Anhembi
Carlos Eduardo Paulino
Edson de Oliveira Silva
Terminamos o artigo anterior com o rio Tietê ainda na capital
bandeirante, demonstrando o quanto tem influência sobre o microclima da
metrópole. Não bastasse a impermeabilização dos solos pelo asfalto e
concreto, a enorme circulação de veículos, a industrialização e a falta de
disciplina do paulistano, temos a construção das marginais.
Do ponto de vista dos que circulam em São Paulo, as marginais do
Tietê, Tamanduateí e Pinheiros, são uma solução genial para desafogar o
tráfego. Mas é só. Trata-se de um grande crime ambiental, que a mídia faz
questão de esquecer.
O fato é que qualquer estudante mediano do ensino básico sabe que um
rio tem dois cursos, um no regime de chuvas, outro no de estiagem. No período
da estiagem o rio ocupa uma área menor, a conhecida como área normal do
rio. Porém no período das chuvas essa área se amplia bastante, é a área das
cheias ou da vazante. Esse é um mecanismo anual do rio, aliás, extremamente
importante, para fertilizar as várzeas (áreas vizinhas aos rios).
Acontece que quando o Homem construiu as marginais, interessado,
somente, em resolver seu problema momentâneo, acabou gerando outro, pois
quando chove em São Paulo, as águas transbordam, provocando as,
costumeiras, enchentes na cidade. Por isso, há trabalho constante no leito do
rio Tiête, sobretudo em seu ‘canalão’ (talvegue), primeiro que o rio sofre com
constante assoreamento - acelerado pelo comportamento humano -, segundo
para escavar seu leito evitando esse mecanismo. O que ocorre é que toda essa
reestruturação do leito do rio tem custo. E um custo muito alto. Como custamos
crer que os administradores de São Paulo, não saibam daquilo que esse artigo
aponta, só podemos pressupor um forte interesse mercantil por trás da
manutenção desse mecanismo, mesmo que isso custe um enorme transtorno
para os paulistanos e seus visitantes.
Mais curioso ainda é o comportamento da mídia, que em seu papel, faz
denúncias contra a corrupção. Mas não trabalha com os problemas reais e
cotidianos que afligem o cidadão e suas cidades. Também cremos pouco em
seu trabalho de conscientização a favor da preservação da natureza, tendo em
vista um problema simples de resolver como é o caso das enchentes de São
Paulo, ou ainda, as cidades do interior do estado bandeirante, que preferem
investir, constantemente, em festas que promovem políticos e a elite, mas não
investem em aterros sanitários, preferindo pagar um show milionário que um
“liner” para impermeabilizar o lixão e evitar contaminação do lençol freático.
Concluindo, as marginais do Tietê, Tamanduateí e Pinheiros, são
fenomenais para aliviar o trânsito da maior cidade da América do Sul, mas,
simultaneamente, é um dos grandes crimes ambientais existentes no Brasil.
Que segue sem ser analisado, denunciado e resolvido. E porque isso ocorre?
Interesses meus amigos. Puro interesse, de gente que mais se parece com
cupins.
Até o próximo artigo.
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