1 Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas ANA LIDIA VIEIRA GOMES QUERUBINO DETECÇÃO DE CARBOIDRATOS DE SUPERFÍCIE EM MELANOMA APÓS TERAPIA FOTODINÂMICA São José dos Campos, SP 2014 2 ANA LIDIA VIEIRA GOMES QUERUBINO DETECÇÃO DE CARBOIDRATOS DE SUPERFÍCIE EM MELANOMA APÓS TERAPIA FOTODINÂMICA Dissertação de Mestrado apresentada Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas. Orientadora: Profa. Dra. Cristina Pacheco Soares Co-orientador: Prof. Dr. Newton Soares da Silva São José dos Campos, SP 2014 ANA LIDIA VIElRA GOMES QUERUBINO "DETECÇÃO DE CARBOIDRATOS DE SUPERFÍCIE EM MELANOMA APÓS TERAPIA FOTODINÂMICA." Dissertação aprovada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Ciências Biológicas, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP, pela seguinte banca examinadora: Prof", Dra. NÁDIA MARIA RODRIGUES DE CAMPOS VELHO (U Prof". Dra. CRISTINA PACHECO SOARES (UNIVAP)~dJ,.L:,L~.-!--JIb~~~~J..I(.6,~_ Prof. Dr. NEWTON SOARES DA SILVA (UNIV AP) __ Prof". Dra. RITCHELLI RICCI (UNIFESP)-=~~~~~~:: Prof". Dra. Sandra Maria Fonseca da Costa Diretor do IP&D - UniVap São José dos Campos, 28 de fevereiro de 2014. ----4-=-9~__/____!.~"....__-=----- _ 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pelo seu eterno amor e misericórdia que me guiou até aqui e me proporcionou mais uma vitória. Agradeço ao meu pai Francisco pelas longas conversas filosóficas, elas me ajudaram muito, também pelo seu cuidado e amor. Agradeço a minha mãe Vicentina (in memória) que mesmo não sabendo ler nem escrever uma palavra era uma mulher sábia, ah mamãe! Que saudade! Agradeço ao meu maravilhoso esposo, super companheiro André que sempre me apoiou e não me deixou desistir dos meus sonhos. Agradeço aos meus filhos por estarem sempre presentes me apoiando e ajudando cada um a sua maneira. Aos colegas de laboratório pelas conversas e pelas deliciosas comidinhas que ali sempre apareciam. Em especial a Regiane e Lívia, formamos um bom trio! Agradeço a minha querida orientadora Cristina e co-orientador Newton, sempre estiveram do meu lado em todos os momentos difíceis que passei ao longo dessa jornada, sem vocês jamais estaria escrevendo estas palavras, vocês, são presente de Deus em minha vida. Agradeço imensamente a Universidade do Vale do Paraíba pela bolsa de estudos a mim concedida. Finalmente a todos os amigos e colegas, obrigada! 5 “Nosso medo mais profundo não é que sejamos inadequados. Nosso medo mais profundo é que sejamos poderosos demais. É nossa sabedoria, não nossa ignorância, o que mais nos apavora. Perguntamo-nos: 'Quem sou eu para ser brilhante, belo, talentoso, fabuloso? Na verdade, por que você não seria? Você é um filho de Deus. Seu medo não serve ao mundo. Não há nada de iluminado em se diminuir para que outras pessoas não se sintam inseguras perto de você. Nascemos para expressar a glória de Deus que há em nós. Ela não está em apenas alguns de nós; está em todas as pessoas. E quando deixamos que essa nossa luz brilhe, inconscientemente permitimos que outras pessoas façam o mesmo. Quando nos libertamos de nosso medo, nossa presença automaticamente liberta as outras pessoas.” Nelson Mandela (2014) 6 RESUMO O melanoma é um câncer que se origina nas células produtoras de pigmento da pele (melanócitos). O melanoma pode ter início como um pequeno tumor cutâneo pigmentado sobre a pele normal, frequentemente em áreas expostas ao sol constantemente como rosto, pescoço, braços e mãos, mas quase metade dos casos ocorre a partir dessas regiões do corpo já com maior pigmentação. A presença de carboidratos na superfície de células de melanoma, linhagem B16-F10 está relacionada a capacidade de colonização metastática. Os carboidratos expressos estão envolvidos assim na proliferação e desenvolvimento de metástases à distância em diversas localizações anatômicas. O conhecimento dos componentes de superfície da célula tumoral a tempos são considerados nos tratamento convencionais, na terapia fotodinâmica entretanto as lectinas têm sido exploradas na conjugação com fotossensibilizantes, com o objetivo de potencializar a interiorização dos mesmos pela célula tumoral. Numa grande variedade de tumores sólidos, biópsias de câncer humano e cultura de células malignas os níveis de 78 kDa glucose-regulated protein (GRP78) estão elevados e correlacionam-se com malignidade e metástase e resistência a tratamentos com drogas. Os objetivos deste trabalho foram Avaliar a influência da terapia fotodinâmica (TFD) na expressão de carboidratos de superficie em células tumorais através da utilização de lectinas Concanavalina A (ConA) e Aglutinina de Gérmen de trigo (WGA), também avaliar a presença da proteína de choque térmico GRP78 em células de melanoma e o quanto a mesma está correlacionada com a proteção da célula tumoral e metástase. Os resultados indicam que a TFD não esta interferindo na atividade do reticulo endoplasmático, mas devido a alterações na expressão de carboidratos interfere na alteração da atividade do complexo de Golgi. Os fotossensibilizantes, ALA e Photosan interferem nos açúcares D- Manose, D- Glicose e N- acetil glicosinamina presentes na superfície das células, enquanto Photosan e AlPcS4 mantém a atividade da GRP78. Palavras- Chave: Câncer. Melanoma. Terapia Fotodinâmica. 7 ABSTRACT Melanoma is a cancer that originates in the pigment producing cells of the skin (melanocytes ) . Melanoma may begin as a small pigmented skin tumors on normal skin , often on sun-exposed areas constantly as face, neck , arms and hands , but almost half of the cases occur from these body regions have greater pigmentation. The presence of carbohydrates on the surface of melanoma cells B16 –F10 strain is related to the ability of metastatic colonization. The cast carbohydrates are so involved in the proliferation and development of distant metastases in different anatomical locations . Knowledge of the surface components of the tumor cell to time are considered in conventional treatment, photodynamic therapy however lectins have been explored in conjunction with photosensitizers with the aim of enhancing the internalization of the same tumor cell. In a variety of solid tumors biopsies of human cancer and malignant cell culture levels of 78 kDa glucose –regulated protein ( GRP78 ) is elevated and correlates with malignancy and metastasis , and resistance to drug treatments . The objectives of this study were to evaluate the influence of photodynamic therapy (PDT ) in the surface carbohydrate expression in tumor cells through the use of lectins Concanavalin A ( ConA ) and wheat germ agglutinin ( WGA ) also evaluate the presence of protein heat shock GRP78 in melanoma cells and how the same is correlated with protection and metastasis of tumor cells . The results indicate that PDT is not interfering in the endoplasmic reticulum activity but due to changes in carbohydrate expression interferes with the change in the Golgi complex activity. The photosensitizer , ALA and Photosan interfere with the sugars D-mannose , D- glucose and N-acetyl glicosinamina present on the cell surface , while Photosan AlPcS4 and keeps the activity of GRP78. Key-Words: Cancer. Melanoma.Photodynamic Therapy. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Desenvolvimento de melanoma em nevo já existente...............................12 Figura 2: Mecanismo das metástases em melanoma...............................................13 Figura 3:Tipos de melanomas benignos e malignos................................................. ............................................................................................................................. 144 Figura 4: Níveis de Clark comparado ao índice de Breslow......................................17 Figura 5: Diagrama de Jablonski simplificado para o processo de fotossensibilização ....................................................................................................................................22 Figura 6: Rota simplificada da biossíntese do Neu5A...............................................25 Figura 7: Expressão de carboidratos da célula B16-F10 antes da TFD................... 32 Figura 8: Mudança da expressão indireta do carboidrato da superfície celular após TFD............................................................................................................................ 33 Figura 9: Marcação das células tumorais com lectina ConA.....................................33 Figura 10: Células tumorais submetidas a TFD com ALA.........................................34 Figura 11: Células tumorais tratadas com Photosan e lectina ConA........................34 Figura 12: Células tumorais tratadas com TFD com Photosan e a lectina WG.............................................................................................................................35 Figura 13: Células tumorais tratadas com TFD, AlP4 e marcadas com lectina ConA...........................................................................................................................35 Figura 14: Células tumorais tratadas com TFD, AlP4 e lectina WGA.......................................................................................................................... 36 Figura 15: Marcação das células tumorais com GRP78...........................................36 Figura16: Marcação das células tumorais com GRP78............................................37 Figura17: Células tumorais tratadas com TFD e ALA e marcadas GRP78..............37 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Índice de Breslow ..................................................................................... 17 Tabela 2: Superfície celular alterações em carboidratos em diferentes tipos de câncer, onde pode-se obeservar o as mudanças nas células após histologia (H).............................................................................................................................. 19 10 LISTA DE ABREVIATURAS OMS: Organização Mundial de Saúde INCA: Instituto Nacional do Câncer. UV: Raio ultravioleta UVA: Raio ultravioleta A UVB: Raio ultravioleta B ConA: Concanavalina A WGA: Aglutinina de Gérmen de trigo GRP78: 78 kDa glucose-regulated protein BiP: binding protein ALA: 5-aminolevulínico ALPS4: Alumínio Ftalocianina Tetrasulfonada PBS: Tampão fosfato-salina DGuiL: Dioclea guianensis CFL: Cratylia floribunda OsO4: Tetróxido de Ósmio 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12 1.1 Melanoma ..................................................................................................... 12 1.1.2 Radiação UV e Melanoma ........................................................................... 15 1.1.3 Diagnóstico do Melanoma .......................................................................... 16 1.1.4 Tratamento ................................................................................................... 18 1.1.5 Carboidratos de Superfície Celular e Melanoma ...................................... 18 1.2 Terapia Fotodinâmica ................................................................................. 20 1.3 Lectinas ........................................................................................................ 22 1.3.1 Lectinas e TFD ............................................................................................. 25 1.4 Chaperonas.................................................................................................. 26 1.5 Proteína de Choque Térmico GRP78 ......................................................... 26 2 OBJETIVOS .................................................................................................. 28 3 METODOLOGIA ........................................................................................... 29 3.1 Indução do Tumor e TDF ............................................................................ 29 3.1.2 Processamento de Amostras ..................................................................... 29 3.1.3 Marcação Fluorescente com as Lectinas ConA e WGA........................... 30 3.1.4 Imunomarcação para GRP78...................................................................... 30 4 RESULTADOS .............................................................................................. 32 5 DISCUSSÃO ................................................................................................. 38 6 CONCLUSÃO ............................................................................................... 40 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 41 REFERÊNCIAS CONSULTADAS ................................................................ 43 12 1 INTRODUÇÃO A seguir serão apresentados os contextos que acercam a pesquisa. 1.1 Melanoma O melanoma é um câncer que se origina nas células produtoras de pigmento da pele (melanócitos). O melanoma pode ter início como um pequeno tumor cutâneo pigmentado sobre a pele normal, frequentemente em áreas expostas ao sol constantemente como rosto, pescoço, braços e mãos, quase metade dos casos ocorre a partir dessas regiões do corpo já com maior pigmentação, como visto na figura 1 (AKISKAL et al., 2010). Figura 1: Desenvolvimento de melanoma em nevo já existente. Fonte: Dermatologia.Net (2014). Ao contrário de outras formas de câncer de pele, o melanoma é uma das formas mais agressivas de câncer, pois é extremamente metastático e migra rapidamente para partes distantes do corpo, onde continua a crescer e destruir tecidos, figura 2. O melanoma cutâneo apresenta disseminação por via linfática muito precocemente na sua evolução, e linfonodos regionais são o sítio mais comum de metástases. A 13 excisão cirúrgica destes linfonodos é o único meio efetivo para alcançar controle da doença e cura, embora a presença de metástases piore em muito a sobrevida dos pacientes. Quanto menos o melanoma crescer na pele, maior a possibilidade de cura (AKISKAL et al., 2010). Figura 2: Mecanismo das metástases em melanoma. Fonte: Patologia Melanoma (2011). Considerado o mais agressivos dos tumores, o melanoma está entre os maiores causadores de morte nos países industrializados, este tipo de tumor vem aumentando significativamente no mundo nas últimas décadas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima-se que ocorram 132 mil novos casos deste tumor por ano no país. Nos Estados Unidos é considerada a doença que mais cresce em ambos os sexos. No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima-se que 5.920 novos casos por ano, sendo 2.950 em homens e 2.970 em mulheres sendo que a maior parte destes casos acontece na região sul do país onde há predominância de peles muito claras como apresentado na figura 3 (CARVALHO, 2010; OLIVEIRA; GLAUSS; PALMA, 2011). 14 Figura 3: Tipos de melanomas benignos e malignos. Fonte: Universidade Federal de Goiás (2014). No Brasil, as estimativas para o ano de 2012 serão válidas também para o ano de 2013, apontam a ocorrência de aproximadamente 5.920 casos novos de câncer, incluindo os casos de não melanoma, reforçando a magnitude do problema do câncer no país. Sem os casos de câncer de pele não melanoma, estima-se um total de 385 mil casos novos. Os tipos mais incidentes são os cânceres de pele não melanoma, próstata, pulmão, cólon e reto e estômago para o sexo masculino; e os 15 cânceres de pele não melanoma, mama, colo do útero, cólon e reto e glândula tireóide para o sexo feminino (INSTITUTO NACIONAL DO CANCER, 2011). O prognóstico do melanoma pode ser considerado bom se detectado nos estádios iniciais. Nos últimos anos, houve uma grande melhora na sobrevida dos pacientes com esse tipo de câncer, principalmente devido à detecção precoce do mesmo. Nos países desenvolvidos, a sobrevida média estimada em cinco anos é de 73%, enquanto que, para os países em desenvolvimento, a sobrevida média é de 56%. A média mundial estimada é de 69% (INSTITUTO NACIONAL DO CANCER, 2011). 1.1.2 Radiação UV e Melanoma A radiação ultravioleta está fortemente associada à ocorrência de câncer de pele. Segundo Oliveira, Glauss e Palma (2011), a maior parte dos raios ultravioleta (UV) que chega a superfície da Terra é o Ultravioleta A (UVA), porém em decorrência da destruição da camada de ozônio, os raios ultravioleta B (UVB) tem elevado sua incidência sobre a terra. A intensidade da radiação solar tem uma variável em função de fatores como localização geográfica (latitude), hora do dia, estação do ano e condição climática, entre outros (INSTITUTO NACIONAL DO CANCER, 2011). Os raios UVA não são dependentes da camada de ozônio e podem provocar casos de câncer de pele em indivíduos que se expõem a eles regularmente, por espaço de tempo prolongado, em horários de elevada incidência e ao longo de vários anos (OLIVEIRA; GLAUSS; PALMA, 2011). A pele, por sua vez, protege o resto do corpo contra a ação dos raios solares, uma fonte de radiação ultravioleta que pode lesar as células. A exposição excessiva, ainda que de curta duração, produz queimaduras solares. Com a exposição prolongada à luz solar, a camada superior da pele (epiderme) torna-se mais espessa e as células cutâneas produtoras de pigmento melanina (melanócitos) aumentam a produção do mesmo, o qual provê à pele a sua cor. A melanina, uma substância protetora natural, absorve a energia dos raios ultravioleta e impede que eles penetrem mais profundamente nos tecidos. A sensibilidade à luz solar varia de acordo com cada grupo étnico, a exposição prévia e a cor da pele, mas todo mundo 16 é vulnerável em certo grau. Como os indivíduos de pele escura possuem mais melanina, eles possuem uma maior resistência aos efeitos nocivos do sol, como queimaduras, envelhecimento prematuro da pele e câncer de pele (AKISKAL et al., 2010). Uma informação extremamente importante sobre a exposição ao sol e o melanoma é que a exposição cumulativa e excessiva nos primeiros 10 a 20 anos de vida pode aumentar muito o risco de desenvolvimento de câncer de pele, mostrando ser a infância uma fase muito vulnerável aos efeitos nocivos do Sol. Após o período da infância o que pode desencadear o melanoma são as exposições ao sol em praias, piscinas e até mesmo os trabalhadores rurais ou aqueles que trabalham sob o sol diariamente. (INSTITUTO NACIONAL DO CANCER, 2011). 1.1.3 Diagnóstico do Melanoma O índice de Breslow e Clark avalia a profundidade do tumor em milímetros (atualmente é o principal fator usado para estadiamento do melanoma cutâneo e base indispensável para o tratamento), e o nível de Clark, que descreve a invasão neoplásica em cinco níveis em relação às camadas da pele como pode se observar ( tabela1) e (figura 4) (BRASIL, 2013). O controle local do melanoma exige excisão ampla da lesão até a fáscia e uma margem de pele normal entre 0,5 2 cm de diâmetro em torno da lesão, que será determinada de acordo com o índice de Breslow. Melanomas de até 1mm de espessura podem ser ressecados com margem oncológica de 1cm, enquanto que os mais espessos (Breslow acima de 1mm) requerem margem de 2cm. Melanomas com Breslow acima de 4mm têm alto risco de recorrência local e metástase (10 a 20%), mesmo seguindo-se este padrão nas ressecções, (CHIBA et al., 2011). 17 Tabela 1: Índice de Breslow. Nível Profundidade do tumor Nível l o tumor envolve somente a epiderme Nível ll o tumor envolve a epiderme e parte da derme papilar Nível lll o tumor preenche a derme papilar Nível Lv o tumor envolve a derme reticular Nível V o tumor invade as camadas de gordura da pele a hipoderme. Fonte: Adaptado do INSTITUTO NACIONAL DO CANCER (2011). Figura 4: Níveis de Clark comparado ao índice de Breslow. Fonte: Patologia Especial 2010.2 (2013). 18 1.1. 4 Tratamento Se o melanoma for diagnosticado no início pode ser curado por meio de intervenção cirúrgica com quase 80% de sucesso, entretanto, em casos de metástase as terapias existentes não são tão eficientes (BALDEA; FILIP, 2012). O mais indicado nos casos de melanoma é a cirurgia para retirada total do tumor e, nos casos mais avançados, a lifadenoctomia parcial ou total. A radioterapia ou quimioterapia também podem ser utilizadas no tratamento, mas apenas nos casos menos avançados. Quando há metástase, o melanoma geralmente é incurável, sendo o tratamento paliativo voltado para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de sobrevida dos pacientes (INSTITUTO NACIONAL DO CANCER, 2011). 1.1. 5 Carboidratos de Superfície Celular e Melanoma Os carboidratos, que são exclusivamente encontrados na monocamada externa de membranas plasmáticas, interagem ora com proteínas (glicoproteínas), ora com lípides (glicolípideos), formando uma estrutura denominada glicocálice. O glicocálice desempenha inúmeras funções e elas refletem, na verdade, funções desempenhadas por seus componentes. Por exemplo, a inibição do crescimento celular por contato depende de glicoproteínas do glicocálice. Se tais proteínas forem perdidas ou modificadas, como acontece em alguns tumores malignos, mesmo o glicocálice ainda existindo, esta função será comprometida. O glicocálice é importante na adesão e reconhecimento celular, na determinação de grupos sanguíneos, entre outras funções (FÁTIMA; BAPTISTELLA; PILLI, 2005). Muitas das proteínas e dos lipídeos presentes na membrana celular presentam-se como conjugados de carboidratos, denominando-se glicoproteínas e glicolipídeos, respectivamente. As glicoproteínas, em especial, são fundamentais em muitos processos biológicos incluindo fertilização, ativação do sistema imune, replicação viral, crescimento e renovação celular e inflamação, entre outros (KONRAD et al., 2011). Recentemente uma revisão da participação e importância dos carboidratos em alguns tipos de câncer como melanoma, câncer de fígado e de ovário, 19 destacando a importância de estudos sobre a influência dos tratamentos anticâncer na expressão de carboidratos de superfície como apresentado na tabela abaixo (CHRISTIANSEN et al., 2013). Tabela 2: Superfície celular alterações em carboidratos em diferentes tipos de câncer, onde pode-se obeservar o as mudanças nas células após histologia (H). Fonte: adaptado de Christiansen et al. (2013). Segundo Christiansen et al. (2013) a expressão excessiva de carboidratos está associada com estados patológicos incluindo câncer, decorrente da transcrição 20 desregulada de enzimas envolvidas na glicosilação, que irão refletir em alterações estruturais de N e O-glicanos, tais como sialização, fucosilação, grau de ramificação e a expressão específica de glicosiltransferases para cada tipo de câncer. A presença de carboidratos na superfície de células de melanoma, linhagem B16-F10 está relacionada a capacidade de colonização metastática (NICOLSON; IRIMURA, 1984). Muitos autores consideram que a transformação em malignidade dos melanócitos esteja associada a modificações de carboidratos de superfície). Os carboidratos expressos estão envolvidos assim na proliferação e desenvolvimento de metástases à distância em diversas localizações anatômicas, (GORELIK,, 1994). 1.2 Terapia Fotodinâmica Historicamente, o uso da luz e de fotossensibilizantes em seres humanos data do Egito antigo onde, há 4.000 anos, tratava-se vitiligo combinando-se a ingestão de plantas e a exposição à luz solar. O sucesso do tratamento era resultado de uma reação fotoquímica, mediada por psoralenos presentes em determinadas plantas (SILVA; SANTOS; RICCI JUNIOR, 2009). Estudos sistemáticos das reações de fotos sensibilização foram iniciados apenas no final do século XIX por Oscar Raab (1900) que investigou o efeito dos corantes eosina e acridina, ambos fotossensibilizantes, sobre uma cultura de paramécios (protozoários), percebendo que, em presença de luz, os microrganismos eram inativados (SILVA; SANTOS; RICCI JUNIOR, 2009). Em 1903, Tappeiner empregou uma solução de eosina e luz para tratar câncer de pele e observou uma redução no tamanho do tumor (OLEINICK; EVANS, 1998). Meyer-Betz (1912) estudou o efeito fotossensibilizante sistêmico de porfirinas em humanos, injetando no próprio corpo hematoporfirina. A subsequente exposição de algumas partes do seu braço à luz visível produziu forte reação de eritema solar, indicando que a hematoporfirina possui efeito fotossensibilizante. Anos mais tarde, em 1950, Schwartz descobriu que o efeito colateral observado por Meyer-Betz não era devido à hematoporfirina, eliminada rapidamente do organismo e sim, devido a uma mistura de derivados diméricos e oligoméricos facilmente formados durante a purificação do composto (OLEINICK; EVANS, 1998). Em 1925, Policard avaliou a fototoxicidade de porfirinas em tecido canceroso após injeção e acúmulo do fotossensibilizante no tecido. Em 1960, Lipson empregou, pela primeira vez, uma 21 combinação de derivados de hematoporfirina e luz para tratar câncer de mama (SILVA; SANTOS; RICCI JUNIOR, 2009). Em 1976, iniciaram-se os primeiros estudos clínicos em pacientes com câncer de bexiga tratados com hematoporfirina injetável e levando a TFD, como uma possível ferramenta promissora para o tratamento moderno do câncer (SILVA; SANTOS; RICCI JUNIOR, 2009). A Terapia Fotodinâmica envolve a ativação de uma substância fotossensibilizadora, a qual acumula - se preferencialmente em células tumorais, a exposição à luz visível, com comprimento de onda específico, resultando na ativação do fotossensibilizador. Na presença de oxigênio no tecido o fotossensibilizante ativado favorece a produção de espécies reativas de oxigênio, os quais exercem efeitos citotóxicos nas organelas celulares e membranas resultando em morte (VISONA et al., 2000). A interação da luz com o fotossensibilizante torna-o excitado passando de seu estado fundamental (S0) ao estado tripleto (T1). Neste segundo estado, sua meia vida é de pouquíssimos milésimos de segundos, durante o qual é capaz de uma rápida energização do oxigênio dissolvido, que é ativado para seu primeiro estado eletrônico excitado. Este estado energético (1O2) também é de vida curta, embora muito reativo. Típicas moléculas orgânicas sensibilizadoras são convertidas a estado singleto (S1) de vida muito curta na absorção do fóton. O estado excitado singlete (S1) de bons fotossensibilizadores, passa eficientemente pelo cruzamento intersistemas para atingir o estado tripleto como é mostrado na figura 5 (SILVA; SANTOS; RICCI JUNIOR, 2009). 22 Figura 5: Diagrama de Jablonski simplificado para o processo de fotossensibilização. Fonte: Adaptado de Sotomayor et al. (2008). O corante no estado fundamental (S0) é excitado ao primeiro estado singleto (S1), podendo fluorescer e retornar ao estado fundamental, ou realizar um cruzamento intersistemas para o estado tripleto de mais baixa energia. A reação deste com o oxigênio molecular, inicia o processo de produção dos EROs. O processo Tipo I, mais comum nos tecidos biológicos, envolve o sequestro de um elétron de um substrato redutor, resultando na forma semi oxidativa do substrato e forma semirreduzida do fotossensibilizador. Frequentemente, o radical do substrato resultante pode reagir com o oxigênio, formando produtos oxidativos em alguns casos esses são peróxidos, os quais podem iniciar processos em cadeia. Alguns sensibilizadores semirreduzidos reagem com o oxigênio no estado fundamental para regenerar o sensibilizador para o estado fundamental e produzir superóxido. Corantes semirreduzidos podem também interagir para retornar ao estado fundamental e produzir peróxido de hidrogênio (SILVA; SANTOS; RICCI JUNIOR, 2009). 1.3 Lectinas 23 A moderna era da lectnologia teve início no começo dos anos 1960 com duas grandes descobertas por Peter C. Nowell (1960) que estabeleceu que a lectina de Phaseolus vulgaris conhecida como fitohemaglutinina (PHA), é mitogênica, pois possui a capacidade de estimular linfócitos a entrar em mitose, assim como a lectina de ConA também apresentava a mesma característica mitogênica, diferentemente de PHA essa atividade podia ser inibida por mas pequenas concentrações de monossacarídeos, por exemplo a manose; A segunda descoberta foi feita por Joseph C. Aub (1963, 1965) que estabeleceu que a aglutinina de gérmen de trigo (WGA) tinha habilidade de aglutinar preferencialmente células malignas. Tais investigações propuseram evidências iniciais que alterações nos açúcares de superfície celular são associadas com o desenvolvimento de vários tipos de câncer e levam a suposição que a alta suscetibilidade a aglutinação por lectinas era uma propriedade compartilhada por quase todas as células malignas (MELO JUNIOR et al., 2004). Lectinas representam um grupo estruturalmente heterogêneo de proteínas, de origem não imune, que apresentam propriedades em comum de se unir a carboidratos com alta especificidade (OLIVEIRA et al., 1990). Elas são amplamente distribuídas na natureza, podendo ser encontradas em animais, plantas e microrganismos. Nos animais e microrganismos elas podem servir para mediar o reconhecimento biológico de diversos eventos relacionados à comunicação celular, desenvolvimento, defesa, metástase tumoral, inflamação, etc. (OLIVEIRA et al., 1990). Apesar de sua abundância em muitas plantas, as lectinas de plantas ainda não possuem sua verdadeira função fisiológica claramente definida. Entre algumas funções propostas para lectinas de plantas estão incluídas: armazenamento ou transporte de carboidratos em sementes, inibição do crescimento de fungos (SHARON; LIS, 1990) ou atividade inseticida (MELO JUNIOR et al., 2004). Entre as lectinas mais estudadas estão as de plantas, principalmente da família Leguminosae. Lectinas dessa família representam um grupo de proteínas semelhantes estruturalmente, porém com diferentes especificidades a carboidratos. A subtribo Diocleinae (família Leguminosae) compreende 13 principais gêneros, 24 sendo que algumas lectinas têm sido isoladas de plantas que pertencem a alguns destes gêneros: Canavalia, Cratylia e Dioclea (OLIVEIRA et al., 1990). A Concanavalina A (ConA), obtida das sementes de Canavalia ensiformis (Família Leguminosae, tribo Phaseoleae, subtribo Diocleinae), foi a primeira lectina a ser isolada e sequenciada tendo sua estrutura tridimensional determinada por cristalografia de raio-x. ConA é uma lectina D-glicose/D-manose específica e seu monômero contém 237 resíduos de aminoácidos. Muitos estudos bioquímicos, biofísicos e estruturais fizeram desta proteína a lectina de planta melhor caracterizada (OLIVEIRA et al., 1990; ZANETI, 2007). Esta lectina tem sido muito estudada e caracterizada quanto a sua estrutura e efeitos biológicos sobre diferentes sistemas. A partir do isolamento de ConA, várias outras lectinas com propriedades físicas e químicas similares tem sido purificadas e parcialmente caracterizadas de outras espécies da subtribo Diocleinae, como as lectinas de Canavalia brasiliensis, ConBr (CAVADA, 1980), Canavalia bonariensis, (OLIVEIRA et al., 1990; ZANETI, 2007), Cratylia floribunda, CFL (OLIVEIRA et al., 1990), Dioclea guianensis, DGuiL (VASCONCELOS; OLIVEIRA, 2004), Dioclea violacea, DVioL (MOREIRA et al., 1998), entre outras. Várias evidências têm demonstrado que apesar de terem alta homologia, ConA e outras lectinas apresentam grandes e importantes variações nas atividades biológicas (ZANETI, 2007). Independentemente de a lectina ser ou não uma glicoproteína, existe na estrutura da molécula proteica um sítio de ligação ao carboidrato, denominado de “domínio de reconhecimento de carboidrato”, que desempenha papel de reconhecimento e de direcionamento do carboidrato para o qual a molécula tem afinidade. Cada subunidade polipeptídica possui, caracteristicamente, ao menos um destes sítios (ZANETI, 2007). Em fabáceas, conforme Spilatro et al.(1996), das quatro cadeias polipeptídicas que se ligam ao carboidrato, três são altamente conservadas e apenas uma determina a especificidade ao carboidrato. Em Phaseolus vulgaris L., por exemplo, a lectina PHA é específica para N-acetil-Dgalactosamina, além de um complexo sacarídeo. No gérmen de trigo, a lectina WGA, apesar de ser dimérica, possui quatro sítios para ligação a carboidratos. Os inibidores da mesma são N-acetil-D-glicosamina e seus derivados oligossacarídeos e quitina, além de ácido siálico. 25 Dentre os carboidratos presentes nos glicoconjugados de membrana destacam-se os ácidos siálicos, uma família de carboidratos complexos de nove carbonos, normalmente ligados a outros carboidratos por meio de ligações α - cetosídicas, que ocorrem na natureza em cerca de 50 tipos. A presença de glicolipideos e glicoproteínas é de suma importância para o reconhecimento e adesão celular. A biossíntese destes glicoconjugados tem inicio no citosol, envolvendo várias enzimas, que através da fosforilação e defosforilação dos carboidratos, o produto final para o núcleo, onde por hidrolise da citidina trifosfato (CTP), ocorre à formação de um complexo CMP-ácido siálico. Este complexo então é enviado ao complexo de Golgi, onde atuará como doador de glicosídeo para a formação de cadeias de oligossacarídeos de glicoproteínas e glicolipídeos, por ação de enzimas denominadas sialiltransferases 9,10 (Figura 6). Assim, glicoproteínas ou glicolipídeos sialilados são secretados ou entregues à membrana plasmática da célula (FÁTIMA; BATISTELLA; PILLI, 2005). Figura 6: Rota simplificada da biossíntese do Neu5Ac. Fonte: (FÁTIMA; BATISTELLA; PILLI, 2005). 1.3.1 Lectinas e TFD 26 A utilização de lectinas para rastrear alterações nos componentes de superfície da célula pode ser muito útil, pois através das mesmas complexadas com radioisótopos, fluoresceína ou biotina pode-se rastrear os carboidratos expressos nessas células. O conhecimento dos componentes de superfície da célula tumoral a tempos são considerados nos tratamento convencionais, na terapia fotodinâmica entretanto as lectinas têm sido exploradas na conjugação com fotossensibilizantes, com o objetivo de potencializar a interiorização dos mesmos pela célula tumoral (NOJIMOTO et al., 1987). 1.4 Chaperonas Ao longo da evolução, as células desenvolveram mecanismos bastante eficientes para evitar que erros na transmissão da informação genética se propaguem na replicação, na transcrição e na tradução. Ainda assim, com todo esse cuidado de assegurar que a seqüência de aminoácidos esteja correta, ainda é possível que uma proteína não consiga estar apta a desempenhar suas funções por erro no enovelamento. Na verdade, uma quantidade significativa de proteínas precisa de ajuda para atingir a configuração terciária correta (NASCIMENTO, 2012). Essa ajuda é fornecida por uma família de proteínas que, além de auxiliar o enovelamento proteico, encaminha a proteína à destruição, caso não seja possível atingir a configuração correta essas proteínas são chamadas de chaperonas e constituem uma família de muitas proteínas diferentes com função semelhante: elas usam energia da hidrólise de ATP para desenovelar proteínas, possibilitando novo enovelamento, dessa vez na forma correta ou no lugar correto (NASCIMENTO, 2012). 1.5 Proteína de Choque Térmico GRP78 Proteínas de choque térmico é o nome genérico dado a um grupo de proteínas altamente conservadas que aumenta rapidamente sua concentração em resposta a exposição das células a estresses ambientais, as mesma pertencem à 27 classe das chaperonas que são definidas como proteínas celulares que mediam o enovelamento correto de outras proteínas e também podem exercer a função de se associarem com macromoléculas, evitando uma associação com proteínas ainda não corretamente enoveladas. Além disso, mesmo em relação às proteínas induzidas por choque térmico (HSPs) existem diferenças entre os grupos sintetizados durante distintos tratamentos (ARAP, 2003). A proteína de choque térmico GRP78 (78 kDa glucose-regulated protein), também conhecida como BiP (binding protein), pertence à família das chaperonas HSP70 e foi descrita pela primeira vez em 1983 por Hass e classificada como proteína de ligação de imunoglobulinas. Sua presença foi demonstrada no retículo endoplasmático de vários tipos celulares e mais tarde em membranas de células malignas (ARAP, 2003). Ensaios de super expressão em culturas de células e estudos de fragmentação de DNA evidenciaram que a GRP78 está envolvida com a proteção celular contra apoptose. Numa grande variedade de tumores sólidos, biópsias de câncer humano e cultura de células malignas os níveis de GRP78 estão elevados e correlacionam-se com malignidade e metástase e resistência a tratamentos com drogas (ARAP, 2003). 28 2 OBJETIVOS - Avaliar a influência da terapia fotodinâmica (TFD) na expressão indireta de carboidratos de superficie em células tumorais através da utilização de lectinas. - Avaliar a presença da proteína de choque térmico GRP78 em células de melanoma e o quanto a mesma está correlacionada com a proteção da célula tumoral e metástase. 29 3 METODOLOGIA Este trabalho é a continuação de um trabalho realizado pela Msc Carolina Genúncio da Cunha Menezes Costa que gentilmente nos cedeu os tumores já tratados com os fotossesibilizantes e PDT. 3.1 Indução do Tumor e TFD A indução do tumor foi realizado pela McS. Carolina Genuncio da Cunha Menezes Costa, utilizando camundongos do tipo suíço, com idade entre 6-8 semanas, divididos em quatro grupos. Estes foram inoculados na região da escapula via subcutânea, com 1x106 células B16F10 ressuspensas em 30 μl de PBS. Após o tumor ter atingido de 1,5-2 cm (aproximadamente um mês e meio) iniciou-se o tratamento. A terapia foi avaliada da seguinte forma: Grupo Controle (n=3): Animais utilizados como controle e que não foram submetidos a nenhum tipo de tratamento. Grupo Photosan (n=3) : Animais submetidos a sessões de TFD com laser Kondortech (λ 670nm potência de 10Jcm-2) e fotossensibilizante Photosan3®. Grupo AlPCS4 (n=3): Animais submetidos a sessões de TFD com laser Kondortech (λ 670nm potência de 10Jcm-2) e fotossensibilizante AlPCS4. Grupo ALA (n=3): Animais submetidos a sessões de TFD com laser Kondortech (λ 670nm potência de 10Jcm-2) e fotossensibilizante ALA. 3.1.2 Processamento de Amostras Ao final do tratamento os animais foram eutanasiados, os tumores foram extraídos e medidos e fixados com 4% de Paraformaldeído e 2,5% de glutaraldeído, em tampão fosfato 0,1 M. Após fixação as células foram removidas e centrifugada (3000 rpm por 10 minutos) em eppendorf lavando-as por 3 vezes e preparado para microscopia eletrônica de transmissão e microscopia de fluorescência. 30 Pós-fixação - Adicionou-se 200 ml de Tetróxido de Ósmio (OsO4) da solução estoque a 2% (diluído em tampão fosfato 1:1) e deixados por rigorosos 30 minutos. Passado este tempo lavou-se 3 vezes com PBS. Desidratação - A desidratação consiste na passagem das amostras por uma série de concentrações crescentes de acetona ou etanol até atingir 100% Incubouse as amostras nas diferentes concentrações de acetona: Acetona 50% incubada por 10 minutos Acetona 70% incubada por 10 minutos Acetona 90% incubada por 10 minutos Acetona 100% incubada 3 vezes por 10 minutos. Infiltração - Preparou-se um tubo eppendorf uma mistura acetona - epon 1:1, transferiu-se a mistura para o pellet. Deixou-se overnight, no dia seguinte retirou-se a mistura e adicionou epon puro na mesma quantidade. Inclusão - No final do dia seguinte ( 24horas) removeu-se o material para a forma e epon puro foi adicionado. Permaneceu na estufa por 48 horas para polimerização da resina e a formação do bloco. Ultramicrotomia - O bloco com material foi cortado em cortes semi finos (200 e 300 nm) em ultramicrótomo (Ultracut UCT, Leica) e coletados com pincel e colocados em lâminas de vidro. 3.1.3 Marcação Fluorescente com as Lectinas Con-A e WGA A seguir os cortes foram submetidos a tratamento com NaOH 10% e etanol por 20 minutos, para remoção do epon, ao termino deste período as laminas foram lavadas com etanol 70%. Para remoção da fluorescência do glutaraldeido as amostras foram incubadas com boroidreto de sódio por 20 minutos e lavadas com PBS duas vezes. As amostras foram então incubadas com as lectinas Concanavalina A-TRITC (ConA) ou Aglutinina de Gérmen de trigo-TRITC (WGA) por 30 minutos, lavadas com PBS por duas vezes e analisadas ao microscópio Leica Axiovert DMLB 3.1.4 Imunomarcação para GRP78 31 As amostras após remoção da resina epon foram incubadas com PBS-BSA 0,1% por 30 minutos, com anti-GRP78 por 1 hora. Ao termino deste período as amostras foram incubadas com anticorpo secundário anti-mouse conjugado com peroxidase por 1 hora, após este período as amostras foram reveladas com água oxigenada a 1%, lavadas com PBS e analisadas ao microscópio Leica Axiovert DMLB. 32 4 RESULTADOS A análise das fotomicrografias revelou alteração na expressão indireta de açúcares glicose, manose e resíduos de N- acetil glicosamina na superfície das células tumorais após tratamento fotodinâmico com ALA, Photosan e Alps4 e mudança do carboidrato nas superfícies das células após tratamento com a terapia fotodinâmica e os fotossensibilizantes como observado na figura 7 e 8. Figura 7: Expressão de carboidratos da célula B16-F10 antes da TFD. Fonte: A autora. Não observa-se mudança da expressão indireta dos carboidratos de superfície celular. 33 Figura 8: Mudança da expressão indireta do carboidrato da superfície celular após TFD. Fonte: A autora. Após a TFD acredita-se que o complexo de golgi sofre alteração, sendo este a organela responsável pela expressão de alguns carboidratos acredita-se que o fotossensibilizante juntamente com o a TFD está interferindo diretamente nesta organela. Figura 9: Marcação das células tumorais com lectina ConA.. B A Fonte: a autora. 34 Células tumorais submetidas a TFD com ALA foram incubadas com a lectina ConA, é possível verificar que após TFD com a superfície celular apresenta a marcação de resíduos de manose e glicose (a) e (b) Controle não sofreu tratamento com lectina Figura 10: Células tumorais submetidas a TFD com ALA. B A Fonte: a autora. A marcação com WGA permitiu verificar que resíduos de N-acetil-glicosamina ocorre somente nas hemácias presentes nos vasos sanguíneos no tumor (a) e em (b) controle as células tumorais não sofreram tratamento com as lectinas. Figura 11: Células tumorais tratadas com Photosan e lectina ConA. A B Fonte: a autora. 35 A TFD com o tratamento com Photosan e a lectina ConA. Pode-se constatar uma suave redução da marcação de resíduos de D-manose e D-glicose (a) em (b) observa-se o controle que não sofreu tratamento com a lectina. Figura 12: Células tumorais tratadas com TFD com Photosan e a lectina WG. B A Fonte: a autora. A TFD com o tratamento com Photosan e a lectina WGA não houve marcação evidenciando que não há marcação de ácido siálico (a) em (b) controle sem tratamento algum. Figura 13: Células tumorais tratadas com TFD, AlP4 e marcadas com lectina ConA. A B Fonte: a autora. 36 Em (a) o controle que não sofreu tratamento com as lectina, em (b) não observa-se fluorescência. Figura 14: Células tumorais tratadas com TFD, AlP4, e lectina WGA. A B Fonte: a autora. Em (a) controle sem tratamento e em (b) taratada com lectina WGA, também não apresenta fluorescência. As células tumorais submetidas a TFD com diferentes fotossensibilizantes, marcadas com anti-GRP-78, demonstrou a presença desta proteínas nos grupos Photosan e AlPcS4, como apresentado nas figuras 9a e 9b. Figura 15: Marcação das células tumorais com GRP78. A B Fonte: a autora. Após remoção da resina epon as amostras submetidas a TFD com AlPc4 em (a) controle, não houve marcação com GRP78. È em (b) possível detectar a presença de GRP78 no grupo de células após o tratamento. 37 Figura16: Marcação das células tumorais com GRP78. B A Fonte: a autora. Após remoção da resina epon as amostras submetidas a TFD com Photosan foram incubadas com anticorpo anti-GRP78 e reveladas com anticorpo secundário marcado com peroxidase. Em (a) controle que não foi arcado com GRP78. É possível detectar a presença de GRP78 em após o tratamento em (b). Figura17: Células tumorais tratadas com TFD e ALA e marcadas GRP78. B A Fonte: a autora. Em (a) controle e em (b) marcação com GRP78, a expressão de GRP78 é bem visível. 38 5 DISCUSSÃO Desde a sua introdução até cerca de duas décadas, TFD tem se tornado progressivamente uma técnica estabelecida para o tratamento de cânceres e, mais recentemente, outras doenças (PLATZER et al., 2002). Três mecanismos que levam a destruição tumoral primária in vivo têm sido propostos: a foto inativação direta da célula tumoral, a destruição vascular e a ativação do sistema imunológico (MACHADO, 2000). Entender os mecanismos envolvidos na TFD e alterações acarretadas nos diferentes tipos de cânceres é de suma importância para correta prescrição e sucesso no tratamento fotodinâmico, com esta finalidade este trabalho analisou a influência do uso do PDT associado com fotossensibilizantes em células tumorais B16-F10, já que o tratamento com TFD em cânceres não melanoma já é um protocolo estabelecido (ZEZELL, 1987). Sendo o melanoma um dos tipos de câncer que mais acomete pessoas em todo o mundo, torna-se importante a busca por novas terapias que apresentem sucesso no tratamento/eliminação de células tumorais. A utilização da linhagem celular B16-F10 nos permitiu avaliar a presença de açúcares na superfície das células, já que a expressão de determinados grupos de carboidratos estão envolvidos com a capacidade de metástase, comprometendo outros tecidos. Além disso após TFD com diferentes fotossensibilizantes, as células apresentam diferentes carboidratos de superfície e vias de resposta como visto no trabalho de (FÁTIMA; BAPTISTELLA; PILLI, 2005). Segundo Christiansen et al. (2013) os carboidratos expressos em melanomas, principalmente aqueles envolvidos na sinalização, estão envolvidos na regulação do processo metastásico. Assim os resultados obtidos demonstram que no caso dos fotossensibilizantes ALA e Photosan ocorre alteração da superfície das células tumorais submetidas à TFD, sendo possível verificar a presença de resíduos de Dmanose e D-glicose após uso da lectina ConA-TRITC e ausência de Naceltilglicosamina/ácido siálico, envolvidos no processo de metástase. A expressão de carboidratos na superfície celular envolve a participação do reticulo endoplasmático e do complexo de Golgi, sendo estas duas organelas alvo da TFD, é possível inferir que alteração na expressão de proteínas especificas 39 destes compartimentos favorecem a compreensão e o delineamento das vias moleculares envolvidas no sucesso da PDT, como mostrado neste trabalho corroborando com os resultados de (FÁTIMA; BAPTISTELLA; PILLI, 2005). Costa (2013) descreve a presença estável de GRP78 em melanoma após marcação com anti-GRP78, revelada com anticorpo secundário marcado com FITC e essa condição também foi observada neste trabalho, corroborando com os resultados de Costa. Segundo Lee (2001) a presença de GRP78 esta associada à malignidade, progressão tumoral, metástase e resistência a drogas. A utilização de anticorpo secundário marcado com peroxidase, revelou a presença desta proteína nos tratamentos com Photosan e AlPcS4, confirmando o envolvimento desta proteína em uma possível resistência das células ao tratamento como demonstrado por Christiansen et al. (2013). Ao mesmo tempo os resultados indicam que a TFD não está interferindo na atividade do reticulo endoplasmático, mas devido a alterações na expressão de carboidratos interfere na alteração da atividade do complexo de Golgi. As células B16 - F10 , assim como as células normais , expressam epítopos α – galactosil, mas ao realizar o tratamento com os fotossnsibilizantes ALA e Photosan e TFD pode-se notar que houve mudança do carboidrato na superfície celular, enquanto Photosan e AlPcS4 mantém a atividade da GRP78 corroborando com os resultados de (ARAP, 2003). 40 6 CONCLUSÃO Conclui-se que: - Os fotossensibilizantes, ALA e Photosan interferem nos açúcares de superfície, enquanto Photosan e AlPcS4 mantem a atividade da GRP78. - Sugere-se que o tratamento com TFD não está interferindo na atividade do reticulo endoplasmático, mas devido a alterações na expressão de carboidratos interfere na da atividade do complexo de Golgi e consequentemente há mudança do carboidrato expresso na superfície celular. Dessa forma sugere-se que mais estudos sejam realizados nesta área para que os eventos que ocorrem no Complexo de Golgi após TFD com os fotossensibilizantes ALA, Photosan e AlPcS4 sejam elucidados e assim podendo-se entender como ocorrem as mudanças e expressão indireta de carboidratos na superfície celular com a técnica de reação em cadeia da polimerase quantitativo em tempo real (RT-PCR). 41 REFERÊNCIAS AKISKAL et al. Doenças da pele. In: Merch: saúde para a família. Rio de Janeiro: MSD, 2010. Disponível em: <http://mmspf.msdonline.com.br/pacientes/manual_merck/secao_00/sumario.html#bl oco- 16>. Acesso em: 15 dez. 2012. ARAP, M. A. Estudo da proteína de choque térmico GRP78 para o desenvolvimento de um sistema de receptor-ligante para o câncer de próstata. 2003. Tese (Doutorado em Urologia) - Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5153/tde-31052007-122749/>. Acesso em: 25 jan. 2014. 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