GT 3- Mediação Pedagógica com Tecnologias MUSEUS VIRTUAIS COMO RECURSO PEDAGÓGICO PARA O ENSINO DE SABERES HISTÓRICOS Camila Nataly Pinho Dumbra Universidade Federal de Uberlândia [email protected] Eucidio Pimenta Arruda Universidade Federal de Uberlândia [email protected] Resumo Este artigo é parte integrante de um projeto de mestrado que se encaixa nas temáticas da tecnologia, aprendizagem e ensino de História. Esse projeto faz parte das discussões oriundas da pesquisa Museu Virtual, Prática Docente e Ensino de História, financiado atualmente pela FAPEMIG e CNPq. O projeto supracitado tem como objetivo analisar os limites e as possibilidades dos museus virtuais (disponíveis na internet) como um recurso pedagógico para o ensino de saberes históricos para crianças dos primeiros anos do ensino fundamental. Para alcançar este objetivo utilizaremos como metodologia a pesquisa documental e o paradigma indiciário de Ginzburg (1989). Espera-se que os seus resultados permitam traçar caminhos para o trabalho dos museus virtuais com as crianças. Esta é uma pesquisa que se encontra em desenvolvimento, portanto serão apresentadas, neste artigo, elucidações sobre o tema: museus virtuais como recurso pedagógico para o ensino de História. Para tanto, serão abordados conceitos relevantes para compreender o tema, como o virtual (Levy, 1996) e museus virtuais (MUCHACHO, s.d.). Acreditamos que o trabalho com o museu virtual permite diferentes experiências e relações com os saberes históricos, como memória, patrimônio e tempo. Palavras-chave: Museu Virtual, Recurso Pedagógico, Ensino de História. Abstract This article is part of a master's project that fits the themes of technology, learning and teaching History. This project is part of the discussions arising from the Virtual Museum Research, Educational Practice and Teaching of History, currently funded by FAPEMIG and CNPq. The above project is to analyze the limits and possibilities of virtual museums (available on the Internet) as an educational resource for teaching children's historical knowledge of the early years of elementary school. To achieve this objective we will use as the research methodology documentation and evidentiary paradigm of Ginzburg (1989). It is expected that their results help to establish ways to work with the children virtual museums. This is a survey that is being developed, so will be presented in this article, clarifications on the subject: virtual museums as an educational resource for teaching history. To do so, will be discussed concepts relevant to understanding the issue, as the virtual (Levy, 1996) and virtual museums (MUCHACHO, s.d.). We believe that working with the virtual museum allows different experiences and relations with historical knowledge, such as memory, heritage and time. Keywords: Virtual Museum, Teaching Resources, Teaching History. Introdução Este artigo é parte integrante de um projeto de mestrado que se encaixa nas temáticas da tecnologia, aprendizagem e ensino de História. Esse projeto faz parte das discussões oriundas da pesquisa Museu Virtual, Prática Docente e Ensino de História, financiado atualmente pela FAPEMIG e CNPq. O projeto supracitado tem como objetivo analisar os limites e as possibilidades dos museus virtuais (disponíveis na internet) como um recurso pedagógico para o ensino de saberes históricos para crianças dos primeiros anos do ensino fundamental. Para alcançar este objetivo utilizaremos como metodologia a pesquisa documental e o paradigma indiciário de Ginzburg (1989). Espera-se que os seus resultados permitam traçar caminhos para o trabalho dos museus virtuais com as crianças. O homem depende do contexto sócio-histórico-cultural para se apropriar de conhecimentos já produzidos e só assim é capaz de reconstruir e repensar diferentes culturas. Dessa forma, Siman (2004, p. 88) nos aponta que para que o ensino de História [...] seja levado a bom termo, ao longo de todo do Ensino Fundamental, torna-se necessário que o professor inclua, como parte constitutiva do processo ensino/aprendizagem, a presença de outros mediadores culturais, como os objetos da cultura, material, visual ou simbólica, que ancorados nos procedimentos de produção do conhecimento histórico possibilitarão a construção do conhecimento pelos alunos, tornando possível „imaginar‟, reconstruir o não-vivido diretamente, por meio de variadas fontes documentais. Ou seja, ao aceitarmos que a natureza das operações cognitivas, afetivas e da ordem da imaginação, exigidas para produção do conhecimento histórico, não podemos desconhecer que estas desenvolvem esse tipo de abstração. Nesta perspectiva, conhecer os limites e possibilidades pedagógicos dos museus virtuais para o trabalho com saberes históricos de crianças se faz necessário, na medida em que os museus virtuais poderão se constituir como um mediador que possibilitará a (re)construção do conhecimento histórico, compreendendo o não-vivido e suas relações com o presente. Surgiram algumas questões-problemas, que irão nortear a nossa pesquisa, frente à necessidade de respondê-las para compreender o fenômeno da possibilidade do uso do Museu Virtual pelas crianças, para a construção de saberes históricos: Como se estruturam os museus virtuais? Quais são os temas mais destacados nos museus virtuais? Quais saberes são necessários para a visita aos museus virtuais? Há estratégias pedagógicas para a elaboração dos museus virtuais? Quais as estratégias museais e pedagógicas são utilizadas na elaboração dos museus virtuais? Quais os limites de uso nesta interface? Quais as possibilidades de uso nesta interface? Quem são os autores no processo de construção do museu virtual? Este projeto incorporará a idéia da usabilidade dos museus, como nomeia Muchacho (s.d. [b]). Acreditamos que o trabalho com o museu virtual como um potencial recurso pedagógico permite diferentes experiências e relações com os saberes históricos, como memória, patrimônio e tempo. Por ser esta uma pesquisa que se encontra em desenvolvimento, neste artigo serão apresentadas elucidações sobre o tema: museus virtuais e ensino de História. Para tanto, serão abordados conceitos relevantes para compreender o tema, como o virtual (LEVY, 1996) e museus virtuais (MUCHACHO, s.d.). Metodologia Para alcançarmos os objetivos propostos nessa pesquisa, compreendemos ser necessária a utilização de dados quantitativos e qualitativos, já que, de acordo com André (1995), a dicotomia existente entre pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa deve ser superada. A pesquisa qualitativa surgiu para trazer uma ressignificação ao sujeito da pesquisa e sua relação com o pesquisador, pois reconhece a relevância do sujeito, os valores, os significados da pesquisa, afirmando a interdependência entre teoria e prática, a relevância do contexto dos dados e da inclusão dos sujeitos sociais que fazem parte da pesquisa. Dessa forma, critica a neutralidade cientifica do pesquisador e defende a vinculação da investigação com os problemas ético, políticos e sociais. Nesta perspectiva, a opção metodológica adotada se enquadra na perspectiva da pesquisa documental, a qual possibilitará a obtenção de dados do tipo qualitativo, em maior grau, mas também dados do tipo quantitativo, pois esta dimensão poderá ajudar a explicitar a dimensão qualitativa (ANDRÉ, 1995). A opção metodológica está amparada nos objetivos do projeto, de forma que, se encaixa na pesquisa documental por ser um objeto de pesquisa a ser analisado de fontes primárias, ou seja, serão analisados museus virtuais em sua fonte principal, e não por meio de documentos secundários. Dessa forma, concordamos com Oliveira (2007, p. 69), quando ela afirma que A (pesquisa) documental caracteriza-se pela busca de informações em documentos que não receberam nenhum tratamento científico, como relatórios, reportagens de jornais, revistas, cartas, filmes, gravações, fotografias, entre outras matérias de divulgação. Faz-se necessário uma explicação, na medida em que, a pesquisa documental é constantemente confundida com a pesquisa bibliográfica. A diferença entre ambas está na fonte da pesquisa. Silva, Almeida, Guindani (2009, p. 6) confirmam esta ideia afirmando que a pesquisa documental é muito próxima da pesquisa bibliográfica. O elemento diferenciador está na natureza das fontes: a pesquisa bibliográfica remete para as contribuições de diferentes autores sobre o tema, atentando para as fontes secundárias, enquanto a pesquisa documental recorre a materiais que ainda não receberam tratamento analítico, ou seja, as fontes primárias. Neste sentido, os caminhos da pesquisa nos levaram a definir a metodologia de trabalho como sendo a pesquisa documental. Dessa forma, não só o documento se torna relevante, mas também, conceitos como: o contexto social o qual foi produzido, os autores do documento, a autenticidade e a confiabilidade do documento, a natureza do texto, os conceitos-chave e a lógica interna do documento, para então seguirmos à análise. (SILVA, ALMEIDA, GUINDANI, 2009). Vale ressaltar que esses conceitos serão abordados ao longo do desenvolvimento da pesquisa como categorias de análise, a partir do paradigma indiciário proposto por GINZBURG (1989). Apesar dos problemas apontados por GINZBURG (1989) como a falta de rigor científico e regras não formalizadas, adotadas pelas ciências naturais a partir de Galileu, consideramos o método de análise e observação dos documentos a partir do paradigma indiciário mais adequado para um maior desenvolvimento da nossa pesquisa. O rigor das ciências naturais a partir de Galileu é inatingível e também indesejável no que tange às formas de saberes ligados ao cotidiano. Neste sentido, ninguém aprende o ofício de conhecedor ou de diagnosticador limitando-se a pôr em prática regras preexistentes. Nesse tipo de conhecimento entram em jogo (diz-se normalmente) elementos imponderáveis: faro, golpe de vista, intuição. (GINZBURG, 1989, p. 179) Compreendemos ser importante, na perspectiva de Ginzburg, enxergar a subjetividade dos dados, percebendo as características individuais de cada um em seus sinais pormenores, ou seja, a partir da [...] proposta de um método interpretativo centrado sobre os resíduos, sobre os dados marginais, considerados reveladores. Desse modo, pormenores normalmente considerados sem importância, ou até triviais, „baixos‟ forneciam a chave para ascender aos produtos mais elevados do espírito humano [...]. Além disso, esses dados marginais, [...] eram reveladores porque constituíam os momentos em que o controle do artista, ligado à tradição cultural, distendia-se para dar lugar a traços puramente individuais, „que lhe escapam sem que ele se dê conta‟. (GINZBURG, 1989, p. 149-150) A característica de nosso objeto de pesquisa foi determinante na escolha deste método. Trabalhamos com a perspectiva da análise dos limites e possibilidades dos usos de museus virtuais para o ensino de saberes históricos para os anos iniciais do ensino fundamental. Para isso, serão necessários os seguintes procedimentos metodológicos para o desenvolvimento do nosso projeto: levantamento de museus virtuais disponíveis na internet; seleção de dois museus virtuais para a análise aprofundada; observação e reflexão dos museus virtuais disponíveis na internet por meio de categorias de análise supracitadas para um aprofundamento sobre o nosso objeto de pesquisa; e, por fim, traçar caminhos para o trabalho dos museus virtuais com as crianças. Resultados parciais De maneira geral, acreditamos que a temática abordada nesta pesquisa se mostra relevante socialmente, à medida em que pode permitir a abertura de novos caminhos e de novas estratégias pedagógicas que envolvam as tecnologias digitais no ambiente escolar, principalmente, no que tange ao ensino de História. Dentre os resultados parciais, apresentamos os dados obtidos a partir de um levantamento bibliográfico realizado em teses e dissertações brasileiras (ARREGUY, 2002; CARVALHO 2005; PADULA, 2007; BAHIA, 2008; PETRUCCI, 2010). Foi possível observar que nestas pesquisas, cujo objeto central é a temática Museus Virtuais, em diferentes áreas, como na Educação, Ciência da Informação e na Comunicação, não há estudos que tenham como foco o museu virtual para o público infantil. Esse dado se mostra relevante na medida em que cada vez mais estão sendo criados museus virtuais, caracterizado como a disponibilização de acervos de museus físicos no ambiente virtual, sem considerar o interesse do público potencial visitante. As pesquisas neste campo se mostram relevantes para a construção e elaboração destes novos espaços museais. A partir desse resultado parcial foi possível tecer elucidações sobre os conceitos de museu virtual, sobre o virtual e o ensino de História. Partimos do pressuposto de que o museu virtual, apesar de limitar a experiência sensorial do visitante, possibilita outras formas de interatividade e acesso ao patrimônio1 público. Dessa forma, parafraseando Muchacho (s.d. [a], p. 582) o museu virtual liberta-se da limitação do físico o que possibilita a dinamização do espaço de forma multidisciplinar e o diálogo com a coleção no ambiente virtual. Para completar esta ideia, Muchacho (s.d.[a], p.582) acrescenta que “ao tentar representar o real cria-se uma nova realidade, paralela e coexistente com a primeira, que deve ser vista como uma nova visão, ou conjunto de novas visões, sobre o museu tradicional”. Compreender o conceito de virtual a partir do sentido atribuído por Levy (1996), como algo existente em potência e não no ato em si, ou seja, como potência do real, permite realizar interpretações acerca do acervo disponibilizado sem materialidade física. Isso é possível pelos pontos de luz na tela que substituem as cores das coleções físicas. A esse respeito Levy (1996, p. 39) pondera que, O suporte digital (disquete, disco rígido, disco ótico) não contém um texto legível por humanos mas uma série de códigos informáticos que serão eventualmente traduzidos por um computador em sinais alfabéticos para um dispositivo de apresentação. A tela apresenta-se então como uma pequena janela a partir da qual o leitor explora uma reserva potencial A partir da reflexão deste autor é possível ressaltar que o agrupamento dos códigos no suporte digital é uma potência, e a tradução dos códigos em uma linguagem inteligível ao homem é uma realização. Nesta perspectiva é 1 É importante ressaltar que aqui compreendemos o conceito de patrimônio de acordo com Bruno (1997, p. 19) “como o conjunto dos bens identificados pelo homem, a partir de suas relações com o meio-ambiente e com os outros homens, e a própria interpretação que ele faz dessas relações”. que pensar no museu virtual como elemento que se configura em um potencial recurso pedagógico para o ensino de saberes históricos através da reflexão acerca dos materiais disponibilizados neste espaço, se torna possível. Na medida em que, ainda com as palavras de Levy (1996, p. 40), o virtual só eclode com a entrada da subjetividade humana no circuito, quando num mesmo movimento surgem a indeterminação do sentido e a propensão do texto a significar, tensão que uma atualização, ou seja, uma interpretação, resolverá na leitura. [...] a digitalização e as novas formas de apresentação do texto só nos interessam porque dão acesso a outras maneiras de ler e de compreender. De acordo com essa visão, podemos pensar nas diferentes linguagens que essa interação no ambiente museal precisa abarcar para que diferentes públicos possam compreender a exposição e ressignificá-la, conforme suas experiências vividas. Neste sentido, “para que o museu virtual seja acessível, ele tem que despertar o interesse de seus potenciais visitantes. Sua linguagem tem que efetivamente, comunicar aquilo que interessa a seus visitantes”. (ARREGUY, 2002, p. 28) Assim como na leitura de um texto a que o autor se refere, ao adentrar em um ambiente virtual configurado no museu o sujeito seleciona, realiza associações com conhecimentos já estabelecidos, constrói outros conhecimentos, ou seja, integra “as palavras e as imagens a uma memória pessoal em reconstrução permanente”. (LEVY, 1996, p.43) Ainda com as palavras de Levy (1996), “O navegador pode se fazer autor de maneira mais profunda do que percorrendo um rede preestabelecida: participando da estruturação do hipertexto, criando novas ligações” (p.45). Nesta perspectiva, se contrapondo ao modelo tradicional de aprendizagem, o qual tem como aporte uma perspectiva linear, em que os bens culturais possuem fim em si mesmo em espaços físicos fechados a todo tipo de público, na perspectiva de aprendizagem mediada pelas tecnologias digitais, o conhecimento se vincula ao sujeito em diferentes formas de representação e diferentes linguagens a partir de sua disponibilização em espaços públicos digitais. É interessante observar o movimento observado por Pereira e Siman (2009) ao analisarem o significado do museu contemporâneo e as possibilidades de reconstrução deste espaço por aqueles que os visitam. No caso deste projeto, quando crianças [...] interagem no ambiente museal, cada um poderá criar uma representação para a situação de um modo diferente ou, em outras palavras, poderá apreender o argumento da exposição à sua maneira. Essa variabilidade pressuposta na exposição já denota o quão complexa pode ser a abertura do museu aos diferentes públicos. A exposição é, nessa medida, também chão descoberto, território em aberto. (p. 290) Os museus enquanto comunicadores de identidades e de culturas precisam conhecer seus públicos para melhor elaborar seus programas e projetos, ou seja, para a construção do museu deve se atentar aos diferentes públicos, pois se sabe que os diversos visitantes se apresentam com exigências, interesses e necessidades diferentes. Ao pensarmos nos campos da educação, ensino, tempo, memória histórica e suas relações, Arreguy (2002) coloca que é o museu o espaço onde estes conceitos são articulados constantemente. Entretanto, o museu ainda é visto como um lugar que se mantém distante, com objetos valiosos que não podem ser tocados ou fotografados. Muitas vezes a curatoria não tem interesse em atender o grande público, em fazer exposições mais atrativas, além do excesso de normas de visitação, que fazem com que os museus tenham imagem negativa, principalmente para os jovens, acostumados com ambientes mais informais ou interativos. (PADULA, 2007, p. 37) O museu tradicional abarca a concepção de um espaço reservado para a coleção de objetos de valores, e os coloca em um patamar mais alto do que o visitante, trazendo uma imagem negativa e tornando-o menos atrativo. Dessa forma, a incorporação do museu virtual se faz importante, pois, apesar da visita virtual não substituir a visita presencial, ela possibilita [...] ao curador e ao museólogo novas maneiras de expor o objeto, de forma a ativar mecanismos emocionais, outras formas de referenciar o objeto, conseguindo gerar uma nova cadeia de conhecimento. A tecnologia da informação pode ajudar o museu a criar novas formas comunicativas e epistemológicas de relacionamento, criando uma nova forma de museu. (GIACCARDI, 2004, apud PADULA, 2007, p. 42) É interessante observar que para criar formas inovadoras e mais interativas, para transformar o conceito de museu tradicional e gerar novos conhecimentos neste espaço, é importante melhorar a comunicação e o relacionamento com o público, principalmente os mais jovens. Cada vez mais as exposições criam perspectivas múltiplas, oferecendo uma narrativa e um contexto educacional. A evolução dos conceitos principais dos museus – passando de foco nas coleções para foco na informação e educação, e também foco em aprendizado para foco em experiências – tem mudado o objetivo da gestão das instituições, antes eram os curadores, educadores e acadêmicos que definiam a direção a seguir, agora é o público alvo que acaba por definir os caminhos do museu. (PADULA, 2007, p. 21) A evolução dos conceitos dos museus tem possibilitado uma democratização cultural, já que os museus, em geral, tem como característica a exibição de suas coleções ao público, compreendendo que a própria coleção é um construto do homem para o homem. Ao referirmos à democratização cultural podemos dizer que os museus físicos, considerados tradicionais, não oferecem as mesmas possibilidades de acesso que museus disponíveis na rede, desprovidos de materialidade física. Nesta perspectiva, a potencialidade de virtualização do museu pode se constituir em um recurso quanto a esta limitação exposta. O museu virtual não precisa ser limitado a uma versão simulada de um museu real. As tecnologias tem sido utilizadas para criar uma versão on-line do museu, mas também auxiliam a deixar a experiência da visita ao museu real mais rica. Várias razões justificam a implementação de um ambiente virtual [...]. (Charissi et al., 2001 apud, Padula, 2007, p.40) Um museu, por si só, é um local por excelência repleto de caráter cultural. No entanto, a sacralização das coleções, em um espaço físico, dificilmente permite a interação visitante-obra. Dessa forma, os museus virtuais apresentam possibilidades quanto ao acesso imediato mesmo que fosse de difícil acesso por barreiras físicas, além de permitir novas formas de interação e, consequentemente, novas formas de aprendizagem. Tendo em vista essas colocações, o museu se mostra como um espaço onde os homens podem se reconhecer como pertencente de seu meio a partir da observação do passado. Considerações finais Entendemos que o avanço em pesquisas relacionadas ao uso das tecnologias no ensino de história nas escolas, aqui em especial o museu virtual, possa contribuir com a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem que favoreça a formação da consciência histórica nos alunos. O levantamento de aspectos ainda não compreendidos poderá transformar significativamente esses processos em interface com o ambiente virtual. À medida que o projeto for se concretizando será possível traçar novos caminhos para o trabalho dos museus virtuais com as crianças. É válido ressaltar que as crianças e os jovens de hoje querem ser autores em diversos espaços e no ambiente virtual não seria diferente. Pelo contrário, é neste ambiente que eles se vêem como autores reais. Dessa forma, se as atividades neste ambiente não promoverem espaços de autoria, deixam de ser interessantes a eles. A partir dessas colocações que se mostra a relevância dos estudos que se proponham investigar e refletir sobre os museus virtuais para que eles possam ser repensados como espaços de criação, onde os sujeitos se encontrem em permanente autoria e como conseqüência, em permanente reconstrução. Referências ANDRÉ, M. E. D. A.. Etnografia da prática escolar. Campinas: Papirus, 1995. ARREGUY, Cintia Aparecida Chagas. O uso das tecnologias da informação e comunicação para preservação e difusão de acervos históricos: uma proposta para o Museu Histórico Abílio Barreto. Belo Horizonte. Fundação João Pinheiro/Escola de Governo, 2002. Disponível em: http://www.fjp.mg.gov.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=84 Acesso em: 09/05/2011. BAHIA, Ana Beatriz. Jogando arte na Web : educação em museus virtuais / Ana Beatriz Bahia Spinola Bittencourt ; orientador Wladimir Antônio da Costa Garcia. – Florianópolis, 2008. 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