Terapia Cognitiva com casais Enfoque cognitivo à terapia com casais: deriva-se diretamente da aplicação da teoria comportamental à terapia conjugal Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Terapia Cognitiva com casais Ellis, na década de 1960, estava entre os primeiros a relatar um enfoque predominantemente cognitivo com casais. Ele propôs que a disfunção conjugal acontece quando: Os cônjuges mantém expectativas irreais sobre o casamento Fazem avaliações negativas extremas, quando não estão satisfeitos Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Terapia Cognitiva com casais A TC com casais possui 3 importantes facetas cognitivas: Modificação de expectativas irrealistas no relacionamento Correção de atribuições falhas nas interações do relacionamento Uso de procedimentos de auto-instrução para diminuir a interação destrutiva Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Terapia Cognitiva com casais Objetivo: Abordar as estruturas de crenças de cada cônjuge, a fim de promover a reestruturação para um relacionamento mais produtivo Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Terapia Cognitiva com casais Áreas de foco: crenças acerca do relacionamento Trazer a tona crenças básicas do casal, redefinir Colaborativamente os princípios fundamentais e reestruturar o sistema de crenças Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Terapia Cognitiva com casais Crenças alternativas X Crenças distorcidas Crenças equilibradas são designadas como crenças que possuem evidências substanciadoras ou confirmadoras Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Terapia Cognitiva com casais Crenças distorcidas: Baseadas em informações incorretas ou pensamento falho e, geralmente, estão enraizadas em evidências circunstanciais Exemplo: “Todos os homens são iguais” Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Terapia Cognitiva com casais A versão alternativa dessa afirmação, em geral, inclui mais explanações, vinculadas a certas condições “Todos os homens são iguais de muitas maneiras, mas ainda sim, cada um é único” Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Terapia Cognitiva com casais Expectativas Irrealistas As expectativas que cada pessoa traz ao relacionamento criam uma dinâmica importante em cada união Beck (1988) e Ellis, et al (1989), sustentam que expectativas irrealistas ou exigentes, inevitavelmente, produzem desapontamento e frustração, que frequentemente estão associados a interações negativas (hostilidade, chantagens emocionais, etc) Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Terapia Cognitiva com casais Abordagem das expectativas irrealistas Buscar a raiz do sistema de crenças Trazer à tona esquemas cognitivos Ensinar cada um a identificar crenças errôneas (via comparações) Testar essas crenças contra evidências alternativas Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Terapia Cognitiva com casais Atribuições causais e atribuições errôneas: “Jogar a culpa” no relacionamento Recusa em aceitar a responsabilidade pela disfunção no relacionamento Externalização da culpa e atribuição errônea do problema às ações do parceiro. Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Avaliação Etapas essenciais na fase de avaliação inicial - Entrevistas conjuntas - Administração de inventários e questionários de avaliação - Entrevistas individuais conceitualização do relacionamento Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Avaliação Entrevistas conjuntas Obtenção de informações da vida dos membros do casal Breve história dos problemas atuais Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Avaliação Entrevista individual Discussão de áreas não contempladas na sessão conjunta Avaliação de como o indivíduo vê os problemas no relacionamento Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Avaliação É importante identificar: Áreas específicas de problemas, sua importância e efeitos sobre o relacionamento Pensamentos Automáticos do casal Crenças subjacentes (esquemas) Padrões de interação das famílias de origem Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Avaliação Segunda sessão conjunta Estabelecimento de contrato Apresentação da conceitualização Explanação geral sobre as áreas de problemas Desenvolvimento de um plano de ação Socialização do modelo cognitivo Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 ESTRUTURA DAS SESSÕES ESTÁGIOS DO TRATAMENTO Dattilio & Padesky, 1995, p.88-89 A) OS OBJETIVOS DO TERAPEUTA 1º História e conceituação dos problemas do casal 1.1. Coleta de informações para avaliação Reunir informações sobre antecedentes de ambos os parceiros sobre seus relacionamentos 1.1.1 Focalizar expectativas que cada um mantém sobre a natureza da intimidade em seu relacionamento. (História completa dos relacionamentos do casal) Relacionamento de seus pais; Tempo e duração do problema; Tentativas anteriores para resolução do problema; Estilo de vida social. 1.2 Explicação do modelo de tratamento em termos da história do casal 1.2.1 Duração: 12 a 20 sessões A frequência vai depender da natureza e severidades dos conflitos, bem como o quanto estão abertos para resolver o conflito; 1 vez por semana e mais adiante pode ser + espaçada (50’ ou 70’ cada sessão); Na maioria dos tratamentos as sessões conjuntas são recomendadas; no entanto, sessões individuais podem ser necessárias afim de coletas, informações adicionais dos cônjuges. Observação de como 2. Manejo da raiva Apaziguamento e construção dos pontos negativos na interação. (Habilidades básicas de comunicação e habilidade para o diálogo). 3. Aumento dos comportamentos positivos no relacionamento Restaura uma fundação positiva para o relacionamento; Expectativas positivas para mudança; Cooperação para interações domésticas entre o casal. 4. Ensinar o casal a identificar, testar e responder pensamentos automáticos principais. Identificar P.A Distribuir tarefa do P.A durante problemas Ensinar a testar P.A na sessão e em casa; Desafiar e avaliar P.A (Desenvolver habilidades para achar evidências e afirmações alternativas, diminuindo a frustração e trazendo esperança. Ex.: “Eu não conseguiria fazer nada para melhorar nosso relacionamento, ainda que eu tentasse”. 5. Ensino e habilidade de comunicação Uso de técnicas padronizadas para habilidade em resolução de problema; Treinar habilidade de escutar e falar Ouvinte: manter com contato visual, não interromper, tentar esclarecer a mensagem resumindo o que ouviu perceber se entendeu o que o outro estava querendo de fato dizer e monitorar a linguagem corporal. O que fala: Harmonizar o que fala com a linguagem corporal com o contato visual, cautela para não perder o foco 6. Exploração de questões relativas à raiva Nível superficial (aprender a avaliar o P.A, associados à raiva); Nível + profundo (Identificar dúvidas secretas, mágoas, e medos escondidos, que podem abastecer situações recorrentes de raiva); Ajudá-los a responder de forma + funcional e construtiva Beck (1988), fala de Zonas Coloridas para identificar o grau da raiva: AZUL: calmo de afeto, bom para a comunicação Amarelo: raiva com controle de pensamentos, palavras e ações Vermelho: perda de controle de palavras de ações de pensamentos (ataques físicos) não é bom para a comunicação. “Tempo de esfriar”. 7. Ensino de estratégias para a solução de problemas Uso de técnicas padronizadas; Identificação de crenças que interferem nos métodos padronizados. 8. Identificação e mudança nas atividades disfuncionais e suposições centrais Sistemas rígidos de crenças; Identificação de transtornos de personalidade; Raízes históricas das crenças; Testar a validade das crenças; Ajudar na construção de atitudes mais adaptativas de experiências comportamentais planejadas, diários de predições e diário de novas experiências. 9. Prevenção de recaídas Revisar princípios e estratégias aprendidas de solução de problemas; Antecipar problemas futuros; Consulta de revisão após o término. B) A agenda das sessões Ela é colaborativa, feita no início de cada sessão C) A meta do terapeuta Modificar expectativas irrealistas com o objetivo de corrigir atribuições disfuncionais, sobre o relacionamento especificamente o estilo geral de pensamento automáticos e avaliações das evidências nas percepções de crenças básicas sobre o relacionamento. D) Tarefas de Aprendizagem Observação: Perceber e anotar sentimentos, pensamentos automáticos; padrões de comunicação, comportamento do companheiro, diário escrito. Experimentais: Experimentar um novo comportamento, anotar o resultado, afixar bilhetes de lembretes ao invés de falar, etc. Nas tarefas domésticas: construir novas habilidades através de constância nos exercícios. O objetivo do terapeuta nas tarefas: identificar (P.A) da falta de esperança. Ex: “Se falarmos sobre isso, vamos piorar” Ou “Meus esforços de nada adiantarão” Questões especiais Crise Raiva e Violência Infidelidade Um quer terminar, outro não Terminar ou não? Transtornos psiquiátricos Questões culturais Casais homossexuais Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Questões especiais Situações de crise Gravidez indesejada Descoberta de infidelidade Luta física ou prisão Abuso de drogas “Um alívio na emergência assume precedência sobre o curso normal da terapia” Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Questões especiais Situações de crise Estrutura das sessões Conceitualização do problema Ensino do monitoramento de emoções Exploração de respostas e comportamentos alternativos Marcação de retorno o mais breve possível Manutenção da convivência durante a crise? treino das 3 primeiras etapas acima em sessão Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Questões especiais Raiva e Violência A segurança pessoal dos indivíduos tem primazia sobre os objetivos da terapia O terapeuta deve estar informado sobre recursos comunitários locais para vítimas de violência doméstica e para espancadores Atendimento individual para gerar estratégias de redução de risco Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Questões especiais Infidelidade Descobrir o significado do relacionamento extra-conjugal para o indivíduo que o mantém e para o relacionamento do casal Identificar e testar crenças sobre práticas sexuais de risco Discutir a AIDS e práticas de sexo seguro com quem mantém sexo com múltiplos parceiros Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Questões especiais Quando um dos dois quer romper Verificar possíveis crenças distorcidas no indivíduo que quer romper Em caso de decisão de rompimento, trabalhar estratégias terapêuticas de ajuste à decisão Trabalhar crenças que podem dificultar o processo de separação Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Questões especiais Decisão de terminar a relação O terapeuta deve instilar esperança de que os problemas, uma vez definidos, podem ser solucionados O terapeuta deve levantar prós e contras da decisão de terminar e ajudá-los a seguir com ela de forma adaptativa A decisão deve ser tomada PELO CASAL!!! Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Questões especiais Transtornos psiquiátricos no casal Podem ser secundários ao sofrimento do casal ou estarem contribuindo para o mesmo Terapia individual adjunta é recomendada, preferencialmente conduzida por outro terapeuta Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1995 Questões especiais Questões culturais Tentar compreender o contexto cultural das crenças do casal (herança étnica, estado sócio-econômico, afiliação religiosa, valores de papel sexual) Rever as diferenças na história pessoal e familiar dos membros do casal e o impacto destas sobre suas crenças e expectativas Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Questões especiais Casais homossexuais Procuram terapia pelos mesmos motivos que casais heterossexuais Os princípios da terapia são os mesmos O terapeuta deve familiarizar-se com as pressões e circunstâncias enfrentadas por esses casais Dattilio, F.M; Padesky, C.A, 1990 Referência Bibliográfica Dattilio, F.M; Padesky, C.A. (1990) Terapia Cognitiva com casais. Porto Alegre: Artmed