Capítulo 9 Potência em circuitos trifásicos 9.1. Potências aparente e ativa em carga trifásica Duas cargas trifásicas: Y e ∆ . a b c Za a Zab Zb n Zc b Zca Zbc c (b) REGRA BÁSICA (GENÉRICA): A potência total fornecida a uma carga trifásica é igual à soma das potências em cada impedância da carga. CARGA Y: S 3Yφ = S a + S b + S c = Û an ⋅ Î A∗ + Û bn ⋅ Î B∗ + Û cn ⋅ Î C∗ Carga ∆: ∗ ∗ ∗ S 3∆φ = S ab + S bc + S ca = Û ab ⋅ Î ab + Û bc ⋅ Î bc + Û ca ⋅ Î ca LEMBRETE: TENSÕES de FASE e de LINHA: Û an = U f ∠0 o Û ab = U l ∠30o V Û bn = U f ∠ − 120 o o Û = U ∠ − 90 V bc l Û cn = U f ∠120 o V Û ca = U l ∠150o U l = 3 ⋅U f NOTAÇÃO: O subscrito V V V . f represen- ta valor de fase e o subscrito l representa valor de linha. A letra maiúscula sem acento corresponde ao valor eficaz, e, a letra maiúscula com acento circunflexo corresponde ao fasor da grandeza elétrica. Para cargas equilibradas: Z = Z ∠φ Ω CARGA Y: Û an Î A = = Il∠ − φ Z A Û bn = I l ∠( −φ − 120 o ) Î B = Z A Û cn Î C = = I l ∠( −φ + 120 o ) Z A S 3Yφ = U f ∠0 o ⋅ I l ∠φ + U f ∠ − 120 o ⋅ I l ∠( φ + 120 o ) + U f ∠120 o ⋅ I l ∠( φ − 120 o ) S 3Yφ Ul = 3.U f .I l ∠φ = 3. .I l ∠φ = 3 .U l .I l ∠φ 3 S 3φ = 3 .U l .I l ∠φ VA VA Carga ∆: Û ab Î ab = = I f ∠( 30 o − φ ) A Z Û bc Î bc = = I f ∠( −90 o − φ ) A Z Î ca S 3∆φ Û ca = = I f ∠( 150 o − φ ) Z A Il = 3.U l .I f ∠φ = 3.U l . ∠φ = 3 .U l .I l ∠φ 3 VA S 3φ = 3 .U l .I l ∠φ VA Para cargas trifásicas equilibradas em Y ou ∆ S 3φ = 3 .U l .I l ∠φ VA φ é o ângulo da impedância da carga Potências ativa e reativa trifásicas: P3φ = 3 .U l .I l .cosφ W Q3φ = 3 .U l .I l . sen φ VA Exemplo 9.2 Fonte trifásica •13,8 kV• alimenta uma carga equilibrada em Y com impedância • ZC = 200 + j50 Ω por fase através de uma linha de transmissão com impedância Z LT = j10 Ω por fase. linha de transmissão carga A ZLT a Zc B ZLT b Zc ZLT c Zc fonte C N 13,8kV n Obter: a) a corrente de linha; b) a tensão na carga e a queda de tensão na linha; c) a potência aparente entregue à carga; d) a potência aparente fornecida pela fonte; e) as potências ativa e reativa consumidas pela linha; f) o fator de potência da carga e o fator de potência visto pela fonte. Solução: a)Como a carga é equilibrada, pode-se calcular somente as tensões e correntes para uma das fases. As tensões e correntes das outras fases podem ser obtidas levando em conta as defasagens apropriadas, já que seus valores eficazes são os mesmos. Û AN = 13,8 3 ∠0 o kV Corrente na fase A: Î A = Û AN = 38,16∠ − 16,7o A ZC + Z LT b) Tensão de fase na carga: Û an = Z C ⋅ Î A = 7 ,87∠ − 2,66o kV Queda de tensão na linha de transmissão: Û LT = Û AN − Û an = 381,6∠73,3o V ÛAN 2,66o 16,7o ÛLT Ûan ÎA Diagrama fasorial da fase A c) Potência aparente na carga: S C = 3.U an .I A = 900 ,5 kVA d) Potência aparente na fonte: S F = 3.U AN .I A = 912 kVA e) Potência complexa na linha de transmissão: S LT = 3.Û LT .Î ∗A = 43,7∠90o kVA PLT = 0 QLT = 43,7 kVA A perda de potência na linha corresponde a pouco mais de 4% da potência fornecida pela fonte. O fator de potência da carga é igual ao cosseno do ângulo de defasagem entre a tensão da fase A e a corrente na fase A : [ ] [ ] fp c arg a = cos ∠Û an − ∠Î A = cos ( −2,66 o ) − ( −16,7 o ) = 0 ,970 e também corresponde ao cosseno do ângulo da impedância da carga, ou seja: fp c arg a −1 X C = cos tg RC 50 = cos tg −1 = 0 ,970 200 Fator de potência na fonte: ( ) ( ) fp fonte = cos ∠Û AN − ∠Î A = cos ( 0 o ) − ( −16,7 o ) = 0,958 Como a impedância da linha é puramente indutiva, o fator de potência visto pela fonte é menor do que o fator de potência da carga. 9.2. Medição de potência ativa em circuitos trifásicos Circuito trifásico a 4 fios (Y-4fios) carga A a Za B b Zb C c Zc N n fonte A potência ativa total na carga é igual à soma das potências ativas em cada impedância: P3φ = PA + PB + PC = U AN ⋅ I A cos φ A + U BN ⋅ I B cos φ B + U CN ⋅ I C cos φC φA, φB e φC são os ângulos das impedâncias A potência ativa consumida pela impedância da fase A é obtida através da colocação de um wattímetro: carga A ÎA a Za A V fonte ÛAN N n Se outros dois wattímetros forem ligados às outras fases da carga, a potência ativa total será dada pela soma das leituras dos três wattímetros. Em particular, se a carga for Y-equilibrada, basta um único wattímetro, o qual medirá um terço da potência total, e assim multiplica-se a leitura por três para obter a potência ativa trifásica consumida. carga A ÎA a A V fonte ÛAN N n Za Circuito trifásico a 3 fios (∆ ∆ ou Y-3fios) A ligação dos wattímetros é feita como mostra a figura abaixo. Não havendo conexão entre o neutro da carga e o neutro da fonte, o ponto comum das bobinas de potencial dos wattímetros ( ponto O) terá um potencial arbitrário. As indicações dos três wattímetros correspondem a: P3 = Re Û CO ⋅ Î C∗ P1 = Re{Û AO ⋅ Î A∗ } P2 = Re{Û BO ⋅ Î B∗ } { } No material didático está demonstrado que a soma das leituras dos três wattímetros fornece a potência ativa trifásica entregue à carga, independentemente do potencial do ponto O. Como o potencial do ponto O não tem influência no resultado final, pode-se atribuir a ele um potencial em particular. Pode-se conectar o ponto O a uma das fases, como por exemplo, na fase B . Neste caso, o wattímetro 2, passará a indicar potência nula, pois não haverá diferença de potencial aplicada em sua bobina de potencial. O wattímetro 2 pode circuito. Compare: ser retirado do No material didático está demonstrado que a soma das leituras dos dois wattímetros também fornece a potência ativa trifásica entregue à carga. Em geral, a potência ativa total entregue a uma carga com n fios pode ser obtida através da utilização de (n-1) wattímetros. O teorema de Blondel formaliza o chamado método dos ( n-1 ) wattímetros: “Se a energia é fornecida a uma n carga polifásica através de fios, a potência total na carga é dada pela soma algébrica das leituras de n wattímetros, ligados de tal maneira que cada um dos n fios contenha uma bobina de corrente de um wattímetro, estando a correspondente bobina de potencial ligada entre este fio e um ponto comum a todas as bobinas de potencial, o ponto O. Se este ponto estiver sobre um dos n fios, bastam (n-1) wattímetros.” ANALISE: PORQUE O TERMO ESTÁ DESTACADO TEOREMA? soma algébrica NO TEXTO DO Dependendo da característica da carga e, portanto, dos ângulos de defasagem entre as tensões e correntes, nos wattímetros analógicos, os ponteiros podem defletir à esquerda do ZERO. Bornes da Bobina de Potencial (BP) Bornes da Bobina de Corrente (BC) Chave seletora do Fundo de escala Wattímetro Eletrodinâmico Procedimento prático: Com o circuito energizado: • inverter a ligação da bobina de potencial do(s) wattímetro(s) em que há essa tendência; • atribuir sinal negativo à(s) respectiva(s) leitura(s) e • realizar a soma algébrica das leituras dos wattímetros, sendo que a potência ativa trifásica da carga corresponderá ao valor absoluto do resultado dessa soma. 9.3. Medição da potência reativa em circuitos trifásicos A potência reativa total de uma carga trifásica é igual à soma das potências reativas de cada fase, e pode ser medida através de wattímetros convenientemente conectados. COMPARE: No material didático está demonstrado que Q3φ = 1 3 [L1 + L2 + L3 ] em que L1 , L2 e L3 são as leituras dos três wattímetros. Note que a soma das três leituras é 3 vezes maior que a potência reativa total Q3φ . PRIMEIRA PARTICULARIDADE: Se a carga for equilibrada, os três termos da expressão de Q3φ serão iguais e somente um wattímetro é necessário. Por exemplo, utilizando-se apenas o wattímetro W1, a potência reativa total corresponderá a: Q3φ = 1 3 [L1 + L2 + L3 ] = 1 3 [3 ⋅ L1 ] = 3 ⋅ L1 ou seja, a potência reativa total em uma carga equilibrada é 3 vezes wattímetro. a leitura de um SEGUNDA PARTICULARIDADE: Trata-se de um cálculo prático da Potência Reativa em Carga Equilibrada. Se o método dos dois wattímetros estiver sendo utilizado para a medição de potência ativa em cargas equilibradas, é possível obter a potência reativa total utilizando a mesma conexão. No material didático está demonstrado: P3 − P1 = U l ⋅ I l ⋅ sen φ = Q3φ 3 É possível então obter o ângulo da impedância da carga: Q3φ φ = tg P3φ −1 3 (P3 − P1 ) − 1 = tg P1 + P3 9.4 Demanda e curva de carga A potência ativa consumida por uma instalação elétrica é extremamente variável e é função do número de cargas ligadas e da potência consumida por cada uma delas, a cada instante. Para a análise de uma instalação é mais conveniente trabalhar com o valor médio da potência. Utiliza-se a demanda (D), que é o valor médio da potência ativa (P) em um intervalo de tempo ∆t especificado (no Brasil é oficializado o intervalo de tempo de 15 minutos), isto é: 1 t + ∆t D= P .dt ∫t ∆t Figura 9.16 – Definição de demanda A área entre a curva P(t) e o eixo dos tempos é, evidentemente, a energia consumida pela instalação no intervalo considerado. A área hachurada é a energia consumida durante ∆t,isto é, E = D.∆t E Chamamos de curva de carga a curva que dá a demanda em função do tempo, D=D(t), para um dado intervalo de tempo T. Curva de carga Na realidade, a curva é a união dos pontos médios das bases superiores dos retângulos de largura ∆t. Para o intervalo T, a ordenada máxima da curva define a demanda A energia total máxima DM. consumida no período (ET) será medida pela área entre a curva e o eixo dos tempos, isto é: T ET = ∫0 D .dt A demanda média Dm é definida como a altura de um retângulo cuja base é o intervalo T e cuja área é a energia total ET, ou seja: ET Dm = T Curva de carga e potência instalada ESTUDAR EXEMPLO 9.7 NO MATERIAL DIDÁTICO 9.5 Medição da energia elétrica O instrumento que possibilita esta medição é o medidor de energia elétrica, popularmente conhecido como relógio de luz. No material didático tem uma descrição dos principais componentes deste instrumento. DESTAQUE: Mostrador do medidor de energia elétrica • O ponteiro de cada relógio gira no sentido crescente dos números; • A leitura deve ser iniciada pelo relógio localizado à direita (relógio 1) que corresponde à casa das unidades, sendo que no relógio 2 tem-se a dezena; no 3 a centena e no 4 o milhar; • Anote o número que está exatamente sendo indicado ou o último número ultrapassado pelo ponteiro de cada um dos relógios; Repare que o sentido dos ponteiros é anti-horário e horário alternadamente, partindo do relógio à direita (relógio 1). Para cálculo do gasto mensal de energia deve-se subtrair a leitura do mês anterior da leitura do mês atual. ESTUDAR EXEMPLO 9.8 NO MATERIAL DIDÁTICO Para obter o gasto mensal em R$ deve-se considerar que a tarifa da energia elétrica varia de região para região. Na área de concessão da CPFL, onde se situa o município de Campinas, a tarifa base homologada em 08/04/2008 e com vigência até 07/04/2009 foi de R$0,27640/kWh. Para um consumo de 356 kWh, p.ex., ao multiplicarmos pelo valor da tarifa, obtém-se o valor de consumo (CC) de R$98,39. Para incluir a taxa relativa ao ICMS, cuja alíquota no estado de São Paulo é de 25%, aplica-se a fórmula: CC CP = ( 1,0 − A ) onde CC = Consumo (kWh) x Tarifa (R$/kWh) A → alíquota do ICMS (0,25) CP → valor parcial Assim, no exemplo, estaria pagando (CT): o consumidor CT = R$131,18 + os Encargos Sociais (PIS/PASEP e COFINS) Na prática, olhando a sua fatura (conta de luz) você notará que a tarifa praticada é um pouco maior do que R$0,27640/kWh, pois neste valor já são agregados os Encargos Sociais. No material didático há mais informações sobre a composição da fatura de energia elétrica Para maiores detalhes http://www.aneel.gov.br/ consulte