BOAS PRÁTICAS NA MANIPULAÇÃO EM RESTAURANTES SELF-SERVICE E POR QUILO: ESTUDO DE CASO GOOD PRACTICE IN HANDLING IN RESTAURANTS SELF-SERVICE AND BY KILO: CASE STUDY Ana Lúcia de Freitas Saccol1, Taís Martins da Silva2, Barbara de Deus2, Ana Lúcia Serafim3, Vírgilio Strasburg4, Luisa Helena Rychecki Hecktheuer5 1 Doutoranda – Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) 2 Acadêmicas Curso de Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) 3 Doutoranda – Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFSM 4 Professor do Curso de Nutrição da UFRGS 5 Professora do Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFSM Palavras-chave: legislação sanitária; manipulação de alimentos; boas práticas de manipulação; vigilância sanitária; alimentação coletiva; segurança alimentar e nutricional. Introdução A saúde do individuo depende de muitos fatores, sendo alguns destes relacionados aos hábitos alimentares e outros à qualidade sanitária dos alimentos ingeridos. Segundo Silva Jr. (2007), a relação saúde e doença é diretamente proporcional ao equilíbrio da dieta e ao controle higiênico-sanitário dos alimentos. Entretanto, apesar de toda evolução tecnológica das últimas décadas em relação aos métodos de conservação e higiene no setor alimentício, as Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs) são consideradas um grave problema de saúde pública em escala mundial. As pesquisas comprovam que os esforços de controle, tradicionalmente empregados, não têm solucionado o problema. As DTAs acarretam diversas consequências, tanto para os serviços de alimentação envolvidos, quanto para o indivíduo que desenvolveu a enfermidade. Neste contexto, objetivou-se avaliar as Boas Práticas de manipulação em restaurantes self-service e por quilo na capital do Rio Grande do Sul (RS). Material e Métodos Realizou-se um estudo de caso de 5 restaurantes do bairro centro de Porto Alegre (RS), no período de agosto a outubro de 2010. Para a avaliação das Boas Práticas de manipulação utilizou-se a metodologia sugerida por Saccol et al. (2006) com o cálculo dos percentuais de adequação geral e por grupos de itens. Somente participaram da pesquisa os estabelecimentos com alvará 2007/2008, com distribuição de alimentos de forma centralizada, classificados por quilograma, livre ou self-service e com no mínimo 6 meses de funcionamento. Os estabelecimentos que participaram da pesquisa receberam os resultados encontrados na avaliação, por meio de tabela e gráfico com os percentuais de adequação geral e por grupo de itens da RDC 216/2004 (BRASIL, 2004). Assim como um modelo simples de plano de ação para auxiliar no planejamento das melhorias das não conformidades encontradas. Os dados foram tabulados em planilha Microsoft Office Excel versão 2003 e analisadas por meio de estatística descritiva. O presente estudo foi aprovado em seus aspectos éticos e metodológicos pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Resultados e Discussão Encontrou-se, 78% de adequação às Boas Práticas, de acordo com a Lista de Avaliação utilizada. Os restaurantes avaliados estão classificados como Grupo 1, isto é, entre 76 e 100% de conformidade. Os resultados encontrados discordam de Valente e Passos (2004) que, com uma ficha de inspeção, classificaram 46 estabelecimentos, sendo 79,3% considerados deficientes em Boas Práticas. Verifica-se que os itens em maior conformidade com a legislação vigente foram quanto ao abastecimento de água e armazenamento e transporte do alimento preparado, conforme a tabela 1. O maior valor de inadequação encontrado refere-se ao requisito sobre a documentação e registro com apenas 29% de conformidade (tabela 1). Observou-se que a ausência do Manual de Boas Práticas (MBP), dos Procedimentos Operacionais Padronizados (POP) e planilhas de controle, foi prática comum nos serviços de alimentação pesquisados. Tabela 1 – Média do percentual de adequação por grupo de item das Boas Práticas em serviços de alimentação do bairro centro de Porto Alegre (RS), Brasil, 2010. Itens % Adequação Edificação, instalações, equipamentos, móveis... 76 Higienização de instalações, equipamentos, móveis e utensílios 78 Controle integrado de vetores e pragas urbanas 85 Abastecimento de água 100 Manejo de Resíduos 70 Manipuladores 50 Matérias-primas, ingredientes e embalagens 81 Preparação do alimento 79 Armazenamento e transporte do alimento preparado 89 Exposição ao consumo do alimento preparado 83 Documentação e registro 29 Responsabilidade 50 Outro resultado preocupante nos estabelecimentos estudados refere-se aos itens sobre os manipuladores e quanto a responsabilidade que atingiram 50% de adequação (tabela 1). Sabe-se que os manipuladores podem ser responsáveis pela introdução de perigos biológicos nos alimentos e podem levar os consumidores a doenças diarréicas, ou seja, as DTAs. Conclusões Pode-se concluir com o presente estudo que os restaurantes comerciais pesquisados na cidade de Porto Alegre (RS) apresentam boa adequação em Boas Práticas. Os itens de maior percentual de adequação referiram-se ao abastecimento de água e o requisito de menor conformidade foi o de documentação e registros. Referências Bibliográficas BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. Resolução – RDC nº. 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Brasília, DF, 2004. SACCOL, A.. de F. et al. Lista de Avaliação para Boas Práticas em Serviços de Alimentação: RDC 216. São Paulo: Varela, 2006. 47 p SILVA JR., E. A. da. Manual de Controle Higiênico-Sanitário em Serviços de Alimentação. 6. ed. São Paulo: Varela, 2007. VALENTE, D.; PASSOS, A. D. C. Avaliação higiênico-sanitária e físico-estrutural dos supermercados de uma cidade do sudeste do Brasil. Rev. Bras. Epidemiol. v. 7, n. 1, p. 8087, 2004. Autor a ser contactado: Ana Lúcia de Freitas Saccol/UFSM/UNIFRA – e-mail: [email protected]