A ENFERMAGEM É IMPORTANTE
A Enfermagem é importante fornece informação breve de referência,
com uma perspectiva internacional da profissão de enfermagem
sobre questões sociais e de saúde actuais
Folha Informativa
Saúde mental: lidar com os desafios
A saúde mental é parte integrante da saúde em geral
e da qualidade de vida, através da qual uma pessoa
realiza todo o seu potencial. Apesar de a saúde mental
e a saúde física estarem intimamente relacionadas, a
saúde mental é grandemente negligenciada, inclusivamente na atribuição de recursos financeiros e
humanos. A Organização Mundial de Saúde estima
que cerca de 400 milhões de pessoas no mundo
sofrem de perturbações mentais ou neurológicas, ou
de problemas psicossociais, tais como os relacionados
com o uso excessivo de álcool e drogas1.
As perturbações mentais representam mais de 12% do
fardo total de doença. No entanto, a extensão real do
problema é difícil de medir. Os problemas de saúde
mental tendem a permanecer não diagnosticados e
não notificados devido ao estigma e à exclusão. Cerca
de 24% dos doentes que procuram cuidados de saúde
primários sofrem de alguma forma de perturbação
mental. A maior parte destes doentes (69%)
habitualmente procuram profissionais de saúde por
sintomas físicos; em consequência, muitos deles não são
mente à doença mental e, portanto, não são tratados2.
Factos e valores
●
A nível mundial, cerca de um quinto
dos jovens sofrem de perturbações mentais ligeiras e graves.
●
400 milhões de pessoas no mundo
sofrem de perturbações mentais ou neurológicas.
●
As perturbações mentais representam
mais de 12% do fardo total de doença.
●
Cerca de 24% dos doentes que prócuram cuidados de saúde primários sofrem
de alguma forma de perturbação mental.
●
69% dos doentes com perturbações
mentais geralmente vão ao médico devido a sintomas físicos e muitos deles frequentemente não são correctamente
tratados5.
correctamente diagnosticados relativa-
Na maior parte dos países, os prestadores de cuidados de saúde não estão preparados para
lidarem com as necessidades de saúde mental dos seus doentes. Com a formação e supervisão
adequadas, os profissionais de saúde poderiam tornar-se mais competentes na identificação e
tratamento de perturbações mentais.
Os problemas de saúde mental são comuns a nível mundial e o seu impacto em termos
psicológicos, sociais e económicos é muito elevado. Temos os conhecimentos necessários para
prevenir e tratar muitas das perturbações mentais e para permitir que as pessoas com doença
ICN ● CIE ● CII
3, Place Jean-Marteau, 1201 Geneve - Switzerland - Tel. +41 22 908 01 00
Fax: +41 22 908 01 01 - e-mail: [email protected] - web: www.icn.ch
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mental sejam membros, social e economicamente, produtivos da sua comunidade. Apesar disso, as
sociedades ainda criam barreiras aos cuidados e reintegração das pessoas com este tipo de perturbações.
Factores de risco para as doenças mentais
Tal como acontece com muitas outras doenças, a doença mental tem factores de risco que podem ser
prevenidos ou reduzidos. A compreensão destes factores de risco fornece um enquadramento para
estratégias de promoção da saúde mental e prevenção da doença. Os principais factores de risco
incluem as condições de vida adversas, tais como a pobreza extrema, guerra e deslocação
predisposição biológica e relações stressantes em casa ou no trabalho. As mulheres e crianças que são
vítimas de abuso, as vítimas de conflito armado e os migrantes e refugiados encontram-se entre as populações de alto risco para a doença mental.
Estigma da doença mental
Ao contrário do que acontece com as doenças físicas, as pessoas
com problemas de saúde mental são geralmente sujeitas a
estigmatização, preconceito e exclusão do acesso a serviços
sociais e cuidados de saúde. O estigma deve-se frequentemente
à ignorância do público sobre as causas subjacentes aos
problemas mentais. Um dos principais desafios consiste em
eliminar o estigma associado às doenças mentais, de modo a
que as pessoas falem livremente acerca dos seus problemas
emocionais com os profissionais de cuidados de saúde.
Alguns mitos acerca
da doença mental
O público pode acreditar que as pessoas
que sofrem de doenças mentais:
● Nunca recuperam o suficiente para se
tornarem membros que contribuem para
as suas comunidades
●
São fundamentalmente instáveis e imprevisíveis
Nalgumas sociedades, as pessoas acreditam que os espíritos
maus ou uma maldição, por alguma transgressão, causam
● Poderão ser perigosos para as pessoas
problemas mentais. É crença comum que as pessoas com
que os rodeiam
doenças mentais têm “fraqueza de carácter” ou “comportamento imoral”. Estes mitos acerca da causa dos problemas
● Estão possuídas por espíritos maus ou
mentais são por vezes utilizados para negar cuidados e
maldições
compaixão ou até para administrar tratamentos cruéis, tais
● Estão a pagar o preço por alguma
como a reclusão, abandono ou isolamento. Como resultado,
ofensa moral
as pessoas com doenças mentais sofrem duplamente: devido
à doença e devido à vergonha e ao estigma social. O desafio
para os enfermeiros e outros profissionais de saúde consiste em promover a compreensão da doença
mental, uma doença que comporta riscos e é passível de ser prevenida e tratada.
Estratégias para os enfermeiros, ANE e outros
Apesar dos avanços nos cuidados de saúde, o desenvolvimento de métodos humanos, holísticos e
científicos nos serviços de saúde mental tem sido relativamente lento em comparação com outras
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especialidades, tais como a cirurgia.3 Os enfermeiros desempenham um papel vital na promoção da
saúde mental, prevenção da doença mental e melhoria do acesso aos cuidados e aos serviços. Para
combater o estigma e o medo da “loucura” e promover uma cultura de cuidados e compaixão para com
as pessoas com doenças mentais, as actividades desenvolvidas podem incluir:
1. Promover a saúde mental e prevenir a doença colaborando com outros profissionais e sectores
através de:
✒ Educação do público relativamente aos factores de risco
✒ Grupos de defesa que suportem o acesso a alimentos, abrigo, educação e outros recursos
✒ Programas positivos de educação dos filhos
✒ Aprendizagem de aptidões para a vida
✒ Escolas amigas das crianças
✒ Detecção precoce
✒ Serviços de encaminhamento e tratamento
✒ Intervenção precoce para as crianças com problemas psicológicos
2. Melhorar o acesso aos serviços de cuidados para a saúde mental:
✒ Apoiar uma rede de serviços baseados na comunidade
✒ Aumentar a abrangência e os grupos informais de apoio
✒ Envolver-se nas políticas e planos nacionais para a saúde mental
✒ Centrar-se nas populações vulneráveis
✒ Integrar a saúde mental nos serviços de cuidados de saúde primários
✒ Exercer pressão para a atribuição de recursos para a promoção da saúde mental
✒ Melhorar a qualidade dos serviços de saúde mental
✒ Exercer pressão no sentido da existência de um serviço de intervenção durante as 24 horas
para situações de crise
✒ Desinstitucionalizar os serviços de saúde mental
3. Acabar com a exclusão e atrever-se a cuidar4:
✒ Falar abertamente acerca da doença mental na comunidade
✒ Educar o público sobre os factores de risco da doença mental e às formas de os reduzir
✒ Proteger os direitos humanos e garantir a existência de legislação para melhorar os cuidados
e reduzir o estigma
✒ Publicitar as questões da saúde mental através de eventos tais como o Dia Mundial da Saúde
Mental, a 10 de Outubro, todos os anos
4. Promover a participação da comunidade no planeamento, funcionamento e avaliação dos
serviços de saúde mental:
✒ Exercer pressão para envolvimento de grupos de cidadãos e de consumidores
✒ Sensibilizar a comunidade para o facto de a saúde mental ser do interesse de toda a comunidade
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✒ Apoiar programas de auto-ajuda, tais como serviços de voluntariado
✒ Formar os prestadores de cuidados de saúde para serem parceiros e facilitadores de cuidados
✒ Encorajar a criação de redes de contactos e grupos de ajuda mútua
✒ Fazer reuniões e trocas de informação com os prestadores de cuidados de saúde e outros
sectores
5. Influenciar os responsáveis pela tomada de decisão política e o público acerca da
importância de:
✒ Saúde mental e factores de risco ambientais e sociais
✒ Aumento dos recursos financeiros e humanos para a promoção, prevenção e cuidados de saúde mental
✒ Criação de ambientes saudáveis e de sociedades que cuidem, reduzam o stress e promovam o
bem-estar
6. Considerar as necessidades educacionais do pessoal de saúde relativamente às questões
da saúde mental:
✒ Usar modelos de currículo que atendam à diversidade cultural
✒ Exercer pressão para que os enfermeiros e outros sejam gestores, investigadores, formadores
e modelos no âmbito da saúde mental em ambientes clínicos
✒ Proporcionar formação contínua para os prestadores de cuidados de saúde
✒ Fazer investigação para determinar os efeitos das intervenções de enfermagem e os resultados
de saúde
✒ Desenvolver linhas de orientação e outros materiais de formação
Conclusão
Os enfermeiros e outros profissionais de saúde desempenham um papel vital na promoção da saúde
mental, prevenção da doença mental e melhoria do acesso aos cuidados e aos serviços de saúde mental.
Desempenham também um papel na educação do público e na redução do estigma. Os profissionais de
saúde precisam de se concentrar na redução das lacunas de tratamento das perturbações de saúde
mental. Fizeram-se progressos no que respeita a novos tratamentos e cuidados, bem como no que
respeita a causas, associações, características e prevenção de problemas de saúde mental. As vantagens
destes conhecimentos devem chegar a todas as pessoas com problemas de saúde mental, sobretudo às
populações vulneráveis.
Para mais informações, contacte:
Tesfamicael Ghebrehiwet: [email protected]
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26/2/01
1
WHO (2001), Mental Health Around the World. Stop Exclusion, Dare to Care. World Health Day 2001. p.1
WHO (1998), Mental Disorder in Primary Care.
3
International Council of Nurses (1994) in WHO, Partners for Mental Health: The Contribution of Professionals
and Non-Professionals to Mental Health. Geneva: WHO.
4
WHO (2001), World Health Day Theme 2001.
5
WHO (1998), Mental Disorder in Primary Care
2
Edição Portuguesa
Tradução do original inglês
"Mental Health: Tackling the Challenges"
Ordem dos Enfermeiros (Hermínia Castro)
Revisão
Maria Isabel Soares / Lisete Fradique
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