movimentos de alfabetização de adultos, além da expansão do ensino primário e superior. Na fase que precedeu a aprovação da LDB/61, ocorreu um admirável movimento em defesa da escola pública, universal e gratuita. O movimento de 1964 interrompe essa tendência. Em 1969 e 1971, são aprovadas respectivamente a Lei 5540/68 e 5692/71, introduzindo mudanças significativas na estrutura do ensino superior e do ensino de 1º e 2º graus, cujos diplomas estão basicamente em vigor até os dias atuais. A Constituição de 1988, promulgada após amplo movimento pela redemocratização do País, procurou introduzir inovações e compromissos, com destaque para a universalização do ensino fundamental e erradicação do analfabetismo. O Sistema de Educação no Brasil Considerando que o Brasil é uma República Federativa constituída de 26 Estados e do Distrito Federal, o sistema de ensino é organizado em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. O Governo Federal, representado pelo Ministério da Educação e do Desporto (MEC), organiza e financia o sistema federal de ensino e presta assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade compulsória, isto é, os 8 anos do ensino fundamental. Fazem parte do sistema federal basicamente as universidades, as instituições de ensino superior isoladas, centros federais de educação média tecnológica e uma rede de escolas técnicas agrícolas e industriais em nível de 2o Grau. Além da responsabilidade direta pela rede de ensino superior, o Governo Federal é também responsável pelo programa nacional de apoio à pós-graduação. O sistema educacional brasileiro organiza-se da seguinte maneira: DURAÇÃO HORAS/AULA GRAU DE ENSINO REQUISITO PARA ADMISSÃO Educação Infantil* Creches Variável Variável Ter de 0 a 3 anos Pré-escola 3 anos Variável Ter de 4 a 6 anos 8 anos 720 anuais Ter 7 anos ou + (Facultativa) Ensino Fundamental Variável Graduação (2 a 6 anos) Variável Ensino Ter concluído o 2o Grau e ter sido aprovado no exa- me vestibular Variável Superior Pós-graduação Variável (2 a 6 anos) Ter concluído a graduação * A educação infantil, que é concebida como etapa preliminar da escolaridade, só começou a ser organizada e regulamentada após a Constituição Federal de 1988. ** Quando inclui habilitação profissional, pode durar 4 ou 5 anos. O sistema de ensino administrado pelos Estados é constituído por creches, pré-escolas, escolas de 1o Grau, escolas de 2o Grau e, em alguns Estados, universidades. Há uma tendência para que o 2o Grau fique cada vez mais sob a responsabilidade dos Estados e que creches e pré-escolas fiquem com os Municípios. Os Municípios atuam prioritariamente no ensino pré-escolar e fundamental. Estão incluídos nesses sistemas de ensino creches, pré-escolas, escolas de ensino fundamental (principalmente as localizadas no meio rural) e, em poucos Municípios, escolas de 2o Grau. Do ponto de vista administrativo, cada sistema de ensino é regulado por um órgão normativo e gerido por um órgão executivo central. Assim, no plano federal, as normas de funcionamento são estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação, e as decisões políticas, de planejamento e execução administrativa são de responsabilidade do Ministro de Estado, assistido pelas diversas secretarias, órgãos e serviços que compõem o MEC. Em cada Estado e no Distrito Federal, as funções normativas são de responsabilidade do respectivo Conselho Estadual de Educação (CEE), e as funções administrativas e de fiscalização do ensino privado de 1o e 2o Graus são exercidas pela respectiva Secretaria Estadual de Educação (SEE). Ao nível de Município, são os Conselhos Municipais de Educação (e, na ausência deste, o respectivo CEE) e as Secretarias, ou Departamentos, de Educação que exercem, respectivamente, as funções normativas e administrativas. Fica claro, assim, que cada sistema possui autonomia no que se refere à contratação de professores e funcionários, e à administração de seus recursos. Existem no Brasil 42,2 milhões de estudantes matriculados no sistema educacional, incluindo escolas pré-primárias, classes de alfabetização, ensino fundamental, ensino médio, ensino superior e pós-graduação, cuja distribuição, bem como o número de estabelecimentos e de docentes podem ser observados no quadro que se segue. NÍVEIS DE ENSINO PRÉ-ESCOLAR VARIÁVEIS 57.842 84.366 Funções Docentes 166.917 197.206 3.628.285 4.196.419 Estabelecimentos 51.944 50.646 Funções Docentes 89.291 75.413 1.655.609 1.584.147 193.700 195.840 1.295.965 1.344.045 Matrícula ENSINO FUNDAMENTAL Estabelecimentos Funções Docentes Matrícula ENSINO MÉDIO 11.811 12.556 Funções Docentes 259.380 273.539 3.770.230 4.183.847 893 873 133.135 137.156 1.565.056 1.594.668 83 91 Funções Docentes 29.351 *31.346 Matrícula 54.174 55.229 Estabelecimentos Funções Docentes Matrícula PÓS-GRADUAÇÃO 29.203.724 30.548.879 Estabelecimentos Matrícula ENSINO SUPERIOR 1993 Estabelecimentos Matrícula CLASSE DE ALFABETIZAÇÃO 1991 Estabelecimentos Fontes: MEC/SPE/SEEC e MEC/CAPES * Os docentes da pós-graduação atuam simultaneamente na graduação e estão portanto também incluídos nas funções docentes deste nível de ensino 2.1 NÍVEIS E MODALIDADES DE ENSINO 2.1.1 Educação infantil A educação infantil, concebida como etapa preliminar da escolaridade, visa proporcionar condições para o desenvolvimento físico, psicológico e intelectual da criança de 0 a 6 anos, em complementação à ação da família. Ela compreende o atendimento realizado em creches, para crianças de 0 a 3 anos; e a pré-escola, destinada a crianças de 4 a 6 anos. Embora o setor público venha desenvolvendo e mantendo programas para crianças com idade inferior a 7 anos, sua responsabilidade nesse setor é bem recente. Somente a partir da Constituição Federal de 1988, a educação infantil passou a ser formalmente de responsabilidade dos Estados, cabendo aos municípios fomentar o seu desenvolvimento. O setor não-governamental atua fortemente nessa área. Programas não-formais, envolvendo a participação das famílias e comunidades são encontrados em todo o país. O próprio MEC tem incentivado a experimentação de formas e métodos não-convencionais, envolvendo uma maior participação comunitária e articulação do poder público. A rede de educação infantil no país é ainda bastante restrita. Conforme os dados apresentados na tabela abaixo, apenas 17,5% da população de 0 a 6 anos está sendo atendida por algum programa nesse nível. Crianças de Crianças atendidas Total de 0 a 6 anos 0 a 4 anos 4 a 6 anos atendimentos 23.116.078 667.736 3.375.834 4.043.570 (100%) (2,9%) (14,6%) (17,5%) Fontes: Fundação IBGE e MEC 2.1.2 Educação fundamental O ensino fundamental, também denominado ensino de primeiro grau, é constitucionalmente obrigatório, destina-se à formação da criança e do pré-adolescente de 7 a 14 anos de idade, e tem como objetivos: a) o domínio progressivo da leitura, da escrita e do cálculo, enquanto instrumentos para a compreensão e solução dos problemas humanos e o acesso sistemático aos conhecimentos; b) a compreensão das leis que regem a natureza e as relações sociais na sociedade contemporânea; e c) o desenvolvimento da capacidade de reflexão e criação, em busca de uma participação consciente no meio social. O currículo pleno do 1o grau compreende um núcleo comum e uma parte diversificada. O núcleo comum, obrigatório a nível nacional, abrange as seguintes áreas: a) Comunicação e expressão (Língua Portuguesa); b) Estudos sociais (Geografia, História, e Organização Social e Política do Brasil), com ênfase ao conhecimento do Brasil na perspectiva atual do seu desenvolvimento; e c) Ciências (Matemática, Ciências físicas e biológicas). A parte diversificada está a cargo de cada sistema de ensino e, quando for o caso, de cada escola, atendendo às características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. Para que a universalização do ensino fundamental se efetive, conforme se determina, Estados e Municípios promovem anualmente e, às vezes conjuntamente, um levantamento da população em idade escolar e procedem à sua chamada para a matrícula. Dados recentes do Serviço de Estatística do Ministério da Educação mostram que 91% da população de 7 a 14 anos tem acesso à escola. Porém, se por um lado o país logrou alcançar níveis significativos de cobertura da clientela em idade escolar, por outro, a qualidade do ensino é bastante baixa. Dados recentes mostram elevadas taxas de repetência no ensino fundamental, que tendem a ser superiores a 50% para os alunos de 1ª série. O problema de evasão precoce é relativamente menor, atingindo apenas 2,3% dos alunos de 1ª série, mas alcançando marcas mais significativas na medida em que os fracassos educacionais se acumulam, chegando a 32% ao final da 4ª série. Portanto, repetência e evasão constituem hoje grandes desafios para o sistema de educação nacional. 2.1.3 Ensino médio O ensino de 2o grau objetiva a) o aprofundamento e a consolidação dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental; b) a preparação do educando para continuar aprendendo; c) a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática; e d) a preparação do aluno para o exercício de profissões técnicas. O currículo no ensino de 2o grau geralmente compreende uma parte de educação geral e outra de educação para o trabalho. Como ocorre no 1o grau, aqui também há um núcleo comum, composto por Comunicação e Expressão (Língua Portuguesa e Língua Estrangeira); Estudos Sociais (História, Geografia, Organização Social e Política do Brasil); Ciências (Matemática, Ciências Físicas e Biológicas). A parte diversificada é estabelecida por cada escola, que pode, assim, definir o seu plano de atividades, respeitados os princípios e normas gerais que regem o sistema de ensino ao qual ela se vincula. A formação técnico-profissional nesse nível pode ser obtida em escolas técnicas que emitem diplomas de ocupações regulamentadas para a indústria, comércio, agricultura e serviços. Destaca-se nesse âmbito a escola normal, responsável pela formação de professores de educação primária (1a a 4 a séries). O ensino médio funciona como um filtro entre o 1o grau e o ensino superior. Apenas 16% da faixa etária entre 15 e 19 se encontra na escola de 2o grau. É necessário considerar, no entanto, que uma boa parte dos jovens nessa faixa etária ainda está matriculada no 1o grau, o que significa que em torno de 19% dessa faixa etária se encontra na escola. 2.1.4 Ensino superior O ensino superior no Brasil tem por objetivos o aperfeiçoamento da formação cultural do jovem, capacitando-o para o exercício da profissão, para o exercício da reflexão crítica e a participação na produção e sistematização do saber. Compreende instituições públicas e privadas. Ao lado de suas tarefas de ensino, o ensino superior promove a pesquisa científica e desenvolve programas de extensão, seja na forma de cursos, seja na forma de serviços prestados diretamente à comunidade. As atividades de pesquisa estão concentradas nas instituições públicas. O país conta hoje com 894 instituições de ensino superior (IES), das quais 222 são públicas. As demais pertencem a entidades confessionais, grupos privados e instituições não-governamentais de natureza diversa. Hoje há uma diversidade no tipo de instituições. As universidades são as mais facilmente identificadas pois distinguem-se das demais instituições pela maior abrangência das áreas fundamentais do conhecimento, pelo caráter orgânico de sua estrutura organizacional e também pelo seu grau de autonomia em relação aos organismos de supervisão e controle. Hoje o país conta com 127 universidades, das quais 68 são públicas. Além de completar o 2o grau, o aluno que quiser entrar na universidade deve ser aprovado num exame de seleção chamado concurso vestibular. As chances de um aluno ser aprovado no exame de seleção dos cursos mais prestigiosos das universidades públicas dependem, no entanto, não só da conclusão com sucesso do curso de 2o grau, mas também da qualidade da escola em que ele o cursou. Como as escolas de 2o grau de melhor qualidade tendem a ser privadas e caras, geralmente são os jovens de classe sócio-econômica privilegiada que têm acesso às melhores universidades. Em termos de capacidade de atendimento, o sistema de ensino superior brasileiro é bastante restrito: somente 10% dos jovens da faixa etária correspondente consegue entrar em algum tipo de IES. 3. Metas atuais e perspectivas futuras da educação no Brasil As principais metas e objetivos do Governo para melhoria do serviço de educação no país estão expressos no Plano Decenal de Educação para todos (1993-2003) e mais recentemente redefinidos no Plano Político Estratégico do Ministério da Educação e do Desporto 1995/1998. As metas globais estabelecidas pelo Plano são as seguintes: - universalização do ensino fundamental. Pretende-se nos próximos anos elevar a, no mínimo 94% a cobertura da população em idade escolar; - redução dos índices de evasão e repetência, de modo que no mínimo 80% das gerações escolares possam concluir a escola fundamental com bom aproveitamento e cumprindo uma trajetória escolar regular; - valorização do magistério e aprimoramento de formação inicial e continuada de docentes para o ensino fundamental; - revisão dos cursos de licenciatura e da escola normal de forma a assegurar às instituições formadoras um alto padrão de qualidade; - restruturação do ensino médio e reforma curricular; - promoção da autonomia e melhoria do desempenho institucional no ensino Superior Público; - ampliação progressiva da participação percentual do Estado na educação, de modo a atingir o índice de 5,5% do PIB. Como desdobramento do Plano Decenal, o atual Governo colocou em execução várias iniciativas, destacando-se: - Plano de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério; - Criação de Fundo para implementação do referido Plano; - Descentralização no uso de recursos federais com transferência direta da maior parte deles para as escolas. - Programa TV Escola; - Reforma curricular para todo o ensino básico. Pela implantação desses planos e programas, o Ministério da Educação retoma seu papel de indutor e coordenador do processo de mudança da escola pública em âmbito nacional. A Cultura dos Povos Indígenas Cerca de 200 sociedades indígenas vivem no Brasil. São quase 200 culturas, com língua, religião e organização social distintas entre si. Trata-se de um dos maiores acervos culturais do mundo, que tem atraído ao País centenas de estudiosos e especialistas, principalmente lingüistas e antropólogos. Este acervo, entretanto, vive sob constantes ameaças, que têm como causa básica os conflitos fundiários e o avanço dos não-índios sobre as terras indígenas. A Constituição Federal estabelece como direito inalienável aos povos indígenas a posse sobre a terra que ocupam, mas, dada a vastidão do território brasileiro e a escassez de recursos, a agência governamental encarregada de defender e garantir os interesses e os direitos indígenas, a Funai (Fundação Nacional do Índio), tem dificuldades de fazer cumprir a legislação, garantir um adequado atendimento de saúde e educação e implementar os projetos de atividades produtivas. A cultura material dos povos indígenas expressa aos outros setores da sociedade a sua visão de universo e, quase sempre, cumpre uma função utilitária no cotidiano da comunidade tribal. Mas esta visão vem sendo influenciada pelas mais variadas formas de pressão a que estão submetidos os povos indígenas brasileiros, cujas terras são ambicionadas pelos regionais, em virtude das riquezas da flora, fauna e do subsolo. A carência de recursos, aliada à influência das populações não-indígenas tem repercutido na produção cultural dos povos indígenas brasileiros. Excluem-se dessa tendência os indígenas que ainda vivem isolados, sem qualquer contato com o chamado mundo civilizado, que a Funai estima em cerca de 60 comunidades na Amazônia. A influência dos regionais sobre os povos indígenas pode ser constatada nas peças artesanais. Nos últimos anos, os técnicos da Funai verificaram uma queda na qualidade dos artesanatos indígenas. Este processo coincide com o avanço dos não-índios sobre seus territórios, que tem provocado modificações ambientais e privado os índios da matéria-prima necessária à produção da sua arte. Além disso, os baixos investimentos nas áreas de educação, saúde e atividades produtivas, deixou as sociedades indígenas mais suscetíveis às influências dos regionais e dependentes dos benefícios do Estado. A necessidade de sobreviver em condições adversas levou os Pataxó Hã-Hã-Hãe, localizados no sul da Bahia, a produzirem intensamente seus artesanatos, sem a tradicional qualidade. Cercados por fazendeiros e ainda hoje lutando pelo direito à posse imemorial da terra por eles ocupada, seu espaço físico foi bastante desmatado e sua flora local reduzida. O artesanato Pataxó está longe de representar toda a sua cultura material. Hoje, eles produzem peças visando a arrecadar recursos que lhes permitam consumir bens e produtos produzidos pelos não índios. Anteriormente, o artesanato Pataxó era rico em penas de aves típicas da região e que revelavam aspectos da sua cultura mítica. As penas usadas hoje são de aves comuns, tingidas com cores fortes, que estão longe de retratar a verdadeira cultura Pataxó. Eles optaram ainda pela produção de pentes e outros apetrechos em madeira, que têm boa aceitação comercial. Os índios Fulniô, no Estado de Pernambuco, também enfrentam situação semelhante. Exímios na arte do trançado, os Fulniô encontram muita dificuldade em obter matéria-prima para a produção de cestos, tapetes e outras peças. Assim, os Fulniô também fazem trabalho em madeira (gamelas, pentes, entre outros objetos) com objetivo puramente comercial. A pressão dos civilizados, entretanto, não alterou o comportamento religioso nem influiu na organização social do grupo. Os Fulniô têm a preocupação de preservar a própria língua, realizar seus rituais e ensinar aos mais jovens as tradições do grupo. Os Guarani-Kaiowá, naturais do Mato Grosso do Sul, são outro exemplo de povo extremamente afetado pelo contato com a sociedade nacional. A cada ano é mais elevado o número de suicídios nesse grupo. Nos últimos anos, a Funai tem investido muito para recuperar os territórios tradicionalmente ocupados pelos Guarani-Kaiowá e dominados irregularmente por produtores de soja e agropecuaristas, a fim de garantir a sobrevivência física e cultural deste grupo que, no passado, se espalhava da região Centro-Oeste até o Sul do País. A perda gradual do espaço geográfico da aldeia (tekoha) comprometeu a organização social dos Guarani-Kaiowá, fortemente ligada aos seus conceitos míticos. O espaço da aldeia tem uma relação com o sagrado e a sua perda implica em falta de referencial para as demais atividades do grupo. Não só a perda do Tekoha alterou os aspectos culturais desses índios. O processo de anulação dos valores culturais dos Guarani-Kaiowá se deveu, em grande parte, à presença de várias seitas protestantes, que penetram no grupo com o objetivo de dar-lhes assistência. Esta influência das missões religiosas, impondo conceitos estranhos a eles, como o do pecado, gerou conflitos. Sem o referencial místico, intrínsico à terra que deveriam ocupar, e contaminados por outros entendimentos de religiosidade, muitos índios viram e ainda vêem no suicídio uma alternativa para acabar com o próprio conflito interno. Quando não tomam esta atitude extrema, entregam-se ao consumo de bebidas alcóolicas, que, igualmente, leva a sua degradação. Alguns, entretanto, buscam a alternativa de se empregarem nas fazendas instaladas em suas terras tradicionais. Esta decisão, por si só, já representa um total distanciamento do padrão cultural de um GuaraniKaiowá. Os índios são sub-empregados. Entretanto, é a forma que vários GuaraniKaiowá encontram para, pelo menos, se manterem vivos na esperança de poderem, um dia, retomar o tekoha. As populações indígenas do Sul do País, como os Guarani, Kaingang e Xokleng não têm uma produção relevante de cultura material, que se manifeste através de um artesanato próprio, seja ele cerâmica, arte plumária ou outros objetos. Isto pode ser comprovado pelo fato de o Departamento de Artesanato Indígena (Artíndia) da Funai não receber peças produzidas por esses povos, que vivem espalhados pelos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Embora preservem a língua e seus hábitos, estes grupos enfrentam sérios conflitos pela posse na terra, devido à alta densidade demográfica registrada naquela região. Esta luta pelo espaço físico e o longo contato com a população branca levaram os índios a praticamente abandonar a sua produção artística. Grande parte desses grupos incorporou elementos predominantes no comportamento da sociedade nacional e se dedica à atividade agropecuária. Programa de ação cultural A Fundação Nacional do Índio acredita que a cultura indígena somente sobreviverá, em toda a sua riqueza, com um trabalho integrado, envolvendo as áreas de saúde, educação, meio ambiente e atividades produtivas. Somente esclarecidos os índios poderão entender os efeitos negativos da degradação ambiental sobre as suas manifestações culturais, sobre a saúde do grupo e sobre a sua organização social. O mesmo entendimento vale para as áreas de saúde e atividades produtivas. O índio enfermo é incapaz de produzir e se lhe faltar meios materiais para suprir as necessidades básicas ele, igualmente, não terá capacidade de preservar suas tradições. Os técnicos da Funai estão empenhados em elaborar um programa, a ser implementado a partir de 1995, que se subdivide em dois grandes projetos: 1) Memória Indígena e 2) Difusão da cultura indígena à sociedade. O projeto Memória Indígena tem vários objetivos, destacadamente o de registrar os valores culturais, atentando para a sua proteção e disseminação entre os vários setores da sociedade. Para isso, a Funai pretende desenvolver ações junto às sociedades indígenas, a fim de garantir-lhes o suporte técnico e científico para que retomem a produção de peças e objetos que retratam a especialidade do grupo, obedecidos os critérios e técnicas tradicionais. O projeto Memória prevê ainda a formação de acervos das várias culturas materiais dos grupos tribais brasileiros. Este trabalho de preservação e recuperação dos valores culturais indígenas, que a Funai pretende intensificar em 1995, vem sendo experimentado em várias tribos que habitam a região Centro-Oeste. A educação bilingüe das comunidades indígenas influiu na organização social das tribos. Muitos jovens deixaram suas aldeias e se afastaram das tradições culturais para buscar conhecimento formal nos centros urbanos. Esta migração foi forçada, em parte, pelo fato de os povos constatarem a necessidade de formar pessoal capaz de entender a linguagem e os códigos dos brancos, e, assim, saberem lutar pela defesa dos seus interesses. Hoje, os índios mais velhos, anteriormente figuras sagradas dentro da organização social dos grupos, reclamam da rebeldia dos jovens, que nem sempre aceitam as suas orientações. Regime de ocupação do solo e exploração florestal na Região Amazônica Foram divulgados pelo Governo brasileiro os resultados do levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com base em imagens fornecidas pelo satélite Landsat, sobre as áreas que sofreram processo de desmatamento na Amazônia Legal, no período de 1991 a 1994. Na mesma ocasião, foi também apresentado um conjunto de medidas a serem executadas de imediato, nas áreas de monitoramento da cobertura florestal, vigilância e fiscalização ambiental, além de importantes alterações no regime de ocupação do solo e exploração florestal na região amazônica. O referido programa de monitoramento da cobertura vegetal da Amazônia é o maior já realizado em todo o mundo, cobrindo uma extensão de 5 milhões de km2 . Os dados em referência atualizam as informações divulgadas durante a conferência Rio-92, sobre a evolução do desmatamento na Amazônia Legal no período de 1978 a 1991, que indicavam redução substancial das taxas de desmatamento. Na década de 80, a taxa média de desmatamento foi de 21.130 km2, correspondendo a uma taxa anual de 0,54 % da cobertura florestal. No período de 1990 a 1991, o desmatamento bruto diminuiu para 11.130 km2 por ano, o que corresponde a uma taxa anual de 0,30 %. O resultado da mais recente avaliação realizada pelo INPE, a partir da interpretação das imagens do satélite Landsat, indica que no período de 1991 a 1992 a área média desmatada chegou a 13.786 km2, o que corresponde a uma taxa anual de 0,37 %. No período de 1992 a 1994, a média anual de desmatamento foi de 14.896 km2, o que representa 0,40 % do total. O crescimento ocorreu nos Estados de Mato Grosso, Pará, Rondônia e Acre, em áreas de expansão da fronteira agrícola e pastoril, evidenciando a conversão, para outros fins, de florestas e áreas de cerrado. Nos demais Estados da Amazônia Legal (Amazonas, Amapá, Roraima, Tocantins e Maranhão) foi mantida a tendência à redução dos índices anuais de desmatamento. Somando-se todo o desmatamento já verificado na Amazônia Legal desde o início da ocupação econômica do território, a área atingida abrange 469.978 km2, o que corresponde a 11,8 % do total. Permaneceram inalterados quase 90 % da cobertura vegetal da região. A área de florestas corresponde a cerca de 4/5 de toda a área da Amazônia Legal e foi constatado que a faixa de floresta tropical úmida não tem sido praticamente afetada pela ação do desmatamento. Com vistas a conter a tendência de aumento nas taxas anuais de desmatamento e promover a reorientação da atividade produtiva para um modelo de uso sustentável dos recursos naturais da região, foram aprovadas pelo Presidente da República, as seguintes medidas, propostas em Exposição de Motivos interministerial (Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, Ministério da Ciência e Tecnologia e Ministério das Relações Exteriores): I. Intensificação das ações de monitoramento, mediante levantamento anual de toda a extensão da região amazônica. As áreas identificadas como críticas serão objeto de monitoramento com maior nível de detalhe e freqüência das imagens examinadas. II. Manutenção, com prioridade explícita, do Programa Espacial Brasileiro, que prevê a construção e lançamento de satélites da série SSR (nacional) e da série CBERS (sino-brasileiro). III. Lançamento de um novo programa de controle e fiscalização ambiental da Amazônia Legal, mobilizando-se recursos de sensoreamento aerotransportado. Estão previstas medidas coercitivas e preventivas, bem como o cancelamento de até 80 % das concessões de uso de recursos florestais (autorizações de desmatamento e planos de manejo). Foram liberados, para tanto, recursos adicionais da ordem de R$ 6 milhões. IV. Alteração do código florestal, ampliando-se de 50 % para 80 % a área de reserva legal das propriedades rurais com cobertura florestal na região amazônica. Nas propriedades com florestas, somente será permitido o corte raso e desmatamento de até 20 % da área. V. Proibição de novas autorizações de desmatamento nas propriedades que já possuam áreas desmatadas, quando se verificar que essas áreas se encontrem abandonadas, sub-utilizadas, ou estejam sendo submetidas a uso inadequado. VI. Obrigação de manejo sustentável de uso múltiplo nas áreas de cobertura florestal nativa na região. VII. Suspensão pelo período de dois anos, das autorizações e concessões para a exploração comercial de mogno e virola. Serão respeitadas nesse período, as autorizações já concedidas, sujeitas, no entanto, a um critério especial de fiscalização. A Exposição de Motivos interministerial salientou que é plenamente reconhecida no plano internacional, a absoluta transparência com que o Governo brasileiro vem divulgando os dados relativos ao monitoramento do desmatamento na região amazônica. Ressaltou ainda o alcance das medidas adotadas, que reforçarão a credibilidade interna e externa da política ambiental brasileira, na medida em que reafirmam o compromisso do País com o desenvolvimento sustentável e a implementação dos objetivos acordados na conferência Rio-92. Planejamento familiar - estado atual O diagnóstico da saúde reprodutiva na América Latina, particularmente no Brasil, é amplamente conhecido, embora tenhamos que reconhecer a fragilidade dos dados estatísticos disponíveis. Apresentamos no momento, quadro similar aos países desenvolvidos no que se refere à prevalência de uso de algum método contraceptivo (aproximadamente 70% das mulheres em idade fértil). No entanto, ao anlisarmos a qualidade desta cobertura, verificamos profundas distorções. Recai sobre a mulher a responsabilidade por esta prática, com 44,4% de esterilizações e 41% de mulheres em uso de contraceptivos hormoniais, enquanto apenas 0,9% dos seus parceiros estão vasectomizados e 1,8% fazem uso de preservativos. Reconhecendo a importância da saúde reprodutiva, pautada no esforço dos profissionais de saúde, do movimento organizado de mulhres e dos técnicos do Ministério da Saúde, foi criado em 1984, o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), definindo um modelo assistencial, no qual a mulher é abordada em sua integralidade e em todas as fases de seu ciclo vital. Apesar da dificuldade de implementação, entendemos que na sua concepção, o PAISM representa uma das mais importantes políticas públicas da área de saúde. É importante ressaltar que a Constituição Federal de 1988 inscreve a saúde como um direito social e define os princípios fundamentais nos quais estão incluídas ações destinadas a assegurar a saúde como bem comum. A Lei Orgânica da Saúde (8080/1990) dispõe sobre as condições para proteção, promoção e recuperação da saúde, da organização e funcionamento dos serviços, contemplando os parâmetros para o modelo assistencial e estabelecimento do papel das três esferas do Poder Público (Federal, Estadual e Municipal). Neste contexto, o Planejamento Familiar como ação básica de saúde, indissociável do PAISM, é responsabilidade técnico-normativa do Serviço de Assistência à Saúde da Mulher (SAISM), da Coordenação Materno-Infantil (COMIN) e do Ministério da Saúde (MS). No processo de descentralização em curso, através do Sistema Único de Saúde (SUS), sua execução encontra-se sob a égide das Secretaria Estaduais de Saúde (SES) e Secretarias Municipais de Saúde (SMS). Dentro desse processo, embora com alguns avanços, não está claramente definida a relação financiamento/execução, com referência às atividades relativas ao Planejamento Familiar, verificando-se um descompasso entre os níveis do Poder Público, não existindo vinculação dos recursos para as diversas ações de saúde. Necessitamos de definição quanto à destinação efetiva dos financiamentos, determinando obrigatoriedade de atenção aos programas. A redemocratização do Brasil tornou possível a redefinição teórica da assistência à saúde. No entanto, o caminho percorrido pelo PAISM é geodésico desde o seu início, em função das modificações freqüentes do quadro político e das dificuldades financeiras que permanecem debilitando o processo de formalização de toda medicina preventiva. Apesar das dificuldades já descritas, podemos afirmar que nos últimos anos obtivemos alguns ganhos e avanços na implementação do PAISM, destacadamente no Planejamento Familiar, apoiados na colaboração técnico-financeira da Oraganização Panamericana de Saúde (OPS) e Fundo de População das Nações Unidas (FNUAP). As premissas básicas que fundamentam o PAISM, no que se refere ao planejamento familiar são: 1. A decisão sobre o número e espaçamento dos filhos é direito inalienável do indivíduo. 2. O Governo brasileiro não impõe conotação demográfica que vise aumento, manutenção ou redução do número de nascimentos, mas tão somente deseja a diminuição da morbimórtalidade materna e infantil. 3. A ação do Estado restringe-se a garantir, a todos os brasileiros, informação e acesso necessário à prática do Planejamento Familiar, entendendo-se como tal, a assistência à infertilidade conjugal ou decisão consciente na escolha de metodologia contraceptiva. 4. O Planejamento Familiar não deve ser implementado isoladamente, mas sim oferecido à população dentro do conjunto de ações que visam à assistência integral à saúde. 5. O Estado deve exercer rigorosa vigilância sanitária ao uso de metodologia conceptiva (fertilização assistida) ou contraceptiva, no sentido de anular possíveis repercussões ominosas aos usuários destas técnicas, com procedimentos integrados ao Ministério, Secretarias Estaduais e Municipais de saúde. 6. O Estado deve analisar e acompanhar cuidadosamente os protocolos de pesquisas em tecnologias na área de reprodução humana, evitando a possibilidade de comprometimento à saúde da população. 7. Nenhum procediemtno na área do Planejamento Familiar é totalmente inócuo, existindo sempre a necessidade de avaliação técnica adequada, que garanta o acompanhamento dos usuários por pessoal capacitado, com qualidade e resolubilidade. A atividade Planejamento Familiar no âmbito do PISM/COMIN/MS, estabeleceu os seguintes objetivos, que visam à melhoria dos níveis de vida, de saúde e serviços prestados à população: OBJETIVOS GERAIS: 1. Cumprimento do preceito constitucional. 2. Diminuição da morbi-mortalidade da população alvo. OBJETIVOS A LONGO PRAZO: Alcançar melhores níveis de saúde da mulher, criança e adolescente, através do aumento da cobertura e da capacidade de resolução dos serviços de saúde, criando condições que permitam a implementação do PAISM. * Implantar as atividades do programa nas unidades de saúde, com sistema de referência regionalizado e hierarquizado. * Elevar a cobertura Pré-Natal. ATIVIDADES No momento autal, o PAISM/COMIN/MS tem atuação prioritária nas seguintes áreas programáticas: 1. Normatização A manutenção de normas atualizadas junto aos serviços de saúde constitui umportante passo na implementação do Planejamento Familiar. O manual de "Assistência ao Planejamento Familiar" foi elaborado, editado e distribuído a partir de 1988 em sua 1ª edição. Em 1992, foi revisado e atualizado, desta feita com ampla participação da sociedade científica e está sendo distribuído ao público. 2. Desenvolvimento de Recursos Humanos Através de cursos seminários, treinamentos teóricos e práticos, foram capacitados milhares de profissionais de saúde e lideranças comunitárias nas ações do PAISM e no Planejamento Familiar em todo o país. Talvez seja esta atividade a mais importante na consolidação da assistência de qualidade. Ao longo deste processo foram treinadas algumas centenas de profissionais de nível superior, em cursos de longo prazo, que constituem equipes multiprofissionais de treinadores em unidades credenciadas pelo PAISM/COMIN/MS, nas ações específicas do Programa - Centros Docentes-Assistenciais (CDAs). Estão sendo desenvolvidos junto aos Estados, centros de excelência com atividades docentes e assistenciais (Hospitais Universitários, Próprios, Públicos ou Filantrópicos), que têm como principal objetivo a capacitação de equipes multiprofissionais nas ações do PAISM. Neste momento, são em número de 82, oscilando entre um e oito CDAs nas capitais ou cidades de grande concentração populacional. Esta rede de serviços de treinamento e capacitação, contemplando todos os Estados da Federação, permite a descentralização do desenvolvimento do capital humano, evitando dispersão de recusros e maior impacto nos resultados. Estão sendo também apoiados técnica e financeiramente, inúmeros eventos científicos (Congressos, Jornadas, Seminários, Cursos, etc), em conjunto com as Secretarias Estaduais de Saúde, Secretarias Municipais de Saúde e/ou Sociedade Científicas. Com o objetivo de atender à demanda específica, estão sendo patrocinados cursos de gerenciamento em Programas de Saúde Materno-Infantil, com a participação de profissionais de nível decisório das organizações públicas. Nos últimos anos o acompanhamento e direcionamento de partipação de técnicos de notório saber nas representações oficiais, bolsas de estudo e cursos de alto nível, tem representado incremento real no número de consultores e multiplicadores do programa. 3. Educação em Saúde A produção de material instrutivo/educativo, como cartazes, folhetos, fitas de vídeo, alguns seriados, conjuntos instrutivos de métodos contraceptivos e slides, com o objetivo de fornecer educação continuada aos profissionais de saúde de todos os níveis, e elevação do conhecimento do público alvo, tem distribuição prevista para alcance a pelo menos 4.500 unidades de saúde em todo o Brasil. 4. Assessoria Técnica A participação de técnicos e consultores em assessoria técnica, das Secretarias Estaduais de Saúde e Secretarias Municipais de Saúde permite a consolidação do programa junto aos serviços de saúde, basicamente pela adequação das estratégias, de acordo com as prioridades regionais. Várias comissões e comitês têm sido formados e atuam em temáticas específicas do PAISM, com ampla participação da sociedade civil, em todos os níveis, o que, sem dúvida, constitui o caminho correto para o controle dos instrumentos sociais. O Programa tem contado com a participação de forma ativa, da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN) e várias Organizações Feministas, como parcerias da maior importância para o cumprimento de suas metas. Estão sendo ainda desenvolvidas e acompanhadas várias pesquisas na área de abrangência do PAISM, o que permite, através de trocas e divulgação de resultados, o direcionamento das prioridades do Programa. Encontra-se em fase de implantação o Sistema de Informação (SIMCA), que incorpora dados gerenciais e operativos às ações do SUS e constituirão, em futuro próximo, o leme da tomada de decisões e adequação do plano de ação. 5. Apoio Logístico Nessa estratégia, está sendo providenciada a dotação de equipamentos clínicos e audio-visuais prioritariamente aos Centros Docente-Assistenciais e, na medida do possível, às Secretarias Estaduais de Saúde e Secretarias Municipais de Saúde das capitais, para adequação de unidades de saúde que estão consolidando uma rede de referência. Todas as atividades previstas no programa estão contempladas na tabela de procedimentos do SUS. Nos últimos anos, através dos projetos especiais, foram distribuídos todos os métodos contraceptivos aprovados pelo Ministério da Saúde, em quantidade suficiente para o atendimento de 30% da demanda presumida, a todas as Secretarias Estaduais de Saúde, Secretarias Municipais de Saúde das capitais e Centros Docente-Assistenciais, como forma de estímulo para a universalizção do Planejamento Familiar, como ação fundamental à consolidação definitiva do PAISM. Recentemente, foram incorporadas à cobertura do SUS, o procedimento e fornecimento de Diafragma e Dispositivo Intra-Uterino, e serão brevemente distrubuídos os demais métodos pelo Ministério da Saúde. CONSIDERAÇÕES GERAIS Conscientes das dificuldades, temos certeza de que o Planejamento Familiar conforma uma das mais importantes ações para reversão dos indicadores de saúde e estatísticas vitais, mormente na morbi-mortalidade materno-infantil. Por outro lado, sabemos que sem parceria e responsabilidade coletiva, não será alcançado o objetivo do Programa que, em última instância, visa à melhoria da qualidade de vida e da organização da sociedade. O Estado do Pará Situado no centro leste da região Norte do Brasil, o Estado do Pará é o segundo do País em superfície (o maior é o Estado do Amazonas), com 1.253.164,5 km2 , o que representa mais de duas vezes o território da França. Limita-se ao norte com o Suriname e o Estado do Amapá; a nordeste com o Oceano Atlântico; a leste com os Estados do Maranhão e Tocantins; ao sul com o Estado de Mato Grosso; e a noroeste com a Guiana e o Estado de Roraima. O relevo do Estado apresenta três aspectos distintos que incluem (1) o Planalto Norte-Amazônico, formado quase integralmente por terrenos cristalinos, representando uma das parcelas do Planalto das Guianas, onde se encontram as serras de Acarí e Tumucumaque (cerca de 850 metros de altitude); (2) a Planície Amazônica, faixa sedimentar estreita e alongada no sentido sudoeste-nordeste, através da qual corre o rio Amazonas; e (3) o Planalto Sul-Amazônico, que se constitui parcela do Planalto Central brasileiro, elevando-se em direção ao sul, onde se encontra a serra dos Carajás. A origem do nome Pará vem do termo Pa’ra, que significa rio-mar na língua indígena tupi-guarani. Era como os índios denominavam o braço direito do rio Amazonas, engrossado com as águas do rio Tocantins, que o torna tão vasto ao ponto de não se poder ver a outra margem, mais parecendo um mar do que um rio. Ao chegarem à região, os portugueses deram primeiramente o nome à terra de Feliz Luzitânia, que foi depois substituído pelo de Grão-Pará (grande rio), para finalmente, se tornar apenas Pará. Além de ser o principal rio do Estado, o Amazonas é também a grande via hidroviária regional. Entre seus principais afluentes no Estado do Pará destacam-se os rios Tapajós, Xingu e Tocantins, na margem direita; e os rios Trombetas, Maicuru, Paru e Jari, na margem esquerda. Próximo à foz do Amazonas encontrase o rio Pará, e nos limites com o Estado do Maranhão corre o rio Gurupi. A bacia hidrográfica do Estado do Pará abrange área de 1.253.164,5 km2, sendo 1.049.903,5 km2 pertencentes à bacia Amazônica e 169.003,5 km2 pertencentes à bacia do Tocantins. Encontra-se ainda no rio Tocantins a usina hidrelétrica de Tucuruí, com área inundada de 2 430 km2 e capacidade de geração de energia de 7 745 MW. O clima do Estado do Pará é tipicamente equatorial, com médias térmicas anuais entre 24 e 26ºC, além de alto índice pluviométrico, que chega a alcançar 2.000 mm nas proximidades do rio Amazonas. A quase totalidade de sua área encontra-se na Floresta Amazônica, exceto nas partes onde existem formações de campos - região do baixo rio Trombetas e Arquipélago do Marajó. De acordo com o censo demográfico de 1991, a população do Estado do Pará totaliza 4.964.000 habitantes, com uma densidade populacional de 4,13 habitantes por km 2 . A projeção do IBGE para o ano de 1995 é de que existiam 5.448.600 habitantes no Estado. A população urbana corresponde a 59,5% do total e a população que habita o meio rural representa 40,5%. As mulheres não são maioria no Estado, representando 49,44% da população total, enquanto os homens totalizam 50,56% da população. O índice geral de mortalidade em 1991 era de 3,32 por mil habitantes, enquanto o índice de mortalidade infantil em 1990, era de 54,19 óbitos por mil crianças nascidas vivas. O chefe do Poder Executivo do Estado do Pará é o Governador, eleito por voto direto pela população, para um mandato de quatro anos. O atual Governador Almir Gabriel, eleito em 15 de novembro de 1994, pertence ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), o mesmo do qual faz parte o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. O Estado encontra-se representado no Congresso Nacional em Brasília, capital do País, por três senadores e 17 deputados federais. A Assembléia Legislativa do Estado é integrada por 41 deputados estaduais. Os eleitores do Estado do Pará totalizavam 2.783.131 no ano de 1994. A composição da economia do Estado do Pará é diversificada, baseando-se no extrativismo (mineral e vegetal), na agricultura, na pecuária e também na indústria. Entre os produtos cuja produção mais se destaca encontram-se a laranja, a canade-açúcar, o milho, a pimenta-do-reino, o arroz, a mandioca, o cacau, o feijão, frutas silvestres, palmito e côco dendê. Na pecuária predomina a criação de galináceos, seguidos pelos bovinos, suínos, eqüinos e ainda os bubalinos. Na área de mineração destacam-se o ferro, a bauxita, o manganês, o calcário, o ouro e o estanho. Predominam no Estado do Pará as indústrias alimentícia, madeireira e de mineração. Formação Histórica - A região onde hoje se encontra o Estado do Pará foi diversas vezes invadida desde o início do século XVI, por holandeses e ingleses em busca de sementes de urucum, guaraná e pimenta. A ocupação portuguesa consolidou-se em 1616, com a fundação do Forte do Presépio, mais tarde denominado Forte do Castelo, na baía de Guajará, que deu origem à cidade de Belém. Em 1621, o território passa a fazer parte da província do Maranhão e Grão-Pará, integração criada com o objetivo de melhorar as defesas da costa e os contatos com a metrópole, uma vez que as relações com a capital da colônia, Salvador, localizada na costa atlântica, eram dificultadas pelas correntes marítimas. No século XVII, a região conheceu um período de grande prosperidade, com a proliferação de lavouras de café, arroz, cana-de-açucar, cacau e tabaco, além de fazendas de gado. A integração do Maranhão e Grão-Pará foi desfeita em 1774, época que coincidiu com certa estagnação da economia local. No final do século XIX, no entanto, o crescimento econômico foi retomado, a partir da exploração da borracha, que trouxe grande desenvolvimento para a região norte do País. Ao longo do século XIX ocorreram no Pará alguns movimentos de insurgência contra Portugal, entre os quais se destaca o movimento popular da Cabanagem, ocorrido em 1835 e sufocado em seguida, que chegou a decretar a independência da província e instalar um novo governo em Belém. Belém - Capital do Estado do Pará, a cidade de Belém está situada a 160 km ao sul do Equador, às margens da Baía de Guajará, no estuário do rio Tocantins e do rio Pará. Ocupa área de 736 km2 e tem população de 1.390.039 habitantes, dos quais 52,5% são homens e 47,5% são mulheres. A cidade foi fundada como porto fluvial, em 12 de janeiro de 1616, logo após a expulsão dos franceses da cidade de São Luiz, hoje capital do Estado do Maranhão. Foi planejada visando a defender ou dificultar investidas de outros estrangeiros na região norte da América Portuguesa. Em 1751 tornou-se capital do Estado do Maranhão e do Grão-Pará, que abrangia todo o extremo norte do Brasil. Conhecida como a "Cidade das Mangueiras", pelo grande número dessas árvores ali existentes, Belém possui muitas atrações especiais, além de prédios históricos que refletem traços do século XVII. Entre as suas principais atrações encontram-se os Mercados Municipal (de carne) e o Mercado de Ferro (de peixes), situados às margens da baía de Guajará, formada pelos rios Guamá, Moju e Acará. Nos arredores desses mercados, e fazendo parte de um mesmo complexo, encontra-se o ancoradouro-feira Ver-o-Peso, próximo ao local onde nasceu a cidade. No Ver-oPeso, que já se caracteriza como cartão postal de Belém, as cores, cheiros e sabores se misturam, exibindo uma paisagem variada e original. No ancoradouro simples aportam pitorescos barcos de pesca e canoas que desembarcam diversos tipos de produtos, desde peças artesanais de cerâmica, a ervas originárias da Amazônia, utilizadas para finalidades diversas. Existem ervas para curar doenças, ervas com perfumes, raízes aromáticas, dentes de jacaré que, segundo a crença local, protegem as pessoas, patas de coelho para atrair felicidade, colares de contas da floresta etc. Próximo ao mercado encontra-se também o casarão Solar da Beira, antiga Fiscalização Municipal, hoje dividido em boxes para a venda de artesanato local. A economia do município de Belém baseia-se primordialmente nas atividades do comércio e serviços, embora seja também desenvolvida alguma atividade agrícola, especialmente no cultivo de mandioca, dendê, laranja, arroz, milho, cacau e feijão, além da extração da borracha. A Câmara Municipal é composta por 33 vereadores e o chefe do Poder Executivo Municipal, eleito em 1996, para um mandato de quatro anos, é o Prefeito Edmilson Brito Rodrigues, do Partido dos Trabalhadores (PT). A arquitetura colonial da cidade de Belém reflete, em muitos aspectos, a paisagem arquitetônica da cidade de Lisboa, em Portugal, no século XVIII, que serviu de inspiração para os principais projetos de casas e sobrados locais da época, com o uso freqüente de azulejos em suas fachadas. Muitas das construções do final do século XIX e início do século XX foram projetadas por mestres portugueses, em estilos que misturavam, também, traços da arquitetura francesa. O mais importante arquiteto da cidade de Belém, que construiu praticamente todas as suas igrejas e principais edifícios, foi Antonio Giuseppe Landi, italiano que se transferiu para o Grão-Pará em meados do século XVIII. Nas proximidades de Belém encontram-se lindas praias em ilhas fluviais de rara beleza. A histórica ilha do Mosqueiro, aprazível local onde os habitantes da cidade costumam passar seus momentos de lazer, já aparecia com o mesmo nome nos mapas portugueses que datam de 1680. Era um porto intermediário dos pescadores que abasteciam de peixe a pequena cidade que surgiu do Forte do Presépio, hoje Belém. Por sua posição geográfica, tornou-se lugar ideal para moqueação dos peixes. Museu Emílio Goeldi - Fundado no ano de 1866 e conhecido mundialmente, constitui-se importante centro de estudos e pesquisas da natureza da Amazônia, além de ser um museu natural rico em espécies da flora e da fauna da região. Sua criação originou-se da organização da chamada Sociedade Filomática, que depois se tornou Museu Paraense, resultado do esforço de um grupo de estudiosos, liderados pelo cientista Domingos Soares Penna, que desejavam criar um centro de estudos de História Natural. Mais tarde recebeu o nome de Museu Paraense Emílio Goeldi, em homenagem ao zoólogo suiço que levou a instituição ao auge de seu prestígio internacional. Existem no Museu Emílio Goeldi amostras de grande número de espécies nativas da fauna da Amazônia: onças, macacos, araras, papagaios, gaviões, periquitos, urubus-rei, mutuns, jacarés, grande variedade de peixes, lontras, ariranhas, tartarugas, serpentes etc. A flora encontrada no Museu torna o espaço uma miniatura da floresta Amazônica, onde se encontra também um lago repleto de espécies de vitórias-régia. O Museu possui ainda uma biblioteca especializada em assuntos amazônicos e vasto acervo arqueológico e etnológico, que inclui todos os aspectos da cultura indígena da Amazônia. O campus do Museu, localizado fora do sítio urbano, realiza pesquisas da Amazônia, alcançando renome científico internacional. Círio de Nazaré - A tradição paraense do culto à Nossa Senhora de Nazaré originou-se em Portugal, onde se conta que a santa salvou a vida de um nobre no momento em que este se viu prestes a cair em um precipício com seu cavalo. Divulgado o fato pelos portugueses em Belém, constatou-se, mais tarde, novo milagre da santa, desta vez para um caçador da floresta Amazônica. A devoção à Nossa Senhora de Nazaré foi crescendo ao longo do tempo e hoje se tornou a mais importante das festas estaduais, envolvendo milhares de fiéis que dedicam o segundo domingo do mês de outubro para comemorar a data, saindo em grande procissão e organizando lautos almoços e festas diversas. Carajás - Rica em ferro, manganês, cobre, ouro, bauxita e diversos outros minérios, a província mineral de Carajás abrange área de 429 mil hectares nos vales dos rios Itacaiúnas e Parauapebas, zona de transição entre a floresta amazônica e a savana. Nela se encontra o Projeto Ferro Carajás, da Companhia Vale do Rio Doce, que produz 35 milhões de toneladas de minério por ano, exportando o produto para diversos países como Japão, Alemanha, Itália, França, Espanha etc. O complexo Carajás inclui três grandes empreendimentos: a mina, que tem uma reserva de 18 bilhões de toneladas de minério hematítico; a estrada de ferro, com 890 km de extensào; e o porto de Ponta de Madeira, com capacidade para navios de até 360 mil toneladas. Ilha de Marajó - Cercada pelas águas dos rios Amazonas e Tocantins, e do oceano Atlântico, a ilha de Marajó é a maior ilha flúvio-marítima do mundo, com área de cerca de 50.000 km2. Foi habitada por diversos grupos indígenas ao longo do tempo, dentre os quais incluem-se os aruãs, originários das Antilhas, de onde foram expulsos pelos caraíbas. Esses índios encontraram na grande ilha o ambiente ideal para viver e criar a sua arte oleira, completada pela série admirável de desenhos geométricos. Grande quantidade desse material foi desenterrado da ilha de Marajó e hoje se encontra distribuído por museus europeus e norte-americanos. São tangas, vasos, urnas funerárias, panelas, pratos, cântaros e jarros fartamente decorados. As cerâmicas marajoaras apresentam gravações em traços ou relevos, de rostos humanos em variadas formas. A tribo aruã era conhecida por ser a mais numerosa na ilha e a mais valente nos enfrentamentos com os portugueses. Sua cultura nativa data de 2.500 anos atrás e teria perdurado até o século XVIII, quando começou a se dispersar pela região do rio Amazonas até desaparecer por completo, ficando as informações a seu respeito limitadas aos registros dos cronistas da época. O mesmo aconteceu com a criativa tribo dos Tapajós, que habitavam a foz do rio Tapajós. Existem 250.000 habitantes na ilha de Marajó, distribuídos por 12 comunidades, a maior das quais denominada Breves, com 77.253 habitantes. Soure é o pólo turístico, com 20.000 habitantes. Entre as principais praias fluviais da ilha destacamse a praia de Araruna (2 km de extensão), Pesqueiro (13 km de extensão), e Caju Una (15 km de extensão). A mais procurada delas, no entanto, é a praia Joanes, distante seis horas de barco da comunidade de Soure. Podem ser ainda encontradas na ilha extensas fazendas de criação de búfalos, algumas delas funcionando como hospedagem para turistas. Também pode ser observado da ilha de Marajó, o fenômeno da Pororoca, encontro das águas do rio com as águas do oceano. Culinária - A culinária paraense é singular e apreciada em todas as regiões do País. A maioria de seus pratos é de origem indígena, com o aproveitamento dos frutos, ervas e legumes cultivados na região. O peixe é um alimento muito consumido pelos habitantes do Estado, que têm nos seus rios uma das principais fontes de subsistência. Um dos pratos mais conhecidos do Estado do Pará é o "pato no tucupi", que tem sua origem na utilização de patos selvagens pelos índios, que os cozinhavam no tucupi (tipo de suco originário da mandioca). O tratamento da mandioca para tornar-se tucupi é uma receita indígena, assim como o são a maniçoba e o tacacá (outras comidas típicas). Os refrescos de frutas são também famosos na região. Entre as mais conhecidas encontram-se o açaí, o bacurí, muricí, burití, cupuaçu, mangaba e a graviola. A mais popular delas é o açaí, também conhecida como a "Invenção da Floresta". Rica em ferro, dela se extrai um refresco ou vinho, como é chamado na região. Indígenas - Existem ainda hoje no Estado do Pará cerca de 39 grupos indígenas, espalhados por uma área de 23.819.186 hectares, da qual 8.768.620 hectares já se encontram demarcados. A população indígena estimada pelo IBGE no Estado é de 15.450 habitantes. Entre as maiores comunidades em termos populacionais encontram-se os Andira Marau, que somam 5.825 pessoas distribuídas entre 788.528 hectares nos municípios de Aveiro e Itaituba; e os Mundurukus, que são em número de 2.384 e ocupam área de 948.541 hectares no município de Itaituba. Do total de 39 tribos, 21 já ocupam áreas demarcadas pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Os Kayapós formam o grupo que ocupa a maior área já demarcada pela FUNAI (3.284.005 hectares) . O Estado do Rio de Janeiro Situado na região Sudeste, o Estado do Rio de Janeiro possui área de 43.305 km2, limitando-se ao norte e noroeste com o Estado de Minas Gerais, a nordeste com o Estado do Espírito Santo e a sudoeste com o Estado de São Paulo. Sua costa leste e sul é banhada pelo Oceano Atlântico. Com relevo diversificado, a paisagem do Estado do Rio de Janeiro apresenta fortes contrastes: escarpas elevadas, tanto à beira mar como no interior; mares de morros; colinas e vales; rochas variadas em baías recortadas pelo litoral, com diferentes formas de encontro entre o mar e a costa; dunas, restingas e praias planas; lagos, florestas tropicais naturais; e ainda uma área de planalto, que se estende a oeste. O ponto mais elevado do Estado é o Pico das Agulhas Negras, de 2.787 m de altura, localizado na Serra da Mantiqueira, região sudoeste do Estado. A Serra da Mantiqueira é uma imponente escarpa voltada para o vale do rio Paraíba do Sul, que atravessa os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A Serra do Mar é outro maciço relevante que corta o Estado do Rio de Janeiro, ao longo do litoral. Inicia-se ao norte do Estado de Santa Catarina, região Sul, estendendo-se por mais de 1.000 km até o norte do Estado do Rio de Janeiro. Ao longo desse percurso recebe diferentes denominações como Serra da Bocaina, ao sul do Estado, Serra da Estrela e Serra dos Órgãos, ao fundo da baía de Guanabara. Vale do Paraíba - O rio Paraíba do Sul corta todo o Estado no sentido sudoestenordeste, formando extenso vale entre as Serras do Mar e da Mantiqueira. É o mais importante do Estado e corta as cidades de Resende, Barra do Piraí e São Fidélis, entre outras menores, desembocando na região de Campos a nordeste. A erosão fluvial e as correntes marítimas deram origem à principal planície aluvial do Estado, a Baixada dos Goitacases, no município de Campos. Esse processo resultou na formação de um solo fértil, favorável ao cultivo da cana-de-açucar e do arroz. Foi ainda na região do Vale do Paraíba onde se iniciaram as primeiras plantações de café no País, as quais, mais tarde, se estenderiam para o Estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. A expansão do cultivo do café teve como ponto de partida a cidade do Rio de Janeiro, onde chegaram as primeiras mudas, oriundas do Estado do Maranhão, região nordeste, na segunda metade do século XVIII. Cultivado a princípio nos arredores da cidade, o café atingiu os municípios de São Gonçalo, no recôncavo da Guanabara, e Resende, no Vale do Paraíba. Desses pontos, as plantações irradiaram-se por toda a orla marítima, chegando ao município de Campos e ao Vale do Paraíba. Mesmo tendo se expandido por outras províncias ao longo do século XIX, a liderança da produção nacional de café pertenceu à província do Rio de Janeiro até a década de 80 daquele século, graças à produção do Vale do Paraíba, que oferecia condições muito favoráveis ao desenvolvimento da cafeicultura. O Litoral - O Estado do Rio de Janeiro apresenta três trechos distintos de formação litorânea. O primeiro, caracterizado pela presença de tabuleiros, baixadas e restingas, vai do delta do Rio Paraíba do Sul, na região nordeste do Estado, até a cidade de Arraial do Cabo, 180 km ao norte da cidade do Rio de Janeiro, local escolhido pelo piloto Américo Vespúcio, como ancoradouro, quando ali chegou e fundou a primeira feitoria do Brasil, em 1503. Esta região é denominada Costa do Sol e inclui praias famosas como Cabo Frio e Búzios. O segundo trecho caracteriza-se pela presença de restingas, lagunas e baixadas, estendendo-se desde Arraial do Cabo até a ilha de Itacuruçá, 82 km ao sul da cidade do Rio de Janeiro. As restingas são extensas no litoral, isolando antigos braços do mar, que hoje formam lagunas. A beleza desse aspecto da geografia do Estado é representada pela cidade do Rio de Janeiro, cuja paisagem reúne montanhas e rochedos à beira-mar, restingas, lagoas e zonas planas, outrora ocupadas por pântanos ou pelo mar. O Pão de Açúcar e o Corcovado, duas montanhas que se tornaram típicos cartões postais da cidade do Rio de Janeiro, são bem representativas dessa região. Na cidade do Rio de Janeiro encontram-se ainda outras amostras típicas desse trecho de costa como as lagoas Rodrigo de Freitas e Jacarepaguá; e as restingas de Ipanema, do Leblon e da Marambaia. O terceiro tipo de litoral encontrado no Estado do Rio de Janeiro estende-se da ilha de Itacuruçá até a região de Parati, ao sul, e se caracteriza pelo mergulho da Serra do Mar no oceano. Também conhecido como Costa Verde, esse trecho apresenta praias e cordões arenosos estreitos, situados na base de escarpas ou acompanhando as pequenas planícies. É uma região de beleza deslumbrante, que reflete o contraste entre o mar e a montanha, com cachoeiras por entre as matas, praias delicadas e recantos incrustados nos paredões de rochas, além de rica fauna marítima que convida à pesca submarina. População - A população do Estado do Rio de Janeiro é de 13.064.296 habitantes, distribuídos entre 81 municípios. A população urbana representa 95,25% da população total, enquanto no meio rural vivem 4,75% da população do Estado. A cidade do Rio de Janeiro, capital do Estado, é a mais populosa, com 5.473.909 habitantes. Nova Iguaçu, situada na região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro, é a segunda em tamanho da população, com 1.293.611 habitantes. Seguem-se São Gonçalo, com 778.831 habitantes, Duque de Caxias, com 665.343, Niterói, com 435.658 habitantes, São João de Meriti, com 424.689 habitantes e Volta Redonda, com 220.189 habitantes. De acordo com o último censo realizado no País, em 1991, a taxa de densidade demográfica do Estado era de 292,85 habitantes por km2. A população do sexo masculino representa 48,23% do total, enquanto as mulheres somam 51,77%. A taxa anual de crescimento demográfico do Estado caiu de 2,30% no período de 1970/1980, para 1,13% no período 1980/1991, queda maior do que aquela verificada para o país como um todo, que apresentou índice de 2,48% no período de 1970/1980 e 1,93% no período de 1980/1991. Política - O Governador do Estado, Marcelo Alencar, eleito em 15 de novembro de 1994, pertence ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), o mesmo a que pertence o Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. A Assembléia Legislativa do Estado compõe-se de 70 deputados estaduais. No Congresso Nacional o Estado do Rio de Janeiro está representado por três senadores e 46 deputados federais. Totalizam 9.129.373 os eleitores do Estado do Rio de Janeiro. Cada município é administrado por um prefeito, eleito por voto direto para um mandato de quatro anos. O Poder Legislativo municipal é exercido por uma Câmara de Vereadores cujo tamanho varia de acordo com a população do município. Educação - Existem 6.686 escolas de ensino fundamental no Estado do Rio de Janeiro, com 2.064.359 crianças matriculadas. Desse total, 1.665 escolas encontram-se na cidade do Rio de Janeiro, capital do Estado, onde estudam 822.846 crianças. São 984 escolas de ensino médio, com 385.439 matrículas realizadas em 1992. As escolas de nível superior são em número de 107, com 193.834 estudantes matriculados. Economia - O Estado do Rio de Janeiro é a segunda maior economia entre os Estados brasileiros. Possui grande potencial turístico, além de relevante parque industrial. É ainda onde se concentram as maiores jazidas de petróleo do País, localizadas na plataforma continental a nordeste, no município de Campos. Destacam-se no Estado, as indústrias metalúrgicas, siderúrgicas, químicas, alimentícias, mecânicas, editorial e gráfica, de papel e celulose, de extração mineral, de derivados de petróleo e naval. A Bolsa de Valores do Rio de Janeiro movimenta anualmente cerca de US$ 1 bilhão e o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado representa 10,91 % do PIB nacional. Petróleo - Origina-se da plataforma continental do Estado do Rio de Janeiro a maior parte da produção de petróleo do País. Descoberta em 1974 e utilizando tecnologia nacional de exploração em águas profundas, a produção da Bacia de Campos, localizada na costa nordeste do Estado, alcança 52.600 m3 (330.000 barris) por dia, o que corresponde a 70% da produção nacional de petróleo. Agropecuária - A agricultura é uma atividade de pouca expressão no Estado, tanto em termos de área quanto em valor da produção. O fenômeno da modernização agrícola, que determinou as transformações desse setor no Brasil a partir da década de 70, não atingiu o interior do Estado do Rio de Janeiro, da mesma forma como ocorreu em outras áreas da região sudeste, como no Estado de São Paulo, por exemplo. O Rio de Janeiro apresenta baixas taxas de produtividade e de capitalização do setor agropecuário, demonstrando vocação para o desenvolvimento nas áreas de turismo e indústria. Apresenta perfil fundiário no qual predominam pequenos estabelecimentos agrícolas, com área inferior a 10 hectares. Sua superfície agrícola é de 3.264.150 hectares, dos quais 44% estão cobertos por pastagens naturais. A área média dos estabelecimentos agrícolas é de 35,76 hectares e o total de produtores soma 91.280, em sua maioria proprietários (68,8%). No entanto, verifica-se tendência à fragmentação dos estabelecimentos rurais e à concentração do uso do solo agrícola. A região serrana do entorno da cidade do Rio de Janeiro vem-se revelando como novo pólo de produção agrícola do Estado, com destaque para o cultivo de produtos hortigranjeiros. As matas e florestas (naturais e plantadas) no Estado, representam 15% do total da área ocupada por estabelecimentos rurais, ou seja, 500.000 hectares. Encontramse nas encostas montanhosas da cidade do Rio de Janeiro, as duas maiores florestas urbanas do mundo: o Maciço da Pedra Branca e a Floresta da Tijuca. Esta última cobre uma extensão de 3.300 hectares e foi tombada pela ONU como reserva da biosfera. O principal produto agrícola cultivado no Estado é a cana-de-açúcar. No ano de 1992, foram produzidas 7 milhões de toneladas desse produto, especialmente no município de Campos dos Goitacases. Outros produtos de relevância para a economia agrícola do Estado do Rio de Janeiro incluem a mandioca, o tomate, o arroz, o feijão, o milho, a batata, a laranja e a banana. Foram colhidos no Estado, 1,4 bilhão de frutos de laranjas em 1992, e 31,6 milhões de cachos de bananas. Em 1991, o rebanho bovino do Estado correspondia a 1,9 milhão de cabeças e o suíno a 341,3 mil cabeças. Entre os galináceos a criação atingia 17,7 milhões; os eqüinos eram em número de 109,7 mil; e o rebanho caprino correspondia a 51,2 mil. Turismo - Conhecido mundialmente pela diversidade de suas belezas naturais e pelas magníficas praias que se estendem por toda a sua orla marítima, o Estado do Rio de Janeiro possui inegável vocação para o turismo. Nas cidades do interior "fluminense" (denominação das pessoas e locais do Estado do Rio de Janeiro) podem ser encontradas atrações diversas, desde museus e parques, até a prática do alpinismo ou da caça submarina. Existem opções para divertimento e lazer, assim como para o enriquecimento cultural e histórico. Extensa rede de hotéis oferece ao turista conforto e prazer numa viagem pelo interior do Estado. A imigração européia fez de algumas cidades como Penedo, de colonização finlandeza, atrações especiais, onde o visitante convive com os costumes e a culinária de países distantes. Costa do Sol - Esta região costeira se estende na direção norte do Estado, caracterizando-se pela convivência harmoniosa de contrastes entre o luxo e a simplicidade, o colonial e o moderno, diferentes tipos de culinária, embarcações e modos de vida. A atividade mais tradicional da região é a extração de sal, que se estende por toda a costa fluminense, tendo no moinho de vento o seu símbolo característico. As colonias de pescadores também marcam o perfil dessa região, dando uma tonalidade rústica à paisagem. Tem como principais atrações turísticas os balneários de Búzios, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Rio das Ostras, Maricá e Saquarema. Originariamente uma vila de pescadores, o povoado de Búzios, com área de 95 km2, é parte do distrito de Cabo Frio e famoso pelo aspecto bucólico de suas praias. Fica a 191 km da cidade do Rio de Janeiro e é muito procurado por turistas no final do ano, para as festas de réveillon. A cidade de Cabo Frio, distante 168 km do Rio de Janeiro, tem área de 431 km2 e 84 mil habitantes. Seu passado histórico reflete-se na arquitetura colonial e em monumentos como o Forte São Mateus, construído em 1650. É conhecida por suas imensas dunas de areia muito branca e fina, que se estendem até Arraial do Cabo, bem como pelo colorido de suas águas, onde é frequente a presença de corais. Nela se encontram também salinas, que dão à paisagem um toque original. Arraial do Cabo fica a 180 km da cidade do Rio de Janeiro e tem 19 mil habitantes. Concentra ainda hoje, grande número de pescadores, além de pesquisadores oceanográficos e amantes do mar. Sua principal atração é o Pontal do Atalaia, imensa rocha que avança para o mar e é freqüentemente visitada por cardumes de golfinhos. Rio das Ostras tem 210 km2 de área e 20 mil habitantes. Trata-se de uma cidade mais modesta, procurada por turistas que buscam locais mais tranqüilos para descanso e para a pesca. Situa-se a 170 km do Rio de Janeiro, próxima à cidade de Araruama, de 58 mil habitantes, onde se localiza a lagoa do mesmo nome. Maricá é o balneário que se encontra mais próximo à cidade do Rio de Janeiro entre os mais importantes da Costa do Sol. Não obstante a proximidade com a grande cidade, Maricá não perdeu o aspecto de pequena aldeia. Tem área de 339 km2 e 46 mil habitantes. Saquarema, com 382 km2 tem 37 mil habitantes e fica a 102 km da cidade do Rio de Janeiro. É conhecida pelo festival de surf promovido todos os anos na Praia de Itaúna, no mês de maio, que atrai jovens de várias partes do País. Região Serrana - Esta parte do Estado inclui cidades incrustadas entre as montanhas da Serra dos Órgãos, sendo Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo suas melhores representantes. Petrópolis e Nova Friburgo foram colonizadas por imigrantes suiços e alemães, possuindo, portanto, características físicas e culturais dessas regiões. Petrópolis nasceu e se desenvolveu como a cidade imperial, visto ter sido a cidade favorita do monarca D. Pedro II, que ali passava a temporada de verão, para fugir do calor da cidade do Rio de Janeiro. A colonia germânica inicialmente se estabeleceu na cidade para servir à família real, deixando também influências marcantes nos hábitos, na alimentação, no estilo das moradias e do mobiliário local. Com área de 826 km2 e 255 mil habitantes, a cidade de Petrópolis fica a 68 km do Rio de Janeiro e possui várias atrações como o Museu Imperial, antiga residência da família real, com grande acervo de objetos pertencentes à realeza, inclusive a coroa de D. Pedro II; a Festa do Colono Alemão, que acontece no mês de junho, reunindo atividades diversas; o famoso hotel Quitandinha, antigo cassino construído na década de 40, já na era republicana; o Palácio de Cristal; a catedral de São Pedro de Alcântara, além de parques e jardins. É ainda um significativo pólo de produção da indústria têxtil, especialmente malharia, de mobiliário e de produtos alimentícios industrializados. Saindo de Petrópolis pela estrada serrana que a liga a Teresópolis, o viajante passa pela rota das hortências, ziguezagueando pelas montanhas esculturais e íngrimes. O símbolo da cidade de Teresópolis é a montanha chamada Dedo de Deus, uma formação de pedra no alto da Serra dos Órgãos, que se assemelha a um dedo indicador, apontando na direção do céu. No mesmo local encontra-se o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, com paisagem exuberante, piscina natural e trilhas para caminhadas na mata. O clima de Teresópolis, assim como o de Petrópolis e Nova Friburgo, é frio no inverno, com temperatura amena no verão. São famosos ainda os restaurantes e hotéis fazenda de Teresópolis, onde o visitante encontra conforto e opções de lazer em paisagens aprazíveis e bucólicas. Embora não possua indústrias, Teresópolis tem comércio variado, que inclui confecções, móveis, plantas e artesanato. Fazem parte dos atrativos da cidade, as belas casas de veraneio construídas em suas encostas. Em Nova Friburgo as principais atrações são os rios e suas corredeiras, onde é comum a prática da canoagem. O povoado de Lumiar é também uma das principais atrações do município de Nova Friburgo, além dos restaurantes típicos, do passeio de teleférico ao Morro da Cruz, de onde se tem uma vista panorâmica da região, e da visita às Furnas do Catete, com suas estranhas formações rochosas, como a pedra que se assemelha a um Cachorro Sentado. Nova Friburgo, como Petrópolis, abriga várias indústrias, destacando-se a produção de couro e biscoitos amantegados, licores e doces. Costa Verde - Exibindo um dos cenários mais bonitos da costa brasileira, em que as montanhas entram em contato íntimo e explícito com o mar, a região denominada Costa Verde inclui mais de 2.000 praias e 300 ilhas protegidas das intempéries do mar aberto pela Restinga de Marambaia. As cores da água nessa parte do litoral fluminense, em várias tonalidades de verde, constituem-se atrativo especial. Ideal para a prática de qualquer modalidade de esporte aquático, esse trecho da costa brasileira reúne excelentes condições para a navegação desportiva e concentra 90 % da frota de embarcações de lazer do País. É grande o número de praias desertas, às quais só é possível o acesso por mar; areias brancas à beira de águas calmas e transparentes; e correntes marítimas generosas que trazem grande quantidade de lagostas e várias espécies de peixes às redes dos pescadores. Estes se encarregam de narrar aos visitantes as lendas da região, que remontam aos tempos em que a cidade de Angra dos Reis era esconderijo de corsários. Parati - Sua ocupação remonta ao século XVI, em decorrência da abertura de caminhos que ligassem as Províncias de São Paulo e Minas Gerais à do Rio de Janeiro. Fazendeiros e comerciantes foram aos poucos se estabelecendo na região, gerando significativo dinamismo econômico na época do império. Em 1844, a Vila de Parati foi elevada à categoria de cidade. Nesse período, Parati, juntamente com Angra dos Reis e Mangaratiba, eram importantes núcleos para o escoamento da produção de café do Vale do Paraíba. Em fins do século XIX, inicia-se o declínio da região de Parati, resultado de inúmeros fatores, entre eles a abolição da escravatura, em 1888, que provocou o êxodo rural dos libertos; a mudança da rota da produção cafeeira, que passava a ser transportada por via férrea, não mais utilizando as estradas que tinham em Parati um dos pontos de desembarque; e a obstrução dos rios, resultando em surtos epidêmicos, como o da malária. No início do século XX, a população local não passava de 10.000 habitantes. Considerado o maior e mais completo monumento do período colonial no Estado do Rio de Janeiro, a cidade de Parati encontra-se às margens da baía de mesmo nome, que é um prolongamento da baía de Angra dos Reis. Tombada como Patrimônio Histórico da Humanidade, seus casarios antigos e o calçamento das ruas estreitas formam cenário de grande valor histórico e beleza singular. A cidade é preservada em sua arquitetura de estilo colonial e muito visitada por artistas, especialmente pintores, que vêm registrando suas belezas e seus traços históricos em várias obras. Dentre os principais monumentos históricos da cidade encontra-se a Igreja de Santa Rita, importante referencial do perfil arquitetônico avistado a partir do mar para a terra. Região de Itatiaia - A preocupação em preservar a natureza é mais antiga nessa região do que em outras partes do Estado. É onde se encontra localizado o primeiro Parque Nacional criado no Brasil, em 1937. O Parque Nacional de Itatiaia apresenta paisagem alpina, com temperaturas baixas e nevascas ocasionais no alto das montanhas durante o inverno. Em seus 12 mil hectares de extensão pode ser encontrada uma reserva ecológica de fauna e flora exuberante. Os turistas que visitam essa área estão geralmente em busca de integração com o meio ambiente repleto de belezas naturais, que exibe desde cataratas e pequenas cascatas propícias ao banho, até a prática do alpinismo ou caminhadas na mata. A mais conhecida entre as quedas d´água do parque é a cachoeira chamada Véu de Noiva, localizada no córrego da Maromba. É uma queda d´água de 30 metros de altura, que desliza sobre alto penhasco de pedra, formando uma nuvem branca de gotículas que se espalha pelo ambiente em torno e dá a impressão de ser um manto branco, como os que cobrem as noivas ao subirem ao altar. O local é repleto de corredeiras e propício à prática da canoagem. Após deslizar por entre pedras e caminhos tortuosos, as águas do rio Preto, que cortam o parque, formam agradável piscina natural de 100 metros quadrados, que convida ao descanso e ao relaxamento. A temperatura média anual do parque é de 11 graus e nele se situa o Pico das Agulhas Negras, com 2.787 metros de altura, o ponto mais alto do Estado do Rio de Janeiro. Em todas as cidades dessa região podem ser observados traços bucólicos e característicos da cultura européia trazida pelos imigrantes. O artesanato de tapeçarias e objetos de decoração é muito popular. Itatiaia, a maior cidade da região, está a uma altitude de 390 metros e tem 248 km2 de área. Encontra-se a 174 km da cidade do Rio de Janeiro e tem população de 16 mil habitantes. Visconde de Mauá, fundada em 1908 por imigrantes suiços e alemães, foi descoberta por grupos hippies na década de 70, tornando-se desde então, um local identificado com a vida integrada à natureza. Encontra-se a 1.200 metros de altitude e tem área de 400 km2. Engenheiro Passos, com 7 mil habitantes e 176 km2 de extensão, possui hotéis-fazenda confortáveis, onde são oferecidas várias opções de lazer, além de culinária variada e de boa qualidade. O pequeno povoado de Penedo, de 8 mil habitantes, 25 km2 de área, a 600 metros de altitude, mantém até hoje os traços e hábitos dos imigrantes finlandeses que o fundaram em 1929. A arquitetura, a culinária, os costumes, as festas (Baile Finlandês) e as saunas finlandesas chamam a atenção dos visitantes, tornando-se atrações especiais do lugar. É a região que apresenta as temperaturas mais baixas do Estado, tendo também o frio como um de seus atrativos. Porto de Sepetiba - O Governo do Estado do Rio de Janeiro, em cooperação com o Governo Federal, vem desenvolvendo um grande projeto de recuperação e ampliação do Porto de Sepetiba, localizado na Baía de Sepetiba, ao sul da cidade do Rio de Janeiro. O projeto para o Desenvolvimento Integrado de Sepetiba propiciará a integração de instalações industriais e portuárias, permitindo maior segurança no escoamento e suprimento de matérias-primas, através da utilização de transportes intermodais planejados e eficientes, a exemplo dos portos de Kobe, Yokohama e Tóquio, no Japão. O posicionamento geoeconômico de Sepetiba e a existência de um conjunto de condições favoráveis à construção de um grande porto na região favorecem a implantação de um projeto como esse, que significará o início de um novo ciclo de desenvolvimento no Estado. O Governo do Estado do Rio de Janeiro espera ainda, com esse projeto, reverter os desequilíbrios intermunicipais existentes no Estado e promover novos deslocamentos populacionais, reduzindo a pressão migratória que se verifica sobre a cidade do Rio de Janeiro. Os municípios da Baixada Fluminense deverão fornecer mão-de-obra necessária ao funcionamento do novo porto, o que representará uma reversão no fluxo de transportes de massa na Região. O Estado do Paraná Localizado na Região Sul do Brasil, o Estado do Paraná ocupa área de 199.323,9 km2, limitando-se ao norte e nordeste com o Estado de São Paulo; a leste com o Oceano Atlântico; ao sul com o Estado de Santa Catarina; a sudoeste com a Argentina; a oeste com o Paraguai; e a noroeste com o Estado de Mato Grosso do Sul. O relevo de seu território caracteriza-se pela frequência de terrenos de baixada no litoral, onde predominam as planícies de aluvião, e a existência de planaltos e serras de formações rochosas cristalinas, como a Serra do Mar. Em direção ao interior, nas regiões central e oeste, o relevo se divide em três tipos de planaltos distintos. O primeiro planalto, onde está localizada a cidade de Curitiba, capital do Estado, apresenta formações de rochas cristalinas; no segundo predominam as rochas sedimentares, folhetos, arenitos e calcários; e no terceiro planalto, onde estão quase 135 mil km2 da área total do Estado, encontram-se formações geológicas basálticas que compõem os solos originados de rochas vulcânicas e os solos argilosos de rochas sedimentares. Um total de 53% da área total do Estado encontra-se localizada acima de 600 metros do nível do mar e o seu ponto mais elevado é o pico Paraná, com 1.922 metros de altura. O Estado é cortado pelo Trópico de Capricórnio, que estabelece o limite meridional das culturas agrícolas tropicais. Como resultado das diferentes formações topográficas e características geológicas, o clima no Estado do Paraná apresenta três tipos distintos, todos correspondentes a clima úmido, apresentando-se mais ameno na região norte e temperado no sul, onde os invernos podem ser rigorosos. O tipo que corresponde à maior área é o CFA, que se caracteriza por ser sub-tropical úmido, mesotérmico, com verão quente, sem estação seca de inverno definida e geadas menos freqüentes. O tipo CFB é sub-tropical úmido, mesotérmico, com verões frescos e geadas severas e freqüentes. Finalmente, o tipo AF caracteriza-se pelo clima tropical chuvoso, sem estação seca e isento de geadas. O complexo hidrográfico do Estado do Paraná apresenta grande potencial energético. A bacia hidrográfica do rio Paraná ocupa 183.800 km2 no Estado e seus principais rios incluem o Paraná, o Iguaçu, o Ivaí, o Tibagi e o Piquiri. Somente a bacia do rio Iguaçu, que nasce próximo a Curitiba, capital do Estado, e deságua no rio Paraná, na fronteira com o Paraguai, tem potencial hidrelétrico para 11,3 mil megawatts de energia elétrica. A bacia do Atlântico Sul banha 15.909,1 km2 na porção nordeste do Estado. Entre seus principais rios encontram-se o Itararé e o Capivari. O Estado do Paraná consome internamente apenas 20 % da energia elétrica total produzida em seu território, que representa 25 % da produção no País. O Estado do Paraná tem 135.148 mil km de estradas de rodagem, sendo 15,3 mil km pavimentadas, e 3.372 km de estradas de ferro, por onde é transportada a carga que segue para exportação através do porto de Paranaguá, principal terminal marítimo exportador de grãos do Brasil, a 90 km de Curitiba. Existem ainda 46 aeroportos no Estado, homologados pelo Departamento de Aviação Civil (DAC), sendo dois internacionais (um em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, e outro em Foz do Iguaçu). A população do Estado do Paraná é de 8.946.425 habitantes, distribuídos entre 399 municípios, com densidade populacional de 44,57 habitantes por km2. Um total de 33,3 % da população encontra-se na faixa etária de 0 a 14 anos, enquanto 59,9 % tem entre 15 e 59 anos e 6,8 %, 60 anos ou mais. A população residente nas áreas urbanas representa 73,36 % do total e os habitantes da zona rural respondem por 26,64 % da população do Estado. A distribuição populacional por sexo é equilibrada no Estado do Paraná, onde homens e mulheres somam cada grupo, 50 % do total da população. Em 1991, o índice de mortalidade foi de 5,42 por mil habitantes e a mortalidade infantil alcançou, no mesmo período, 29,79 óbitos antes de completar um ano de idade, para cada mil crianças nascidas vivas. A cidade de Curitiba, capital do Estado, é a mais importante e também a mais populosa, com 1.404.875 habitantes. Seguem-lhe as cidades de Londrina, com população de 429.380 habitantes; Maringá, com 271.347 habitantes; Ponta Grossa, cuja população é de 250.359 habitantes; Foz do Iguaçu, com 243.355 habitantes; e Cascavel, que tem população de 216.371 habitantes. O índice de alfabetização no Estado do Paraná é de 85,1 %. Existem 11.416 escolas de ensino fundamental no Estado, onde estudam 1.772.823 alunos; 753 escolas de nível médio, frequentadas por 351.738 alunos; e 61 instituições de ensino de nível superior, com um total de 100.766 estudantes matriculados. O chefe do Poder Executivo do Estado é o Governador, eleito por voto direto para um mandato de quatro anos. O atual Governador, Jaime Lerner, pertence ao Partido Democrático Trabalhista (PDT) e foi eleito em 3 de outubro de 1994. O Estado está representado no Congresso Nacional em Brasília, capital do País, por três Senadores e 30 Deputados Federais. A Assembléia Legislativa do Estado compõe-se de 54 Deputados Estaduais, para um total de 6.078.799 eleitores. Economia - O Paraná ocupa quinto lugar em importância econômica entre todos os Estados brasileiros. As diferentes características físicas e climáticas do Estado propiciam a existência de atividades agrícolas diversificadas e seu grau de desenvolvimento econômico permite a utilização de avançadas técnicas agrícolas, que se traduzem nos mais altos índices de produtividade do País. Em 1994, os índices médios de produtividade nas principais lavouras do Estado (soja, milho, feijão, algodão, café e trigo) elevaram-se em 12,9 %, em decorrência do desenvolvimento de modernos sistemas de produção, como é o caso da soja e do trigo, que são cultivados em sistema de rotatividade, gerando duas safras anuais na mesma área. Destaca-se ainda no Estado do Paraná, a produção de batatas, de cana-de-açúcar, de mandioca e de arroz. Nos últimos anos, programas de desenvolvimento da fruticultura vêm sendo implantados em diversas regiões do Estado. Na região norte do Paraná, a implantação de pomares cítricos vem permitindo a produção industrial de suco de laranja, enquanto a produção de maçã alcança, em várias regiões, uma safra média de 30 mil toneladas por ano. O plantio de frutas de clima tropical na região litorânea vem gerando bons resultados, com índices de produção e qualidade competitivos em larga escala. O Estado possui um dos maiores rebanhos pecuários do País, com 8.606.629 de cabeças de bovinos, sendo expressivas também as criações de suínos (3.780.172) e galináceos (85.713.370). A produção paranaense de leite representa cerca de 10 % da produção nacional. As principais reservas de matérias primas existentes no Estado do Paraná incluem o xisto betuminoso, o calcário, a dolomita, a argila, o carvão, o chumbo e a fluorita. A reserva de calcário está estimada em 4,4 bilhões de toneladas e suas principais jazidas, localizadas na região leste, alcançam produção média anual de cerca de 6 milhões de toneladas. Além de seu uso industrial, principalmente na produção de cimento, o calcário é utilizado de forma regular, para elevar o nível de produtividade das lavouras. Em 1992, foram extraídas e comercializadas 5,8 milhões de toneladas de calcário no Estado. A dolomita existe também em grande quantidade no Paraná, que é o primeiro produtor deste mineral no País. Suas reservas estão estimadas em 532.616 milhões de toneladas. As reservas de argila vermelha, para o uso da indústria cerâmica, atingem volume superior a 65 milhões de toneladas. Em 1992, a produção de argila chegou a 1,1 milhão de toneladas. O Estado do Paraná é também o principal produtor de talco do Brasil. Cerca de 17% das reservas brasileiras estão em seu território, com volume estimado em 13 milhões de toneladas, e produtividade média anual de 200 mil toneladas. A fluorita, que tem larga aplicação como matéria-prima na indústria química, metalúrgica e cerâmica, tem reservas superiores a 4,4 milhões de toneladas no Estado, o que equivale a 53 % do total encontrado no País. Outros produtos como a brita de basalto, pedras ornamentais, mármores e granito também são encontrados em quantidades consideráveis no Estado do Paraná. Em 1992, foram comercializados 37,6 milhões de litros de água mineral, extraídos de fontes naturais do Estado. A partir de 1966, intensificaram-se as atividades de reflorestamento, mediante a concessão de incentivos fiscais, que tem combinado a expansão da fronteira agrícola e o atendimento ao setor industrial madeireiro. As áreas reflorestadas, que tiveram considerável aumento, atingem hoje 1 milhão de hectares e mais de 2,5 bilhões de árvores plantadas. O parque industrial do Estado reúne cerca de 24 mil estabelecimentos, que têm registrado desempenho sempre superior à média nacional do setor. Nos quatro primeiros anos da década de 90, os índices de crescimento acumularam um total de 31,24 %. A produção industrial é diversificada, destacando-se as indústrias de papel e celulose, química, madeireira, alimentícia, de fertilizantes, eletroeletrônica, metalmecânica, de cimento, têxtil e de cerâmica, além da agroindústria. Em 1994, a economia do Estado cresceu 6,3 %, destacando-se, para o alcance desse índice, o desempenho do setor agrícola e a modernização do parque industrial do Estado. Em 1993, a participação do Estado do Paraná no PIB nacional foi de 6,2 %, que corresponde a um total de US$ 28,277 bilhões. O Paraná é ainda o quarto maior exportador entre os Estados brasileiros. Em 1993 a receita das exportações representou US$ 2,48 bilhões, que corresponde a 6,42 % do valor total exportado pelo País. A participação dos produtos industrializados na pauta de exportações do Estado foi de 51 % no mesmo ano, liderada pelo complexo agroindustrial, responsável por 60 % das exportações do Estado. O segundo complexo industrial com maior participação nas vendas externas do Estado é o de metalmecânica, com 13,6 % do total das exportações em 1993. Formação Histórica - As primeiras movimentações de colonizadores no Estado do Paraná tiveram início no século XVI, quando diversas expedições estrangeiras percorreram a região à procura de madeira de lei. No século XVII, portugueses e paulistas começaram a ocupar a região, a partir da descoberta de ouro e a procura de índios para o trabalho escravo. A mineração, no entanto, foi legada a segundo plano pelos colonizadores, que se dirigiram em maior número às terras de Minas Gerais. Até o século XVIII, existiam apenas duas vilas na região: Curitiba e Paranaguá. Esse processo retardou a ocupação definitiva da área, que pertenceu à Província de São Paulo até meados do século XIX, com sua economia baseada na pecuária. Logo após conquistada sua autonomia, em 1853, teve início um programa oficial de imigração européia para a região, principalmente de poloneses, alemães e italianos. Guerra do Contestado - Revolta de camponeses ocorrida entre 1912 e 1916, chegou a envolver cerca de 50 mil pessoas numa região de litígio na fronteira entre os Estados do Paraná e Santa Catarina. O conflito teve início com a instalação de duas empresas norte-americanas na região, uma construtora de estradas de ferro e uma exploradora de madeira, que levaram mão-de-obra de fora para trabalhar nos empreendimentos e iniciaram um processo de explusão dos posseiros que cultivavam a área, originando o movimento de fanáticos religiosos, liderados por "beatos" locais, entre os quais se destacou José Maria, que foi seguido por romeiros expulsos de suas terras. Curitiba - Conhecida como a capital ecológica do Brasil, a cidade de Curitiba tem sido modelo de planejamento urbano e qualidade de vida para seus habitantes. Está situada numa região de planalto, a oeste da Serra do Mar, com altitude média de 905 metros. Apresenta clima sub-tropical úmido, com temperaturas médias de 20,4º C no verão e 12,7º C no inverno. Desde 1647 formou-se o embrião da cidade, que foi elevada à categoria de vila em 1693, tornando-se cidade em 1842. Em 1853 foi escolhida capital da Província do Paraná. A ocupação de seu território deu-se lentamente até a década de 1870, quando teve início o processo de colonização por imigrantes europeus. Em sua maioria alemães, poloneses e italianos, os imigrantes estabeleceram-se em pequenas colônias ao redor da cidade, dedidando-se às atividades agrícolas e artesanais. Além desses grupos majoritários, também acorreram à região imigrantes japoneses, franceses, ingleses e suiços. O Poder Executivo do Município é chefiado pelo Prefeito, eleito por voto direto, para um mandato de quatro anos. O atual Prefeito, Cassio Taniguchi, pertence ao Partido Democrático Trabalhista (PDT) e foi eleito em 1996. A Câmara Municipal compõe-se de 35 vereadores, eleitos por um total de 916.804 eleitores. A economia do município baseia-se primordialmente na indústria, nos serviços e no comércio. Apesar de ter crescido muito rapidamente nas últimas décadas, a cidade de Curitiba conseguiu absorver esse processo de expansão, mantendo a boa qualidade de vida e encontrando soluções urbanísticas inovadoras, que privilegiam o bem estar dos seus habitantes. Além de excelente sistema de transportes, considerado o mais eficiente do País, a cidade conta com 52 m2 de área verde por habitante, 12 parques e áreas de lazer e a constante ampliação de seus bosques, parques e praças. Existe ainda forte empenho do Governo Municipal na preservação do patrimônio histórico da cidade e na criação de espaços alternativos para a indústria, o comércio, a cultura e o lazer. Especial atenção é dada à educação ecológica e à preservação do meio ambiente. Nesse sentido, destacam-se os projetos de reciclagem do lixo e a sua seleção na fase de coleta, com programas de incentivos à população de baixa renda, para que recolha materiais recicláveis descartados e recebam alimentos em troca; a construção e administração de 50 bibliotecas comunitárias, denominadas Faróis do Saber, que funcionam articuladas às escolas municipais e se encontram abertas à toda a comunidade, como espaço de cultura e lazer; a implantação da Vila das Tecnologias, que visa a atrair empresas privadas para a construção de casas populares com a utilização de tecnologias alternativas na produção de moradias de baixo custo; e ainda a implantação da Vila de Ofícios, uma das soluções para resolver o problema de moradia na cidade, em que o local de trabalho torna-se uma extensão do local de moradia da família, construído no mesmo edifício e podendo ser utilizado como oficina, loja ou outra atividade afim. Esses dois últimos programas são desenvolvidos pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (COHAB-CT), que possui ainda outros projetos, viabilizando a construção de casas para a população de baixa renda, como o Programa Lote Fácil, Programa Casa Fácil, Programa Cooperativo Casa Fácil, o Programa Lote Legal e o Programa Parceria. Funciona ainda na cidade de Curitiba a Universidade Livre do Meio Ambiente. Criada em 5 de junho de 1991, constitui-se um espaço de estudos e repasse de conhecimentos em nível universitário, sobre o meio ambiente e ecologia, visando a formar no cidadão, a consciência ambiental como fator de sobrevivência. Localizada no Bosque Zaninelli, seu projeto arquitetônico de rara beleza foi executado com materiais rústicos, reproduzindo na forma e nas cores, os quatro elementos da natureza: terra, fogo, água e ar. Entre os principais pontos turísticos da cidade de Curitiba encontram-se seus parques. O maior deles é o Parque Barigui, com área de 1.400.000 km2, onde se encontra um grande lago, bosques, facilidades para a prática de esportes e playgrounds para crianças. Também entre os mais importantes está o Passeio Público, primeiro parque público de Curitiba, inaugurado em 1886 como um Jardim Botânico. Foi a primeira grande obra de saneamento da cidade, que transformou um charco em espaço de lazer, com lagos, pontes e ilhas em meio ao verde. O Parque das Pedreiras, com área de 103.500 m2, está localizado na antiga pedreira municipal e nele se encontra o Espaço Cultural Paulo Leminski, com palco coberto e platéia ao ar livre para até 50 mil pessoas em pé. No mesmo local está situado também o teatro Ópera de Arame, na área da antiga pedreira Gava, construído em estrutura metálica e vidro, que se tornou um dos símbolos da cidade. O Parque São Lourenço foi implantado em 1972 e nasceu da necessidade de reparar os estragos do estouro de uma represa. Nele funcionam atualmente, diversos cursos, oficinas de arte e exposições. O Bosque do Papa, onde se encontra o Memorial da Imigração Polonesa, foi inaugurado em 1980 e tem área de 48 mil m2. Nele se encontram sete casas de troncos, com todo o mobiliário e apetrechos utilizados pelos primeiros imigrantes poloneses de Curitiba. Destaque ainda deve ser dado ao Bosque Gutierres, que possui 18 mil m2 de área verde, trilhas para caminhadas e uma fonte natural que fornece 1.350 litros de água potável por hora. Nele se encontra a Casa do Seringueiro, a Escola Amazônica e o Pavilhão de Educação Ambiental. No local, foi inaugurado em 22 de março de 1989, o Memorial Chico Mendes, em homenagem ao seringalista e ambientalista amazônico, morto em Xapuri, Estado do Acre. Destacam-se ainda como importantes pontos turísticos da cidade de Curitiba, o bairro de Santa Felicidade, reduto tipicamente italiano desde o século XIX, conhecido pelo grande número de restaurantes de boa qualidade ali existentes; o Largo da Ordem, parte mais antiga da cidade, onde se encontra a Igreja de São Francisco de Chagas, o seu Museu de Arte Sacra, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e a Casa Rosário Martins, todos datados do século XVIII; a Catedral neoGótica, construída em 1813 e localizada na Praça Tiradentes; o Museu Paranaense, que foi fundado em 1874 e contém 135.000 peças em exibição, de material relacionado aos índios das culturas Guarani e Kaingang; o Museu de Arte Contemporânea, com 360 ítens, incluindo pinturas, esculturas, desenhos e trabalhos gráficos; o Solar do Barão, antiga mansão restaurada para se tornar um centro cultural; a Torre das Mercês, ponto mais alto da cidade, que permite uma visão em 360º de uma altura de 95 metros; o Teatro Paiol, que inaugurou o processo de reciclagem de velhas edificações a partir da década de 70, transformando um antigo paiol de pólvora em centro cultural e preservando a memória coletiva da cidade; o Teatro Guaíra, que possui três auditórios, o maior deles com capacidade para 2.173 lugares; e o famoso Jardim Botânico, que foi inaugurado em 1991 e se tornou símbolo da cidade de Curitiba, com sua estrutura metálica que abriga espécies botânicas de referência nacional. Serra do Mar - Coberta pela Floresta Atlântica e declarada Reserva da Biosfera pela UNESCO, em 1991, o que demonstra sua importância em termos globais, a Serra do Mar abriga mais de 2.500 espécies da flora nativa brasileira, diversos animais em risco de extinção como a onça-pintada e o tapir, além de pássaros como o gavião-pega-macaco, a jacutinga e o macuco, entre outros. No Estado do Paraná, a Serra do Mar tem aproximadamente 500.000 hectares de extensão e aí se encontram 72 % do total da flora e da fauna existentes no Estado. Nessa área está também localizado o pico mais alto da Região Sul do Brasil, o Pico do Paraná, com 1.922 metros de altura. Ainda na Serra do Mar encontra-se a Área de Interesse Turístico Espacial do Marumbi, com 66.732 hectares, cuja utilização é controlada através de um plano de gerenciamento. O Pico do Marumbi, situado dentro desta área, tem 1.547 metros de altura e é o mais procurado para a prática de alpinismo e turismo ecológico na região. Através da Serra do Mar encontram-se caminhos históricos que são verdadeiras obras de arte e engenharia, como o caminho de Itupava e de Graciosa, ambos construídos há 300 anos atrás. Além de se constituírem opção para o turismo ecológico, esses caminhos são utilizados atualmente por programas ambientais e preservam, protegidos pela floresta, a história e a cultura dos primeiros colonizadores do Paraná. Ilha do Mel - Tombada como Patrimônio Ecológico da Humanidade, a Ilha do Mel tem 95 % de sua área composta por ecossistemas de restinga e Floresta Atlântica, o que a elevou à categoria de Estação Ecológica em 1982, numa extensão de 2.240 hectares. Em seus morros e planícies existem trilhas para caminhadas, que dão acesso a locais de observação de belas paisagens e de espécies vegetais e animais, onde a brisa marinha e o cheiro de mato compõem aroma particular, associado à beleza de suas praias. Vila Velha - Localizado no município de Ponta Grossa, a 969 metros de altura, no verde dos Campos Gerais, está o Parque Estadual de Vila Velha, com suas rochas esculpidas artisticamente pela natureza, ao longo de 350 milhões de anos. As formações rochosas recebem diferentes denominações, de acordo com as figuras às quais se assemelham. Entre as centenas existentes, as mais facilmente reconhecíveis são a Garrafa, o Camelo, o Índio, a Esfinge, a Taça e a Proa de Navio. Destaca-se em especial na região, a caverna conhecida como Buraco do Padre, um anfiteatro subterrâneo com uma queda d’água de 30 metros de altura, também debaixo da terra. O município apresenta ainda outras paisagens naturais muito apreciadas e uma rica reserva ecológica, que inclui locais como os chamados Caldeirões do Inferno, que são depressões circulares de até 107 metros de profundidade, com 80 metros de diâmetro. Numa dessas cavidades, um teleférico vertical leva os visitantes até uma profundidade de 54 metros, de onde se pode caminhar até um lago subterrâneo. Outro acidente geográfico de rara beleza na região é a Lagoa Dourada, paraíso da fauna aquática local. A lagoa é alimentada por um rio subterrâneo, cuja ação erosiva desgastou as rochas e provocou a formação de cavernas em seu interior. O fundo da lagoa está coberto por uma camada de mica que faz a água brilhar como se fosse de ouro, quando exposta aos raios solares. Foz do Iguaçu - Um dos mais importantes pólos turísticos do Brasil, as Cataratas do Iguaçu são formadas por 275 quedas d’água, com alturas que variam de 40 a mais de 100 metros e se distribuem em forma de ferradura, formando uma semicircunferência de 950 metros, na fronteira com a Argentina. A cachoeira está localizada no Parque Nacional do Iguaçu, criado em 1939 e tombado pela UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade em 1986. Da área total do Parque, 185 mil hectares encontram-se em território brasileiro e 55.000 hectares na Argentina. As florestas sub-tropicais do Parque abrigam cerca de 1.100 espécies de pássaros, bem como várias espécies de mamíferos, grandes e pequenos, como veados, capivaras etc. A cidade de Foz do Iguaçu encontra-se localizada na fronteira do Brasil com Paraguai e Argentina, a uma altitude de 164 metros. A 9 km do centro da cidade, na confluência dos rios Iguaçu e Paraná e entrada do Porto Meira, está o marco onde as fronteiras do Brasil, Argentina e Paraguai se encontram. No município de Foz de Iguaçu está também localizada a Usina Binacional de Itaipu, cuja construção deu origem a um lago com 1.300 km de margens e extenso potencial turístico. A construção da Usina teve início em 1975, encerrou-se em 1991 e sua capacidade de produção de energia elétrica chega a 12,6 milhões de KW. Indígenas - Vivem no Estado do Paraná 6.916 indígenas, distribuídos em 19 grupos, que ocupam área de 79.988 hectares de extensão. Um total de 16 áreas já se encontram demarcadas definitivamente pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), órgão do Governo Federal responsável pela questão, e nelas se encontra a totalidade dos indígenas residentes no Estado. O Estado do Ceará Localizado ao norte da região Nordeste do Brasil, o Estado do Ceará ocupa área de 146.817 km2 (a área acrescida da massa de água passa para 148.016 km2), limitando-se a leste com os Estados do Rio Grande do Norte e Paraíba, ao sul com o Estado de Pernambuco e a oeste com o Estado do Piauí. Ao norte é banhado pelo oceano Atlântico numa extensão de 573 km, com litoral pouco recortado, onde aparecem planícies costeiras e praias cobertas por dunas de beleza singular. Junto ao litoral, as altitudes não ultrapassam 100 metros. Em direção ao interior, no entanto, o terreno passa a ter características de planalto, alcançando altitudes médias de 400 a 500 metros. Trata-se de parcela do Planalto Nordestino, uma das unidades do Planalto Atlântico, cuja monotonia é quebrada em certos pontos, por blocos elevados de rochas mais resistentes, entre os quais se destaca a Serra de Baturité, com altitudes que chegam a mais de 1.000 metros. Esse complexo inclui a Serra Grande ou Chapada do Ibiapaba, a oeste; a Chapada do Araripe, ao sul; e a Chapada do Apodi, a leste. A região meridional e centro-oriental é drenada pelo rio Jaguaribe, o maior do Estado, que corre numa extensão de 800 metros. Ao norte, destaca-se o rio Acaraú e a oeste o rio Poti, que após atravessar o boqueirão existente na Chapada do Ibiapaba, junta-se ao rio Parnaíba, já em território do Estado do Piauí. Encontram-se ainda entre os mais importantes do Estado, os rios Salgado, Conceição, Acaraú, Banabuiú, Trussu, Pacoti e Piranji. Com excessão do trecho ao longo da costa e das chapadas e pequenas serras, o clima em boa parte do território do Estado do Ceará é semi-árido, com médias pluviométricas inferiores a 600 mm e irregularidade nas precipitações, o que ocasiona secas periódicas. Em conseqüência desse fenômeno, os cursos d’água são temporários, permanecendo secos ao longo de todo o verão, e a vegetação dominante é a das caatingas, com sua paisagem típica, de pequenas árvores retorcidas. A área ocupada por caatingas no Ceará atinge 129.162,7 km2, o que corresponde a 88 % da área total do Estado. As temperaturas médias são elevadas, oscilando entre 24º e 30º C. Existem 701 açudes no Estado, com capacidade para 10 bilhões e 610 milhões de m3 de água. A existência de tais reservatórios hídricos permite o desenvolvimento agrícola e a criação pecuária nas regiões semi-áridas, onde a escassez de água é freqüente. A população do Estado do Ceará, segundo o Censo de 1991, é de 6.366.647 habitantes, distribuídos entre 184 municípios. A cidade mais populosa é a capital, Fortaleza, com 1.768.637 habitantes. Na região metropolitana de Fortaleza vivem 2.307.017 pessoas, distribuídas entre as cidades de Caucaia, com 165.099 habitantes, Maracanaú (157.151 habitantes) e Maranguape (71.705 habitantes). Entre os municípios de maior população nas demais regiões do Estado, estão Juazeiro do Norte, com 173.566 habitantes, Sobral (127.489 habitantes), Crato (90.519 habitantes), Itapipoca (77.263 habitantes), Iguatu (75.649 habitantes) e Quixadá, com 72.224 habitantes. A densidade demográfica é de 43,36 habitantes por km2. A população na faixa etária de 0 a 14 anos representa 38,7 % do total, enquanto o grupo entre 15 e 59 anos representa 53,6 %, e a população de 60 anos ou mais não ultrapassa 7,7 % do total. Nas zonas urbanas encontram-se 65,67 % da população, enquanto na área rural vivem 34,67 %. As mulheres são maioria no Estado, somando 51,47 % do total de habitantes, enquanto os homens não ultrapassam 48,53 % do total. O índice de mortalidade infantil indica um total de 65 óbitos por mil crianças nascidas vivas. O chefe do Poder Executivo do Estado do Ceará é o Governador, eleito para um mandato de quatro anos. O atual Governador do Estado, Senhor Tasso Jereissati, foi eleito em 3 de outubro de 1994, representando o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), o mesmo ao qual pertence o Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Este é o terceiro mandato de Governador do PSDB no Estado. Ciro Gomes, que sucedeu a Tasso Gereissati, em seu primeiro mandato, também pertence ao PSDB. O Ceará está representado no Congresso Nacional em Brasília, capital do País, por três Senadores e 22 Deputados Federais. A Assembléia Legislativa do Estado compõe-se de 46 Deputados Estaduais, para um total de 4.006.533 eleitores. Em 1995, existiam 16.741 escolas de ensino básico no Estado do Ceará; 493 escolas de ensino médio; e nove escolas de nível superior. O índice de analfabetismo no Estado, em 1994, era de 30,2 % (pessoas com mais de 15 anos), segundo dados da Secretaria de Educação e Cultura do Estado. A economia do Ceará está estruturada sobre a produção agroindustrial e o comércio. A característica marcante da agropecuária cearense é a competitividade das espécies nativas, com destaque para o caju, algodão, lagosta, camarão e mandioca, entre outros. Na agricultura é também expressiva a importância do arroz, feijão, cana-de-açúcar, milho, mamona, tomate, banana, laranja, coco-da-baía e melão. Face as características de forte insolação durante o ano todo, os frutos tropicais como acerola, caju, manga, melão, mamão, banana e uva entre outros, apresentam excepcional qualidade organoléptica, concentrando alto teor de sólidos solúveis e vitaminas. O rebanho do Estado era composto em 1994, de 2,18 milhões de cabeças de bovinos, 1,19 milhões de suínos, 1,08 milhões de caprinos, 1,33 milhões de ovinos e 19,68 milhões de aves. A avicultura é atualmente a atividade mais organizada e dinâmica, com crescimento contínuo nos últimos 15 anos. Mais recentemente, iniciou-se no Ceará, a criação de lagosta em cativeiro, uma atividade que deverá receber novos adeptos. A produção de pescado correspondeu a 6.023 toneladas de lagosta, 1.702 toneladas de camarão, 16.022 toneladas de peixe do mar e 1.862 toneladas de peixe de açude, no mesmo ano. No setor industrial destacam-se as transformações de fibras têxteis, confecções, calçados, alimentos, metalurgia e química. Dos produtos industriais, os têxteis e confecções apresentam maior dinamismo e atração de novos investimentos no Estado. Na pauta de exportações, destacam-se a amêndoa da castanha-de-caju, lagosta, pargo, camarão, melão, produtos têxteis e confecções. Castanha-de-Caju - Além das qualidades nutritivas e medicinais contidas na castanha originária do caju, seu sabor exótico tornou-a popular ao longo dos anos. É largamente apreciada em todos os países do mundo, para o acompanhamento de drinks ou na composição de aperitivos sofisticados. Pode ser processada para a elaboração de sucos, mel, vinho e licor, além de ser também utilizada industrialmente para a produção de doces, sorvetes, chocolates etc. O cajueiro é uma árvore nativa do Nordeste brasileiro, introduzida em outros países como a Índia e Moçambique, pelos colonizadores portugueses. Esses dois países, juntamente com o Brasil, são responsáveis por 80 % da produção mundial de castanha-de-caju. O Brasil participa com 35 % desse total e exporta 90 % de sua produção. A Região Nordeste é responsável por 99 % da produção nacional de castanha-de caju, que chega a 1,2 milhões de toneladas por ano, e o Estado do Ceará responde por 48 % desse total. O Ceará dispõe de fontes de água mineral, jazidas de ferro, calcário, argila, berilo, magnésio, granito, petróleo, gás natural, fosfato e urânio. Tendo em vista a posição geográfica favorável e o clima, relevo e ambiente natural, o Governo do Ceará vem investindo na melhoria das condições de infra-estrutura, para facilitar o desenvolvimento do turismo. Formação Histórica - A história do Ceará tem início com a criação da "Capitania do Siará", doada em 1535 a Antonio Cardoso de Barros. Em 1603, uma expedição comandada pelo açoriano Pêro Coelho de Souza fundou na região, a colônia denominada Nova Luzitânia. Juntamente com o grupo, chegou também um rapaz de 17 anos, Martim Soares Moreno, considerado o verdadeiro fundador do Ceará. Conhecedor da língua e dos costumes indígenas, mantinha amizade fraternal com os nativos, o que lhe valeu fundamental apoio para a derrocada dos franceses e holandeses que também pretendiam colonizar a região. Em 1619, depois de muitas lutas contra invasores estrangeiros, naufrágios e prisões, Soares Moreno obteve uma carta régia que lhe dava o título de Senhor da Capitania do Ceará, lá se fixando por muitos anos. Seu romance com a índia Iracema foi imortalizado pelo escritor brasileiro José de Alencar, em seu livro intitulado "Iracema". O Ceará fez parte do Estado do Maranhão e Grão-Pará em 1621. Foi ainda invadido duas vezes, em 1637 e 1649, pelos holandeses que ocupavam a região onde hoje se encontra o Estado de Pernambuco, mantendo-se a ele subordinado até conquistar sua autonomia, em 1799. O desenvolvimento da pecuária em Pernambuco e na Bahia levou criadores a ocuparem o interior do Ceará. As vilas foram se formando junto às grandes fazendas ou nos pontos de descanso das tropas vindas do sul. Em 1824, o Ceará participou da Confederação do Equador, juntamente com os Estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. O Estado começou a se desenvolver na segunda metade do século XIX, com a chegada da navegação a vapor, das estradas de ferro, da iluminação a gás e do telefone. Foi a primeira província brasileira a libertar os escravos, em 1884, e também uma das primeiras a aderir à República. Fortaleza - Ocupando área de 336 km2, a capital do Estado do Ceará encontra-se localizada no litoral da costa atlântico-norte brasileira, a uma altitude de apenas 27 metros, distante 2.285 km de Brasília, a capital federal. Sua população compõe-se de 53,65 % de mulheres e 46,35 % de homens, ocupados primordialmente na indústria têxtil, de calçados, de couro e de transformação de produtos vegetais, como a castanha-de-caju. É significativo também o volume de mão-de-obra empregado no comércio e no setor de serviços, especialmente o turismo. A cidade de Fortaleza foi fundada em 1810 e é hoje a quinta maior cidade brasileira em número de habitantes. Constitui-se importante centro turístico, com praias constantemente procuradas por turistas brasileiros e do exterior. Entre os principais pontos turísticos da cidade, destacam-se o Museu de Arte e Cultura Populares, localizado no mesmo local onde funciona a sede da EMCETUR, prédio da antiga cadeia local, onde também podem ser encontradas mais de 100 pequenas lojas que comercializam produtos artesanais da região; o Mercado Central, com mais de 600 boxes de vendas dos mais variados artigos, desde produtos artesanais, bordados e redes, a ervas medicinais e artigos de utilidade doméstica; o teatro José de Alencar, que possui estrutura de ferro em estilo art-nouveau, construído em 1910 e restaurado em 1991; o Museu Histórico e Antropológico do Ceará; o Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará; e o Centro de Preservação da História Ferroviária do Ceará. As praias constituem atração especial na região de Fortaleza. No centro da cidade encontram-se as praias de Iracema, Formosa, do Ideal, do Diário, do Meireles e do Mucuripe, atraentes por sua paisagem e oportunidades de lazer em sua orla, como restaurantes, bares e pistas para caminhadas e ciclismo. A paisagem da praia do Mucuripe, com suas jangadas chegando e saindo para a pesca, é muito apreciada por turistas, que podem ainda alugar saveiros para explorar locais do litoral, impossíveis de serem apreciados por terra. Ainda próxima ao centro da cidade de Fortaleza, encontra-se a praia do Futuro, com grandes dunas de areia e águas límpidas, próprias para o banho de mar. Lindas praias cobertas de dunas e coqueiros podem ainda ser encontradas nas proximidades da cidade de Fortaleza. A noroeste, destacam-se as praias de Icaraí e Cumbuco, a sudeste encontra-se o balneário de Porto das Dunas, com o Beach Park e Aqua Park, onde podem ser alugados buggies, barcos e equipamentos diversos para a prática de esportes aquáticos. Outros atrativos turísticos: Aquiraz - Primeira capital do Estado do Ceará, antes que esta fosse transferida para Fortaleza, a cidade de Aquiraz, com 45.000 habitantes, encontra-se próxima ao Porto das Dunas, 31 km a sudeste de Fortaleza. Com arquitetura colonial preservada ao longo do tempo, destacam-se como atrações da cidade as ruínas do colégio dos Jesuítas e dois edifícios situados na Praça Cônego Araripe, que abrigam a igreja de São José Ribamar, construída em 1756, e o Museu de Arte Sacra, cuja construção remonta também ao século XVIII. Beberibe - Nas redondezas de Beberibe, 78 km a sudeste de Fortaleza, encontramse praias classificadas entre as mais bonitas do Nordeste brasileiro como Morro Branco e Fontes, onde cascatas de água límpida descem das colinas para o mar, e onde também pode ser encontrada (em Fontes) uma pequena gruta de rocha, que emerge da água nas ocorrências de maré baixa. Outras praias de rara beleza da região incluem as de Marambaia, Barra da Sucatinga e Pirajuru. Baturité - Localizada 92 km a sudoeste de Fortaleza, encontra-se na serra de Baturité um dos pontos mais altos do Estado do Ceará, o Pico Alto, com 1.114 metros de altura. A região oferece diversos atrativos naturais aos visitantes, como cachoeiras e vegetação exuberante, além da beleza da arquitetura colonial do século XVIII. Juazeiro do Norte - Localizada 520 km ao sul do Estado do Ceará, é a maior cidade do Estado. Como principal ponto turístico da cidade, destaca-se o monumento ao Padre Cícero, com 27 metros de altura (terceira maior estátua do mundo), responsável pela maior romaria do norte e nordeste do País. Destaca-se também o rico artesanato em madeira, palha, couro e sisal da região, assim como trabalhos realizados em ouro. Crato - Situada a 542 km de Fortaleza, a cidade foi criada no século XVII. A região oferece diversos atrativos naturais aos visitantes, além de balneários que se formam ao Sopé da Chapada do Araripe, com suas Estâncias Hidrominerais e Clubes de Veraneio. Parque Nacional Ubajara - Fundado em 1959, com área de 563 hectares, está situado na região noroeste do Estado, 350 km a leste de Fortaleza. No interior do parque encontra-se estreita faixa da Chapada de Ibiapaba, que forma a divisa entre os Estados do Ceará e Piauí. Trata-se de região acidentada, com altitudes significativas para a área, e diferentes tipos de rochas, que formam grutas de vários tamanhos. A vegetação predominante é de palmas de carnaúba, juazeiros e cactus. A fauna inclui raposas selvagens, macacos, marsupiais, porcos-espinhos e várias espécies de pássaros. O parque possui ainda grande quantidade de cursos d’água, cachoeiras e um pequeno lago. Sua maior atração, no entanto, é a Gruta de Ubajara, uma caverna situada a 535 metros de altitude, com formações de stalactite e diversas câmaras nomeadas em função de suas formações rochosas: "Sala da Rosa", "Sala do Cavalo", "Oratório" etc. Na entrada da gruta encontra-se o "Sino de Pedra", uma rocha que ecoa como o som de um sino, quando golpeada. Alguns Projetos do Governo do Estado SANEAR - O Programa de Infra-Estrutura Básica e Saneamento de Fortaleza (SANEAR) foi instituído pelo Governo estadual com o objetivo de melhorar a qualidade ambiental da cidade e elevar o padrão de vida da população urbana, através de obras de esgotamento sanitário, drenagem pluvial e coleta e disposição dos resíduos sólidos. Trata-se de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que colocou o Estado do Ceará em sua pauta de prioridades, em razão da credibilidade administrativa alcançada por sucessivos Governos do Estado e a eficiência na solução dos problemas públicos. O SANEAR divide-se em três sub-programas: Drenagem Urbana, Esgotamento Sanitário e Limpeza Pública. Além de reforçar as instituições ou organismos estaduais e municipais encarregados da operação e manutenção dos vários serviços prestados, o Programa inclui a implantação de um projeto de educação sanitária e a instalação de equipamentos de macro e micro medidores de água no município de Fortaleza. Entre os benefícios imediatos trazidos pelo Programa, encontra-se a geração de empregos diretos e indiretos; a geração de renda; a preservação e conservação do meio-ambiente; a melhoria da qualidade de vida da população; e o controle ambiental das fontes potencialmente poluidoras na Região Metropolitana de Fortaleza. Projeto Habitar - Destinado a melhorar o padrão de moradia nas periferias urbanas do Estado, o Projeto Habitar engloba uma visão abrangente do espaço de convivência humana, pois inclui, além da construção da moradia, o fornecimento de saneamento básico, acesso a serviços urbanos e aos equipamentos sociais, bem como a preservação ambiental. Os núcleos beneficiados representam micro-áreas que se encontram social e economicamente segregadas da cidade, seja pela ausência de infra-estrutura, ou pela ocupação indevida. As famílias que ocupam tais áreas de risco são reassentadas em terrenos próximos, providos de toda infraestrutura. As casas são construídas em regime de mutirão, administrado por uma Sociedade Habitacional legalmente constituída pelos beneficiários, cabendo ao Poder Público o fornecimento do material de construção e a orientação técnica, além do terreno. Contando exclusivamente com recursos do Governo do Estado, aplicados pela Secretaria do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, este projeto vem se desenvolvendo desde julho de 1991 e abrange sete municípios, beneficiando um total de 12.850 famílias. PROURB - O Projeto de Desenvolvimento Urbano do Estado do Ceará (PROURB) visa à melhoria da infra-estrutura urbana e ao gerenciamento dos recursos hídricos do Estado. O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) financia 62 % dos US$ 242,7 milhões previstos para os investimentos programados, num prazo de cinco anos. As ações do PROURB/CE incluem a ampliação do Projeto Habitar, com o aumento da oferta e distribuição de água em áreas prioritárias, apoiado em eficiente sistema de gestão. A implementação desse projeto implica a ação dos setores públicos envolvidos, especialmente as Prefeituras Municipais. A Secretaria do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente coordena o Projeto com apoio da Secretaria de Recursos Hídricos e do Banco do Estado do Ceará, gestor dos Fundos de Financiamento do PROURB/CE. PAPP/São José - Tem como objetivo financiar investimentos e/ou empreendimentos em comunidades rurais no Estado, com a meta de financiar 4 mil projetos (produtivos, infra-estrutura e sociais) e atender a 120 mil famílias. A execução do projeto está a cargo da Secretaria de Planejamento (SEPLAN) e o público-alvo são pequenos produtores rurais, pescadores, artesãos, donas-de-casa, mães e pais de jovens e grupos similares, que pretendam incrementar ou estabelecer pequenos negócios. O projeto abrange todos os municípios, com exceção daqueles que integram a Região Metropolitana de Fortaleza. PRODETUR - O Programa de Ação para o Desenvolvimento do Turismo no Nordeste compõe-se de múltiplas ações que visam à implantação de infra-estrutura favorável para a atividade turística no Ceará. Visa, também, a incentivar investimentos na indústria do turismo, na agroindústria e em serviços complementares às atividades de turismo e, por conseqüência, reduzir os efeitos de encadeamentos indiretos sobre o emprego e a renda. Nesse sentido, coloca-se como instrumento de orientação e parceria em investimentos das inciativas pública e privada. Ao governo cabem as ações de infra-estrutura básica, fortalecimento institucional local, conservação ou recuperação do meio-ambiente e de orientação de investimentos. Cabe à iniciativa privada a implementação de investimentos em projetos de prestação de serviços e de atividades produtivas, que assegurem o desenvolvimento econômico da região. Porto do Pecém - O projeto objetiva desafogar o Porto do Mucuripe e criar uma infra-estrutura para viabilizar outros projetos do Estado, voltados à interiorização econômica. O empreendimento terá acesso facilitado pela rodovia translitorânea, que está sendo implantada através do PRODETUR. O porto tem as seguintes características: . Tipo "off-shore"; . Dois piers de atracação; . Quebramar de proteção de 1.700 metros de comprimento; . Calado de 15 metros a 16,5 metros. PROARES - O Programa de Apoio às Reformas Sociais está centrado na melhoria de vida de crianças e adolescentes que se encontram fora da escola e em situações de risco pessoal e social. Tem três componentes básicos: (1) capacitação de beneficiários e entidades não-governamentais; (2) fortalecimento institucional dos órgãos participantes; e (3) investimentos em experiências exemplares. O PROARES pretende potencializar os programas sociais exitosos e atuar de forma criativa e integrada no combate às causas da pobreza de crianças e adolescentes. O Estado do Rio Grande do Norte Localizado no extremo nordeste do território brasileiro, o Rio Grande do Norte ocupa área de 53.306,8 km2, o que corresponde a cerca de 0,62 % da superfície total do País. Limita-se ao norte e a leste com o oceano Atlântico, numa extensão litorânea de 410 km; ao sul com o Estado da Paraíba; e a oeste com o Estado do Ceará. As características de seu relevo apresentam extensão de planalto ao norte; terras baixas contornando o planalto a leste, norte e oeste; e maciços isolados nas regiões sul e oeste. Sete zonas fisiográficas distintas podem ser identificadas no Estado: Salineira, Litoral, Agreste, Centro-Norte, Seridó, Chapada do Apodi e Serrana. A maior parte do território do Estado está incluída no Polígono das Secas, região delimitada pelo Governo Federal em 1951, com o objetivo de combater as secas no Nordeste e promover o desenvolvimento econômico e social da região. O clima predominante no Rio Grande do Norte é o tropical semi-árido, exceto na costa litorânea oriental e regiões de relevo mais elevado no interior, onde a umidade é alta e as temperaturas médias são de 20º C. No interior, as médias térmicas ficam em torno de 27º C, com pequenas variações ao longo do ano e chuvas escassas, cujo volume não ultrapassa 800 mm ao ano. As precipitações no litoral chegam a alcançar 1.000 a 1.500 mm por ano, sendo mais intensas nos meses de março e junho. As temperaturas mais quentes costumam ser registradas no mês de fevereiro. Grande parte dos rios da bacia hidrográfica do Estado é temporária, em virtude da escassez de chuvas. Nas regiões do Agreste e do Litoral, no entanto, encontram-se rios perenes, que beneficiam as regiões por eles cortadas. Destacam-se entre os mais importantes do Estado, os rios Mossoró, Apodi Assu, Piranhas, Potengi, Trairi, Jundiaí, Jacu, Seridó e Curimataú. A população do Estado do Rio Grande do Norte é de 2.634.945 habitantes, distribuídos em 152 municípios. A cidade mais populosa é Natal, capital do Estado, com 692.164 habitantes, seguida por Mossoró (220.140 habitantes), Parnamirim (83.044 habitantes) e Ceará-Mirim (56.756 habitantes). A população urbana é de 1.818.112 habitantes, o que corresponde a aproximadamente 70 % do total. Os moradores na zona rural somam 816.833 e representam cerca de 30 % da população total. A densidade demográfica do Estado é de 49.43 habitantes por km2. As mulheres representam 51 % da população do Estado do Rio Grande do Norte, enquanto os homens respondem por 49 % . O índice de mortalidade no Estado é de 4,1 por mil e a taxa de mortalidade infantil é de 83,9 por mil nascidos vivos. A população na faixa etária de 0 a 14 anos de idade representa 37 % do total; entre 15 e 59 anos, corresponde a 54 %; e o grupo na faixa etária de 60 anos ou mais, não passa de 8,3 % do total de habitantes. Existem 4.526 escolas de ensino fundamental no Estado do Rio Grande do Norte; 243 escolas de ensino médio; e cinco escolas de nível superior. O índice de alfabetismo no ano de 1991, era de 64%. O chefe do Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Norte é o Governador, eleito, como todos os governadores dos outros Estados da Federação, para um mandato de quatro anos. O atual Governador do Estado, Senhor Garibaldi Alves Filho, foi eleito em 3 de outubro de 1994, pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). O Estado encontra-se representado no Congresso Nacional em Brasília, capital do País, por três senadores e oito deputados federais. A Assembléia Legislativa estadual compõe-se de 24 deputados estaduais. Nas eleições de 1994, o Rio Grande do Norte contava com 1.491.112 eleitores. Economia - A agropecuária e as atividades de mineração constituem a base da economia do Estado do Rio Grande do Norte. Na agricultura destaca-se a produção de abacaxi, cana-de-açúcar, feijão, milho, mandioca, côco-da-baía e castanha-decaju. A pecuária inclui rebanhos bovinos e a criação de suínos e ovinos. As riquezas minerais representam o potencial mais significativo no campo dos recursos naturais disponíveis. Entre as ocorrências minerais identificadas e exploradas no Estado, encontram-se reservas de xilita (minério de tungstênio), gesso ou gipsita, calcário, mármore, monazita e berilo. A riqueza das salinas tornou a extração do sal marinho um dos sustentáculos da economia da região. As reservas de petróleo permitiram um volume de exploração de 4,5 milhões de m3 em 1992. No setor industrial destaca-se a produção de cerâmica, bem como a indústria têxtil e de confecções. O litoral atlântico oferece ainda excelentes condições para a pesca, largamente praticada na região, constituindo-se importante fonte de renda para parcela considerável da população. Formação Histórica - A ocupação do Rio Grande do Norte pelos portugueses aconteceu a partir do final do século XVI, com a expulsão dos franceses que ocupavam a região desde 1535. Em seguida à vitória contra os franceses, foi construída, em 1598, uma fortaleza, chamada Fortaleza dos Reis Magos, dando origem à cidade de Natal, que passou a se constituir a mais setentrional defesa do Estado Português na região que viria a ser mais tarde, o Brasil. O povoamento, no entanto, se deu lentamente até 1633, quando a região foi conquistada pelos holandeses que a ocuparam durante 20 anos, tendo os índios nativos como fortes aliados. Os holandeses desenvolveram a exploração do sal, o cultivo da cana-daaçúcar e a criação de gado. Em 1654 os portugueses lograram finalmente expulsálos, mas tiveram, em seguida, que enfrentar forte rebelião das tribos indígenas - a Confederação dos Cariris - contra o regime de escravidão a que eram submetidas. Essa guerra durou até o final do século XVII. A partir de 1701 a capitania do Rio Grande do Norte passou a ser subordinada à capitania de Pernambuco, o que se constituiu sério entrave ao seu desenvolvimento. Apenas em 1824 recebeu o status de província, tornando-se Estado com a Proclamação da República, em 1889. Devido à sua posição geográfica estratégica (é a costa mais próxima da Europa, pelo roteiro da África), o Rio Grande do Norte foi, por várias vezes, escolhido como local de experiências pioneiras da aviação transatlântica, ou base para abastecimento e apoio logístico a operações militares. Durante a II Guerra Mundial os norte-americanos construíram no tabuleiro do Parnamirim, uma grande base aérea, criando a "Ponte do Atlântico para a África", de fundamental importância para a dominação do poderio nazista e a vitória dos aliados na guerra. Nesse período, a cidade de Natal adquiriu traços de metrópole cosmopolita, onde conviviam estrangeiros de várias origens. Durante o período em que as jazidas de tungstênio abasteciam os arsenais de guerra, a pobreza da região era atenuada. Natal - Localizada no litoral atlântico, a cidade de Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte, está a 2.507 km de distância de Brasília, capital do País. A origem do nome Natal encontra-se na data de sua fundação: 25 de dezembro de 1599. Com área de 167,9 km2, sua população é formada por 53 % de mulheres e 46 % de homens aproximadamente. A economia local baseia-se na indústria de confecções e cerâmica, no comércio e no turismo. Sua região litorânea é muito procurada por visitantes de todas as partes do Brasil, que desfrutam da beleza de suas imensas dunas de areia, do aconchego de suas praias e das águas de temperatura agradável e colorido singular. São muito populares os passeios de bugre que podem ser realizados pelas dunas de areia nas redondezas da região. Entre as principais atrações turísticas da parte leste da cidade, encontram-se o Farol Mãe Luiza, localizado na praia de Areia Preta, além das praias do Meio, dos Artistas, Pinto e Barreira d'Água. Na direção norte encontra-se a praia do Forte, núcleo inicial da cidade de Natal; a praia da Redinha; as dunas do Cabo de São Roque, conhecido como o cotovelo do Brasil, por sua localização geográfica; a praia de Genipabu, com suas gigantescas dunas de areia; e a colônia de pescadores de Pitangu, situada às margens de uma lagoa de águas cristalinas. Em direção ao sul, encontram-se algumas das praias mais atraentes do Estado, como a praia de Ponta Negra e Pirangi do Norte, onde um cajueiro de proporções gigantescas é também a atração local. Forte dos Reis Magos - Construído na foz do rio Potengi em 1598, para servir de fortaleza contra os franceses, o forte foi reconstruído em 1614, pelo arquiteto português Francisco Frias, responsável também por outras importantes edificações no Brasil, como o Mosteiro de São Bento, na cidade do Rio de Janeiro, e os fortes de São Luiz, no Estado do Maranhão, e Cabo Frio, no Estado do Rio de Janeiro. O Forte dos Reis Magos é considerado a melhor obra do arquiteto português no Brasil. Em forma de estrela, tem perímetro de 250 metros, com cinco baluartes, permitindo que os tiros de defesa contra o inimigo fossem desfechados em duas direções ao mesmo tempo. Barreira do Inferno - No município de Parnamirim, 20 km ao sul do centro da cidade de Natal, encontra-se a base brasileira de lançamento de foguetes espaciais, juntamente com o centro de pesquisas espaciais da Aeronáutica. O nome Barreira do Inferno refere-se ao tom avermelhado das areias da região. O local pode ser visitado por turistas, com permissão providenciada, com antecedência, junto à Aeronáutica. Belo Horizonte dá Exemplos de Desenvolvimento Com a aproximação de seu centenário, Belo Horizonte tem se notabilizado em nível mundial pelas inúmeras ações implementadas pela administração, em busca do bem estar e desenvolvimento social. Projetos como o "Orçamento Participativo", "Alvorada", "Catadores de Papel", "Vida" e "Lagoinha", foram debatidos nos fóruns regionais preparatórios para a conferência Habitat II, e durante o próprio evento, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), no período de 3 a 14 de junho de 1996, em Istambul, Turquia. As experiências implementadas na capital mineira, consideradas como bestpractices pelos organizadores do Habitat II, integraram uma pré-seleção de temas para a conferência e foram apresentadas pela Secretaria Municipal de Assuntos Extraordinários no evento e nos seminários preparatórios, como os ocorridos nas cidades de Quito (Equador), Dubai (Emirados Árabes), Yokohama (Japão) e Havana (Cuba). A participação nesses fóruns e a repercussão positiva dos trabalhos contribuíram para a inserção de Belo Horizonte no cenário internacional, abrindo perspectivas à captação de recursos para novos programas sociais e investimentos no desenvolvimento do município. A vitoriosa experiência do Orçamento Participativo, no qual a população discute e define de maneira ativa a aplicação dos recursos arrecadados pela cidade foi apresentada em Quito e Yokohama, impressionando os participantes desses fóruns. O Orçamento Participativo foi considerado como um passo fundamental para o aperfeiçoamento e consolidação da democracia, pois possibilita que cada cidadão determine as prioridades de investimentos em seu bairro, região e cidade. O Orçamento Participativo permite que o morador da cidade deixe de ser mero espectador das decisões do governo, transformando-se em sujeito das ações administrativas. O projeto Catadores de Papel, desenvolvido pela Prefeitura de Belo Horizonte em parceira com a Caritas-Suiça e a Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Materiais Reaproveitáveis (Asmare) é um exemplo de atuação entre um órgão público e organizações não governamentais. Através dele, cerca de 250 moradores das ruas da cidade, que viviam em condições sub-humanas, tiveram a importância de seu trabalho reconhecido, atingindo sensível melhoria na qualidade de vida. A essência do projeto é o resgate da cidadania desses moradores da capital do Estado de Minas Gerais, que desempenham papel fundamental na limpeza urbana e reciclagem de lixo. O trabalho com os catadores de papel, que foi tema da Conferência Anual de Imprensa da Caritas-Suiça, realizada em novembro de 1995, foi apresentado no fórum regional do Habitat II, ocorrido em Quito. Apresentado no fórum regional de Dubai, o Programa Alvorada visa à reurbanização de vilas e favelas, com implantação de obras de drenagem e pavimentação de áreas degradadas. Desenvolvido em parceria com a Avsi organização não-governamental italiana - o programa é voltado para a melhoria da qualidade de vida da população de baixa renda. O Alvorada está em andamento em seis vilas e favelas da capital mineira, devendo beneficiar cerca de 7,6 mil famílias. O projeto de revitalização integrada da Lagoinha - um dos bairros mais tradicionais de Belo Horizonte - foi apresentado no fórum de Havana. Além da intervenção urbanística, o projeto chama atenção pela intensa participação dos moradores do local, que terão significativa melhoria na qualidade de vida. Juntamente com a restauração e conservação do conjunto arquitetônico da Lagoinha, o projeto prevê a preservação das atividades econômicas e a identidade cultural da região. Também as ações da Prefeitura na área de saúde foram incluídas nas discussões preparatórias para o Habitat II, através do Projeto Vida, que tem o objetivo de favorecer o acesso da população ao atendimento e serviços de saúde através da reorganização de todo o sistema. Priorizando o atendimento à criança, o projeto é dividido em seis sub-projetos que englobam a vigilância à mortalidade infantil, prevenção e combate à desnutrição, acolhimento dos pacientes, atenção pré e perinatal, atenção à saúde mental e atenção à saúde bucal. Além desses, a Secretaria Municipal de Assuntos Extraordinários atua na captação de recursos para a implementação de outros projetos importantes para Belo Horizonte, como o PROSAM, SOMMA, PAMPULHA E PROMEVIDA. O Prosam é destinado ao saneamento e recuperação ambiental dos vales dos rios Arrudas e Onça. O projeto prevê obras de canalização, saneamento básico, construção de estações de tratamento de esgoto e reassentamento de 1,6 mil famílias que vivem na região. Financiado pelo Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), os custos da implantação do Prosam giram em torno de US$ 307 milhões. O projeto contempla ainda a implantação de um Jardim Botânico na área da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte. O Projeto Pampulha busca a recuperação da Bacia Hidrográfica da Pampulha em seus aspectos ambiental, sócio-econômico e urbanístico, através da recuperação de áreas degradadas. O projeto vai atacar as causas da poluição da Lagoa da Pampulha através do controle de resíduos sólidos domiciliares, controle da poluição dos afluentes e recuperação dos locais assoreados. Além dessas iniciativas, parte dos recursos, que estão sendo negociados com a OECF, serão destinados à educação ambiental da população e monitoramento constante dos trabalhos efetuados. Com o objetivo de estender em 1,9 quilômetro a Avenida D. Pedro II - importante corredor de tráfego da cidade - entre o Anel Rodoviário e Avenida Presidente Tancredo Neves, o Projeto Somma visa à remoção e reassentamento de 1,864 famílias - cerca de oito mil pessoas. Além da implementação de infra-estrutura urbana no Vale do Rio São José, com esgotamento sanitário, canalização e implantação de saneamento básico, o Somma inclui ainda uma proposta de reformulação e modernização institucional da Prefeitura de Belo Horizonte. A linha de crédito para o Somma é negociada com o BIRD e prevê recursos da ordem de US$ 36,8 milhões. Já o Promevida tem os recursos negociados com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e visa à recuperação e saneamento de fundos de vales e reurbanização de favelas e áreas da cidade, que representam risco para os moradores. Esses projetos, juntamente com todas as ações administrativas desenvolvidas pela Prefeitura de Belo Horizonte, vêm melhorando sensivelmente a qualidade de vida de cada cidadão e elevando o nível de desenvolvimento da capital mineira, que a cada dia se distingue entre as grandes metrópoles mundiais.