Chineses querem visitar central de energia do Pico Mas não há ainda qualquer viagem prevista 2012-02-29 08:27 O embaixador da China em Portugal manifestou «interesse em visitar a central do Pico», nos Açores, mas, segundo a Embaixada, a viagem não está prevista para já. «Tivemos um pedido do embaixador chinês para visitar a central do Pico. Não sei exatamente o que estará por trás disto, mas sei que a China tem interesse na energia das ondas», disse à Lusa o presidente do Centro de Energia das Ondas, António Sarmento. No entanto, o secretário do embaixador da China em Portugal adiantou que, de momento, não há planos para uma visita do diplomata aos Açores, salvaguardando que «isso não impede que futuramente possa haver um ponto de cooperação da China» com os responsáveis pela central de ondas do Pico. O responsável sublinhou ainda que Portugal tem «tecnologias de ponta» no que se refere às energias renováveis e que «vários cientistas e investigadores chineses têm interesse» neste tipo de tecnologias. Também Teresa Simas, investigadora do Centro, uma instituição privada sem fins lucrativos, disse que foi recebida «uma indicação da Embaixada [da República Popular da China em Lisboa] de que o embaixador quer visitar» a central do Pico. «Não sei os contornos deste interesse, não sei que tipo de discussão vão ter connosco, mas, pelo menos, houve esse interesse da parte do embaixador chinês de visitar aquela infraestrutura». António Sarmento explicou depois que uma das mais-valias da infraestrutura do Pico reside no facto de se tratar de «uma central de teste, na medida em que permite testar outros equipamentos além dos que lá estão». O presidente do Centro de Energia das Ondas dá um exemplo: «Se houver algum fabricante que queira mostrar que o componente que desenvolve é fiável, tem de mostrar que esse equipamento funciona regularmente e continuadamente num ambiente real». «Não há muitas centrais no mundo - para não dizer nenhuma - que permitam fazer isto. A central do Pico é a única que tem características que permitem o teste temporário e continuado de componentes. Construída em 1999 na localidade de Cachorro, a infraestrutura está integrada numa rede europeia, a Marinet, que «financia a utilização da central por empresas ou centros universitários ou de investigação» que queiram usar o equipamento para desenvolver os seus projetos, adiantou António Sarmento. O responsável disse que a Marinet atribuiu «um financiamento que anda à volta dos 250 a 300 mil euros para três anos», uma verba que «não paga as obras» necessárias à central. Para isso, o Centro de Energia das Ondas pretende apresentar uma proposta ao Governo Regional dos Açores. Conhecida como coluna de água oscilante, a tecnologia da central de ondas do Pico tem poucos componentes e o seu funcionamento é simples: as ondas passam por uma estrutura com um compartimento oco acima da superfície da água, cuja oscilação movimenta um fluxo de ar através de uma turbina instalada no topo do compartimento oco. O elemento mais importante e inovador desta tecnologia é a turbina, concebida especificamente para esta estrutura.