QUESTÕES DA VIDA NACIONAL, PESSOAL E MILITAR, MUITO
GRAVES. BASTA DE LABIRINTOS!
João Andrade da Silva
Falo, no aqui e agora, com a mesma atitude de honestidade, lealdade e frontalidade
como sempre falei: em textos escritos, notas oficiais e comentários, nunca me eximi
às minhas responsabilidades e ao meu dever e direito de pensar no que de melhor
pode ser feito pelo meu país e pela Instituição militar, e sobre estas matérias, de
certeza que, com verdade, ninguém encontra, a nenhum nível, qualquer contradição
entre o que disse e fiz, e quanto a propostas elas estão onde devem estar, foram
oficiais, portanto, continuo na senda de sempre. E, de um modo muito preciso e claro,
parece-me ser um DEVER MORAL, ÉTICO E PÁTRIO, DIZER - BASTA DE
INSENSIBILIDADE SOCIAL, MANIPULAÇÃO DOS SIGNIFICADOS E INJUSTIÇA.
I- A QUESTÃO NACIONAL
Não me vou deter muito sobre esta matéria que, de um modo bastante
desenvolvido, tenho abordado no blogue Liberdade e Cidadania.
Todavia devo dizer que quanto mais contacto com profissionais de outros
ramos, como professores das nossas universidades, médicos e jovens
licenciados e seus pais, mais sinto a completa descrença nesta Governação,
na ficção em que o governo caiu, julgando que os cidadãos portugueses
apalermados aceitam que, por exemplo, um médico da carreira hospitalar,
quase no topo da hierarquia e com décadas de serviço ganhe 1600€ mês,
vencimento líquido.
De facto o governo ou não quer saber de nada, ou está mal informado. Os
profissionais de várias áreas estão à beira de um ataque de nervos, como
estão os lojistas, os empregados do comércio e os empresários que
produzem para o consumo interno que é reduzidíssimo, não pela tal
sapiência da poupança dos portugueses, como a RTP1 e o Governo dizem
numa adulteração imoral dos significados, mas sim, em muito casos,
mesmo quase todos, por miséria, ou falta de vencimentos, que cubram as
despesas normais.
Diz o governo que se está a exportar mais, mas as exportações
representam uma parte muito pouco significativa do nosso produto
interno bruto (PIB). É importante que as exportações cresçam, mas em
termos das suas consequências o crescimento de 13% não terá grandes
efeitos.
Quase todos compreendem que é preciso reorganizar o País, acabar com o
regabofe do despesismo e consumismo, mas também, quase todos
compreendem, à exceção da Sra. Merkel e do governo Português, muito
bonzinho e disciplinado, que o caminho cego da austeridade, levando a
uma recessão gravíssima vai-nos projetar num precipício de
subdesenvolvimento e angústia de uma gravidade só com paralelo nas
epidemias da Idade Média – pestes negras e coisas similares.
II – A QUESTÂO DO ATENTADO À SAÚDE MENTAL DOS SERVIDORES DA NAÇÃO
Perante a ignorância, quase geral, de quem não devia ser tão ignorante e
arrogante, ao nível do governo, mas sobretudo das associações
profissionais, dos sindicatos, dos comandantes militares e chefias dos
organismos públicos, volto a INSISTIR que é preciso separar o corte do 13º
mês, do 14ª mês, este, é um grave e ilegítimo corte na massa salarial,
enquanto o 13º mês, para além deste ilegítimo corte, é o impedimento
efetivo ao usufruto de um direito e de um bem primário de saúde
pública, no domínio da medicina preventiva nas dimensões: biológica,
psicológica e social.
Como já referi e TODA A GENTE SABE - o facto de não se poder gozar de
programas de lazer nas férias traz, como consequência, o aumento do
stresse disruptivo profissional acumulado e mesmo do familiar, quando
no seu seio houver problemas muito graves, provocadores de
instabilidade emocional.
O aumento do stresse profissional acumulado, como todos sabem, à
exceção do governo e dos demais agentes sociais e políticos acima
aludidos, põe em causa as imunidades biológicas, aumentando a
probabilidade e diversidade de doenças; provoca, ainda, no limite,
exaustão psicológica, o burnout (1), com grave a muito grave afetação na
qualidade e produtividade do trabalho; e também potencia toda a gama de
acidentes de trabalho, porque níveis elevados de concentração são
ANTAGÓNICOS com níveis disruptivos de stresse acumulado, e,
finalmente, a nível das famílias podem avolumar-se tensões geradoras
ainda de mais stresse que terá as suas naturais repercussões no stresse
individual e profissional. É o efeito de cascata, não conhecem? Mas a nível
dos departamentos dos recursos humanos tudo isto é conhecido, e,
nomeadamente nas Forças Armadas nos Centros de Psicologia dos Ramos.
Esta batalha pelo reposição IMEDIATA do 13º mês, ou da sua reposição
até aos mil euros para todos - é UMA BATALHA URGENTÍSSIMA- como
problema que é de SAÚDE PÚBLICA, ao que a HUMANISSIMA EUROPA
não pode ficar Indiferente, e deve subsidiar a fundo perdido esta ação,
como uma intervenção excecional ao nível da defesa e proteção da saúde
mental dos Europeus, neste caso, os Portugueses e os Gregos.
Numa palavra TUDO DEVE SER FEITO - porque é uma exigência
IMPERATIVA DE JUSTIÇA E DE DEFESA DA SAÚDE - para a reposição
imediata do 13ª, que se pode considerar como uma vacina para a saúde
mental, com um custo máximo de mil euros per capita.
É absolutamente lamentável que o governo, os sindicatos, as associações
profissionais e a Comissão Europeia, estabelecidos nas suas rotinas e
burocracias não tenham a menor capacidade de ver esta questão pelo seu
principal ângulo - o da SAÚDE PÚBLICA OU DA SUA FALTA.
Também não deixa de ser muito estranho que os próprios cidadãos, eles
próprios, por manifesta falta de autoconsciência e conhecimento de si, não
apreendam esta trágica dimensão que os afetará de um modo indelével, e,
agora, por muito tempo, numa conjugação trágica de fatores: menos
ordenado, mais inflação e mais impostos, tudo em simultâneo, com a
surpresa, para muitos, terrível, de lá para Agosto ou Setembro de ainda
terem de reembolsar o Estado, em sede do IRS.
III – A QUESTÃO PROFISSIONAL DA NOSSA CARREIRA
Na última conferência pública da AOFA deu para se perceber que tudo o
que diz respeito a carreiras e progressões é diferente de ramo para ramo.
Deu para entender que a situação no Exército é grave, e que no imediato
só um milagre a pode resolver.
Também se falou muito de que a solução tem de ser estrutural e
multidimensional: Missão da Defesa Nacional; planeamento estratégico
com a designação das tarefas para os ramos; alterações significativas nos
estatutos; definição das carreiras: considerando o recrutamento, a
formação, a avaliação do desempenho, a progressão na carreira.
Todavia, neste capitulo da definição das carreiras a intervenção feita
estava pouco estruturada, com muitas coisas à mistura, e, muito embora,
falando de futuro estava, pareceu-me, muita agarrada a âncoras
imobilistas, como a referência à falta de mentalidade da sociedade civil
portuguesa para receber militares qualificados excedentários, e em outras
matérias. O imobilismo das mentalidades é sempre um péssimo
argumento, porque as tais mentalidades mudam.
Não sei se o orador, se quis referir ao que aqui já defendi ao nível das
saídas profissionais, talvez, por mera coincidência, confundiu ter umas
cadeirinhas de psicologia, com o ter uma licenciatura antiga ou o atual
mestrado em psicologia ou outra ciências que não são umas cadeirinhas,
mas são dezenas delas, o que, é muito diferente, e permite em primeiro
lugar distinguir entre ser ignorante ou arrogante e ser sábio, naturalmente,
realidades bem diferentes, mas…
De qualquer modo, as saídas profissionais não são, nunca poderiam, ser a
solução, foram apresentados como uma medida no meio de muitas outras,
e, obviamente, que tratando-se de medidas para o Futuro, têm de ser
pensadas num espaço de 10, 15 anos, que vão ser de grande aceleração
das mentalidades.
Também foi referido o medo sobre as velocidades de progressão em
carreiras funcionais: uns, porque a competição destruiríia a camaradagem;
outros, porque as velocidades diferenciadas permitiriam abusos.
A uns e outros direi que em qualquer sistema desregulado todas as
injustiças se podem praticar, mas há uma verdade que nenhum sistema
pode roubar a um militar ou profissional individual que é o seu mérito.
Nenhum sistema pode tornar um trabalhador intrinsecamente competente
em incompetente, pode, com desvio de poder, persegui-lo e desvalorizá-lo
ilegalmente, mas isso são faltas e ou crimes., objeto de reclamações e
julgamento em sede própria.
Sobre travagens e preterições sei do que falo, porque fui vítima de duas:
uma de capitão para major, e outra de tenente-coronel para coronel,
sempre por causa do mesmo motivo – os meus supostos comportamentos,
como tenente e capitão, no processo do 25 de Abril.
Seja como for, fui promovido ao posto de coronel, porque foi reconhecido
que tinha competência para o efeito, mediante a análise da longa careira
de oficial superior, consequentemente, aconselho a mudar para melhor
sempre, sem MEDO.
Em conclusão espero que nesta matéria, como noutras, se produzam
documentos estruturados que sejam discutidos por todos e não só por
alguns, e que depois, neste caso, só se espere, ou nem sequer - o aplauso
inconsciente dos restantes: se não fazer é péssimo, fazer, o quer que seja,
sem um contributo multidisciplinar e de várias pessoas é a técnica
burocrática e tradicional que sempre nos conduziu a becos.
Voltarei com mais detalhe ao assunto da estruturação das carreiras.
Sexta-feira, dia 13 de Abril de 2012…. Que dia!...
andrade da silva
(1) - Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico de caráter depressivo,
precedido de esgotamento físico e mental intenso, definido por
Herbert J. Freudenberger
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questões da vida nacional, pessoal e militar, muito graves