Exmo. Sr. Bastonário Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Geral Exmo. Sr. Presidente do Conselho Superior Exma. Sr. Bastonária da Ordem dos Nutricionistas Caros Colegas Antes de mais, gostaria de dizer que é para mim uma grande honra ter o prazer de participar nesta cerimónia dos 40 anos da OROC e de fazer parte de um painel com tão ilustres convidados. Começo por endereçar um cumprimento especial ao Dr. Carqueja, pois quis a ironia do destino que neste dia fosse o Dr. Carqueja o primeiro e eu o último dos Revisores Oficiais de Contas. Dificilmente, poderei eu vir a representar para esta Ordem, na cerimónia dos seus 80 anos, aquilo que o Dr. Carqueja representa hoje e por isso presto-lhe aqui a minha homenagem pessoal. Quero também de agradecer ao Dr. Jesus o convite para estar aqui hoje. Confesso que por breves momentos, pensei que se trataria de mais uma prova de acesso à profissão. Neste momento, tenho a certeza que assim é. Pediram-me que falasse sobre as dificuldades de jovem no acesso à profissão. Para tal, entendi ser relevante realçar os seguintes aspectos: i. ii. iii. O meu percurso profissional até aqui Uma breve nota quanto ao processo de avaliação A minha perspectivas quanto ao futuro da profissão O meu primeiro contacto com a profissão deu-se com a entrada na PricewaterhouseCoopers, pela mão do Dr. Manuel Heleno Sismeiro. Naturalmente, não posso deixar de realçar a minha passagem pela PricewaterhouseCoopers, principalmente pela importância que desempenhou na minha formação profissional e, sobretudo, na decisão de me vir a tornar hoje Revisor Oficial de Contas. A PricewaterhouseCoopers é uma excelente escola para qualquer recém-licenciado acabado de sair da faculdade e que se pretende afirmar no mundo do trabalho. E é-o, independentemente, de no futuro vir a seguir a profissão ou não. Não há facilidades. É duro e difícil mas ao mesmo tempo, o trabalho é reconhecido e recompensado com base no mérito e no desempenho. É também um bom “filtro” pois quem não tem as características necessárias rapidamente percebe que deve orientar-se para outra profissão, pois não se escondem quais os objectivos que se pretendem alcançar. Para aqueles que efectivamente gostam da profissão têm, de facto, todas as condições para vingarem e crescerem profissionalmente. Mas o principal motivo pelo qual decidi falar-vos do meu passado profissional não se deve apenas à passagem pela PricewaterhouseCoopers mas, sobretudo, pelo facto de considerar ser um pouco incaracterística para um jovem ROC. Efectivamente, depois de 4 bons anos na PricewaterhouseCoopers, surgiu a oportunidade de ingressar no grupo Sonae, nomeadamente na Sonaecom. Tinha muita curiosidade em conhecer por dentro o universo Sonae e, em simultâneo, ter a perspectiva do ponto de vista do cliente. Hoje sei o quão diferente é a execução diária das tarefas de gestão de uma empresa da sua revisão, facto que me permitiu ganhar uma maior sensibilidade para as dificuldades diárias com que lidam os nossos clientes. Resolvi aceitar este desafio mantendo, todavia, a ligação à auditoria, tendo sido precisamente nessa mesma altura que resolvi iniciar os exames de acesso à profissão. O meu objectivo foi precisamente o de manter as duas opções em aberto, decisão essa que se veio a revelar acertada, na medida em que após dois anos na Sonae e concluídos, com aproveitamento, os exames de acesso à profissão e a respectiva apresentação oral, decidi que era altura de abraçar definitivamente a profissão. No que se refere ao processo de avaliação, é público a exigência imposta no percurso de acesso à profissão. Assim sendo, é despiciendo estar-me a alongar com aspectos relativos à dificuldade dos exames ou da justiça das avaliações, questões que por serem subjectivas são sempre alvo de controvérsia, nomeadamente entre quem avalia e é avaliado. Sobre este ponto, o que me parece importante realçar é o facto de numa altura em que a exigência do sistema de ensino escolar parece estar cada vez mais diminuída, é de enaltecer a exigência imposta no acesso à profissão. Apesar de poder parecer sobranceiro dito deste modo, creio que esta frase apenas poderá ser verdadeiramente compreendida por quem completou com sucesso todo o percurso de avaliação. E, é esta exigência, que num determinado momento nos pode parecer desproporcionada, que nos permite excedermo-nos e tornarmo-nos melhor e mais exigentes, não apenas connosco mas também com aqueles com quem trabalhamos. É esta exigência que, em minha opinião, permite uma selecção natural dos candidatos. Se fosse fácil e simples, todos quereriam certamente experimentar e isso iria apenas descredibilizar quer estes, quer aqueles que efectivamente se esforçam e têm gosto pela profissão. Com um processo de selecção baseado no mérito e no trabalho, com regras claras e definidas, o sentido de alcance e de pertença fica claramente reforçado e, no final, vislumbra-se o sentido de justiça e de integridade que a determinado momento do processo poderão ser questionados. Não vou negar que foi difícil e, por vezes, até frustrante porém, no final compensador. Naturalmente, há sempre espaço a melhorias todavia, que se mantenha a exigência que faz desta instituição o que ela é hoje e que o processo de aprendizagem transmita sempre aos aspirantes os conhecimentos necessários para estar à altura dos pergaminhos da Ordem. Termino com uma nota relativa ao futuro. Não se avizinham tempos fáceis. Desde a conjuntura económica, à alteração dos normativos contabilísticos existem diversos desafios que se nos colocam. A demonstrá-lo, até o facto de o Revisor Oficial de Contas já fazer parte da agenda da sátira social. São tempos de especial mediatismo que talvez pudessem ser dispensados. Tenho, todavia, o hábito de procurar ver oportunidades onde muitos vêm ameaças e creio que a sátira poderá também contribuir para desmistificar um pouco o papel do Revisor Oficial de Contas perante a opinião pública. Efectivamente, apesar da posição social de que goza o Revisor Oficial de Contas, a verdade é que o verdadeiro sentido da nossa profissão é muitas vezes ignorado e, neste particular, poderá ser uma forma de relevar e valorizar o nosso papel social. É contudo inegável que a conjuntura não favorece a profissão, todavia, não favorece nem a nossa, nem qualquer outra em particular neste momento. Deste modo, a minha perspectiva, e voltando novamente ao tema do acesso à profissão, é que temos alguma vantagem pelo facto de as pessoas que aqui estão estão-no efectivamente por vocação e vontade própria e quando assim é, mesmo em situação difícil, torna-se mais fácil. Dificilmente o mundo voltará a ser como dantes mas certamente surgirão, com o tempo, novas oportunidades. E é aqui que reveste particular importância a troca de experiências entre os Revisores mais experientes e os mais novos. Os primeiros, para além de já terem estado no nosso lugar, têm vivências muito mais abrangentes pelo que espero sobretudo destes colegas o contributo dos seus anos de experiência, para que possa com isso aumentar os meus conhecimentos e desempenhar melhor a profissão. Não é, todavia, de menosprezar o contributo dos mais novos para o exercício da profissão, Com a entrada na era digital, estes conseguem responder de forma mais célere aos desafios das novas tecnologias e com a sua disponibilidade, acompanhar mais de perto a mutação das Normas Nacionais e Internacionais de Contabilidade. Efectivamente, a juventude tem, pelo menos no meu caso, uma forte componente de irreverência associada e neste aspecto em particular, tem sido fundamental a colaboração que tenho tido com o meu patrono e, creio que me permitirá dizê-lo, amigo Dr. Adélio Macedo. O Dr. Adélio, a quem também presto também aqui a minha homenagem pessoal, tem desempenhado nestes últimos dois anos, um papel fundamental na minha formação profissional e pessoal. Para além da inegável experiência profissional, é notável apreciar a relação de respeito que naturalmente lhe nutrem os clientes mas sobretudo os colegas, e muito tenho aprendido embora duvide que algum dia venha a ter a sua humanidade e a humildade que lhe permitem encarar todas as situações com uma incrível clareza de espírito e uma fé inabalável. Concluo desejando que possa estar sempre à altura das exigências e da responsabilidade que me foram conferidas com a inscrição na Ordem e desejando que possa contar sempre com o apoio dos digníssimos colegas para o conseguir. Muito Obrigado