CESET- UNICAMP – ST 306 Prof. Hiroshi Paulo Yoshizane HIDROLOGIA E DRENAGEM AQUÍFERO GUARANI O Aquífero Guarani, antigamente chamado de Aquífero Gigante do Mercosul, é talvez o maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo que engloba quatro países: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Suas águas ocorrem preenchendo espaços (poros e fissuras de rochas que se convencionaram denominar guarani). HISTÓRICO O termo Aqüífero Guarani foi dado pelo geólogo uruguaio Danilo Anton em homenagem à nação Guarani que habitava essa região nos primórdios do período colonial. Este aqüífero é, na verdade, formado por um conjunto de sedimentos fluviais e eólicos de períodos Jurássico e Triássico: AQÜÍFERO BAURU 1) Além do aquífero Guarani, sob a superfície do Estado de São Paulo, há um outro reservatório, chamado AQÜÍFERO BAURU, que se formou mais tarde em termos de era geológica. 2) Ele é muito menor, mas tem capacidade suficiente para suprir as a demanda de consumo das pequenas cidades e consumo rural. Veremos mais detalhes adiante 3) O líquido escorre muito devagar pelos poros das rochas e levando décadas para fluir pelo arcabouço do subsolo. Conforme este processo de fluxo vai se estabelecendo, a água vai se filtrando e infiltrando, chegando no aqüífero efetivamente filtrado, dando as condições de potabilidade. 4) Nestas condições e efeito físico, em termos de proteção e preservação, na atual conjuntura do uso e ocupação do solo, há que se estabelecer de forma mais racional, um planejamento geral, para que esta capa de solo superficial não seja contaminado quimicamente, principalmente por metais pesados. 5) Nas margens deste aqüífero, as erosões de forma geral, tem a força suficiente de expor parte deste arenito, denominados técnicamente como afloramentos rochosos. 6) Estas ROCHAS são denominadas como ARENITO, são classificados geológicamente como rochas metamórficas. 7) A ROCHA denominada de ARENITO, são classificados geológicamente como rochas metamórficas, há que se saber e compreender que o sufixo ¨ ito ¨ em latin, significa petrificado, então, o ARENITO, significa AREIA PETRIFICADA , e melhores, e para melhor entendimento, vejam formações rochosas no curso de Geologia. 8) Podemos afirmar que é por aqui que a chuva entra em ação, fluindo, lixiviando e depositando não só os materiais orgânicos, que é a nata na agricultura, mas também materiais químicos considerados nocivos, promovendo o início da contaminação do lençol freático. CURIOSIDADES 9) A cada 100 metros de profundidade, a temperatura do solo sobe 3 graus Celsius. Assim, a água lá do fundo fica aquecida. EXPLORAÇÃO As reservas explotáveis do Aqüífero correspondem à recarga natural (média plurianual) e representa o potencial renovável de água que circula no Aqüífero. A recarga natural ocorre segundo dois mecanismos: 1-Através da infiltração direta das águas de chuva na área de afloramento; 2-Em forma retardada, em parte da área de confinamento, por filtração vertical ao longo de descontinuidades das rochas do pacote confinante. O CONSUMO Aliada à qualidade da água importante para consumo humano, pelo fato do aqüífero apresentar uma boa proteção contra os agentes poluidores, que afetam as águas dos rios e outros mananciais superficiais, e aliado à possibilidade de captação nos locais onde ocorrem as demandas maiores e pelas suas reservas de água, faz com que o AQÜÍFERO GUARANI seja um manancial muito econômico, para suprir o abastecimento do consumo humano na área em que se encontra. Porém, há que se preservar de forma controlada. A população atual na área de ocorrência do AQÜÍFERO GUARANI é estimada em 15 milhões de habitantes. Um importante alcance social e econômico das águas subterrâneas da Bacia Sedimentar do Paraná e do Aqüífero Guarani em particular, resulta do fato de estas poderem ser consumidas, em geral, sem necessidade de serem previamente tratadas, tendo em vista os mecanismos de filtração e que ocorrem no subsolo. Aspectos relativos ao desenvolvimento e uso das funções do aqüífero são ainda inscipientes. Dentre estes usos destaca-se o uso energético em balneários e indústrias agropecuárias. O uso da energia termal de suas águas poderá resultar em economia de kilowatts ou na cogeração de energia elétrica. Vale ressaltar, que o principal fator de risco da utilização das águas subtarrâneas resulta do grande número de poços rasos e profundos que são construídos, operados e abandonados sem tecnologia adequada, devido à falta de controle e fiscalização nas esferas federal, estaduais e municipais. Nesse quadro, a poluição dos aqüíferos superiores que ocorrem no Brasil, Paraguai, Uruguai ou Argentina, assim, poderá contaminar a água que é extraída dos poços profundos que captam do Aqüífero Guarani, até mesmo quando estão localizados nos seus setores confinados. PROJETO AQÜÍFERO GUARANI O Projeto Aqüífero Guarani objetiva a formulação de um marco legal e institucional para a gestão dos recursos do aqüífero. Desta forma, deverá contribuir significativamente para o avanço dos conhecimentos técnicos e científicos que embasarão o modelo de gestão conjunta a ser desenvolvido pelos países. CONTAMINAÇÃO Na atual conjuntura, do consumo indiscriminado da água, principalmente com captações através de poços profundos, vem trazendo um problema muito sério no que diz respeito a drenagens profundas, que nada mais é do que um rebaixamento do lençol freático técnicamente falando. Há que se ressaltar da falta de acompanhamento técnico nesta prospecção. Em áreas com solos muito porosos (arenoso) , qualquer contaminação na superfície, pela concentração e por lixiviação, há um carreamento destes produtos (efluentes) contaminados, ao longo do horizonte do solo. Portanto, não é só reter ou reservar este líquido sobre a superfície, é necessário sim, uma neutralização do produto efluente com uma destinação mais adequada, prevendo sempre além do tratamento, um reúso da água. Há também a necessidade de uma ficalização atuante (CETESB), e outros órgãos. LOCALIZAÇÃO DO PERFIL NA ÁREA ESQUEMA DE UM AQÜÍFERO Legenda : A – SOLO NÃO SATURADO B– LIMITE SUPERIOR DA ZONA SATURADA (superfície piezométrica) C – AQUÍFERO D – NÍVEL IMPERMEÁVEL E – DIRECÇÃO E SENTIDO DO FLUXO DE ÁGUA NO AQUÍFERO AQÜÍFERO CONFINADO A – AQUÍFERO A B – AQUÍFERO B C – AQUÍFERO C D –SEMI-CONFINADO E – CONFINADO F – Legenda: A – AQUÍFERO LIVRE G – NÍVEL SEMIPERMEÁVEL H – NÍVEL IMPERMEÁVEL a – OCEANO b – ÁGUA SALGADA c – INTERFACE d – NÍVEL FREÁTICO e – PERCOLAÇÃO f – FURO ARTESIANO g – ÁREA DE RECARGA 1 – superfície piezométrica (B) 2 – superfície piezométrica (C) AQÜÍFERO BAURU Poço e Código de Referência Aqüífero Serra Geral (basalto) Nível Potenciométrico do Aqüífero Botucatu Aqüífero Botucatu Direções de Fluxo d'água no Aqüífero Botucatu Substrato do Aqüífero ( Grupos Passa Dois e Tubarão) F O N T E : Nota Explicativa Estudo Hidroquímico e Isotópico das Águas subterrâneas do Aqüífero Botucatu no Estado de São Paulo - 1983 Perfil elaborado com base em dados de poços de água ( D.A.E.E. ) e poços de pesquisa de petróleo ( Petrobrás e Paulipetro ) ONDE SE LOCALIZA P R O J E Ç Õ E S SUPERFÍCIE E SUBSUPERFÍCIE Para impedir a contaminação do solo pelo USO e de APLICAÇÃO AGROTÓXICOS, na agricultura que utiliza fertilizantes e inseticidas, deverá em breve ser proibida nestas regiões. Uma alternativa já está sendo vibilizada nos meios agrícola, com o plantio controlado que é a AGRICULTURA ORGÂNICA, muito aceita pelo mercado consumidor. Atualmente, a questão qualidade do produto, não vê sòmente na questão visual das frutas e hortaliças, mas sim, a procedência e o cultivo. APROVEITAMENTO TERMAL DAS ÁGUAS ÁGUA QUENTE ( + 3°C em 100 m ) Em regiões onde o aqüífero é profundo, as propriedades rurais aproveitam a água naturalmente quente para combater geadas. Ou para reduzir o consumo de energia elétrica em chuveiros e aquecedores. Essa é uma das vantagens geotermais das águas profundas, mas o uso e aproveitamento indiscriminado, levará em breve a insuficiência, pois trata-se de uma reserva finita. SUBSISTÊNCIA AGRÍCOLA Irrigação Usar água tão boa para regar plantas é um desperdício. Mas, segundo os geólogos, essa pode ser a única solução para lavoura em áreas em risco de desertificação, como o sul de Goiás e o oeste do Rio Grande do Sul. AQUEDUTO Transportar água a grandes distâncias torna se num investimento de alto custo, além de acarretar em perdas imensas por vazamento. Mas, para a cidade de São Paulo, que despeja 90% de seus esgotos nos rios, com tratamento questionável, então o Aqüífero Guarani poderá, se tornar a única fonte. T I P O S D E A Q Ü Í F E R O S AQUÍFEROS LIVRES OU FREÁTICOS A pressão da água na superfície da zona saturada está em equilíbrio com a pressão atmosférica, com a qual se comunica livremente. São os aqüíferos mais comuns e mais explorados.São também os que apresentam maiores tendências de contaminação. AQÜÍFERO CONFINADO Aqüíferos Artesianos Nestes aqüíferos a camada saturada está confinada entre duas camadas impermeáveis ou semipermeáveis, de forma que a pressão da água no topo da zona saturada é maior do que a pressão atmosférica naquele ponto, o que faz com que a água suba no poço para além da zona aqüífera. Se a pressão for suficientemente forte a água poderá jorrar espontaneamente pela boca do poço. Neste caso diz-se que temos um poço jorrante. AQÜÍFEROS POROSOS Ocorrem em rochas sedimentares consolidadas, sedimentos inconsolidados e solos arenosos, decompostos in situ. Constituem os mais importantes aqüíferos, pelo grande volume de água que armazenam, e por sua ocorrência em grandes áreas. Estes aqüíferos ocorrem nas Bacias Sedimentares e em todas as várzeas onde se acumularam sedimentos arenosos. Uma particularidade deste tipo de aqüífero é que tem sua porosidade quase sempre homogeneamente distribuída, permitindo que a água flua para qualquer direção em função tão somente dos diferenciais de pressão hidrostática ali existentes. Esta propriedade é conhecida como isotropia. Poços perfurados nestes aqüíferos podem fornecer até 500 metros cúbicos de água de boa qualidade por hora. AQÜIFEROS DE FRATURAS correm em rochas ígneas e metamórficas. A capacidade destas rochas em acumularem água está relacionada à quantidade de fraturas, suas aberturas e suas intercomunicação. No Brasil a importância destes aqüíferos está muito mais em sua localização geográfica, do que nOa quantidade de água que armazenam. Poços aí perfurados fornecem poucos metros cúbicos de água por hora. Um caso particular de aqüifero fraturado é representado pelos derrames de rochas ígneas vulcânicas basálticas das grandes bacias sedimentares brasileiras. Estas rochas, apesar de ígneas, são capazes de fornecer volumes de água até 10 vezes maiores do que as rochas das áreas não sedimentares. A possibilidade de se ter um poço produtivo dependerá tão somente do mesmo interceptar fraturas capazes de conduzir a água. Há caso em que de dois poços situados a pouca distância um do outro, somente um venha a fornecer água, sendo o outro seco. Para minimizar o fracasso da perfuração nestes terrenos, faz-se necessário que a locação do poço seja bem estudada por profissional competente. Nestes aquíferos a água só pode fluir onde houver fraturas, que quase sempre tendem a ter orientações preferenciais, e por isto dizemos que são meios aqüíferos anisotrópicos, ou que possuem anisotropia. AQÜÍFEROS CÁRSTICOS São os aqüiferos formados em rochas carbonáticas. Constituem um tipo peculiar de aqüífero fraturado, onde as fraturas, devido á dissolução do carbonato pela água, podem atingir aberturas muito grandes, criando verdadeiros rios subterrâneos. É comum em regiões com grutas calcáreas, ocorrendo em várias partes do Brasil.---VOCÊ SABIA QUE...? 97% de toda água doce disponível existente no planeta é composta por águas subterrâneas. O Brasil detém um quinto de toda a água doce disponível no planeta. Somente um dos reservatórios subterrâneos existentes no Nordeste do Brasil possui um volume de 18 trilhões de metros cúbicos de água disponível para o consumo humano, volume este suficiente para abastecer toda a atual população brasileira por um período de, no mínimo, 60 anos. O Brasil tem o impressionante volume de 111 trilhões e 661 milhões de metros cúbicos de água em suas reservas subterrâneas. Somente na região metropolitana de São Paulo cerca de 3 milhões de habitantes são auto-abastecidos com água de poços profundos. No Vale do Gurgueia no Piauí e em Mossoró no Rio Grande do Norte existem hoje importantes plantações irrigadas com água de poços profundos nas culturas de uva e cítricos que são exportados para diversos países da Europa e E.U.A. A utilização de águas subterrâneas remonta aos primórdios das civilizações, sendo que existem vestígios de sua utilização que datam do ano 12.000 a.C. No ano 5.000 a.C., os chineses já perfuravam poços de até 100 metros de profundidade. Atualmente nos E.U.A. se perfuram em média entre 800.000 e 900.000 poços / ano e no Brasil entre 8.000 e 10.000 poços / ano. O Estado de São Paulo e o maior usuário de águas subterrâneas do Brasil. 70% de seus núcleos urbanos e cerca de 90% das indústrias é abastecidas parcial ou totalmente por poços profundos. Para 80% das cidades brasileiras a água subterrânea representa a alternativa mais barata, dispensando obras caras de captação, adução e tratamento. O Brasil é hoje um dos países mais desenvolvidos do mundo em tecnologia de poços profundos. 1 litro de água proveniente de poço profundo, em alguns casos, pode custar até 15 vezes menos que 1 litro de água proveniente de recursos hídricos superficiais. Na área da bacia hidrográfica do rio Itapicuru predominam, a nível regional, cinco grandes sistemas aquíferos, inicialmente estabelecidos a partir de critérios geológicos, e tendo por base os domínios das rochas cristalinas, metassedimentares, carbonáticas e sedimentares. O domínio das rochas cristalinas, por sua vez, esta dividida em dois sistemas aquíferos distintos, pelo fato de que, em algumas áreas, principalmente na região entre as cidades de Capim Grosso e Ponto Novo, são encontradas extensas coberturas Tércio-Quaternarias, que conferem localmente a este sistema melhores condições de recarga e qualidade. A delimitação dos sistemas aquíferos teve por base a extensão geográfica dos afloramentos, definindo áreas de características litológicas e comportamento hidrogeológico semelhantes. A análise e a descrição destas unidades aquíferas são apresentadas a seguir.