ECONOMIA CONCÓRDIA Flávio Combat CONJUNTURA – PRODUÇÃO INDUSTRIAL PRODUÇÃO INDUSTRIAL TEM QUEDA DE 0,3% EM JUNHO. EM DOZE MESES, CONTRAÇÃO FOI DE 5,0%. Resumo A Pesquisa Industrial Mensal, divulgada pelo IBGE, apontou contração da produção industrial de 0,3% em junho, na comparação com o mês anterior. Em relação a junho de 2014, a produção da indústria recuou 3,2%. Em doze meses, a produção da indústria brasileira acumulou queda de 5,0%. Na comparação interanual, a contração refletiu a queda de todas as grandes categorias, com destaque para a produção de Bens de Capital (-17,2%) e Bens de consumo duráveis (-2,4%). Considerando o resultado de junho, projetamos que a produção industrial registre contração de 5,2% em 2015. Produção Industrial Mensal (var. %, com ajuste sazonal) Fonte: IBGE. Indústria Geral: A Produção Industrial registrou contração de 0,3% MoM em junho. Na comparação interanual, a queda foi de 3,2%. Em doze meses, a produção da indústria acumulou contração de 5,0%. AVALIAÇÃO: Em junho, na base de comparação interanual, 19 dos 26 ramos da indústria registraram contração. As maiores influências negativas vieram da produção de veículos automotores, reboques e carrocerias (-10,7%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-6,4%) e de máquinas e equipamentos (-14,2%). Outras pressões negativas relevantes vieram: de metalurgia (-7,5%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-17,1%), de produtos alimentícios (-2,1%), de produtos de metal (-6,8%), de produtos de borracha e de material plástico (-4,8%), de produtos têxteis (-9,7%), de bebidas (-4,2%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-4,2%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-4,3%). Bens de Capital: A produção de bens de capital teve queda de 3,3% MoM e apresentou contração interanual de 17,2% em junho. Em doze meses, a variação acumulada foi de -15,4%. AVALIAÇÃO: A produção de bens de capital (que é uma proxy para o investimento e, por consequência, para a capacidade de crescimento da economia) registrou contração de 20,0% no primeiro semestre de 2015, pressionada sobretudo pela redução na fabricação de bens de capital para equipamentos de transporte (-25,8%). ECONOMIA CONCÓRDIA Flávio Combat Bens de Consumo: A produção de bens de consumo registrou estabilidade na margem e queda de 2,4% YoY em junho. Na abertura na base interanual, a produção de bens de consumo duráveis caiu 2,4%; a produção de semiduráveis e não duráveis também caiu 2,4%. Em doze meses, a produção de bens de consumo caiu 5,6%. AVALIAÇÃO: A contração da produção de bens de consumo duráveis vem sendo decisivamente influenciada pela queda na fabricação de automóveis (-15,2% no acumulado nos seis primeiros meses de 2015), bem como pela queda na produção de eletrodomésticos da “linha marrom”, como resultado da forte queda da demanda e das férias coletivas e demissões já anunciadas por esses segmentos da indústria. OPINIÃO - O resultado da produção industrial em junho ficou acima da projeção da Concórdia (-0,5% MoM). - Na comparação interanual e considerando o resultado acumulado em doze meses, a dificuldade vivida pela indústria reflete a inflação pressionada, o aumento do endividamento das famílias, o aumento do custo do crédito e as dúvidas sobre a política econômica a partir de 2015. Esse conjunto de fatores pesa contra decisões de investimento e decisões de consumo, com consequências claras para o setor industrial. - Destaque, em especial, para a contração observada em diferentes subsetores da indústria que produzem bens de consumo duráveis (automóveis, motocicletas, eletrodomésticos e móveis). Esses segmentos, beneficiados nos últimos anos por políticas de estímulo à demanda (via incentivos fiscais), amargam agora um período de contração, dado o comprometimento da renda das famílias com dívidas pregressas (contraídas exatamente para a compra de bens duráveis). A desaceleração do consumo é consequência também do encarecimento do crédito, que reflete a política de aumento dos juros seguida pelo Banco Central. - Vale ainda destacar a contração na produção de bens de capital, um importante indicador da capacidade futura de expansão da atividade. Diante das dúvidas que persistem sobre o desempenho da economia brasileira, muitas decisões de investimento estão sendo adiadas ou abandonadas. - Considerando o resultado de junho, projetamos que a produção industrial registre contração de 5,2% em 2015.