pH e Microrganismos do Rúmen Fisiologia de Sistemas Eng. Zootécnica UTAD História ... - Aristóteles - refere a existência de quatro compartimentos no estômago dos ruminantes. 1685 - Peyer - localiza a fermentação no rúmen. 1832 - Karl Sprengel - apresenta os AGV como produtos da fermentação dos vegetais no rúmen. 1843 - Gruby e Delafond - descobrem os protozoários do rúmen. 1855 - Haubner - demonstra o desaparecimento de uma elevada percentagem de celulose, durante o trânsito digestivo. 1863 - Pasteur - evidencia a importância das bactérias no processo de fermentação ruminal. História 1879 - Zuntz - prova que são os microrganismos do rúmen os responsáveis pela fermentação anaeróbica da fibra, com a formação de ácidos e gases. Põe, pela primeira vez, a hipótese de ser esta fermentação a origem da capacidade de utilização das forragens como alimento. 1975 - Orpin - identifica e classifica, pela primeira vez, alguns fungos como pertencentes ao rúmen. Rúmen como ecossistema Ruminante e microrganismos - mutualismo A fermentação ocorre por acção de: •Bactérias •Protozoários •Fungos •Virus e micoplasmas População microbiana mais ou menos estável •Elevada quantidade de saliva (HCO3-, HPO42-) pH •Manutenção da temperatura Variação do pH do rúmen em função do tempo após a ingestão 7,20 7,10 7,00 pH 6,90 6,80 6,70 6,60 0 0 2 4 6 8 10 Tempo (h) Vaca 1 Vaca 2 Vaca 3 12 Rúmen como ecossistema (cont.) Homogeneização do ingesta pelos movimentos do rúmen Manutenção das populações microbianas Na caracterização da fauna ruminal deve ter-se sempre presente que é fácil ocorrer a ingestão de microrganismos como alimento Para que um organismo seja considerado como pertencente ao ambiente ruminal deve: • Ser capaz de se estabelecer, crescer e multiplicar dentro do rúmen ; • Ter um metabolismo compatível com o do rúmen Rúmen como ecossistema (cont.) 10% da massa do conteúdo ruminal Estimativa da biomassa dos microrganismos ruminais.* Volume (mm ) Contagem (por ml de fluido ruminal) Biomassa (%) 1 1010 - 1011 33 - 98 Protozoários Entodiniomorfos 104 105 - 106 1 - 33 Protozoários holótricos 106 103 - 104 1 - 33 Microrganismos Bactérias * adaptado de BONHOMME (1990) 3 Fermentação Excretados Vegetais Fermentação Microbiana Metano CO2 AGV Absorvidos Metabolizados ENERGIA A fermentação ocorre no rúmen, com a formação de AGV (ác.s acético, propiónico e butírico), A.G. de cadeia ramificada (ác.s isobutírico, valérico e isovalérico), amoníaco, metano e CO2. Bactérias do rúmen Compreendem um elevado número de géneros, considerando-se actualmente cerca de 30 espécies como pertencentes e características do ecossistema ruminal. De uma forma geral, são cocus e bacilos curtos. A grande maioria são anaeróbias obrigatórias. As bactérias podem ainda ser classificadas de acordo com o substrato sobre o qual actuam ou pelos produtos resultantes do seu metabolismo. (adaptado de SEQUEIRA, 1988) 1 7 2 8 1 - cocci simples 2 - diplococos 3 - tetracocos 4 - estafilococos (cocci "em cacho") 5 - estreptococos (cocci "em cadeia") 6 - bacilos, com cantos quadrados * adaptado de OGIMOTO e IMAI (1981) 3 9 4 10 5 11 6 12 7 - bacilos, com cantos arredondados 8 - cocobacilos 9 - bacilos fusiformes 10 - bacilos curvos 11 - treponema 12 - borrelia • Bactérias celulolíticas - possuem enzimas celulolíticas pelo que digerem a celulose e a celobiose (dissacarídeo). Produzem ác. butírico. Existem em alto número nos animais que ingerem alimentos com elevado teor em fibra. • Bactérias hemicelulolíticas - as que digerem a celulose também o fazem com a hemicelulose. O contrário não é verdadeiro. • Bactérias amilolíticas - digerem amido. As que digerem a celulose e a hemicelulose também digerem o amido. O inverso não é verdadeiro. Como produtos do seu metabolismo temos o acetato, formiato, succinato, lactato, propionato e CO2. • Bactérias proteolíticas - usam os a.a. como fonte de energia. • Org. produtores de amoníaco - muitos microrganismos produzem amoníaco a partir de fontes azotadas. • Org. metanogénicos - o metano (CH4) constitui cerca de 1/4 do total de gases produzidos no rúmen. • Bactérias produtoras de vitaminas - p.ex. vitaminas do complexo B. Bactérias do rúmen As bactérias celulolíticas são essencialmente dos géneros Bacteroides, Ruminococcus, Butyrivibrio e Clostridium. Alguns autores consideram também o género Eubacterium. As bactérias são o grupo mais importante na população microbiana ruminal: 46 % do azoto total é constituído pelos seus corpos. No processo de ataque as bactérias aderem ao substrato através do glicocálice, estrutura filamentosa de natureza mucopolissacarídica. Esta estrutura tem um papel importante na canalização de a.a. e outros produtos de degradação para dentro da bactéria. Protozoários do rúmen Oligótricos ou Entodiniomorfos Ciliados Holótricos Protozoários Flagelados Monocercomonas Chilomastix Tetratrichomonas Pentatrichomonas Protozoários do rúmen Holótricos Oligótricos Género Isotricha Dasytricha Diplodinium Entodinium Principal substrato Alimentar Dieta na qual se desenvolvem mais Açúcares Açúcares Celulose e amido Amido Feno, raízes carnudas Feno, raízes carnudas Erva Milho, forragens, concentrados 120 x 70 70 x 35 70 x 45 70 x 45 Dimensões (m) Principais produtos Ác.s lático, butírico, acético, hidrogénio do metabolis mo molecular, CO2, amilopectina Ác.s butírico, acético, lático (pouco), propiónico (pouco), hidrogénio molecular, CO2, amilopectina Todos consomem bactérias e outros protozoários Fungos do rúmen Descobertos por Orpin em 1975 Confundidos durante muito tempo com protozoários flagelados Extremamente agressivos relativamente ao material vegetal: actuando solidariamente com algumas estirpes de bactérias conseguem promover a digestão de partículas fortemente lenhificadas Vírus e micoplasmas do rúmen •Micoplasmas - bactérias de pequena dimensão rodeadas por uma única membrana com três camadas. •105-107 unidades viáveis por grama de conteúdo ruminal. •Grandes quantidades de vírus bacteriófagos, que lisam fundamentalmente bactérias. •cauda contráctil e uma cabeça cubóide, com comprimento entre 0,07 e 0,8 m e diâmetro da cabeça entre 0,03 e 0,15 m. •cerca de 0,5 % de bactérias ruminais poderão estar infectadas por estes vírus.