ANÁLISE DOS ÍNDICES DE VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM ADULTOS OBESOS Tatiane Flavia de Oliveira (PIBIC/UEL), Jairo Augusto Berti (Orientador), e-mail: [email protected] Universidade Estadual de Londrina/Centro de Educação Física e Esporte/Londrina, PR Ciências da Saúde /Educação Física Palavras-chave: Frequência Cardíaca, Obesidade, Sobrepeso Resumo: O objetivo do estudo foi avaliar o comportamento da VFC, em repouso, de pessoas sobrepesadas e obesas participantes do projeto “Corpo e Mente em Ação” da UEL. A amostra foi composta por 12 indivíduos, de ambos os sexos, selecionados por meio do IMC (≥25Kg/m2). A VFC dos sujeitos foi monitorada em repouso, por 10 minutos (Polar-RS800). Os dados foram analisados no programa Kubios HRV, submetidos ao teste de normalidade (Shapiro-Wilk) e analisados no software SPSS 17.0. Os dados foram apresentados em mediana e amplitude interquartil. Os resultados mostraram que os índices da VFC analisados (LF, HF e potência total) se mostraram baixos, assim como os valores do RMSSD. Quando comparados estes valores com os de outros estudos, com pessoas normais, pode se observar que se encontram bem abaixo do esperado. Podemos concluir que os índices LF, HF, potência total se encontram baixo, assim como o RMSSD, mostrando uma baixa atividade do sistema nervoso parassimpático nos sujeitos analisados. Introdução: O aumento na prevalência da obesidade vem se tornando um problema de saúde pública, uma vez que a quantidade excessiva de gordura corporal está associada ao aparecimento de inúmeras complicações orgânicas, entre elas, alteração no sistema nervoso autônomo (SNA), responsável por modular grande parte das funções viscerais do organismo (FRANCISCHI et al., 2000; GUEDES; GUEDES, 2003; LOPES,2007). Alguns estudos evidenciam relações diretas entre o excesso de gordura corporal e um desequilíbrio no SNA, mostrando uma hiperfunção do tônus simpáticos em alguns órgãos alvos (LOPES, 2007). Já outros sugerem que tanto as atividades parassimpáticas quanto as simpáticas tendem a estar reduzidas em indivíduos obesos, sendo que, a baixa atividade parassimpática é um fator de risco independente para doença arterial coronariana, assim como é um fator de risco para arritmia e morte súbita nessa população(REIS,1998; VANDERLEI et al, 2009). Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Uma das formas de analisar a dinâmica do SNA é o estudo da variabilidade da freqüência cardíaca (VFC), por ser uma ferramenta simples e nãoinvasiva na detecção e estudo das disfunções autonômicas cardíacas em diversas patologias, entre elas a obesidade. Esse estudo pode ser feito de diversas formas, como por exemplo, por meio da mensuração das variações dos intervalos de batimentos do coração (R-R) que são controlados a partir dos sistemas nervosos simpático e parassimpático (SANTOS). Assim, o estudo teve com objetivo avaliar o comportamento da VFC, em repouso, de pessoas sobrepesadas e obesas participantes do projeto “Corpo e Mente em Ação” para, posteriormente, submetê-los a um programa de intervenção com atividades físicas desenvolvida juntamente com o CEBECUEL (Serviço de Bem Estar à Comunidade). Materiais e métodos Participantes Participaram do estudo 12 sujeitos, de ambos os sexos, com idade de 27 a 51 anos, sendo estes, alunos e funcionários da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e participantes do Projeto “Corpo e Mente em Ação”, realizado no Centro de Educação Física e Esporte da mesma universidade. Os sujeitos foram selecionados por meio do índice de massa corporal (IMC) obtido pela relação da massa(Kg) com a estatura ao quadrado, seguindo os critérios recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), podendo participar do projeto apenas os que foram classificados como sobrepesados e obesos, ou seja, com Índice de Massa Corporal IMC ≥ 25Kg/m2 (OMS, 1990). Protocolo O protocolo experimental consistiu na monitoração da freqüência cardíaca dos sujeitos, por meio de frequencímetro Polar (RS800), durante 10 minutos em decúbito dorsal e com respiração espontânea. Para a análise da VFC foi utilizado o programa Kubios HRV, com prévia correção dos dados feita no software Polar Precision Performance 4. Os índices utilizados foram a raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre intervalos RR normais adjacentes (RMSSD), além da análise do espectro de potência, por meio da Transformada Rápida de Fourrier, no qual derivaram os índices: banda de baixa frequência (LF), banda de alta frequencia (HF) e potência total. Foi utilizado Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos dados. A análise dos dados foi feita pelo software SPSS versão 17.0. Posteriormente, os resultados foram apresentados em mediana e amplitude interquartil. Resultados e Discussão Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. A Tabela 1 apresenta os resultados de VFC no domínio da frequência dos participantes. Nota-se que os valores de LF (md=201), HF (md=131,5) estão baixos nesta população, assim como o da potência total(321,5). Tabela 1 Mediana (25º e 75º quartis) dos valores de HF, LF e potência total dos participantes. (n = 12) VFC Mediana (25º e 75º Quartis) 2 LF (ms ) 201 (73,8 – 330) HF (ms2) 131,5 (62,5 – 290,8) Potência Total 321,5 (212,5 – 880,8) A Figura 1 apresenta RMSSD com uma mediana de 15,2 e quartis 25º - 75º de 12,3 – 25. Figura 1 – Mediana e intervalo interquartil dos valores do RMSSD Podemos notar que todas as variáveis observadas se mostraram reduzidas, similares ao encontrado por Santos et al., em um estudo que analisou os índices da VFC entre jovens eutróficos e com sobrepeso, com isso, podemos verificar um menor tônus parassimpático levando a uma baixa VFC nesses indivíduos com excesso de gordura corporal o que pode ser considerado um risco, já que, uma baixa VFC indica uma adaptação anormal e insuficiente do SNA (REIS et al, 1998; VANDERLEI et al, 2009). Alguns estudos têm mostrado que os exercícios físicos exercem modificações importantes no funcionamento do sistema cardiovascular e em seus ajustes autonômicos (ALONSO et al, 1998). Assim, com base nesses resultados os sujeitos passarão por uma intervenção, na qual, serão submetidos a um programa de atividades físicas, 3 vezes por semana, visando à modificação da VFC e de outros componentes que expõe os sujeitos a riscos. Conclusões Os índices LF, HF, potência total se encontram baixo, assim como o RMSSD, mostrando uma baixa atividade do sistema nervoso parassimpático nos sujeitos analisados. Agradecimentos Agradeço, primeiramente, a Deus por me dar forças para a caminhada diária e a todos que me auxiliaram em minha iniciação científica. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Referências Alonso, D.O.; Forjaz, C.L.M.; Rezende, L.O.; et al. Comportamento da Frequência Cardíaca e da sua Variabilidade Durante as Diferentes Fases do Exercício Físico Progressivo Máximo. Arquivo Brasileiro de Cardiologia. 1998; Vol. 71(6), 787-792. Francischi, R.P.P.; Pereira, L.O.; et al. 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Noções Básicas de Variabilidade da Frequência Cardíaca e sua Aplicabilidade Clínica. Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular. 2009; Vol. 24(2), 205-217. World Health Organization. Diet, Nutrition and the Prevention of Chronic Diseases. WHO Technical Report Series 797. 1990. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.