ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 5656 DE 18 DE ABRIL DE 2013 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE
Desafios de Portugal:
INTERNACIONALIZAÇÃO
Peru, é um dos mercados alvo
Enrique Castro-Mendivil / Reuters
para os empresários portugueses.
Mercados emergentes na mira
das empresas portuguesas
◗ Casos de sucesso de empresas que se internacionalizaram
◗ Produtos tradicionais e modernos que estão a dar cartas
◗ Franchisings lusos presentes em 30 países
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II Diário Económico Quinta-feira 18 Abril 2013
O NÚMERO de compradores estrangeiros que
visitaram a feira da FIL Alimentaria & Horexpo 2013,
terminou ontem atingiu os dois mil, quando a previsão
inicial era de 1300. Mais de 800 empresas estriveram
presentes no certame. Países como o Japão, Austrália,
México, Canadá ou Israel, pouco habituais nestes certames
em Portugal, também marcaram presença.
DESAFIOS DE PORTUGAL: INTERNACIONALIZAÇÃO
Visita do presidente da República, Governo e empresários à
Colômbia e ao Perú mostra o potencial destes mercados.
Mário Proença / Bloomberg
Uma aposta forte
nos países
emergentes
IRINA MARCELINO
[email protected]
A importância dos mercados
emergentes não passa
despercebida aos governantes
nem às empresas.
Também a Vista Alegre anunciou entretanto que
vai construir uma fábrica na Colômbia, depois de
um ano de negociações.
Mas a aposta das empresas portuguesas vai mais
além dos mercados sul-americanos.
Um estudo recente da Accenture lembra o chamado triângulo em que Portugal deve apostar e
que tem os seus vértices na Europa, na América
Latina e em África.
É neste contexto que a Associação Industrial
Portuguesa (AIP) está a criar um conjunto de redes de negócios e a estabelecer contactos para
detectar novas oportunidades de negócio nos
Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa
(PALOP), sobretudo em Angola e Moçambique.
Trata-se de uma base de dados que incluirá a
identificação dos reais e efectivos interlocutores
naqueles mercados, o conhecimento dos mecanismos de financiamento, bem como informação sobre os planos de desenvolvimento nacionais e áreas prioritárias de investimento nos PALOP. ■
Martifer
A empresa de Oliveira de Frades tem negócios em vários países. No Reino
Unido, por exemplo, os seus negócios da área da energia fotovoltaica estão a
correr sobre rodas, tendo terminado recentemente cinco parques. Na área das
construções metálicas, a Martifer está já a trabalhar para a Copa do Mundo de
2014 no Brasil. Os componentes metálicos de três estádios foram feitos em
Oliveira de Frades e numa fábrica do Brasil. Além dos muitos outros negócios
que tem em outros países (exporta já 90% do que produz), a empresa liderada
por Carlos Martins tem agora os olhos postos no Mundial de Futebol do Qatar,
em 2022.
Jerónimo Martins
Não são muitos os países onde a
empresa da família Soares dos
Santos está. Além de Portugal,
Polónia e Colômbia são os outros
locais onde já abriu lojas, depois de
uma ‘aventura’ que não correu pelo
melhor no Brasil. A escolha de
mercados estáveis é um dos
factores que mais tem pesado na
sua estratégia. Foi assim que a
dona do Pingo Doce teve sucesso
com a marca Biedronka na Polónia,
onde já é um dos principais
‘players’ na área da grande
distribuição. Na Colômbia já abriu
cinco lojas, estando previsto a
inauguração de um espaço ARA por
semana até ao final do ano, num
investimento de 100 milhões de
euros. No total, a empresa quer
investir na Colômbia 400 milhões.
Ana Brigida
rismo, novas tecnologias ou banca. Mas os casos
de sucesso de empresas portuguesas que conseguiram entrar nestes países são levados na bagagem como casos inspiradores para quem quer
entrar. A Jerónimo Martins é, desde logo, o
exemplo mais mediático. Já abriu cinco supermercados Ara, e tem como objectivo ambicioso
a abertura de um espaço novo por semana durante este ano. Esta não foi a única experiência
de sucesso na Colômbia, depois de anos de sucesso na Polónia, onde tem os supermercados
Biedronka. Através da Ara, várias empresas
portuguesas estão prontas a entrar no mercado
colombiano. É o caso da Casa Ermelinda Freitas
(vinhos) e das bolachas Vieira de Castro.
Ainda na Colômbia, a Prébuild, empresa portuguesa da área da construção, tem, através de
uma estratégia que passa pela compra de indústrias ligadas à construção. Esta empresa quer
ainda abrir, através da marca Izibuild, várias lojas naquele país, e está a estudar a possibilidade
de entrar no mercado mexicano.
Bruno Barbosa
O
mercado interno está recessivo e as empresas estão com
dificuldade em sobreviver e
manter as suas estratégias
com a queda de consumo que
se tem sentido.
E se para muitas a internacionalização dos seus negocios sempre fez parte da
sua estratégia de crescimento, para outras este é
um escape a um mercado de reduzida dimensão
e enfraquecido pela crise.
Nas exportações, os números têm sido positivos,
apesar da descida sentida em Fevereiro. Não se
sabe, porém, como vão evoluir no futuro, tendo
em conta que os países para onde Portugal mais
exporta são europeus e a Europa está em crise.
A aposta de muitas empresas por mercados
emergentes tem sido uma opção. Angola tem
vindo a afirmar-se como um dos países que mais
recebem produtos portugueses, assim como a
China. Na verdade, as exportações portuguesas
para estes dois países têm aumentado de forma
significativa nos últimos anos. De acordo com os
dados do Instituto Nacional de Estatística relativos ao ano passado, Angola será o quarto país
para onde Portugal exporta, e a China estará em
10º posto, uma posição nunca antes alcançada.
No que respeita aos valores do investimento directo de Portugal no exterior, os números do
Banco de Portugal revelam que em 2012, depois
dos Países Baixos, Espanha, Brasil e Angola são
os paíoses que mais capitais lusos recebem apesar de, para Angola, terem caído 65,6% entre
2011 e 2012.
A importância dos mercados emergentes não
passa despercebida aos governantes nem às empresas.
As visitas que estão a decorrer à Colômbia e Perú
são dois exemplos do esforço que tem sido feito
(ver secção Empresas do Diário Económico). A
comitiva de empresas - entre as quais a EDP,
REN, BES, Caixa Investimento, Visabeira, Porto
de Sines, Mota-Engil e Bluepharma -, representantes da AICEP, ministro da Economia e secretário de Estado da Cultura que acompanharam o
presidente da República, Cavaco Silva, na sua visita a estes países mostra que tem sido feito um
esforço para dinamizar a internacionalização da
economia portuguesa em novos mercados. As
áreas preferenciais nesta visita em concrecto são
a construção, transportes, energia, logística, tu-
6 casos de sucesso
a nível internacional
A COMISSÃO VITIVINÍCOLA Regional do Tejo (CVR Tejo) está
a promover os seus vinhos no Brasil com a Caravana dos
Vinhos do Tejo até ao final do ano. O objectivo é dar a
conhecer os seus vinhos nas principais cidades brasileiras,
como São Paulo, Belo Horizonte, Salvador da Baía, Rio de
Janeiro, Fortaleza, entre outras. A caravana estima mais de
25 eventos e leva consigo 20 produtores da região.
A SIBS INTERNATIONAL, empresa do Grupo SIBS que tem
como missão exportar o ‘know how’ português ao nível de
pagamentos para mercados emergentes, iniciou a sua
actividade em Janeiro de 2010 e já resente em onze
países: Angola, Argélia, Espanha, França, Grécia,
Luxemburgo,
Moçambique, Nigéria, Polónia e
OPINIÃO:Malta,
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Roménia.
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TRÊS PROJECTOS
COM OS OLHOS NO MUNDO
GalpEnergia
A estratégia de internacionalização da
Galp foi “fundamental para que a empresa
se tornasse no operador integrado de
energia que hoje é e que lhe permite
resistir e continuar a investir em Portugal,
apesar da conjuntura económica difícil que
o país atravessa”, diz fonte oficial. A
estratégia passou pela aposta na
internacionalização em todas as áreas de
negócio mas sobretudo focada na
exploração e produção. “Somos hoje um
operador integrado de energia, presente
em todas as fases da cadeia de valor, desde
a exploração de petróleo e gás natural, da
refinação de crude à comercialização de
produtos petrolíferos e de gás natural.
Operamos em quatro continentes, em 15
países (Portugal, Espanha, Brasil, Angola,
Venezuela, Moçambique, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Suazilândia, Gâmbia, Timor
Leste, Uruguai, Guiné-Equatorial, Namíbia e
Marrocos),mas as nossas atividades
chegam a mais de 60 destinos para onde
exportamos essencialmente produtos
petrolíferos”.
Na maioria, os resultados deste
multinacional portuguesa provêm já, na
sua maioria, de fora da Península Ibérica.
Mário Proença / Bloomberg
HEALTH CLUSTER PORTUGAL
Mota Engil
O sector da construção civil e obras públicas
está em crise e as construtoras não têm
outra hipótese senão a de se
internacionalizarem. A aposta da Mota Engil,
porém, desde sempre passou pela expansão
internacional. A estratégia actual é o
investimento ma Espaço SADC (comunidade
para o desenvolvimento da África Austral),
América Latina e Europa Central. A empresa
quer crescer de forma orgânica, em
detrimento de aquisições, e replicar o modelo
de negócio do Grupo em Portugal para cada
mercado internacional.
Criada há pouco mais de ano e meio,
a Parceria Portuguesa para a Água (PPA)
junta 103 entidades, entre empresas,
associações, organismos públicos,
universidades e centros de investigação,
tem excedido os objectivos iniciais,
que visavam “aproveitar as reconhecidas
capacidade técnicas de Portugal
em toda a cadeia de valor associada
aos recursos hídricos e intervenções
na orla costeira”, diz Francisco Nunes Correia, presidente, que frisa
os frutos já colhidos das missões empresariais à Sérvia e à Tunísia,
dos canais abertos com as instituições financeiras internacionais,
da divulgação quinzenal de múltiplas oportunidades de negócios
à escala global e das relações de trabalho e cooperação com as mais
relevantes instituições internacionais. O responsável ressalva
o trabalho já feito a curto prazo, com vista ”à criação de
oportunidades para as empresas e outras instituições portuguesas”,
e a médio prazo, com o objectivo de “afirmar o prestígio
e as capacidades dessas entidades na cena internacional”. Para este
ano está prevista para este ano uma missão empresarial
a Moçambique, e o desenvolvimento do projecto ÁguaGlobal,
financiado pelo QREN, realizado em parceria com a AEP,
que visa “uma melhor caracterização do sector português da água
e o conhecimento aprofundado de oito mercados estratégicos:
Brasil, Angola, Moçambique, Marrocos, Argélia, Sérvia, Croácia
e Polónia”. R.C.
Efacec
Sonae SR
No final de 2012, as marcas da Sonae SR contavam
com 146 lojas fora de Portugal, das quais 20 em
regime de franchising e ‘store-in-store’ em países
como Espanha, Turquia, Arábia Saudita, Malta,
Egipto, Cazaquistão, Azerbaijão, República
Dominicana e Venezuela. A Zippy, vestuário de bebé
e criança e puericultura, entrou este trimestre em
Marrocos e no Líbano, alargando a sua presença a
um total de 12 países, estando também a exportar
os seus produtos para a China. A marca BERG, que
em Portugal é comercializada em exclusivo na Sport
Zone, está a ser vendida para Equador, Estónia,
Irlanda, Polónia, Reino Unido e Egipto. E a Modalfa
abriu de quatro lojas nas Canárias, em Espanha.
A Gatewit e a Vortal são apenas dois
de muitos exemplos de empresas
tecnológicas que apostam forte
nos mercados externos. Neste caso,
são as líderes na área das plataformas
de contratação pública. A Vortal iniciou
o seu processo de internacionalização
em 2008, e tem na ferramenta econstroi,
plataforma de contratação pública na área
da construção, uma “importante alavanca neste processo,
nomeadamente em África e no Sul da América”, diz Rui Dias Ferreira,
CEO (na foto). A empresa gere dois mil compradores públicos
e privados e uma rede de fornecedores com mais de 50 mil empresas,
em 39 países, através das operações em Portugal, Espanha, República
Checa e Reino Unido, sendo de salientar que 30% das oportunidades
de negócio nos mercados privados estão em Angola, Cabo Verde,
Moçambique, e Malawi. Os mercados externos representam já 6%
da facturação da Vortal, que foi de dez milhões de euros, em 2012.
A Gatewit, por seu turno, está presente em Espanha, Brasil, EUA,
México, China e Reino Unido, tendo começado a aventura
internacional em 2011. O peso dos mercados externos é actualmente
de 20%. A ideia é “criar presença local com escritórios e empresa
criada em cada um dos países”, explica Pedro Vaz Paulo, CEO. R.C.
Paula Nunes
TECNOLOGIAS
DE INFORMAÇÃO
Michaela Rehle / Reuters
2013 será um ano de “redefinição das
prioridades estratégicas para cada
negócio em cada região, tendo por
base a experiência adquirida desde a
criação e operacionalização do actual
modelo de cobertura da presença
internacional”, disse fonte oficial da
Efacec ao Diário Económico.
O mercado externo representa hoje
mais de 70% do volume de negócios da
empresa. Europa Central, África
Austral e América Latina foram as
geografias onde a Efacec teve um
crescimento de vendas mais
acentuado. Na área da energia e
automação foram fechados contratos
importantes nos EUA, no Magrebe e na
África Austral. A Índia, apesar de ser
ainda pequeno para a companhia, foi o
que teve maior crescimento relativo
das vendas, com especial relevância
para as actividades de logística,
engenharia e renováveis. Fora das
geografias com presença de empresas
locais Efacec, destacam-se importantes
negócios na Venezuela, Colômbia,
Reino Unido, de automação na Turquia
e na Tanzânia, dos transportes, e em
particular no âmbito da mobilidade
eléctrica, na Noruega e no Abu Dhabi e,
no domínio dos armazéns automáticos,
no mercado asiático, principalmentena
Indonésia e em Singapura.
Aquando da sua criação, em 2008, o Health
Custer Portugal (HCP) definiu objectivos
a três-cinco anos, e até 2020. Fazendo
contas aos primeiros, Joaquim Cunha,
director executivo, destaca o contributo
para “a valorização do conhecimento
e da inovação na Saúde e Ciências da Vida,
a promoção da investigação clínica
e de translação, o melhor e mais eficaz
relacionamento entre as empresas do sector e as instituições
de ciência e hospitais”. Além disso, diz, ter um papel fundamental
“na construção da reputação do sector, quer no plano internacional,
quer ao nível nacional”. A estratégia seguida visa “potenciar
a competitividade da cadeia de valor nacional da saúde” e admite
que o esforço para incentivar a internacionalização, baseia-se
na articulação entre os 134 associados com a AICEP, IAPMEI,
a Enterprise Europe Network, o Infarmed e o INPI. Um trabalho
conjunto que pretende “atrair investimento directo estrangeiro
e a participação em missões empresariais”, o que “tem vindo,
paulatinamente, a dar frutos”, com as exportações do sector
a aumentarem significativamente nos últimos anos”. R.C.
PARCERIA PORTUGUESA ÁGUA
Bruno Barbosa
l
Quinta-feira 18 Abril 2013 Diário Económico III
IV Diário Económico Quinta-feira 18 Abril 2013
DESAFIOS DE PORTUGAL: INTERNACIONALIZAÇÃO
Produtos tradicionais mas modernos
que estão a conseguir dar a volta lá fora
Conheça cinco empresas que apostaram além fronteiras, aliando a tradição à inovação e modernidade.
RAQUEL CARVALHO
[email protected]
Com a ambição de ser uma empresa “maioritariamente
exportadora, não esquecendo o mercado de origem”,
a Rutz vê na internacionalização uma porta para “crescer
e que garante a sustentabilidade do negócio a médio/
longo prazo”. A marca de calçado portuguesa, que tem na
cortiça a sua diferenciação, já está no Brasil, Bélgica,
Holanda, Luxemburgo, Suiça e Alemanha. Nasceu de “uma
paixão pelos sapatos enquanto peças de arte
urbana, aliada à vontade de fazer mais e de
inovar”, dizem Hugo Baptista e Raquel Castro,
euros foi o valor
casados e mentores do projecto que se
investido pelo
distingue “pelo design e cor”, e que tem por
casal que
base “as nossas raízes, origens e tradições”,
começou a Rutz
mote de inspiração para as diversas colecções,
para começar a
“todas produzidas em São João da Madeira”,
produzir sapatos
esclarecem. Além da presença nas mais
de cortiça.
privilegiadas feiras do sector, a promoção
da marca tem passado muito pela exploração
das redes sociais. É também na loja online que se fazem
grande parte das vendas, a que se juntam as 30 lojas
multimarca espalhadas por Portugal. Da ideia ao conceito
passaram dois anos. Para a concretização, bastaram seis
meses e não foi preciso pedir empréstimo. “Teríamos
de ter a certeza que com ‘low budget’ faríamos algo com
‘high impact’”. E assim foi. O investimento inicial rondou
os 25 mil euros.
Eduardo Munoz / Reuters
RUTZ REINVENTA A CORTIÇA
DR
PINCÉIS DE BARBA ALÉM FRONTEIRAS
55%
é quanto pesam hoje as exportações
na facturação da Semogue. Têm crescido
15 a 20% ao ano.
A Semogue, a única empresa em Portugal a
produzir única e exclusivamente pincéis de
barba, procura o equilíbrio entre a criatividade,
autenticidade, inovação e tradição. Isto, aliado
a uma preocupação pela “excelência
e qualidade”, explicam o sucesso de um
produto que sofre concorrência feroz e podia
perder o risco de acabar. Em 2007 esse
cenário parecia real, pois “sentimos imensas
dificudades no escoamento dos produtos
no mercado interno”, admite Manuel Gomes,
administrador. Foi então que se pensou em
entrar em novos mercados”. Actualmente,
os pincéis da Semogue têm clientes em
Espanha, França, Grécia, Inglaterra, Holanda,
Alemanha, Austrália, Nova Zelândia, Canadá
e EUA. Mas a empresa está a desenvolver
projectos na Suécia e Dinamarca e tem
potenciais clientes no México e no Brasil. As
exportações representam perto de 55%
na facturação e “têm crescido a um ritmo
de 15% a 20% ao ano”.
PLANETA TANGERINA É A MELHOR DA EUROPA
Considerada a melhor editora da Europa na Literatura para infância
e juventude, prémio atribuído na Feira do Livro infantil de Bolonha,
em Itália, em Março, a Planeta Tangerina é uma editora com
visibilidade internacional. Isabel Martins, fundadoras, explica
o sucesso além-fronteiras com o “apresentar bem os livros aos
editores estrangeiros, procurar os
editores certos e apostar em
relações cordiaise transparentes”.
línguas: a Planeta Tangerina
“Todos os mercados que
tem os seus livros traduzidos
se identifiquem com a linguagem
para sete línguas e trambém
visual e com as mensagens dos
tem livros à venda no Brasil.
livros são possíveis” para
tradução. Actualmente, a Planeta
Tangerina tem livros traduzidos para língua francesa, inglesa,
espanhola, italiana, coreana, norueguesa, polaca e muitos estão
publicados no Brasil. A aposta nos mercados externos
irá manter-se, como forma de “diversificar as fontes de receitas”,
diz, visto que em Portugal “o poder de compra tem vindo a
ressentir-se”. Além de editora, a Planeta Tangerina é, também, um
atelier de design e comunicação. Por isso, no ADN dos livros está
“uma identidade gráfica forte”, uma das chaves do sucesso.
7
Balint Porneczi/Bloomberg
Paulo Alexandre Coelho
25 mil
BUENOS AIRES = MONSARAZ + FELGUEIRAS
80%
50% do volume de produção e vendas
da Gradirripas destina-se ao famoso cozinheiro
inglês Jamie Oliver. Esta empresa familiar,
de Pernes, Santarém, está “a dar um salto
qualitativo e quantitativo na capacidade
de resposta à procura que se tem verificado
nos últimos meses por contactos vindos do estrangeiro,
mas também de novos clientes nacionais”, diz Raúl Violante,
administrador. Tudo por “culpa” de Jamie Olivier que, através
de um importador inglês, teve acesso às tábuas de madeira
para cozinha da Gradirripas. Depois de aprovar a qualidade,
“foram feitos modelos finais, com diversas formas
e dimensões”, ao gosto do cozinheiro, que agora, não só
é utilizador, como também as comercializa, “através de uma
loja na internet”. São muitas as pessoas que compram
as tábuas online, mas a presença da Gardirripas é também
significativa nos vários restaurantes de Oliver fora
de Inglaterra. Actualmente as exportações já representam
80% da facturação da empresa que, este ano, já tem diversos
projectos e potenciais clientes na Suécia, Canadá e México,
prevendo atingir uma facturação próxima dos 400 mil euros.
das vendas da fábrica
de Pernes são feitas ao
exterior. A facturação
prevista para este ano
é de 400 mil euros.
Bloomberg
JAMIE OLIVER COZINHA COM TÁBUAS
LUSAS
Dois engenheiros mecânicos, um empresário e um comissário de bordo
formado em Comunicação. Áreas que nada têm a ver com calçado.
Porém, Tiago Bilbao, Miguel Basto, João Mesquita e Bruno Marfim
juntaram-se e criaram a Buenos Aires World, uma empresa que produz
calçado 100% português, feito com pele vinda de Felgueiras e mantas
de Monsaraz, mas com cariz internacional. A ideia nasceu porque um
amigo “tinha umas botas típicas de agricultor alentejano que calçava
no dia-a-dia e em diferentes ocasiões”, explica João Mesquita. Surgiu
a questão: “Porque não redesenhamos as botas
mantendo o espírito original, criamos uma marca
e vendemos um produto de muita qualidade, mas
euros foi o valor
com imagem, ao mesmo tempo, tradicional
investido. Em dois
e moderna?”. Assim nasceu a Buenos Aires
anos tinham
em 2012. Com um investimento de 30 mil euros,
o conceito
em dois anos os quatro amigos desenharam
desenhado
o conceito e com o apoio de uma designer
e a primeira
já têm à venda a primeira colecção com o nome
colecção à venda.
de Evertime, Everywear. Incorporar nas botas
partes de mantas típicas alentejanas feitas
à mão “foi um processo complicado mas que lhes deu um ‘look’ único,
tornando-as um produto vencedor”, diz. Com agentes em Espanha,
Holanda e Reino Unido, a Buenos Aires tem o objectivo de “aumentar
a rede de distribuição de modo a estarmos presentes em vários países
aquando do lançamento da próxima colecção”.
30 mil
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VI Diário Económico Quinta-feira 18 Abril 2013
BES
MILLENNIUMBCP
>> O Banco Santander Totta está
disponível para apoiar empresas
com projectos sólidos e bem
estruturados. O banco garante
o risco junto de parceiros
internacionais, o que facilita
o aprofundar do relacionamento
com fornecedores e clientes.
Tem soluções especificas para
mercados estratégicos e oferece
várias soluções.
’>> O BES apoia todas as
empresas que queiram apostar
além fronteiras e tem equipas
especializadas para o efeito
e vários produtos. Mas
a empresa deve demonstrar
resiliência, qualidade na oferta,
incorporar de forma permannte
inovação, ter idoneidade,
confiança e capacidade
de gestão dos promotores.
>> Também o Millenniumbcp
apoia as empresas que decidam
explorar outros mercados. Mas
o banco exige que tenham boa
situação económica e financeira,
capitais ajustados próprios,
e não tenham dívidas em mora.
O banco tem departamentos
especificos para servir
as empresas nos seus projectos
de internacionalização.
>> Grupo Concept
Em 2012, O Grupo Concept abriu
18 novas clinicas internacionais,
tendo já 33 no total. Para 2013,
o objectivo “é duplicar o número
de lojas no estrangeiro, tendo
como mercados-alvo, Bélgica,
Holanda e Hungria”, informa
Alexandre Lourenço, administrador.
Foto cedida por Valores
Foto cedida por Grupo MBM
Foto cedida por Vivafit
>> Vivafit
A Vivafit “está em negociações
para abrir ginásios no Brasil,
Arábia Sáudita, Oman, Emirados
Árabes Unidos, China e
Bangladesh, havendo interesse
ainda em varios países asiáticos,
Estados Unidos, e America
do Sul”, dio Pedro Ruiz, CEO.
Foto cedida por GCorte e Cose
SANTANDER TOTTA
Foto cedida por Grupo Concept
DICAS
>> MBM - Mobile
Para 2013, a empresa ambiciona
entrar no Peru e Brasil e até
2018, o objectivo “é introduzir
unidades de negócio físicas
nestes dois países, bem como
em Angola, onde entrou em
2012”, confessa João Corga,
director-geral da consultora.
>> Valores
Para 2013, a empresa quer
“consolidar a presença em
Espanha e expandir-se para as
Canárias. Quer afirmar a marca
em França, onde está a abrir mais
agências, e, se possível, entrar em
Angola, Brasil e Moçambique”,
diz J. Chester, CEO da empresa.
>> Corte&Cose
Este ano é de preparação para
a entrada em Espanha e Reino
Unido. Alexandre Santos, director
geral, diz que o modelo ideal
para a internacionalização,
é o franchising, com a procura
de uma master para cada
mercado.
Franchisings portugueses marcam posição
Os mercados externos estão a atrair cada vez mais marcas de franchising nacionais e os resultados são positivos.
RAQUEL CARVALHO
[email protected]
A
internacionalização está a
ser opção para muitas marcas de francishing nacionais. Desta forma, expandem o negócio e tentam
combater a crise instalada
no país. São muitos os casos
de sucesso que apresentamos agora.
A Vivafit começou a internacionalizar-se em
2008, para Espanha, sobretudo porque “o
mercado Português estava a ficar pequeno,
prevendo que em 2010 já não conseguiríamos
crescer em Portugal e que o ritmo de abrir um
ginásio por semana ia abrandar”, diz Pedro
Ruiz, CEO da Vivafit.
Depois de Espanha seguiram-se Índia, Singapura, Uruguai e Chipre, havendo já contratos
assinados para a Malásia, Bahrain e Qatar. No
total são onze os ginásios fora do país e a estratégia passa por se “estabelecer uma parceria de Master Franchising em cada país”, diz,
Também o grupo Concept, rede de clínicas de
estética e depilação permanente, tomou a decisão estratégica de sair do mercado nacional.
O ano de 2011 marcou o início dessa aposta,
com o Brasil, a Polónia, a República Checa e
Eslováquia a serem os primeiros mercados-
Peso dos
mercados externos
>> Vivafit
Os mercados externos
representaram em 2012,
10% da facturação, mas
a previsão para este ano
é que cheguem aos 30%.
>> Grupo Concept
As unidades fora do país
representam 15% do total
da facturação do grupo,
mas a tendência
é de crescimento.
>> Valores
Já tem mais de três
dezenas de agências
no exterior. Os mercados
externos representam
cerca de 15% da rede
em termos de facturação
e número de lojas.
alvo. Alexandre Lourenço, administrador do
grupo explica que no Brasil, a marca entrou
“com uma filial dependente da casa mãe em
Lisboa”. Nos outros mercados, “através de um
representante local da nossa marca (Master
Franchisador)”. O ano passado foi a vez de
entrar na Suíça, também através de um Master
Franchisador, tendo assinado “o contrato para
instalação de uma unidade em Cabo Verde”,
informa, frisando que a marca conta com 33
unidades fora do país, ou seja, “cerca de 1/3
das unidades totais do grupo”.
No que toca a aposta da MBM - Mobile ainda é
cedo para fazer um balanço da actividade internacional, mas a empresa está sempre atenta a novas oportunidades de negócios.
“Até há pouco tempo, as nossas atenções estavam muito focadas no mercado europeu,
em economias maduras que absorvem os
modelos de inovação facilmente, desde que,
sejam verdadeiramente propostas de valor e
que tragam claros benefícios para os consumidores”, diz João Corga, director-geral da
consultora. Mas a empresa percebeu haver
“interessados provenientes de alguns países
do continente americano e africano”, tendo
entrado em Angola em 2012 e a intenção de
entrar no Perú e no Brasil já este ano.
No que toca à Valores, a internacionalização
foi sempre uma meta do plano de expansão.
“A estratégia da marca para entrar em novos
mercados faz-se directamente e através da
abertura de unidades próprias”, informa J.
Chester, CEO da Valores. Contudo, a empresa
tem vindo a explorar novas oportunidades e
quer “implementar o modelo nacional além
fronteiras, ou seja, queremos crescer com
unidades próprias e com lojas franchisadas”.
A Valores possui dez lojas em França e já tem
mais de duas dezenas de agências em Espanha, e perspetivas de crescimento nas Canárias. O balanço é por isso “muito positivo”.
Também positivo é a experiência internacional do Corte&Cose, apesar de recente. No início de 2012, a empresa foi contactada por um
grupo Angolano que “queria o master franchising da marca em Luanda. Fomos, pois,
confrontados com o assunto e avançámos com
esse grupo, com um modelo de distribuição
semelhante àquele que temos em Portugal, ou
seja, o franchising”, explica Alexandre Santos. O peso na facturação ronda os 15%, mas o
responsável acredita que no final deste ano,
seja bastante maior. ■
Quinta-feira 18 Abril 2013 Diário Económico VII
CGD
BPI
LINHAS DE APOIO
>> É vasta a oferta da CGD.
O banco dispõe de uma linha
de capitalização, e apoia através
de capital de risco, com quatro
fundos dirigidos a diversos
segmentos-alvo. Oferece ainda
um Fundo de Fundos, um
instrumento que permite
o investimento na capital
de empresas através
de operadores do mercado.
>> Equipas exclusivas no apoio
a empresas que estão a apostar
na internacionalização é uma
das vertentes do apoio do BPI
às empresas. O banco criou
o Gabinete de África e o Gabinete
de Empresas Espanholas e, em
parceria com o Cosec, criou o BPI
Exportação Segura, uma oferta
que agrega aoluções de apoio
e financiamento.
>> Além das soluções próprias
dos bancos, é importante frisar
a existência das linhas Export
Investe, PME Crescimento
e Investe QREN. Quem quer
internacionalizar deve também
olhar com atenção para
propostas como a Sofid ou as
parcerias com bancos de
desenvolvimento que estão a ser
promovidas pela AICEP.
3 P E R G U N TA S A BRUNO SANTOS, VICE-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE FRANCHISING
“Já temos marcas em mais de 30 países”
Para se ter sucesso fora do país, é fundamental que a marca esteja consolidada em Portugal.
Internacionalizar está na moda entre muitas
marcas nacionais de franchising, mas é preciso fazer uma análise criteriosa dos mercadosalvo, diz Bruno Santos, vice-presidente da
Associação Nacional de Franchising em entrevista ao Diário Económico.
Apostar em internacionalizar um franchising
pode ser a chave do sucesso em tempos de crise?
O franchising não está imune à difícil situação económica, mas apresenta taxas de sobrevivência muito superiores às dos negócios independentes. Por isso, é uma fórmula
que deve ser estimulada tanto para a internacionalização das marcas já consolidadas,
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como para a criação do próprio emprego.
Algumas marcas portuguesas de franchising
já iniciaram o seu processo de expansão internacional e estão em mais de 30 países.
O que é fundamental um franchising ter para
obter sucesso fora de portas?
A internacionalização é uma das mais complexas áreas na gestão das redes de franchising. É fundamental, antes de mais, que a
marca esteja consolidada a nível interno e tenha já desenvolvido um conjunto de procedimentos próprios. Depois, é preciso eleger os
países de destino: nem todas as marcas podem
ir para todo o lado. Esta análise deve ser criteriosamente feita em cada caso.
Outro aspecto relevente é escolher o modelo
certo de parceria para cada país: master franquia, joint venture, area developer ou mesmo
a abertura de lojas próprias.
Quais as maiores dificuldades que podem encontram lá fora?
Às vezes a decisão de sair é precipitada. Nunca
devemos ir para fora como fuga aos problemas
no país. A internacionalização deve ser a consequência lógica do crescimento da marca.
E esse processo de expansão internacional
implica riscos, demasiadas vezes negligenciados. E para além dos riscos, impõe custos. Por
via de regra, as estratégias mal pensadas não
produzem grandes resultados. ■
“Nunca devemos ir
para fora como fuga
aos problemas no país.
A internacionalização
deve ser a consequência
lógica do crescimento
da marca”, diz Bruno
Santos, que é também,
director-geral
da consultora
de franchising, Trema.
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INTERNACIONALIZAÇÃO