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Classificação do artigo 15 abr 2015 O Globo
EDUARDO BRESCIANI [email protected] (Colaborou André de Souza)
Deputado se registrou em nome de
construtora para visitar estatal
Delator disse ter recebido de Germano propina paga pela Fidens Engenharia
­BRASÍLIA­ Acusado pelo ex­diretor Paulo Roberto Costa de ter pago propina em nome da empresa
Fidens Engenharia, o deputado José Otávio Germano (PP­RS), sob investigação no Supremo Tribunal
Federal pelo STF, aparece nos registros da Petrobras como representante da construtora. Germano esteve
dez vezes na Petrobras entre 2007 e 2013, segundo as informações obtidas pelo GLOBO por meio da Lei
de Acesso à Informação. Em sete oportunidades, a visita foi ao ex­diretor.
ANDRE COELHO
Conversa. Os deputados José Otávio Germano ( gravata azul) e Luiz Fernando Faria no
plenário da Câmara
A vinculação do parlamentar à empresa é reforçada pelo registro de uma visita feita em 10 de
dezembro de 2008. Germano, que já era deputado na época, entrou no edifício sede pelo subsolo para
visitar Costa. O formulário da Petrobras prevê a indicação do nome, do documento e da empresa do
visitante. No campo destinado à empresa está registrado “Fiens”, com o nome da construtora grafado de
forma incorreta.
R$ 200 MIL COMO “AGRADO”
No caso dos outros políticos investigados que visitaram a empresa — 26 conforme revelou o GLOBO —
ficou registrado que eram deputados ou senadores, ou o campo ficou sem a informação. No dia em que se
identificou com o nome da Fidens, Germano entrou no prédio da Petrobras às 10h51m e saiu 40 minutos
depois.
Segundo o relato de Costa, Germano e o também deputado Luiz Fernando Faria ( PPMG) lhe
solicitaram que a Fidens passasse a ser convidada a participar das licitações da Petrobras. Entre 2010 e
2011, segundo o delator, os dois lhe convidaram para um encontro em um hotel no Rio e lhe entregaram
R$ 200 mil como um “agrado” da empresa.
Costa destacou que a situação era inusitada porque, nesse caso, não tinha havido pedido de propina
da parte dele.
“Não tratei nada de percentual com eles, não discuti nenhum assunto em relação a isso. Obviamente
que a empresa ganhando deve ter dado comissão para eles. Aí eles me chamaram e disseram: “Olha, a
empresa mandou aqui um agrado para você”. Os dois me chamaram e me disseram que a empresa
mandou lá os R$ 200 mil. Não cobrei nada, não pedi nada”, disse Costa, em depoimento prestado em 11
de fevereiro deste ano.
Costa afirmou que o pagamento foi feito no Hotel Fasano, em Ipanema, no Rio, no qual os deputados
estavam hospedados. Ele recebeu o dinheiro em uma sacola e levou para casa. Entrou e saiu do hotel pela
porta principal. O Ministério Público Federal pediu que sejam verificados os registros do Fasano, para tentar
comprovar essa parte da acusação.
Na Petrobras, além da visita em dezembro de 2008, Germano esteve com Costa em agosto de 2007,
junho e julho de 2008, janeiro, fevereiro e dezembro de 2010. O deputado voltou à Petrobras duas vezes
após a saída de Costa da companhia.
Ele visitou em dezembro de 2012 e em fevereiro de 2013 José Carlos Cosenza, sucessor de Costa na
diretoria de Abastecimento. O primeiro registro da presença de Germano na Petrobras é de 2007, quando
esteve com o então presidente José Sérgio Gabrielli.
FARIA FEZ APENAS UMA VISITA
Acusado junto com Germano, o deputado Luiz Fernando Faria aparece apenas uma vez nos registros.
Ele esteve na Petrobras somente em julho de 2008. Faria também entrou pela garagem. Chegou às
15h57m, identificou­se como deputado e ficou 1h42m na companhia.
O GLOBO entrou em contato com o gabinete dos dois parlamentares. Ambos recomendaram procurar
o advogado Marcelo Bessa, que os defende. O advogado não atendeu aos telefonemas nem retornou
mensagem com questionamentos sobre o tema. A Fidens foi procurada e não respondeu.
Ontem, a CPI da Petrobras aprovou a convocação de 17 pessoas para prestar esclarecimentos. Entre
elas está Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de
corrupção. Também será ouvido o exdiretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.
Completam a lista 15 pessoas, a maioria executivos de empreiteiras com contratos com a estatal.
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