A CRISE DE 1929 Até por volta de 1925, as sociedades europeias lutavam com dificuldade para reconstruir o que fora destruído na Primeira Guerra Mundial. Enquanto isso, os Estados Unidos apresentavam notável crescimento econômico. Estavam em condições de continuar vendendo aos europeus tudo de que precisavam: alimentos, máquinas, combustível, armas etc. À medida que a reconstrução da Europa se processava, a estrutura produtiva de seus países também foi se reorganizando. Os industriais da Inglaterra, da Alemanha e da França procuraram modernizar rapidamente sua produção. Depois, tomaram uma série de medidas protecionistas para reduzir as importações norte-americanas. Nos Estados Unidos, porém, o ritmo da produção industrial e agrícola continuava a crescer, ultrapassando as necessidades de compra do mercado interno e do mercado internacional. Havia uma enorme quantidade de mercadorias para as quais não existiam compradores — ou seja, houve uma superprodução de mercadorias. Os preços despencaram, mas mesmo assim os Estados Unidos não conquistaram consumidores. Os produtores agrícolas e industriais foram obrigados, então, a reduzir o ritmo de suas atividades e, com isso, demitiram milhões de trabalhadores. No decorrer da crise, o número de desempregados nos Estados Unidos chegou a mais de 15 milhões de pessoas. A QUEBRA DA BOLSA DE VALORES DE NOVA YORK Terminada a Primeira Guerra Mundial, a Europa foi aos poucos se recuperando, e a produção voltou aos níveis anteriores à guerra. Com isso, os europeus passaram a importar menos produtos e os Estados Unidos viram suas exportações diminuírem. Entretanto, o país procurou manter os níveis de produção anteriores à guerra. Para isso, no plano interno, aumentou as linhas de crédito. Com as facilidades, a população pôde consumir parte das mercadorias que eram produzidas. No plano externo, a medida do governo foi também emprestar dinheiro para diversos países poderem comprar os produtos norte-americanos. Isso fez com que a economia tivesse, no início da década de 1920, uma grande expansão. No entanto, com esses mecanismos, não foi possível manter a economia em crescimento por muito tempo. Começaram a se formar grandes estoques de mercadorias que deixavam de ser comercializadas. A indústria foi obrigada então a diminuir suas atividades, provocando desemprego e baixa do poder aquisitivo da população. A situação dos fazendeiros não era diferente. Com alta produção, os preços dos gêneros agrícolas eram baixos. Além disso, os excedentes tinham de ser armazenados, aumentando o custo de produção. Em 1929 a crise atingiu a Bolsa de Valores de Nova York. Nessa época, era muito grande o número de pessoas que possuíam ações, cujo valor vinha subindo continuamente, causando nos acionistas a sensação de que eles estavam cada vez mais ricos. E quanto mais pessoas compravam, mais os preços das ações subiam. Mas com a crise econômica (desemprego, grandes estoques de produtos agrícolas e industriais por falta de compradores, falências, etc.), muitos acionistas passaram a vender suas ações na Bolsa de Valores. No dia 24 de outubro de 1929, a oferta de ações era grande e faltavam compradores, ou seja, a oferta de ações para venda era muito maior do que a procura de ações para compra. Com isso, o valor das ações caiu vertiginosamente. A partir de então, muitos procuravam vender as ações que possuíam, o que provocava baixa ainda maior. Muitas pessoas ficaram arruinadas. Houve inúmeros suicídios. O ritmo de atividade da economia como um todo comércio, bancos, agricultura, indústria diminuiu muito. As empresas em geral se viram bruscamente sem recursos financeiros e tomaram medidas drásticas, diminuindo a produção e demitindo empregados em massa. O desemprego atingiu níveis alarmantes. Calcula-se que nessa época, nos Estados Unidos, 14 milhões de norteamericanos (27% da força de trabalho) perderam o emprego, e muitas fábricas e bancos foram à falência. A crise de 1929 ficou conhecida também como a Grande Depressão. OS EFEITOS DA CRISE Os efeitos da crise não se restringiram aos Estados Unidos. Isso porque as grandes empresas norte-americanas importavam e exportavam para muitos países. Com a crise, esse fluxo comercial e financeiro diminuiu muito. A CRISE E O BRASIL A economia brasileira também foi afetada pela crise de 1929. O café era o principal produto brasileiro de exportação, e os Estados Unidos eram os maiores compradores. Por conta da crise, os norte-americanos diminuíram suas compras, e os estoques brasileiros aumentaram. Com isso, o preço do café caiu muito. O NEW DEAL Nos primeiros anos do longo mandato do presidente Franklin Delano Roosevelt (de 1933 a 1945), o governo dos Estados Unidos adotou um conjunto de medidas com o objetivo de superar a crise. New Deal (novo acordo) foi o nome pelo qual ficou conhecido o programa inspirado nas ideias do economista inglês John Keynes (1883-1946). O New Deal era um programa misto, que procurava conciliar as leis de mercado e o respeito pela iniciativa privada com a intervenção do Estado em vários setores da economia. Entre as principais medidas adotadas pelo New Deal estavam: o controle governamental dos preços de diversos produtos agrícolas e industriais; a concessão de empréstimos aos fazendeiros arruinados para que pagassem suas dívidas e reordenassem a produção; a realização de diversas obras públicas para oferecer trabalho a milhões de desempregados; a criação de um salário-desemprego para aliviar a situação de miséria dos desempregados; e a realização de um acordo pelo qual se garantiam os interesses dos industriais (limitação dos preços e da produção às exigências do mercado) e dos trabalhadores (fixação de salários mínimos, limitação das jornadas de trabalho). A política do New Deal não alcançou todo o sucesso esperado, mas conseguiu relativo controle da crise econômica. A partir de 1935, a economia do país voltou a se fortalecer. A crise, porém, só foi plenamente superada com a participação das forças dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.