ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 5656 DE 18 DE ABRIL DE 2013 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE Desafios de Portugal: INTERNACIONALIZAÇÃO Peru, é um dos mercados alvo Enrique Castro-Mendivil / Reuters para os empresários portugueses. Mercados emergentes na mira das empresas portuguesas ◗ Casos de sucesso de empresas que se internacionalizaram ◗ Produtos tradicionais e modernos que estão a dar cartas ◗ Franchisings lusos presentes em 30 países PUB II Diário Económico Quinta-feira 18 Abril 2013 O NÚMERO de compradores estrangeiros que visitaram a feira da FIL Alimentaria & Horexpo 2013, terminou ontem atingiu os dois mil, quando a previsão inicial era de 1300. Mais de 800 empresas estriveram presentes no certame. Países como o Japão, Austrália, México, Canadá ou Israel, pouco habituais nestes certames em Portugal, também marcaram presença. DESAFIOS DE PORTUGAL: INTERNACIONALIZAÇÃO Visita do presidente da República, Governo e empresários à Colômbia e ao Perú mostra o potencial destes mercados. Mário Proença / Bloomberg Uma aposta forte nos países emergentes IRINA MARCELINO [email protected] A importância dos mercados emergentes não passa despercebida aos governantes nem às empresas. Também a Vista Alegre anunciou entretanto que vai construir uma fábrica na Colômbia, depois de um ano de negociações. Mas a aposta das empresas portuguesas vai mais além dos mercados sul-americanos. Um estudo recente da Accenture lembra o chamado triângulo em que Portugal deve apostar e que tem os seus vértices na Europa, na América Latina e em África. É neste contexto que a Associação Industrial Portuguesa (AIP) está a criar um conjunto de redes de negócios e a estabelecer contactos para detectar novas oportunidades de negócio nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), sobretudo em Angola e Moçambique. Trata-se de uma base de dados que incluirá a identificação dos reais e efectivos interlocutores naqueles mercados, o conhecimento dos mecanismos de financiamento, bem como informação sobre os planos de desenvolvimento nacionais e áreas prioritárias de investimento nos PALOP. ■ Martifer A empresa de Oliveira de Frades tem negócios em vários países. No Reino Unido, por exemplo, os seus negócios da área da energia fotovoltaica estão a correr sobre rodas, tendo terminado recentemente cinco parques. Na área das construções metálicas, a Martifer está já a trabalhar para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Os componentes metálicos de três estádios foram feitos em Oliveira de Frades e numa fábrica do Brasil. Além dos muitos outros negócios que tem em outros países (exporta já 90% do que produz), a empresa liderada por Carlos Martins tem agora os olhos postos no Mundial de Futebol do Qatar, em 2022. Jerónimo Martins Não são muitos os países onde a empresa da família Soares dos Santos está. Além de Portugal, Polónia e Colômbia são os outros locais onde já abriu lojas, depois de uma ‘aventura’ que não correu pelo melhor no Brasil. A escolha de mercados estáveis é um dos factores que mais tem pesado na sua estratégia. Foi assim que a dona do Pingo Doce teve sucesso com a marca Biedronka na Polónia, onde já é um dos principais ‘players’ na área da grande distribuição. Na Colômbia já abriu cinco lojas, estando previsto a inauguração de um espaço ARA por semana até ao final do ano, num investimento de 100 milhões de euros. No total, a empresa quer investir na Colômbia 400 milhões. Ana Brigida rismo, novas tecnologias ou banca. Mas os casos de sucesso de empresas portuguesas que conseguiram entrar nestes países são levados na bagagem como casos inspiradores para quem quer entrar. A Jerónimo Martins é, desde logo, o exemplo mais mediático. Já abriu cinco supermercados Ara, e tem como objectivo ambicioso a abertura de um espaço novo por semana durante este ano. Esta não foi a única experiência de sucesso na Colômbia, depois de anos de sucesso na Polónia, onde tem os supermercados Biedronka. Através da Ara, várias empresas portuguesas estão prontas a entrar no mercado colombiano. É o caso da Casa Ermelinda Freitas (vinhos) e das bolachas Vieira de Castro. Ainda na Colômbia, a Prébuild, empresa portuguesa da área da construção, tem, através de uma estratégia que passa pela compra de indústrias ligadas à construção. Esta empresa quer ainda abrir, através da marca Izibuild, várias lojas naquele país, e está a estudar a possibilidade de entrar no mercado mexicano. Bruno Barbosa O mercado interno está recessivo e as empresas estão com dificuldade em sobreviver e manter as suas estratégias com a queda de consumo que se tem sentido. E se para muitas a internacionalização dos seus negocios sempre fez parte da sua estratégia de crescimento, para outras este é um escape a um mercado de reduzida dimensão e enfraquecido pela crise. Nas exportações, os números têm sido positivos, apesar da descida sentida em Fevereiro. Não se sabe, porém, como vão evoluir no futuro, tendo em conta que os países para onde Portugal mais exporta são europeus e a Europa está em crise. A aposta de muitas empresas por mercados emergentes tem sido uma opção. Angola tem vindo a afirmar-se como um dos países que mais recebem produtos portugueses, assim como a China. Na verdade, as exportações portuguesas para estes dois países têm aumentado de forma significativa nos últimos anos. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística relativos ao ano passado, Angola será o quarto país para onde Portugal exporta, e a China estará em 10º posto, uma posição nunca antes alcançada. No que respeita aos valores do investimento directo de Portugal no exterior, os números do Banco de Portugal revelam que em 2012, depois dos Países Baixos, Espanha, Brasil e Angola são os paíoses que mais capitais lusos recebem apesar de, para Angola, terem caído 65,6% entre 2011 e 2012. A importância dos mercados emergentes não passa despercebida aos governantes nem às empresas. As visitas que estão a decorrer à Colômbia e Perú são dois exemplos do esforço que tem sido feito (ver secção Empresas do Diário Económico). A comitiva de empresas - entre as quais a EDP, REN, BES, Caixa Investimento, Visabeira, Porto de Sines, Mota-Engil e Bluepharma -, representantes da AICEP, ministro da Economia e secretário de Estado da Cultura que acompanharam o presidente da República, Cavaco Silva, na sua visita a estes países mostra que tem sido feito um esforço para dinamizar a internacionalização da economia portuguesa em novos mercados. As áreas preferenciais nesta visita em concrecto são a construção, transportes, energia, logística, tu- 6 casos de sucesso a nível internacional A COMISSÃO VITIVINÍCOLA Regional do Tejo (CVR Tejo) está a promover os seus vinhos no Brasil com a Caravana dos Vinhos do Tejo até ao final do ano. O objectivo é dar a conhecer os seus vinhos nas principais cidades brasileiras, como São Paulo, Belo Horizonte, Salvador da Baía, Rio de Janeiro, Fortaleza, entre outras. A caravana estima mais de 25 eventos e leva consigo 20 produtores da região. A SIBS INTERNATIONAL, empresa do Grupo SIBS que tem como missão exportar o ‘know how’ português ao nível de pagamentos para mercados emergentes, iniciou a sua actividade em Janeiro de 2010 e já resente em onze países: Angola, Argélia, Espanha, França, Grécia, Luxemburgo, Moçambique, Nigéria, Polónia e OPINIÃO:Malta, ??????????????????? Roménia. ????????????????????????????? TRÊS PROJECTOS COM OS OLHOS NO MUNDO GalpEnergia A estratégia de internacionalização da Galp foi “fundamental para que a empresa se tornasse no operador integrado de energia que hoje é e que lhe permite resistir e continuar a investir em Portugal, apesar da conjuntura económica difícil que o país atravessa”, diz fonte oficial. A estratégia passou pela aposta na internacionalização em todas as áreas de negócio mas sobretudo focada na exploração e produção. “Somos hoje um operador integrado de energia, presente em todas as fases da cadeia de valor, desde a exploração de petróleo e gás natural, da refinação de crude à comercialização de produtos petrolíferos e de gás natural. Operamos em quatro continentes, em 15 países (Portugal, Espanha, Brasil, Angola, Venezuela, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Suazilândia, Gâmbia, Timor Leste, Uruguai, Guiné-Equatorial, Namíbia e Marrocos),mas as nossas atividades chegam a mais de 60 destinos para onde exportamos essencialmente produtos petrolíferos”. Na maioria, os resultados deste multinacional portuguesa provêm já, na sua maioria, de fora da Península Ibérica. Mário Proença / Bloomberg HEALTH CLUSTER PORTUGAL Mota Engil O sector da construção civil e obras públicas está em crise e as construtoras não têm outra hipótese senão a de se internacionalizarem. A aposta da Mota Engil, porém, desde sempre passou pela expansão internacional. A estratégia actual é o investimento ma Espaço SADC (comunidade para o desenvolvimento da África Austral), América Latina e Europa Central. A empresa quer crescer de forma orgânica, em detrimento de aquisições, e replicar o modelo de negócio do Grupo em Portugal para cada mercado internacional. Criada há pouco mais de ano e meio, a Parceria Portuguesa para a Água (PPA) junta 103 entidades, entre empresas, associações, organismos públicos, universidades e centros de investigação, tem excedido os objectivos iniciais, que visavam “aproveitar as reconhecidas capacidade técnicas de Portugal em toda a cadeia de valor associada aos recursos hídricos e intervenções na orla costeira”, diz Francisco Nunes Correia, presidente, que frisa os frutos já colhidos das missões empresariais à Sérvia e à Tunísia, dos canais abertos com as instituições financeiras internacionais, da divulgação quinzenal de múltiplas oportunidades de negócios à escala global e das relações de trabalho e cooperação com as mais relevantes instituições internacionais. O responsável ressalva o trabalho já feito a curto prazo, com vista ”à criação de oportunidades para as empresas e outras instituições portuguesas”, e a médio prazo, com o objectivo de “afirmar o prestígio e as capacidades dessas entidades na cena internacional”. Para este ano está prevista para este ano uma missão empresarial a Moçambique, e o desenvolvimento do projecto ÁguaGlobal, financiado pelo QREN, realizado em parceria com a AEP, que visa “uma melhor caracterização do sector português da água e o conhecimento aprofundado de oito mercados estratégicos: Brasil, Angola, Moçambique, Marrocos, Argélia, Sérvia, Croácia e Polónia”. R.C. Efacec Sonae SR No final de 2012, as marcas da Sonae SR contavam com 146 lojas fora de Portugal, das quais 20 em regime de franchising e ‘store-in-store’ em países como Espanha, Turquia, Arábia Saudita, Malta, Egipto, Cazaquistão, Azerbaijão, República Dominicana e Venezuela. A Zippy, vestuário de bebé e criança e puericultura, entrou este trimestre em Marrocos e no Líbano, alargando a sua presença a um total de 12 países, estando também a exportar os seus produtos para a China. A marca BERG, que em Portugal é comercializada em exclusivo na Sport Zone, está a ser vendida para Equador, Estónia, Irlanda, Polónia, Reino Unido e Egipto. E a Modalfa abriu de quatro lojas nas Canárias, em Espanha. A Gatewit e a Vortal são apenas dois de muitos exemplos de empresas tecnológicas que apostam forte nos mercados externos. Neste caso, são as líderes na área das plataformas de contratação pública. A Vortal iniciou o seu processo de internacionalização em 2008, e tem na ferramenta econstroi, plataforma de contratação pública na área da construção, uma “importante alavanca neste processo, nomeadamente em África e no Sul da América”, diz Rui Dias Ferreira, CEO (na foto). A empresa gere dois mil compradores públicos e privados e uma rede de fornecedores com mais de 50 mil empresas, em 39 países, através das operações em Portugal, Espanha, República Checa e Reino Unido, sendo de salientar que 30% das oportunidades de negócio nos mercados privados estão em Angola, Cabo Verde, Moçambique, e Malawi. Os mercados externos representam já 6% da facturação da Vortal, que foi de dez milhões de euros, em 2012. A Gatewit, por seu turno, está presente em Espanha, Brasil, EUA, México, China e Reino Unido, tendo começado a aventura internacional em 2011. O peso dos mercados externos é actualmente de 20%. A ideia é “criar presença local com escritórios e empresa criada em cada um dos países”, explica Pedro Vaz Paulo, CEO. R.C. Paula Nunes TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO Michaela Rehle / Reuters 2013 será um ano de “redefinição das prioridades estratégicas para cada negócio em cada região, tendo por base a experiência adquirida desde a criação e operacionalização do actual modelo de cobertura da presença internacional”, disse fonte oficial da Efacec ao Diário Económico. O mercado externo representa hoje mais de 70% do volume de negócios da empresa. Europa Central, África Austral e América Latina foram as geografias onde a Efacec teve um crescimento de vendas mais acentuado. Na área da energia e automação foram fechados contratos importantes nos EUA, no Magrebe e na África Austral. A Índia, apesar de ser ainda pequeno para a companhia, foi o que teve maior crescimento relativo das vendas, com especial relevância para as actividades de logística, engenharia e renováveis. Fora das geografias com presença de empresas locais Efacec, destacam-se importantes negócios na Venezuela, Colômbia, Reino Unido, de automação na Turquia e na Tanzânia, dos transportes, e em particular no âmbito da mobilidade eléctrica, na Noruega e no Abu Dhabi e, no domínio dos armazéns automáticos, no mercado asiático, principalmentena Indonésia e em Singapura. Aquando da sua criação, em 2008, o Health Custer Portugal (HCP) definiu objectivos a três-cinco anos, e até 2020. Fazendo contas aos primeiros, Joaquim Cunha, director executivo, destaca o contributo para “a valorização do conhecimento e da inovação na Saúde e Ciências da Vida, a promoção da investigação clínica e de translação, o melhor e mais eficaz relacionamento entre as empresas do sector e as instituições de ciência e hospitais”. Além disso, diz, ter um papel fundamental “na construção da reputação do sector, quer no plano internacional, quer ao nível nacional”. A estratégia seguida visa “potenciar a competitividade da cadeia de valor nacional da saúde” e admite que o esforço para incentivar a internacionalização, baseia-se na articulação entre os 134 associados com a AICEP, IAPMEI, a Enterprise Europe Network, o Infarmed e o INPI. Um trabalho conjunto que pretende “atrair investimento directo estrangeiro e a participação em missões empresariais”, o que “tem vindo, paulatinamente, a dar frutos”, com as exportações do sector a aumentarem significativamente nos últimos anos”. R.C. PARCERIA PORTUGUESA ÁGUA Bruno Barbosa l Quinta-feira 18 Abril 2013 Diário Económico III IV Diário Económico Quinta-feira 18 Abril 2013 DESAFIOS DE PORTUGAL: INTERNACIONALIZAÇÃO Produtos tradicionais mas modernos que estão a conseguir dar a volta lá fora Conheça cinco empresas que apostaram além fronteiras, aliando a tradição à inovação e modernidade. RAQUEL CARVALHO [email protected] Com a ambição de ser uma empresa “maioritariamente exportadora, não esquecendo o mercado de origem”, a Rutz vê na internacionalização uma porta para “crescer e que garante a sustentabilidade do negócio a médio/ longo prazo”. A marca de calçado portuguesa, que tem na cortiça a sua diferenciação, já está no Brasil, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Suiça e Alemanha. Nasceu de “uma paixão pelos sapatos enquanto peças de arte urbana, aliada à vontade de fazer mais e de inovar”, dizem Hugo Baptista e Raquel Castro, euros foi o valor casados e mentores do projecto que se investido pelo distingue “pelo design e cor”, e que tem por casal que base “as nossas raízes, origens e tradições”, começou a Rutz mote de inspiração para as diversas colecções, para começar a “todas produzidas em São João da Madeira”, produzir sapatos esclarecem. Além da presença nas mais de cortiça. privilegiadas feiras do sector, a promoção da marca tem passado muito pela exploração das redes sociais. É também na loja online que se fazem grande parte das vendas, a que se juntam as 30 lojas multimarca espalhadas por Portugal. Da ideia ao conceito passaram dois anos. Para a concretização, bastaram seis meses e não foi preciso pedir empréstimo. “Teríamos de ter a certeza que com ‘low budget’ faríamos algo com ‘high impact’”. E assim foi. O investimento inicial rondou os 25 mil euros. Eduardo Munoz / Reuters RUTZ REINVENTA A CORTIÇA DR PINCÉIS DE BARBA ALÉM FRONTEIRAS 55% é quanto pesam hoje as exportações na facturação da Semogue. Têm crescido 15 a 20% ao ano. A Semogue, a única empresa em Portugal a produzir única e exclusivamente pincéis de barba, procura o equilíbrio entre a criatividade, autenticidade, inovação e tradição. Isto, aliado a uma preocupação pela “excelência e qualidade”, explicam o sucesso de um produto que sofre concorrência feroz e podia perder o risco de acabar. Em 2007 esse cenário parecia real, pois “sentimos imensas dificudades no escoamento dos produtos no mercado interno”, admite Manuel Gomes, administrador. Foi então que se pensou em entrar em novos mercados”. Actualmente, os pincéis da Semogue têm clientes em Espanha, França, Grécia, Inglaterra, Holanda, Alemanha, Austrália, Nova Zelândia, Canadá e EUA. Mas a empresa está a desenvolver projectos na Suécia e Dinamarca e tem potenciais clientes no México e no Brasil. As exportações representam perto de 55% na facturação e “têm crescido a um ritmo de 15% a 20% ao ano”. PLANETA TANGERINA É A MELHOR DA EUROPA Considerada a melhor editora da Europa na Literatura para infância e juventude, prémio atribuído na Feira do Livro infantil de Bolonha, em Itália, em Março, a Planeta Tangerina é uma editora com visibilidade internacional. Isabel Martins, fundadoras, explica o sucesso além-fronteiras com o “apresentar bem os livros aos editores estrangeiros, procurar os editores certos e apostar em relações cordiaise transparentes”. línguas: a Planeta Tangerina “Todos os mercados que tem os seus livros traduzidos se identifiquem com a linguagem para sete línguas e trambém visual e com as mensagens dos tem livros à venda no Brasil. livros são possíveis” para tradução. Actualmente, a Planeta Tangerina tem livros traduzidos para língua francesa, inglesa, espanhola, italiana, coreana, norueguesa, polaca e muitos estão publicados no Brasil. A aposta nos mercados externos irá manter-se, como forma de “diversificar as fontes de receitas”, diz, visto que em Portugal “o poder de compra tem vindo a ressentir-se”. Além de editora, a Planeta Tangerina é, também, um atelier de design e comunicação. Por isso, no ADN dos livros está “uma identidade gráfica forte”, uma das chaves do sucesso. 7 Balint Porneczi/Bloomberg Paulo Alexandre Coelho 25 mil BUENOS AIRES = MONSARAZ + FELGUEIRAS 80% 50% do volume de produção e vendas da Gradirripas destina-se ao famoso cozinheiro inglês Jamie Oliver. Esta empresa familiar, de Pernes, Santarém, está “a dar um salto qualitativo e quantitativo na capacidade de resposta à procura que se tem verificado nos últimos meses por contactos vindos do estrangeiro, mas também de novos clientes nacionais”, diz Raúl Violante, administrador. Tudo por “culpa” de Jamie Olivier que, através de um importador inglês, teve acesso às tábuas de madeira para cozinha da Gradirripas. Depois de aprovar a qualidade, “foram feitos modelos finais, com diversas formas e dimensões”, ao gosto do cozinheiro, que agora, não só é utilizador, como também as comercializa, “através de uma loja na internet”. São muitas as pessoas que compram as tábuas online, mas a presença da Gardirripas é também significativa nos vários restaurantes de Oliver fora de Inglaterra. Actualmente as exportações já representam 80% da facturação da empresa que, este ano, já tem diversos projectos e potenciais clientes na Suécia, Canadá e México, prevendo atingir uma facturação próxima dos 400 mil euros. das vendas da fábrica de Pernes são feitas ao exterior. A facturação prevista para este ano é de 400 mil euros. Bloomberg JAMIE OLIVER COZINHA COM TÁBUAS LUSAS Dois engenheiros mecânicos, um empresário e um comissário de bordo formado em Comunicação. Áreas que nada têm a ver com calçado. Porém, Tiago Bilbao, Miguel Basto, João Mesquita e Bruno Marfim juntaram-se e criaram a Buenos Aires World, uma empresa que produz calçado 100% português, feito com pele vinda de Felgueiras e mantas de Monsaraz, mas com cariz internacional. A ideia nasceu porque um amigo “tinha umas botas típicas de agricultor alentejano que calçava no dia-a-dia e em diferentes ocasiões”, explica João Mesquita. Surgiu a questão: “Porque não redesenhamos as botas mantendo o espírito original, criamos uma marca e vendemos um produto de muita qualidade, mas euros foi o valor com imagem, ao mesmo tempo, tradicional investido. Em dois e moderna?”. Assim nasceu a Buenos Aires anos tinham em 2012. Com um investimento de 30 mil euros, o conceito em dois anos os quatro amigos desenharam desenhado o conceito e com o apoio de uma designer e a primeira já têm à venda a primeira colecção com o nome colecção à venda. de Evertime, Everywear. Incorporar nas botas partes de mantas típicas alentejanas feitas à mão “foi um processo complicado mas que lhes deu um ‘look’ único, tornando-as um produto vencedor”, diz. Com agentes em Espanha, Holanda e Reino Unido, a Buenos Aires tem o objectivo de “aumentar a rede de distribuição de modo a estarmos presentes em vários países aquando do lançamento da próxima colecção”. 30 mil PUB VI Diário Económico Quinta-feira 18 Abril 2013 BES MILLENNIUMBCP >> O Banco Santander Totta está disponível para apoiar empresas com projectos sólidos e bem estruturados. O banco garante o risco junto de parceiros internacionais, o que facilita o aprofundar do relacionamento com fornecedores e clientes. Tem soluções especificas para mercados estratégicos e oferece várias soluções. ’>> O BES apoia todas as empresas que queiram apostar além fronteiras e tem equipas especializadas para o efeito e vários produtos. Mas a empresa deve demonstrar resiliência, qualidade na oferta, incorporar de forma permannte inovação, ter idoneidade, confiança e capacidade de gestão dos promotores. >> Também o Millenniumbcp apoia as empresas que decidam explorar outros mercados. Mas o banco exige que tenham boa situação económica e financeira, capitais ajustados próprios, e não tenham dívidas em mora. O banco tem departamentos especificos para servir as empresas nos seus projectos de internacionalização. >> Grupo Concept Em 2012, O Grupo Concept abriu 18 novas clinicas internacionais, tendo já 33 no total. Para 2013, o objectivo “é duplicar o número de lojas no estrangeiro, tendo como mercados-alvo, Bélgica, Holanda e Hungria”, informa Alexandre Lourenço, administrador. Foto cedida por Valores Foto cedida por Grupo MBM Foto cedida por Vivafit >> Vivafit A Vivafit “está em negociações para abrir ginásios no Brasil, Arábia Sáudita, Oman, Emirados Árabes Unidos, China e Bangladesh, havendo interesse ainda em varios países asiáticos, Estados Unidos, e America do Sul”, dio Pedro Ruiz, CEO. Foto cedida por GCorte e Cose SANTANDER TOTTA Foto cedida por Grupo Concept DICAS >> MBM - Mobile Para 2013, a empresa ambiciona entrar no Peru e Brasil e até 2018, o objectivo “é introduzir unidades de negócio físicas nestes dois países, bem como em Angola, onde entrou em 2012”, confessa João Corga, director-geral da consultora. >> Valores Para 2013, a empresa quer “consolidar a presença em Espanha e expandir-se para as Canárias. Quer afirmar a marca em França, onde está a abrir mais agências, e, se possível, entrar em Angola, Brasil e Moçambique”, diz J. Chester, CEO da empresa. >> Corte&Cose Este ano é de preparação para a entrada em Espanha e Reino Unido. Alexandre Santos, director geral, diz que o modelo ideal para a internacionalização, é o franchising, com a procura de uma master para cada mercado. Franchisings portugueses marcam posição Os mercados externos estão a atrair cada vez mais marcas de franchising nacionais e os resultados são positivos. RAQUEL CARVALHO [email protected] A internacionalização está a ser opção para muitas marcas de francishing nacionais. Desta forma, expandem o negócio e tentam combater a crise instalada no país. São muitos os casos de sucesso que apresentamos agora. A Vivafit começou a internacionalizar-se em 2008, para Espanha, sobretudo porque “o mercado Português estava a ficar pequeno, prevendo que em 2010 já não conseguiríamos crescer em Portugal e que o ritmo de abrir um ginásio por semana ia abrandar”, diz Pedro Ruiz, CEO da Vivafit. Depois de Espanha seguiram-se Índia, Singapura, Uruguai e Chipre, havendo já contratos assinados para a Malásia, Bahrain e Qatar. No total são onze os ginásios fora do país e a estratégia passa por se “estabelecer uma parceria de Master Franchising em cada país”, diz, Também o grupo Concept, rede de clínicas de estética e depilação permanente, tomou a decisão estratégica de sair do mercado nacional. O ano de 2011 marcou o início dessa aposta, com o Brasil, a Polónia, a República Checa e Eslováquia a serem os primeiros mercados- Peso dos mercados externos >> Vivafit Os mercados externos representaram em 2012, 10% da facturação, mas a previsão para este ano é que cheguem aos 30%. >> Grupo Concept As unidades fora do país representam 15% do total da facturação do grupo, mas a tendência é de crescimento. >> Valores Já tem mais de três dezenas de agências no exterior. Os mercados externos representam cerca de 15% da rede em termos de facturação e número de lojas. alvo. Alexandre Lourenço, administrador do grupo explica que no Brasil, a marca entrou “com uma filial dependente da casa mãe em Lisboa”. Nos outros mercados, “através de um representante local da nossa marca (Master Franchisador)”. O ano passado foi a vez de entrar na Suíça, também através de um Master Franchisador, tendo assinado “o contrato para instalação de uma unidade em Cabo Verde”, informa, frisando que a marca conta com 33 unidades fora do país, ou seja, “cerca de 1/3 das unidades totais do grupo”. No que toca a aposta da MBM - Mobile ainda é cedo para fazer um balanço da actividade internacional, mas a empresa está sempre atenta a novas oportunidades de negócios. “Até há pouco tempo, as nossas atenções estavam muito focadas no mercado europeu, em economias maduras que absorvem os modelos de inovação facilmente, desde que, sejam verdadeiramente propostas de valor e que tragam claros benefícios para os consumidores”, diz João Corga, director-geral da consultora. Mas a empresa percebeu haver “interessados provenientes de alguns países do continente americano e africano”, tendo entrado em Angola em 2012 e a intenção de entrar no Perú e no Brasil já este ano. No que toca à Valores, a internacionalização foi sempre uma meta do plano de expansão. “A estratégia da marca para entrar em novos mercados faz-se directamente e através da abertura de unidades próprias”, informa J. Chester, CEO da Valores. Contudo, a empresa tem vindo a explorar novas oportunidades e quer “implementar o modelo nacional além fronteiras, ou seja, queremos crescer com unidades próprias e com lojas franchisadas”. A Valores possui dez lojas em França e já tem mais de duas dezenas de agências em Espanha, e perspetivas de crescimento nas Canárias. O balanço é por isso “muito positivo”. Também positivo é a experiência internacional do Corte&Cose, apesar de recente. No início de 2012, a empresa foi contactada por um grupo Angolano que “queria o master franchising da marca em Luanda. Fomos, pois, confrontados com o assunto e avançámos com esse grupo, com um modelo de distribuição semelhante àquele que temos em Portugal, ou seja, o franchising”, explica Alexandre Santos. O peso na facturação ronda os 15%, mas o responsável acredita que no final deste ano, seja bastante maior. ■ Quinta-feira 18 Abril 2013 Diário Económico VII CGD BPI LINHAS DE APOIO >> É vasta a oferta da CGD. O banco dispõe de uma linha de capitalização, e apoia através de capital de risco, com quatro fundos dirigidos a diversos segmentos-alvo. Oferece ainda um Fundo de Fundos, um instrumento que permite o investimento na capital de empresas através de operadores do mercado. >> Equipas exclusivas no apoio a empresas que estão a apostar na internacionalização é uma das vertentes do apoio do BPI às empresas. O banco criou o Gabinete de África e o Gabinete de Empresas Espanholas e, em parceria com o Cosec, criou o BPI Exportação Segura, uma oferta que agrega aoluções de apoio e financiamento. >> Além das soluções próprias dos bancos, é importante frisar a existência das linhas Export Investe, PME Crescimento e Investe QREN. Quem quer internacionalizar deve também olhar com atenção para propostas como a Sofid ou as parcerias com bancos de desenvolvimento que estão a ser promovidas pela AICEP. 3 P E R G U N TA S A BRUNO SANTOS, VICE-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE FRANCHISING “Já temos marcas em mais de 30 países” Para se ter sucesso fora do país, é fundamental que a marca esteja consolidada em Portugal. Internacionalizar está na moda entre muitas marcas nacionais de franchising, mas é preciso fazer uma análise criteriosa dos mercadosalvo, diz Bruno Santos, vice-presidente da Associação Nacional de Franchising em entrevista ao Diário Económico. Apostar em internacionalizar um franchising pode ser a chave do sucesso em tempos de crise? O franchising não está imune à difícil situação económica, mas apresenta taxas de sobrevivência muito superiores às dos negócios independentes. Por isso, é uma fórmula que deve ser estimulada tanto para a internacionalização das marcas já consolidadas, PUB como para a criação do próprio emprego. Algumas marcas portuguesas de franchising já iniciaram o seu processo de expansão internacional e estão em mais de 30 países. O que é fundamental um franchising ter para obter sucesso fora de portas? A internacionalização é uma das mais complexas áreas na gestão das redes de franchising. É fundamental, antes de mais, que a marca esteja consolidada a nível interno e tenha já desenvolvido um conjunto de procedimentos próprios. Depois, é preciso eleger os países de destino: nem todas as marcas podem ir para todo o lado. Esta análise deve ser criteriosamente feita em cada caso. Outro aspecto relevente é escolher o modelo certo de parceria para cada país: master franquia, joint venture, area developer ou mesmo a abertura de lojas próprias. Quais as maiores dificuldades que podem encontram lá fora? Às vezes a decisão de sair é precipitada. Nunca devemos ir para fora como fuga aos problemas no país. A internacionalização deve ser a consequência lógica do crescimento da marca. E esse processo de expansão internacional implica riscos, demasiadas vezes negligenciados. E para além dos riscos, impõe custos. Por via de regra, as estratégias mal pensadas não produzem grandes resultados. ■ “Nunca devemos ir para fora como fuga aos problemas no país. A internacionalização deve ser a consequência lógica do crescimento da marca”, diz Bruno Santos, que é também, director-geral da consultora de franchising, Trema. PUB