Energia
Central de ondas do Pico em risco de abandono por falta de
financiamento de 500 mil euros
2010-12-27, 07h15
Lisboa, 27 dez (Lusa) -- O projeto da central de energia das ondas do Pico, uma das únicas do género
no mundo, está em risco de ser abandonado porque a entidade gestora não consegue financiamento
de 500 mil euros para recuperar a estrutura.
"A possibilidade de a Central de Ondas do Pico ser abandonada é mais do que real. A central está com
problemas na estrutura, que está erodida, e não temos conseguido arranjar o financiamento necessário
para o reparar", disse em entrevista à Lusa António Sarmento, presidente da direcção do Wave Energy
Center.
O Wave Energy Center é uma entidade sem fins lucrativos que faz estudos sobre energias oceânicas
(essencialmente ondas e eólica off-shore) e que gere a central de ondas do Pico, um projeto com mais
de 10 anos que já sofreu uma remodelação e que desde 2005 tem vindo a funcionar, com um aumento
crescente do número de horas e de produção de energia.
"Para recuperar a estrutura estamos a falar de 500 mil euros", disse António Sarmento, explicando que
as dificuldades em obter financiamento existem porque "nenhuma das empresas [inicialmente
associadas ao pronjeto, entre as quais a EDP e a EFACEC] vê na central do Pico um elemento direto
da sua estratégia" nesta área.
"O Estado normalmente financia as criação de nova tecnologia, novos produtos e a Central do Pico já
lá está, já recebeu o apoio [quatro milhões há dez anos e em 2005 recebeu mais 500 mil do Estado]",
recordou o professor.
António Sarmento referiu que a central "vai ser inscrita na Rede Europeia de Infraestruturas de
Investigação e Desenvolvimento da Energia dos Oceanos" e notou que "deve ser das poucas em
Portugal inscritas numa rede" do género.
"A central do Pico é um exemplo claro da perseverança que se tem de ter nestas áreas, de que não se
pode desistir às primeiras tentativas", disse a mesma fonte.
"Se não fosse a propensão em Portugal para desprezarmos tudo aquilo que fazemos, neste momento a
central poderia ter uma muito maior visibilidade", já que a funcionar como esta há poucas, acrescentou.
"Há uma na Escócia, mas com muito menos potência", no Japão há uma que não sei se ainda está a
funcionar e na Índia outra que se funcionar é esporadicamente. Mas estamos a falar de duas ou três no
mundo, por isso dá pena que o país não seja capaz de aproveitar", disse.
O Wave Energy Center tem, por isso, objetivos claros para o próximo ano. "Em ligação com o
ministério da Ciência e Tecnologia e com o governo regional, queremos criar as condições para que a
central se torne num centro de testes para novo equipamento deste tipo de tecnologia", disse António
Sarmento.
Para isso, "e para receber condignamente as equipas europeias que no âmbito da Rede venham à
central do Pico", a entidade estima que vai precisar de mais um milhão de euros.
Em 2010, a central do Pico esteve a funcionar ininterruptamente desde meados de setembro até
meados de dezembro e foi desligada agora por questões de manutenção. Ou seja, já vai em 1300
horas de operação este ano (face às 265 de 2009), com uma potência média de 40 kilowatts/hora.
NVI
***Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico***
Fonte: Agência LUSA
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